Você está na página 1de 14

11/09/2023, 09:31 A origem dialética do código binário e a história da computação – Esquerda Marxista

A origem dialética do código binário e a história da computação


 David García Colín  04/03/2022

Existem dois tipos de pessoas no mundo: as que sabem que o código binário tem um fundo dialético e as

que não sabem. Em 1720 foi publicado um artigo de Leibniz intitulado “Explicação da aritmética binária que
usa apenas os caracteres 0 e 1, juntamente com algumas notas sobre sua utilidade e como ela dá sentido às

antigas figuras chinesas de Fu Xi”. Pela primeira vez, o código binário, que é a linguagem de todos os
processadores atuais, é exposto em um sentido moderno e para fins computacionais. Neste notável artigo,

Leibniz expõe seu código binário em relação ao “I Ching”, o “Livro das Mutações” ou “Livro das Mutações” –

um texto sagrado chinês com mais de 3 mil anos, que se baseia na filosofia dialética do yin yang. É um dos
livros mais antigos que a humanidade preserva. Neste livro há um conjunto de “trigramas binários” formados
por uma série de barras contínuas e descontínuas que representam o yin yang. A barra quebrada representa
o yin (ou princípio feminino) e a barra sólida representa o yang (princípio masculino). Ambos simbolizam a
unidade dialética dos opostos, a mudança e transformação de todas as forças do universo. Leibniz foi o

fundador da filosofia clássica alemã, a partir da qual Marx retomará o método dialético para usá-lo como
ferramenta de transformação revolucionária, a mudança e transformação de todas as forças no universo.


https://www.marxismo.org.br/a-origem-dialetica-do-codigo-binario-e-a-historia-da-computacao/ 1/14
11/09/2023, 09:31 A origem dialética do código binário e a história da computação – Esquerda Marxista

Os “trigramas” são constituídos por um conjunto de três barras empilhadas horizontalmente. Esse conjunto
provavelmente foi motivado pelos três níveis do universo (céu, terra e submundo), que costumavam ter
grande importância nas culturas antigas. Com barras sólidas e quebradas, são possíveis 8 combinações de

trigramas: são os trigramas básicos que representam as forças da natureza. Alguns podem ser vistos na
bandeira sul-coreana. Por sua vez, esses 8 trigramas básicos podem ser combinados em 64 hexagramas
diferentes (ou conjunto de seis barras empilhadas horizontalmente). Enquanto os bytes modernos contem
uma série de 8 bits – uns e zeros – os hexagramas chineses contem um conjunto de seis barras sólidas ou

quebradas. Esses conjuntos tinham propósitos divinatórios e eram lidos como as cartas ou os horóscopos
são lidos atualmente: de forma vaga ou oracular para que cada pessoa encontre nela um significado místico.
Mas em um desses conjuntos, Leibniz encontrou um sentido matemático e científico que dá origem ao

sistema binário moderno.

Veremos que o xadrez, o código binário e o desenvolvimento da inteligência artificial têm pontos de
convergência muito interessantes que encontraremos mais adiante. Por agora vamos comentar de
passagem que o grande mestre de xadrez Liu Wenche sustenta que as 64 casas do tabuleiro foram
inspiradas no Livro das Mutações, afirma que o Chaturanga da Índia foi produto de um jogo muito mais
antigo.

O Iluminismo e a necessidade de calcular com precisão

Leibniz viveu na era do Iluminismo, quando a burguesia em ascensão quebrou os velhos dogmas da Igreja e
desafiou as barreiras sociais do feudalismo, mergulhando no conhecimento científico da realidade que as
novas relações sociais em ascensão exigiam. Medição e precisão eram exigências das novas descobertas
mecânicas, ópticas, náuticas, balísticas etc., abrindo caminho para a revolução industrial. O próprio Leibniz

sugeriu a máquina a vapor antes mesmo dos inventores normalmente conhecidos (Papin, Savery,
Newcomen ou Watt). Também não é por acaso que Leibniz e Newton descobriram o cálculo diferencial e
integral mais ou menos na mesma época ou que o próprio Leibniz construiu uma calculadora mecânica que
podia somar, subtrair, multiplicar e extrair raízes quadradas, superando sua antecessora “máquina de
Pascal” que só podia somar e subtrair. Cerca de trinta anos antes de Leibniz, o grande filósofo espanhol
Juan Caramuel expôs o sistema binário também em relação aos cálculos matemáticos, embora de forma um
pouco menos completa do que Leibniz, o que mostra que a descoberta de Leibniz já estava no ar . Ele


https://www.marxismo.org.br/a-origem-dialetica-do-codigo-binario-e-a-historia-da-computacao/ 2/14
11/09/2023, 09:31 A origem dialética do código binário e a história da computação – Esquerda Marxista

escreveu: “Não é digno de homens excelentes desperdiçar horas como escravos no trabalho de cálculo,
porque se as máquinas fossem usadas, poderia ser delegada com segurança a qualquer pessoa”.

Notavelmente, Leibniz projetou uma calculadora – além da já mencionada “máquina de Leibniz” – que
funcionava no princípio do código binário, por meio de uma série de bolas de metal que caíam em slots.

Mas, como muitas de suas ideias brilhantes, ele nunca a colocou em prática, embora certamente com a
tecnologia de seu tempo teria sido quase impossível realizá-la.

Com uma motivação matemática semelhante, Leibniz avançou os princípios do cálculo proposicional ou
“cálculo raciocinador”, como ele o chamava – a ideia de calcular com proposições ou julgamentos, da
mesma forma que se calcula com números, para determinar a validade do pensamento e evitar discussões
estéreis. Engels escreveu que Leibniz “espalhou ideias brilhantes ao seu redor, sem se importar se o crédito

por elas era dele ou de outra pessoa”1. O próprio Leibniz dizia que constantemente surgiam ideias

desordenadas sobre todos os tipos de assuntos que ele refletia em cartas e papéis sem nenhuma ordem

particular e que muitas vezes se perdiam até para ele.

Para facilitar os cálculos, Leibniz criou o código binário. Em vez de usar os dez números do sistema decimal,
apenas uns e zeros seriam usados. Se no sistema decimal há uma potência de dez na posição dos
algarismos (no número 111, por exemplo, o 1 da direita vale a unidade, o que segue à esquerda representa a
dezena e o seguinte a centena), no sistema binário os números são elevados à potência de dois de acordo
com sua posição, em uma progressão exponencial de base dois: 1, 2, 4, 8, 16, 32 etc. Assim, o 10 no
sistema binário representa o 2, pois o um vai no lugar do 2, o 4 se escreve 100, o 5 se escreve 101, o 8,

1000, e assim por diante.


Este sistema, embora impraticável para escrever números grandes, é muito prático para cálculos. Adição,
multiplicação e divisão podem ser realizadas com muita facilidade. Se quisermos, por exemplo, multiplicar 8

por 2, basta mover a unidade uma casa para a esquerda: se 8 é escrito como 1000, 16 é escrito como
10.000. Dessa forma, Leibniz explica que “reduzindo os números aos princípios mais simples, como 0 e 1,

uma ordem maravilhosa aparece em todos os lugares”2. Ele descobriu que ordenando números binários em
tabelas, números quadrados, números cúbicos, algumas potências podiam ser facilmente localizadas –
números triangulares e piramidais – todos os quais aparecem periodicamente em intervalos regulares.
Curiosamente, encontramos a mesma progressão exponencial na lenda indiana de Sisa sobre a origem do
xadrez: Sisa pediu ao rei, como recompensa por ter inventado o jogo, que lhe concedesse um grão de trigo
para a primeira casa, dois para a segunda, 4 para a terceira e assim sucessivamente até completar os 64
quadrados do tabuleiro, resultando em um número astronomicamente grande.


https://www.marxismo.org.br/a-origem-dialetica-do-codigo-binario-e-a-historia-da-computacao/ 3/14
11/09/2023, 09:31 A origem dialética do código binário e a história da computação – Esquerda Marxista

Dialética de uns e zeros

Como o taoísmo e o yin yang, que tem uma mensagem dialética indubitável, a filosofia de Leibniz, iniciadora
da filosofia clássica alemã, estava impregnada de conteúdo dialético. Podemos afirmar que a história da
filosofia dialética pode ser resumida nos esforços contraditórios e desiguais para emancipá-la de seu
conteúdo místico original. Hegel vai sistematizar a consciência, ainda que de forma idealista, o pensamento

dialético de seus predecessores, e Marx vai colocar esse método, que estava de cabeça para baixo, numa

base materialista firme. “Você conhece minha admiração por Leibniz”, escreveu Marx a Engels3. Se Leibniz

vai separar o sistema binário da forma religiosa em que foi encontrado no “Livro das Mutações”, Marx vai
separar o método dialético do sistema idealista característico da filosofia clássica alemã.

Embora Leibniz fosse um pensador idealista e religioso – em parte preso ao pensamento metafísico e
formalista – sua dialética tinha um conteúdo racional. Em sua monadologia expressava uma espécie de
atomismo espiritual ou idealista, afirmava que da mônada principal – ou Deus – emanava uma ordem
racional que harmonizava todas as outras mônadas do universo. As mônadas eram unidades fechadas, mas
guiadas pela razão divina. Já os atomistas da antiguidade afirmavam que toda a realidade era feita de

átomos e do vazio, e Leibniz, de modo semelhante, sustentava que a unidade era representada pelas
mônadas, enquanto o vazio completo e a “selva escura” pertenciam ao zero. O pano de fundo dialético
presente no pensamento de Leibniz foi terreno fértil para ideias como o código binário e até o próprio cálculo
diferencial – que Leibniz idealizou ao mesmo tempo que Newton – que carregam implicitamente a noção de
infinito, tema ao qual, aliás, Marx dedicou sua atenção, deixando notas sobre a dialética do cálculo.

Engels em “Dialética da Natureza” fez reflexões interessantes sobre as implicações dialéticas da unidade e

do zero. “Se todo número contém a unidade, na medida em que é composto inteiramente de somados, a

unidade contém também todos os outros números”4. E esta interessante reflexão explica, em essência, a
função do um no sistema binário. Mas o sistema binário seria impossível sem zero, Engels também
observou:

“O zero não carece de conteúdo porque é a negação de uma quantidade definida. Pelo contrário, tem um conteúdo
muito definido (…) Na verdade, o zero é mais rico em conteúdo do que qualquer outro número. Colocado à direita
de qualquer outro, dá-lhe, em nosso sistema numérico, um valor dez vezes maior”5. 
https://www.marxismo.org.br/a-origem-dialetica-do-codigo-binario-e-a-historia-da-computacao/ 4/14
11/09/2023, 09:31 A origem dialética do código binário e a história da computação – Esquerda Marxista

No sistema binário, zero dá ao número à sua esquerda um valor correspondente a uma sequência
exponencial com base dois. Generalizando isso, como observou Engels, retomando uma citação de Hegel,

“o nada de algo é um nada determinado”6. O ser e o nada: o ser que se desenvolve gerando outras

determinações, o nada que determina o ser. Sem o um, o zero não é nada, você precisa do valor para
determinar e coletar o conteúdo, mas a unidade sem o zero perde potência, perde seu eixo de equilíbrio que
a une com seu oposto negativo e com outros eixos do plano cartesiano. Tudo isso está contido e implícito no
código binário.
Leibniz compreendeu que no I Ching havia uma mensagem matemática que se perdera sob o peso do
misticismo religioso e que escapara a todos os observadores de seu tempo. O arranjo canônico dos

hexagramas do I Ching – conhecido como “A Sequência do Rei Wen” ou “Sequência Recebida” – tem uma
motivação divinatória e mística. Mas uma ordenação alternativa, a ordenação de Shao Yong – composta
pelo ano mil dC – nada mais é do que a representação numérica de 0 a 64. Isso fica claro se interpretarmos
a barra contínua como um e as tracejadas como zero, lendo a sequência de cima para baixo e da esquerda
para a direita. O primeiro hexagrama contém apenas barras fragmentadas, ou seja, apenas zeros,
representa zero; a segunda tem uma barra contínua no nível superior, ou no lugar das unidades, vale uma; a
seguinte tem a barra contínua no segundo nível, a do número dois vale dois, e assim sucessivamente até o
número 64. Temos a representação numérica em código binário em uma simbologia com mais de três mil
anos.

Código binário e formas de contar

Apesar da simplicidade do código binário, a maioria dos sistemas numéricos são decimais pela simples
razão de que a humanidade aprendeu a contar e descobriu os números usando os dedos das mãos, o que

por si só é uma confirmação surpreendente do pensamento materialista que afirma que os números surgiram
da observação da realidade material e da prática social do ser humano.

Os maias usavam um sistema vigesimal porque também tinham os dedos dos pés, enquanto ainda hoje
existem tribos na África que têm um sistema de base cinco, porque usam apenas os dedos de uma mão. Há
uma pequena comunidade em Papua Nova Guiné que tem o sistema numérico mais simples que você pode
imaginar, só tem dois números. Embora seja frequentemente citado como exemplo de código binário, seu
sistema não é posicional e não tem conhecimento do número zero, o que eles fazem é simplesmente somar

https://www.marxismo.org.br/a-origem-dialetica-do-codigo-binario-e-a-historia-da-computacao/ 5/14
11/09/2023, 09:31 A origem dialética do código binário e a história da computação – Esquerda Marxista

seus dois números para dizer o número que desejam. “Morots” é 1 e “Serok”, dois. O 5 é chamado de “serok
a serok a morots” (2+2+1). Como não necessitam contar grandes quantidades, já que seu modo de vida não
permite a acumulação, este sistema é mais que suficiente.

A antiga tradição chinesa credita a Fuxi a invenção dos trigramas. Fuxi é mencionado por Leibniz em seu
artigo. Ele é um personagem semi-mitológico que se perde na própria origem da civilização chinesa. Uma
lenda confucionista afirma: “No início não havia moralidade nem ordem social. Os homens só conheciam
suas mães, não seus pais. Quando estavam com fome, procuravam comida; quando ficaram satisfeitos,
jogaram fora os restos. Eles comiam os animais com suas peles e peles, bebiam seu sangue e vestiam
peles e juncos. Então Fuxi veio e olhou para cima e viu o que estava nos céus e olhou para baixo e viu o que
estava acontecendo na terra. Ele uniu o homem com a mulher, regulou as cinco mudanças e estabeleceu as

leis da humanidade. Ele concebeu os oito trigramas para ganhar domínio sobre o mundo”. Essa lenda é

muito interessante porque nos fala de forma nebulosa sobre a condição social antes do surgimento da
civilização, quando os seres humanos eram caçadores-coletores e prevalecia um sistema de filiação

centrado na mulher: “os homens só conheciam suas mães”. Mas com a civilização e a propriedade privada
nasceu a família centrada no homem e as leis do Estado e os trigramas surgiram como um sistema

ideológico de uma classe social dominante.

Parece que neste período de transição os adivinhos ou xamãs usavam pedaços de milefólio quebrados e

contínuos que representavam o yin yang e que empilhavam em grupos de três para responder a perguntas
que precisavam de uma resposta mágica. Se este sistema de adivinhação estava ligado a um sistema de

numeração muito primitivo, só pode ser especulado. A julgar pelos hieróglifos de cerca de 4.400 anos, os
antigos egípcios desenvolveram um sistema binário para contar, embora eventualmente o sistema decimal

tenha vencido na prática. Também o sistema de numeração que se consolidou com a civilização na China foi
o decimal e se os trigramas foram usados ​para contar, restaram apenas seu uso oracular e mágico. A ordem

numérica de Sao Yong parece ser uma exceção à regra.

O código binário de Leibniz para a União Soviética

Antes de Leibniz e além das filosofias da antiguidade, houve incursões no código binário. O matemático

indiano Pingala, no século III antes de Cristo, concebeu um sistema binário a partir de sua descoberta do

zero, cujo objetivo era a medição de sílabas longas e curtas em livros sagrados. Em 1605, em um contexto
de nascimento das relações sociais burguesas, Francis Bacon sugeriu o uso de um código binário para

criptografar as mensagens políticas. O “Leibniz espanhol”, Juan Caramuel, foi um grande filósofo materialista
e seguidor das ideias de Descartes. Ele não apenas desenvolveu logaritmos, entre muitos outros estudos,

mas trinta anos antes de Leibniz, como parte de sua exploração de sistemas numéricos diferentes da base
10, ele propôs um sistema binário para resolver alguns problemas matemáticos.

O Sistema Morse e o Código Braille, desenvolvidos no século XIX, também são códigos binários e são

exemplos de seus primeiros usos práticos, o primeiro baseado em sons longos e curtos e o segundo com

https://www.marxismo.org.br/a-origem-dialetica-do-codigo-binario-e-a-historia-da-computacao/ 6/14
11/09/2023, 09:31 A origem dialética do código binário e a história da computação – Esquerda Marxista

uma série de pontos. Com o início da revolução industrial e da produção em massa, que encontrou grande
parte de sua aplicação na indústria têxtil, os cartões perfurados foram utilizados pela primeira vez, em 1801,

para registrar padrões que o tear Jacquard moldava em seus tecidos. Ao mesmo tempo, foram aprimoradas
as chamadas “máquinas diferenciais” ou calculadoras mecânicas, herdeiras da “máquina Pascal”, na qual o

próprio Leibniz estivera envolvido um século antes.

Ada Lovelace, filha do famoso poeta inglês Lord Byron, era assistente de Charles Babbage que estava

trabalhando em uma “máquina de diferenças”. O intelecto de Lovelace foi produto de uma educação
aristocrática muito cuidadosa com paixão pela matemática e pela mecânica. Mas enquanto Babbage estava

mais interessado nas operações aritméticas que a máquina poderia realizar, Ada foi além e, inspirada nas
instruções dos cartões perfurados do tear Jacquard, propôs que eles também pudessem ser usados ​para

inserir instruções no “motor de diferenças” e programar as máquinas, a máquina para realizar qualquer
tarefa.

Lovelace escreveu em uma de suas notas: “Pode-se dizer que o primeiro (computador) tece padrões
algébricos, assim como o tear Jacquard tece flores e folhas”. Ela delineou o que é considerado o primeiro

algoritmo da história, a primeira programação de um computador por meio de instruções em cartões


perfurados para um computador escrever uma série de números. Ela sugeriu a existência de um estado

neutro em cartões perfurados, o que avançou o uso de código binário neles. Com um pensamento ousado,
ela previu que uma máquina poderia até compor música:

“Suponha, por exemplo, que as relações fundamentais entre os sons, na arte da harmonia, fossem suscetíveis a tais
expressões e adaptações: a máquina poderia compor peças musicais tão longas e complexas quanto quisesse.”

Leibniz havia escrito mais de cem anos antes: “A música é o prazer que a mente humana experimenta ao
contar sem perceber que está contando”. As notas de Lovelace foram publicadas em 1843 em uma revista

científica. Mas suas ideias não foram levadas a sério pela comunidade científica e machista de seu tempo.
Lovelace tornou-se viciada em jogos de azar e perdeu muito dinheiro tentando encontrar uma fórmula que

previsse o vencedor, doente de câncer e pressionada pela mãe “deixou de ser materialista” e se tornou

religiosa. Ela morreu em 1852 e foi enterrada ao lado de seu pai.


Charles Babbage foi um dos personagens, junto com Napoleão e Benjamin Franklin, que enfrentaram um

autômato, chamado “O Turco”, que jogava xadrez e em turnês pela Europa e América derrotava jogadores
fortes. Era uma época em que requintados mecanismos de relojoaria e autômatos estavam sendo

construídos. O público ficou fascinado por um mecanismo que não apenas reproduzia os movimentos
humanos, mas parecia reproduzir a inteligência humana. Mas não passava de um sofisticado truque de

mágica. Dentro da mesa d’O Turco, além do mecanismo de relojoaria que foi mostrado ao público antes e
depois do jogo, estavam escondidos jogadores fortes e de baixa estatura que, com um conjunto de espelhos

e ímãs, manipulavam o mecanismo de roldanas e engrenagens.


https://www.marxismo.org.br/a-origem-dialetica-do-codigo-binario-e-a-historia-da-computacao/ 7/14
11/09/2023, 09:31 A origem dialética do código binário e a história da computação – Esquerda Marxista

Dois anos após a morte de Lovelace, em 1854, o matemático inglês George Boole simbolizou alguns
argumentos lógicos em um código binário de 0 e 1, no qual 1 significa verdadeiro e 0 significa falso. É uma

espécie de circuitos lógicos que o matemático americano Claude Shannon usará para projetar os primeiros

circuitos digitais no final dos anos trinta do século 20.

A máquina Colossus – que normalmente é considerada o primeiro computador da História, embora anos
antes de George Stibitz já tivesse projetado um computador conhecido como “modelo k” – foi construída

para decodificar as mensagens criptografadas dos nazistas, funcionava com código binário e cartões
perfurados. Em um contexto de guerra semelhante ao que encorajou Francis Bacon a pensar em um código

binário para criptografar mensagens, esse mesmo método foi usado para descriptografar no contexto da

Segunda Guerra Mundial. Mas para Colossus realizar uma tarefa diferente, seu equipamento e fiação
tiveram que ser fisicamente modificados, o que significa que sua programação não poderia ser alterada.

Era uma máquina enorme – daí seu nome – e é surpreendente que hoje um pequeno aparelho que cabe no

bolso da calça tenha muito mais potência que o Colossus. Não havia a noção de software separado de
hardware, o que prova que mesmo na programação o hardware (matéria) veio antes do software (programa).

A partir dessa limitação, o matemático inglês Alan Turing surgiu com uma ideia, que em essência Ada

Lovelace já tinha muitas décadas antes: projetar uma máquina que pudesse realizar qualquer tarefa
simplesmente alterando sua programação por meio de algoritmos, projeto que ele chamou de “máquina

universal”.

Turing foi processado em 1952 por homossexualidade, castrado quimicamente e forçado a cometer suicídio
em 1954. Como uma piada de mau gosto, a rainha da Inglaterra retirou as acusações contra Turing – após a

mobilização do movimento pela diversidade sexual – acusações que perduraram até 2013! Por sua vez,

Shannon morreu em 2001 com Alzheimer muito avançado, não conseguindo mais se lembrar das
contribuições que fez para a memória da humanidade. Ironicamente, sua esposa colocou em seu epitáfio:

“Ele teria ficado fascinado com isso”.


Como resultado do planejamento econômico, a União Soviética estava na vanguarda da geração de

computadores para fins de guerra e exploração espacial, algo que normalmente é ocultado ou omitido pelos
comentaristas burgueses. Isso é mais surpreendente se considerarmos que a URSS emergiu de um nível

econômico muito baixo, semifeudal, e depois de sofrer uma terrível guerra civil e os efeitos catastróficos da
invasão nazista.

Inicialmente a burocracia stalinista desconfiava da cibernética ao declarar a genética uma invenção


burguesa, mas logo descobriu que essa disciplina era muito útil para fins militares e para o controle de redes

elétricas. Na década de 1920, Sergei A. Lebedev projetou circuitos que podiam controlar picos de energia
em redes elétricas, convencendo até burocratas stalinistas estúpidos da utilidade da computação.


https://www.marxismo.org.br/a-origem-dialetica-do-codigo-binario-e-a-historia-da-computacao/ 8/14
11/09/2023, 09:31 A origem dialética do código binário e a história da computação – Esquerda Marxista

Lebedev foi o patriarca da computação soviética, esteve envolvido na produção de quinze computadores

diferentes, desde aqueles que usavam tubos até os circuitos que os computadores modernos usam. Ele
desenvolveu o primeiro sistema de computador antibalístico e, em 1961, os computadores soviéticos eram

os mais avançados do mundo. Eles foram os primeiros a atingir um milhão de operações por segundo e na
missão espacial Apollo-Soyuz conseguiram processar os dados da missão meia hora antes da NASA, o que

mostrou a superioridade dos computadores soviéticos. O projeto espacial soviético era a inveja do mundo.
Também não devemos esquecer que o primeiro campeonato mundial de xadrez por computador foi vencido

pelo programa soviético Kaisa, em 1974.

Lébedev, além disso, assinou a carta dos 300 em 1955, na qual um grupo de cientistas condenou o farsante

Lysenko, que se opunha à teoria da evolução de Darwin, Lysenko, que havia sido protegido de Stalin. No
início dos anos 1970, estritamente pragmaticamente, a burocracia tomou a decisão de copiar o IBM 360 para

fins comerciais, o que Lebedev se opôs pouco antes de sua morte. A decisão da burocracia afetou
negativamente o desenvolvimento tecnológico da União Soviética.

Positivismo lógico e dialética na computação

A ideologia de Hollywood atribui a invenção dos processadores a Turing como se tivessem surgido de sua

cabeça como Minerva da cabeça de Zeus. Mas vimos que o computador de Turing nada mais era do que a
cristalização de um processo anterior bastante longo e profundo cujo conhecimento básico o precede: código

binário, motor de diferenças, cartões perfurados e algoritmos, circuitos lógicos e eletrônicos etc.
Da mesma forma, os fundamentos da computação costumam estar associados ao formalismo lógico e

matemático, já que tanto Boole quanto Turing eram lógicos e este último estava interessado no projeto de
reduzir a matemática à lógica formal. Mas sem prejudicar as contribuições de pessoas como Boole e Turing,

a interpretação filosófica do sistema binário e da programação não é um monopólio da lógica formal nem
pode ser reduzida a ela. O projeto logicista de reduzir a matemática ao formalismo lógico acabou sendo

infundado, como mostrou Gödel. Foi um caminho errado que, no entanto, valeu a pena pelo menos no
sentido de mostrar que as contradições dentro da matemática não podem ser eliminadas.

Nem o sistema binário e a computação podem ser reduzidos à lógica formal. A informação em bits não é a
simples oposição lógica entre verdadeiro e falso, entre uns e zeros. Cada bit da linguagem computacional

não faz sentido em si mesmo, mas apenas como uma unidade de informação na forma de bytes – conjunto
mínimo de informações – e os programas não fazem sentido nem como bytes isolados, mas como uma

unidade de milhões e milhões de bytes que codificam um programa ou software específico. Entre os simples
dígitos de uns e zeros e o que vemos no monitor do computador há toda uma série de saltos qualitativos.

Mas um programa ou conjunto de programas não flutua no vácuo, eles requerem um suporte material
chamado hardware ou suporte físico na forma de circuitos, chips, CPU, monitor etc., mesmo que surgiu do

conhecimento do universo material, fundamentalmente do controle dos seres humanos sobre os elétrons. E
ainda o hardware seria pouco mais do que uma caixa inútil com uma tela sem um programa para fazê-lo

https://www.marxismo.org.br/a-origem-dialetica-do-codigo-binario-e-a-historia-da-computacao/ 9/14
11/09/2023, 09:31 A origem dialética do código binário e a história da computação – Esquerda Marxista

funcionar. Entre eles há uma relação dialética semelhante à da matéria e da subjetividade; o segundo não

existe sem o primeiro.

Por sua vez, hardware e software interagem na forma de uma série de dispositivos de entrada e saída: os

sinais do mouse ou do teclado entram e são processados ​para dar uma resposta de saída, seja na tela ou
por meio de uma impressora. Mas a informação digitada é, por sua vez, um sinal de saída do corpo humano

que se torna entrada para o computador. As causas tornam-se efeitos e os efeitos tornam-se causas. A
realidade pode se tornar virtual – como acontece em uma videoconferência – assim como o virtual se torna

real quando, por exemplo, uma impressora 3D materializa um projeto ou um livro é impresso. Mas na maioria
das vezes a materialidade que surge dessa forma é apenas formal, como a de um modelo, que só terá seu

conteúdo pleno quando for produzido como objeto acabado.

Todas essas interações e saltos qualitativos são muito mais bem compreendidos a partir de uma perspectiva

dialética e materialista. Além disso, procuramos demonstrar que, em sua origem, desde o berço, a linguagem
digital foi influenciada pela dialética do fundador da filosofia clássica alemã. Limitar a interpretação dessa

realidade à superficialidade do empirismo positivista é esvaziá-la de seu conteúdo. Mas, em última análise,
nada escapa à dialética, nem mesmo à própria lógica formal.

Embora o sistema binário possa ser difícil de assimilar para uma pessoa acostumada ao sistema decimal,
para um computador esse sistema é ideal porque corresponde à presença ou não de tensão, ao ligar ou

desligar da corrente elétrica, ou ao verdadeiro ou falso de um raciocínio simples. Desta forma, o código
binário diminui o circuito e a energia necessários. Com este código não apenas números e operações

matemáticas podem ser representados como Leibniz já havia mostrado, mas qualquer letra pode ser
representada por seu lugar no alfabeto, qualquer som por seu lugar em uma escala, qualquer cor ou pixel

por sua associação com um número, raciocínio simples por sua representação lógica em circuitos

verdadeiros ou falsos, uma série de instruções por meio de algoritmos.

Desta forma, uma das mais antigas simbologias retornou na forma da mais moderna tecnologia – um
exemplo notável do que conhecemos em dialética como a “negação da negação”. O mais surpreendente é

que a realidade virtual está subjacente à simples dualidade de uns e zeros, de presença e vazio, de ser e
nada. Mas a virtualidade é sempre uma simplificação formal da realidade material infinitamente mais

complexa em contradições. Na realidade material – como síntese de múltiplas determinações – as

contradições são muito mais profundas, intrincadas, emaranhadas e por sucessivos níveis de complexidade.

Apenas para citar alguns exemplos: no nível subatômico temos a dualidade da força nuclear fraca e forte; no
nível atômico a dualidade de prótons e elétrons, o positivo e o negativo; no nível molecular as forças

eletromagnéticas que mantêm uma gota de orvalho pendurada em uma folha após a chuva; no nível
biológico a tensão entre vida e morte, absorção e excreção; no nível psicológico temos o consciente e o


https://www.marxismo.org.br/a-origem-dialetica-do-codigo-binario-e-a-historia-da-computacao/ 10/14
11/09/2023, 09:31 A origem dialética do código binário e a história da computação – Esquerda Marxista

inconsciente, o instintivo e o racional; na sociedade humana temos luta de classes, contradição entre

condições objetivas e subjetivas e assim por diante, sem fim.

O virtual é apenas uma pálida sombra dessa realidade material, mas mesmo essa sombra implica a unidade

dos opostos na forma de uns e zeros. Heráclito, Hegel e Marx devem estar rindo em seus túmulos e
Pitágoras regozijando-se porque toda a realidade pode ser reproduzida através de números.

O complexo Terminator e a inteligência artificial


“O apocalipse será causado pelo capitalismo, não pelas máquinas” (Stephen Hawking).

Tanto Shannon quanto Turing estavam envolvidos em programas de xadrez. Shannon publicou em 1949 um

artigo descrevendo um programa de xadrez de computador e Turing desenvolveu um algoritmo que podia
jogar xadrez, mas não podia ser programado em um computador, pois os processadores de seu tempo eram

muito lentos. Turing afirmou que se um computador pudesse dar respostas indistinguíveis das de um ser
humano, essa máquina seria inteligente, é nisso que consiste o famoso “Teste de Turing”. Seu interesse por

um programa de xadrez foi nessa direção, pois é um jogo ideal – com seu espaço limitado, objetivo e regras
claras para cada peça – para testar seus testes. Em 1996 o computador Deep Blue conseguiu vencer o

campeão mundial de xadrez. Deep Blue poderia calcular 100 milhões de movimentos por segundo, mas

Kasparov ainda poderia vencer a máquina, na verdade, ele poderia ter vencido a partida, já que a força bruta
do Deep Blue incluía centenas de milhares de movimentos inúteis. Atualmente qualquer programa de celular

é capaz de vencer o campeão mundial de xadrez. Até este ponto os programas de xadrez eram alimentados

com conhecimento humano, com uma árvore de todos os grandes mestres e campeões mundiais. A

superioridade desses programas foi resultado do compêndio do conhecimento humano concentrado na


máquina.

Mas em 2017 o programa Alphazero, que só havia sido programado com as regras do jogo e o objetivo de
dar xeque-mate, jogou milhões de partidas contra si mesmo e em 4 horas o conhecimento adquirido, sem

“preconceitos humanos”, já superou o acumulado por humanidade ao longo da história e todos os programas

de xadrez anteriores, atingindo uma incrível classificação de mais de 3.400 pontos – a classificação mais alta

de um humano, obtida pelo atual campeão mundial Magnus Carlsen, é de 2.881 pontos. Alphazero muitas
vezes faz movimentos que desafiam a teoria da abertura e outros conceitos humanos, priorizando a

atividade sobre outras considerações estratégicas. Quando o Deep Blue venceu a partida contra Kasparov, a

imprensa fez comentários sensacionais sobre o fim do xadrez e a supremacia da inteligência artificial sobre o

intelecto humano.

Na realidade, a concepção de inteligência do teste de Turing é bastante formal e tem as limitações do

behaviorismo, que considera apenas a resposta superficial do comportamento humano. Atualmente existem
programas capazes de responder perguntas, bots de conversação e até programas que podem compor

música, tal como Ada Lovelace havia imaginado. Mas é claro para qualquer um, mesmo em nível intuitivo,

que há uma diferença qualitativa entre as respostas que um programa como “Alexa” dá, do que falar com 
https://www.marxismo.org.br/a-origem-dialetica-do-codigo-binario-e-a-historia-da-computacao/ 11/14
11/09/2023, 09:31 A origem dialética do código binário e a história da computação – Esquerda Marxista

uma pessoa real, e também há uma diferença entre o que um baterista de verdade produz ao sampler de

uma bateria eletrônica. A natureza social e coletiva da existência humana é expressa na inteligência e em

todas as interações sociais, incluindo linguagem e conversação. Essa complexidade explica a psique

humana composta de camadas contraditórias racionais e irracionais muito profundas, emocionais e


intelectuais; dirigido por interesses pessoais, sociais e de classe (nas sociedades divididas em classes). A

inteligência artificial não tem interesses ou paixões e, portanto, só pode imitar superficialmente a inteligência

humana, mesmo que a exceda em muito em poder de computação ou operações por segundo que possa

realizar.
Embora já seja uma realidade que quase qualquer programa de xadrez vença o campeão mundial e uma

inteligência artificial que aprende por si mesma nunca deixe de fascinar, não devemos perder o senso de

proporção. A inteligência artificial é superior à humana apenas em um espaço limitado. Alphazero é incapaz

de aprender a jogar se as regras do jogo ou as características do tabuleiro com o qual foi programado
mudam repentinamente. A diferença qualitativa da inteligência pode ser vista como uma questão de

desenvolvimento, flexibilidade e conteúdo. “É fácil fazer com que os computadores mostrem habilidades

semelhantes às de um humano adulto em testes de inteligência, e difícil ou impossível fazê-los ter as

habilidades perceptivas e motoras de um bebê de um ano de idade”7, argumenta, Miguel Lázaro,

pesquisador de inteligência artificial.

O problema da inteligência artificial é que ela é perfeita apenas em sentido estrito e seu determinismo a

torna incapaz de se adaptar a um mundo mutável e imperfeito com o qual o ser humano, também imperfeito,
lida social e coletivamente:

“As decisões que temos que tomar ao fazer um sanduíche, manipular e montar os ingredientes, parecem muito
mais simples, mas são, no entanto, muito mais complicadas, do ponto de vista computacional, do que os jogos de
tabuleiro em que o AlphaZero compete”8.

Para que a humanidade durma tranquilamente diante do perigo de que um programa que saiba jogar xadrez

muito bem, mas não saiba preparar um sanduíche, assuma o controle do mundo. Por fim, a inteligência

artificial é apenas uma ferramenta do ser humano, uma forma de expandir a inteligência humana da mesma

forma que os livros expandem e preservam a memória coletiva da humanidade. O perigo de ela nos subjugar
é tão grande quanto o dos livros da biblioteca de Alexandria derrubando os egípcios. Essa fantasia de O

Exterminador do Futuro, em que as máquinas subjugam a humanidade, é apenas produto do sentimento de

alienação que surge da produção capitalista, onde os objetos de trabalho – convertidos em mercadoria –

dominam o produtor e o operário se torna um apêndice da máquina. Nesse sistema, as pessoas são
reificadas como mercadoria e a mercadoria adquire personalidade. Mas isso é resultado de uma ordem

social específica, não um efeito de máquinas ou computadores em si.

A comparação entre inteligência artificial e humana não pode ser tomada, esta última, em termos individuais

ou apenas considerando a superioridade de um computador sobre um determinado campo em relação a



https://www.marxismo.org.br/a-origem-dialetica-do-codigo-binario-e-a-historia-da-computacao/ 12/14
11/09/2023, 09:31 A origem dialética do código binário e a história da computação – Esquerda Marxista

uma pessoa isolada. A inteligência humana é um produto social, um acúmulo progressivo de conhecimento

obtido pela produção social e pela experiência coletiva de sucessivas gerações. Tomada como um todo, a

inteligência humana é muito superior à inteligência artificial. Quando as barreiras de classe que dividem a

humanidade há milênios caírem, essa inteligência social assumirá um caráter muito mais planejado e
consciente; Com a queda do capitalismo e sob a produção planejada, a inteligência coletiva da humanidade

crescerá em quantidade e qualidade.

Atualmente a inteligência artificial é utilizada em todos os tipos de serviços como bancos, a chamada

“internet das coisas” e aplicativos para motoristas, até o sonho de Ada Lovelace de um programa compondo

música já é uma realidade. Mas o desenvolvimento de todo o potencial dessas maravilhosas tecnologias

depende de toda a humanidade ter acesso a computadores, telefones celulares e internet. Isso é impossível
enquanto esses avanços estiverem subordinados ao lucro privado que não investe onde não há lucro,

mesmo quando as pessoas dos países pobres precisam de telefones e computadores.

Ao mesmo tempo, o desenvolvimento e a aplicação das chamadas “novas tecnologias” dependem em

grande parte da humanidade assumir o controle de suas próprias relações sociais. Em uma economia

planificada seria possível e necessário aplicar todas as tecnologias para garantir a democracia de todos os

trabalhadores, a troca e o fluxo de informações. O trabalho aconteceria em um ambiente verdadeiramente


colaborativo e comunitário, que agora só ocorre em pequenos espaços e em benefício de empresas privadas

– ideias e inovações serão trocadas sem o peso morto das patentes, e conquistas em muitos campos serão

o produto coletivo e o benefício de todos. A interconexão global em uma economia planejada permitiria o

desenvolvimento de programas e inteligências virtuais em uma escala sem precedentes.

Notas e referências:

1 Engels, Dialética da natureza, México, Cartago, 1983, p. 94.

2 Leibniz, Gottfried; “Explicação da aritmética binária que usa apenas os caracteres 0 e 1, juntamente com
algumas notas sobre sua utilidade e como ela dá sentido às antigas figuras chinesas de Fu Xi”:

https://www.academia.edu/44176195 /G_W_Leibniz_Explanation% C3%B3n_of_binary_arithm%C3%A9thics

3 Carta de Marx a Engels, 10 de maio de 1870.


4 Engels, Dialética da Natureza, México, Grijalbo, 1983, p. 207.

5 Ibid. 208.

6 Ibid.

7 https://elpais.com/elpais/2018/12/05/ciencia/1544007034_265553.html

https://www.marxismo.org.br/a-origem-dialetica-do-codigo-binario-e-a-historia-da-computacao/ 13/14
11/09/2023, 09:31 A origem dialética do código binário e a história da computação – Esquerda Marxista

8 Ibid.

TRADUÇÃO DE LEVY SANT’ANNA


PUBLICADO EM MARXISMO.MX


https://www.marxismo.org.br/a-origem-dialetica-do-codigo-binario-e-a-historia-da-computacao/ 14/14

Você também pode gostar