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A POPULAÇÃO BRASILEIRA

Brasil: distribuição e crescimento da população


Brasil: país populoso e pouco povoado
O Brasil apresenta uma população numerosa: em 2010, eram 190.755.799 habitantes, segundo os dados
publicados pelo IBGE; em 1 de julho de 2017, a estimativa era de 207.660.929 habitantes. Em 2022, a
população do Brasil atingiu 203.062.512 pessoas. Com a quinta maior população do mundo, é um país
populoso, pois sua população absoluta — isto é, a soma de todos os seus habitantes — é elevada.
No entanto, o Brasil é considerado um país pouco povoado. Isso porque, quando utilizamos essa expressão,
consideramos a relação entre o número de habitantes e a sua área territorial — a população relativa.
Para medir a concentração da população de determinada área, calcula-se sua densidade demográfica por
meio da divisão do total da população pela área em que está distribuída. Esse valor é expresso pelo número
de habitantes por quilômetro quadrado (hab./km2).
No caso do Brasil, que contava em 2017 com uma população estimada de 207.660.929 habitantes e uma
área de 8.515.759 km2, a densidade demográfica era de cerca de 24,4 hab./km2. Em 2022, último CENSO
realizado, apontou que a densidade demográfica do Brasil foi estimada em 23,8 habitantes por quilometro
quadrado e de acordo com o IBGE esse número ainda continua desigual entre as regiões.
Países muito povoados não são, necessariamente, muito populosos. Em muitos casos, é a pequena área do
território de um país que determina altas densidades demográficas.
A distribuição da população pelo território brasileiro
A distribuição da população é
influenciada por fatores naturais e
econômicos, que podem ser
permissivos ou restritivos ao
povoamento. Entre os fatores
naturais permissivos, podemos
citar, de um lado, climas amenos e
relevos com baixas declividades e,
como fator econômico, o
dinamismo da economia em uma
região. Esses fatores podem
formar uma área de atração de
população. Por outro lado, climas
desérticos ou muito frios, bem
como o declínio de atividade
econômica em uma região, são
exemplos de fatores naturais e
econômicos restritivos, que dão
origem a uma área de repulsão de
população.

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Quando dizemos que a densidade demográfica do Brasil é de 23,8 hab./km2, é importante compreender que
esse dado é uma média, o que não significa que a densidade demográfica de todas as porções do território
correspondem a 23,8 hab./km2. Há áreas mais ou menos povoadas de acordo com fatores naturais e
econômicos permissivos ou restritivos.
Observando a figura 1 podemos notar a desigual distribuição da população brasileira pelo território. Por
exemplo, nas proximidades de São Paulo, Rio de Janeiro e outras capitais, existem densidades demográficas
acima de 100 hab./km2, enquanto em largos trechos dos estados do Amazonas, do Pará e de Roraima as
densidades demográficas são inferiores a 1 hab./km2.
A Região Sudeste, além de ser a mais povoada, é a mais populosa: a cada 100 habitantes do país, cerca de
42 vivem nela. Essa região se tornou a principal área de atração populacional no decorrer da história de nosso
país por causa da atividade mineradora em Minas Gerais (século XVIII), da expansão da cafeicultura no Rio
de Janeiro e em São Paulo (séculos XIX e XX) e da industrialização (século XX).
O censo
O levantamento de dados que realiza a contagem da população de um país, estado ou município é chamado
de recenseamento ou censo. É por meio dele que conhecemos também outras características da população,
como a composição por idade, gênero, nível de instrução etc. Os governos utilizam os dados do censo para
o planejamento de políticas públicas. Por exemplo, possuindo dados sobre o crescimento da população e sua
composição por idade, os governos ficarão sabendo:
• Quantas vagas nas escolas dos ensinos fundamental, médio e universitário precisam ser criadas para
atender à população;
• Quantos empregos serão necessários, anualmente, para absorver os jovens que entram no mercado de
trabalho;
• Quantas Habitações precisam ser construídas;
• Quantos leitos Hospitalares precisam ser criados, entre outras coisas.
Vê-se, então, que o estudo da população tem vários objetivos práticos. Até 1871 não havia sido realizado, no
Brasil, um recenseamento demográfico. Foi nesse ano que o governo imperial de D. Pedro II organizou a
Repartição de Estatística para realizar, no ano seguinte, o primeiro recenseamento oficial do Brasil. Até 2010,
foram feitos 12 censos demográficos.

O crescimento da população brasileira


Há duas causas básicas para o crescimento populacional brasileiro: a contribuição da imigração e o
crescimento natural ou vegetativo da população.

A imigração
Os europeus, os africanos e os asiáticos que migraram para o Brasil, além dos indígenas que aqui já viviam,
são os formadores da população brasileira.
Entre os imigrantes que entraram no Brasil, devemos distinguir os que vieram de maneira forçada, como os
africanos, trazidos como escravos, e os imigrantes livres ou espontâneos. Desse grupo, os que mais se
destacaram quantitativamente foram os portugueses, italianos, espanhóis, alemães e japoneses.
Além desses povos, sírios, libaneses, poloneses, ucranianos, holandeses, coreanos e chineses também
contribuíram para a formação da população brasileira.
Nas últimas décadas, o Brasil tem recebido grande número de imigrantes nigerianos, angolanos e bolivianos.

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Entre 1887 e 1930 entraram no Brasil cerca de 3,8 milhões de imigrantes, o que contribuiu para o crescimento
populacional do país. Após 1930, a imigração decresceu, assumindo uma importância secundária no
crescimento populacional. Entre os fatores que explicam essa queda, destaca-se a Lei de Cotas da Imigração,
criada pelo governo brasileiro em 1934. Essa lei restringiu a entrada de imigrantes, pois estabelecia uma cota
anual de 2% do total de imigrantes de cada nacionalidade que tinha imigrado nos últimos 50 anos.
Em anos recentes, houve um aumento expressivo de imigrantes no Brasil, como bolivianos, venezuelanos,
haitianos, angolanos, sírios, entre outros. Isso ocorreu em decorrência de vários fatores, como falta de
oportunidades econômicas, instabilidade e perseguição política, desastres naturais e guerras em outros
países.
De acordo com dados da Polícia Federal, cerca de 1,2 milhões de imigrantes viviam no Brasil em 2017, o que
representava menos de 1% da população do país.
O crescimento vegetativo
À diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade dá-se o nome de crescimento natural ou
vegetativo da população.
A taxa de natalidade corresponde ao número de nascidos vivos a cada 1.000 habitantes de um país, estado
ou município, em determinado período — geralmente, um ano. É calculada dividindo-se o número de
nascidos vivos no período pelo número da população existente no mesmo período. O resultado é
multiplicado por mil para facilitar a leitura e permitir uma comparação internacional. Ela é representada pelo
símbolo “‰”, que quer dizer “por mil”.
A taxa de mortalidade corresponde ao número de óbitos por 1.000 habitantes. É calculada dividindo-se o
número de óbitos em determinado período pela população total nesse mesmo período e multiplicando- -se
o resultado por mil. Como exemplo, vamos calcular o crescimento vegetativo referente ao ano de 2020, no
Brasil, com base em dados estimados do IBGE (valores arredondados):

A estimativa da taxa de crescimento vegetativo da população brasileira em 2020 é 7‰, o que significa que,
em cada grupo de 1.000 habitantes, a população aumentou em aproximadamente 7 pessoas. Nos dias atuais,
o crescimento natural da população é a principal causa do crescimento quantitativo da população brasileira,
ainda que esse crescimento venha diminuindo desde a segunda metade da década de 1960.
Natalidade e fecundidade em queda
A partir de 1961, ocorreu uma redução mais acentuada das taxas de natalidade no Brasil. Vários fatores
contribuíram para isso. Com a modernização da economia brasileira, representada principalmente pela
industrialização, muitas famílias migraram do campo para a cidade em busca de melhores condições de vida,
como empregos de maior remuneração, assistência médico-hospitalar, educação para os filhos etc.
Geralmente, as famílias residentes no campo tinham muitos filhos, o que representava mais ajuda no
trabalho rural. Migrando para as cidades, diante dos custos e das dificuldades impostas pela vida urbana, os
casais diminuíram o número de filhos. A maior participação das mulheres no mercado de trabalho (figura 5)
e o aumento do uso de métodos contraceptivos também contribuíram para que os casais reduzissem a
quantidade de filhos.
A redução do número de filhos constitui uma das mudanças ocorridas com a urbanização, ocasionando a
queda da taxa de fecundidade, ou seja, o número de filhos por mulher em idade reprodutiva (entre 15 e 49

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anos). Para se ter ideia, enquanto em 1960 a taxa de fecundidade era de 6,3, em 2000 declinou para 2,4; em
2005, para 2,1; em 2015, para 1,7; e está estimada para 1,6 em 2020.
Conclui- -se, então, que a redução da taxa de fecundidade tem forte impacto na redução da taxa de
natalidade.
Redução da mortalidade e aumento da expectativa de vida
Outra importante tendência demográfica atual está relacionada à redução das taxas de mortalidade. Diversos
fatores explicam essa redução no Brasil e no mundo:
• progressos da medicina — do diagnóstico de doenças à descoberta de medicamentos para a cura de
enfermidades;
• campanhas de vacinação;
• a melhoria das condições sanitárias, por meio da instalação de redes de água tratada, redes coletoras de
esgoto e da coleta de lixo;
• maior conscientização da população quanto à prevenção de doenças, que estimula a prática de exercícios
físicos e de uma alimentação mais saudável.
Todos esses fatores tiveram impacto sobre as taxas de mortalidade e aumentaram a expectativa de vida ou
esperança de vida ao nascer da população brasileira. Apesar dos avanços na área de saneamento básico,
ainda há uma forte demanda por melhorias nesse setor. No Brasil, em 2015, somente 50,3% da população
tinha acesso à coleta dos esgotos e apenas 42% dos esgotos eram tratados.

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Brasil: migrações internas e emigração
O que é migração
Migração é o deslocamento de indivíduos de uma região para outra ou de um país para outro, envolvendo mudança
permanente de residência.
Fatores migratórios
Os fluxos migratórios estão associados a diferentes aspectos vivenciados no local de origem do indivíduo e sua
expectativa de melhoria no local de destino, sob a influência de fatores de atração e repulsão agindo conjuntamente.
Os fatores de atração estão associados ao potencial que as características que o lugar de destino possui, criando no
pensamento das pessoas a ideia que a vida em determinada localidade seria melhor, mais fácil ou de maior qualidade.
Boas oportunidades de emprego, estudo e tratamentos de saúde são exemplos de fatores de atração.
Os fatores de repulsão estão associados ao local de origem e são criados a partir de um grupo de acontecimentos ou
características dominantes nesta localidade que tornam a vida mais difícil, conduzindo a população à decisão de migrar.
Má remuneração, desastres naturais, guerras, fome, perseguição religiosa, étnica e cultural são exemplos de fatores
de repulsão.
Tipos de migração
Há três variáveis para se classificar os tipos de migração:
I. O espaço de deslocamento;
II. O tempo de permanência do migrante;
III. Como se deu a forma de migração.

Considerando o espaço de deslocamento do migrante tem-se:


• Migração externa (internacional)-Ocorre quando o migrante se desloca de seu país de origem para outro país.
• Migração Interna (nacional) - Ocorre quando o migrante se desloca dentro do mesmo país. Pode ser
subdividida em:
Migração inter-regional: Quando ocorre deslocamento do migrante de uma região para outra;
Migração intrarregional: Quando ocorre deslocamento do indivíduo dentro da mesma região.

Considerando o tempo de duração da migração, tem-se:


• Migração Permanente - Ocorre quando o indivíduo não tem planos de retornar à região da qual saiu, pelo
menos não em curto prazo.
• Migração Temporária - Ocorre quando o migrante já sabe que sua estadia no local de destino é temporária e
seu retorno é certo e tem data marcada. Esse tipo de migração pode ser subdividida em:
Migração Pendular: Ocorre em um curtíssimo prazo, quando o migrante retorna no mesmo dia para sua
residência. Esse tipo de migração costuma ocorrer entre os núcleos urbanos principais e as cidades-
dormitório localizadas em torno;
Migração Sazonal: Ocorre em uma época específica do ano. Pode estar atrelada a atividades turísticas ou
estudantis, mas a maior parcela está relacionada às atividades agrárias, como a colheita de produtos
resultantes do agronegócio.

De acordo com a forma como seu deu a migração, tem-se:


• Migração Espontânea: Ocorre quando o migrante planeja, espontaneamente, migrar do seu local de origem
para outra região, seja por motivos de diversas naturezas.
• Migração Forçada: Quando o migrante ou a população migrante não tem escolha e precisa se mudar para
garantir a sobrevivência. Esse é o caso dos refugiados, pessoas que saíram de seu país de origem por medo de
serem perseguidas por motivos de raça, religião, nacionalidade, opinião política ou participação em grupos
sociais, e que por isso, não podem retornar para suas casas.
• Êxodo rural: também conhecido como migração campo-cidade, é o deslocamento em massa da população do
campo para a cidade em um determinado país ou território.

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• Êxodo urbano: quando a população das cidades migra em massa para as zonas rurais.

Desafios encontrados pelos migrantes.


Ao chegar em seu local de destino, muitas vezes, o migrante terá que passar por diversos desafios para se integrar a
uma nova comunidade. Saudade de sua terra e das pessoas queridas, adaptação ao local e cultura novos, costumes
distintos e, em muitos casos, uma língua diferente. Em muitos casos, os migrantes ainda são obrigados a lidar com a
hostilidade dos indivíduos que vivem ali. Muitos migrantes sofrem com o racismo, a xenofobia e diversas outras formas
de discriminação, principalmente se forem pobres e com baixa qualificação. Vistos pela sociedade local com
desconfiança, os migrantes recebem a culpa por todo o tipo de problema que possa acontecer como: crises
econômicas, desemprego e aumento da criminalidade. Dessa forma, muitas vezes os migrantes são criminalizados e
são vítimas do abuso por parte das autoridades locais.

Migrações internas no Brasil em tempos recentes


Identificar os motivos que levam as pessoas a migrar torna possível compreender a influência de fatores econômicos
ou sociais sobre a distribuição da população em um território. Vamos considerar, por exemplo, as migrações internas
no Brasil, a partir de 1950.
De 1950 a 1970
Desde os anos de 1950, a Grande Região Nordeste do Brasil tornou-se a principal Grande Região de repulsão ou de
saída de migrantes para outras regiões do país. Isso ocorreu devido à baixa oferta de empregos, ao baixo rendimento
da população, às secas no Sertão, entre outros fatores.
A industrialização da Região Sudeste, principalmente dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, como também a
construção de Brasília, na Região Centro-Oeste, atraíram muitos migrantes em busca de melhores condições de vida.
Assim, essas duas Grandes Regiões tornaram-se áreas de atração de população nesse período.
De 1970 a 1990
Apesar de o fluxo populacional do Nordeste para o Sudeste ter continuado, nesse período houve também um grande
fluxo de migrantes do Sudeste, do Sul e do Nordeste para as regiões Centro-Oeste e Norte. Vários fatores contribuíram
para essas migrações: a construção de rodovias, os incentivos dos governos estaduais e federal — por meio da doação
de lotes de terra para a prática da agricultura —, as descobertas de ouro e diamante em Roraima e o avanço da
agricultura e da pecuária em terras antes não utilizadas para esse fim, processo conhecido como expansão da fronteira
agropecuária.
De 1990 a 2010
A partir da década de 1990, os fluxos populacionais que mais despertam a atenção são os de volta aos locais de origem,
a chamada migração de retorno, e a diminuição substancial do tradicional fluxo do Nordeste para o Sudeste: no período
de 1995 a 2000, migraram 965 mil pessoas, e entre 2001 e 2006 esse fluxo declinou para 539 mil.
Os programas sociais governamentais (por exemplo, o Bolsa Família, programa de transferência de renda do Governo
Federal) e o crescimento econômico do Nordeste, tanto no setor industrial como no de serviços, têm sido apontados
como responsáveis pela diminuição dos fluxos migratórios Nordeste-Sudeste.
Outra forma de estudar as migrações internas é considerar o saldo
migratório, ou seja, a diferença, em determinado período, entre a
quantidade de entrada e a de saída de migrantes de uma localidade ou
região para outras.
Observe a tabela 4 , que mostra os saldos migratórios do Brasil em
diferentes períodos e permitem identificar a ocorrência de saldos
migratórios positivos ou negativos. Positivos quando a quantidade de
migrantes que entra em determinada unidade da federação ou região
é maior do que a quantidade que sai dela. Negativos quando a saída
de migrantes é maior que a entrada.
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População e trabalho: mulheres, crianças e idosos
A população segundo os setores de produção
Uma das formas de estudar a população de um país é classificá-la de acordo com os setores de produção. Existem três
setores de produção básicos. O setor primário reúne as atividades agropecuárias, extrativistas, a pesca e a silvicultura.
O setor secundário abrange as atividades industriais e a construção civil. O setor terciário agrupa as atividades de
comércio e de prestação de serviços, como o sistema bancário, a administração pública, as atividades de saúde,
educação, saneamento básico, transportes, telefonia etc.
Em razão dos avanços científicos e tecnológicos, entretanto, muitos estudiosos apontam a existência do setor
quaternário, que compreende as atividades humanas relacionadas à busca de novas tecnologias e conhecimentos —
tecnologia da informação e comunicação —, das quais a informática, a cibernética e a robótica e outras fazem parte.
O conhecimento, ao tornar-se valiosa mercadoria comercializada no mundo e por exigir mão de obra altamente
qualificada, transformou-se em setor de produção da economia, o quarto setor.
A distribuição da população e os setores de produção
Segundo o IBGE, a população economicamente ativa (PEA) é o conjunto de indivíduos que trabalham ou estão em
busca de emprego e compõe o potencial de mão de obra com que podem contar os setores produtivos.
Conhecer o número de pessoas que trabalham em cada setor, ou a participação de cada setor na PEA, é importante
para fornecer dados para a avaliação da economia de um país e para o planejamento socioeconômico.
No Brasil, o estudo da população trabalhadora ao longo dos censos demográficos fornece elementos para
compreender as mudanças na economia do país.
Em 1940, de cada 100 pessoas que formavam a PEA do Brasil, aproximadamente 70 estavam ocupadas no setor
primário, 10 no setor secundário e 20 no setor terciário de produção.
Esses dados nos informam que, em 1940, a economia brasileira tinha por base os produtos do setor primário de
produção. Além disso, podemos concluir que no ano de 1940 a industrialização do país era modesta, pois empregava
apenas 10% da PEA, e que as cidades e a população urbana ainda eram reduzidas, pois apenas cerca de 20% da PEA
estava empregada no setor terciário — setor que reúne atividades predominantemente urbanas, assim como o setor
secundário.
Nas pesquisas seguintes, notam-se alterações na distribuição da PEA por setores de produção. Na Pesquisa nacional
por amostra de domicílios de 2015, observou- -se que 21,6% da PEA do Brasil se dedicava ao setor secundário e 64,5%
ao setor terciário, ambas superando a participação do setor primário, 13,9%. Esses dados evidenciam que atualmente
a população brasileira vive predominantemente nas áreas urbanas. Não havia ainda estatística sobre o quarto setor no
Brasil.
Mulheres e desigualdades no mercado de trabalho
No Brasil, o número de mulheres na população supera o de homens em quase todas as regiões. Isso ocorre porque as
mulheres apresentam maior longevidade, com expectativas de vida maiores.
Nas últimas décadas, a sociedade brasileira atravessou importantes transformações políticas, econômicas e sociais que
afetam mulheres e homens de maneiras diferentes. Uma delas é o crescimento da presença das mulheres no mercado
de trabalho, aumentando, em consequência, sua participação na PEA e garantindo a elas maior autonomia.
No entanto, apesar da ampliação do acesso ao mercado de trabalho, grande parcela das mulheres continua
acumulando os trabalhos de seus empregos fora de casa com os trabalhos domésticos (tarefas relacionadas à limpeza
da casa, à alimentação, ao cuidado de filhos, entre outras). Esses afazeres geram sobrecarga de trabalho para as
mulheres e influem diretamente na possibilidade de conseguirem empregos e de ocuparem melhores postos no
mercado de trabalho.
Mulheres e homens: desigualdade de rendimentos

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Nos últimos anos, estudos vêm apontando uma tendência contínua de redução da desigualdade salarial entre homens
e mulheres no Brasil. Entre outros fatores, o aumento da renda das mulheres está relacionado à conquista de maior
espaço na vida pessoal, familiar e na sociedade e ao combate à desigualdade entre os gêneros. Em 2016, nos dados
referentes ao Brasil, as mulheres receberam, em média, 77,1% do rendimento de trabalho dos homens.
Mulheres chefes de família
No Brasil, o aumento da participação das mulheres no mercado de trabalho e sua maior autonomia financeira vêm
contribuindo para o aumento da proporção de famílias chefiadas por mulheres, isto é, vem crescendo a proporção de
famílias que têm a mulher como responsável pelo sustento da casa. Isso significa que cada vez mais famílias vivem a
situação de não terem pessoas do gênero masculino como chefes de família.
Avanços na escolaridade feminina
No Brasil, as mulheres vêm superando os homens nos indicadores
educacionais relativos aos ensinos médio e superior completos (figura
18).
As mulheres tendem a ter mais qualificação para entrar no mercado
de trabalho, mas isso ainda não se reverte em salários mais elevados
para a população feminina ocupada. Embora muitas estejam
alcançando cargos de chefia em empresas públicas e privadas, uma
parcela expressiva das mulheres ainda ocupa postos de trabalho com
menor nível de proteção social, ou seja, sem carteira de trabalho
assinada, como é o caso de muitas trabalhadoras domésticas, apesar
de a legislação exigir.
Cabe observar, contudo, que a proporção de estudantes, tanto
homens quanto mulheres, é ainda muito baixa no Brasil, o que
compromete a qualificação da mão de obra e o desenvolvimento
social e econômico do país.
O trabalho infantil no Brasil
No Brasil, a Constituição Federal e o Estatuto da Criança e do Adolescente proíbem expressamente o trabalho infantil,
permitindo o trabalho de aprendizes a partir dos 14 anos. Apesar de o trabalho infantil ter diminuído nos últimos anos,
em 2015 ainda havia cerca de 2,7 milhões de crianças e adolescentes com idade entre 5 e 17 anos trabalhando no país.
Esses menores, além de terem sua formação escolar prejudicada, muitas vezes estão expostos a ambientes de trabalho
que comprometem seu desenvolvimento biológico e psicológico.
A pirâmide etária do Brasil
A pirâmide etária representa graficamente a
quantidade de pessoas de uma população, segundo as
faixas de idade e o sexo. Considerando a queda das
taxas de fecundidade e natalidade e o aumento da
expectativa de vida, as pirâmides etárias do país vêm
sofrendo alterações. Veja a figura 20. Observa-se que,
na pirâmide etária de 2020, a base se apresenta
menos larga em relação à de 1980; isso se deve à
queda das taxas de fecundidade: em 1980, a
população brasileira entre 0 e 19 anos correspondia a
49% da população total, passando para 29% em 2020.
Na pirâmide de idades de 2020, o pico alargou-se em
relação à de 1980. Isso ocorreu porque o brasileiro
está vivendo maior número de anos, consequência da
melhoria das condições de vida.

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O “bônus demográfico” no Brasil
De acordo com estudos demográficos,
até 2020 o Brasil passou por um período
no qual o número de pessoas em idade
economicamente ativa superou muito o
de crianças e idosos, considerados
dependentes. Esse período, denominado
bônus demográfico, é considerado
favorável à economia de um país, pois
significa maior número de trabalhadores
e menores gastos com pessoas que não
participam da PEA.
A partir de 2020, estima-se um aumento
da proporção de idosos na população
geral. A expectativa é que a população
brasileira com mais de 60 anos vai mais
do que triplicar nas próximas quatro
décadas: de pouco mais de 20 milhões
em 2010, atingirá cerca de 65 milhões de
habitantes em 2050, alterando o perfil da
pirâmide etária brasileira (figura 21).
No Brasil, o ritmo do envelhecimento
populacional deverá ser mais acelerado
do que o ocorrido em outros países no
século passado. Na França, por exemplo,
foi necessário mais de um século para
que sua população com idade igual ou
superior a 65 anos aumentasse de 7%
para 14% do total, variação demográfica
que ocorrerá no Brasil em apenas duas
décadas, entre 2011 e 2031.
Os efeitos do envelhecimento da população
Com o aumento da população idosa, o Estado brasileiro, que financia e administra sistemas públicos de saúde e de
previdência social, deverá se preparar para maiores gastos com saúde e aposentadoria dos idosos. Em relação à saúde,
o aumento dos gastos dependerá da qualidade de vida da população, o que impõe ao Estado e à sociedade em geral a
necessidade de buscar ações que garantam um envelhecimento mais saudável para as pessoas.
Outro ponto importante é a disponibilidade de ajuda familiar para esse grupo. Geralmente, com o avanço da idade, as
pessoas passam a necessitar de maior apoio e cuidado familiar. Isso é preocupante quando se considera que essa ajuda
poderá ser afetada devido à maior participação dos membros da família no mercado de
trabalho.
Como consequência, isso poderá demandar maiores investimentos públicos em asilos e
casas de repouso. Algumas projeções para o Brasil indicam que o número de pessoas
sendo cuidadas por não familiares vai duplicar até 2020 e aproximadamente
quintuplicará em 2040, em comparação com 2010. É possível que essas transformações
afetem também as empresas, que poderão expandir os programas de treinamento
dirigidos aos idosos com o objetivo de reincorporá-los ao mercado de trabalho.

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Brasil: a diversidade cultural e os afro-brasileiros
Brasil: país de muitos povos e culturas
A população brasileira originou-se da miscigenação de vários povos. Por isso apresenta grande diversidade cultural,
manifestada na religião, na música, na dança, na alimentação, na arquitetura, no vestuário etc. Exemplo dessa
diversidade é a própria língua portuguesa, reconhecida como oficial no Brasil. Ela possui palavras únicas quando
comparada à língua portuguesa falada em outros países. Isso porque incorporou muitas expressões dos grupos étnicos
formadores da população brasileira: indígenas, europeus e negros africanos. Palavras como Tietê, caatinga, sucuri e
pitanga têm origem indígena; mocambo, cafuné, fubá e berimbau, africana. E outras palavras com origem em línguas
europeias foram agregadas ao português, como tchau e espaguete, que vêm do italiano.
Grupos formadores da população brasileira
Os indígenas
Diversos grupos indígenas viviam no território que viria a
ser o Brasil, antes da colonização portuguesa. Estima-se
que havia de 2 a 4 milhões de indivíduos, distribuídos em
mais de 1.000 diferentes etnias (figura 22). Possuíam
características próprias de organização social, línguas,
crenças, técnicas de coleta, caça, pesca e cultivo agrícola.
Hoje, alguns grupos indígenas vivem isolados, outros em
reservas ou nas cidades, muitos em precárias condições
de vida. Os grupos indígenas continuam lutando por seus
direitos e contra o preconceito e o descaso com sua
cultura (figura 23), que ocorrem a despeito da
contribuição desses grupos para a formação do povo
brasileiro e de todo o seu conhecimento sobre o meio
ambiente, a flora e a fauna do território, acumulado por
séculos.
Há anos as pesquisas médicas e farmacêuticas baseiam-
se nesses conhecimentos para aproveitar as propriedades
preventivas e curativas de várias espécies vegetais e
animais utilizadas por grupos indígenas, a fim de obter
substâncias para a elaboração de medicamentos. No
entanto, os indígenas ainda são vítimas da invasão de suas
terras por fazendeiros, garimpeiros, madeireiros,
grileiros, entre outros.

Os portugueses e outros imigrantes


A partir do século XVI, com a invasão do território pelos portugueses, teve início o processo de miscigenação destes
com os grupos indígenas e os negros africanos, trazidos como escravos, configurando a população brasileira atual. Nos
séculos XIX e XX, esse processo prosseguiu com a chegada de outros povos. Entre os que vieram em maior quantidade
estão os italianos — segundo grupo mais numeroso, depois dos portugueses —, espanhóis, alemães, japoneses, sírio-
libaneses, russos, poloneses, chineses, coreanos, indonésios, uruguaios, bolivianos, entre outros.

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Os negros africanos
A partir do século XVI, com a chegada de negros africanos
para servir de mão de obra escrava, amplia-se o processo de
miscigenação. Os negros escravizados foram a principal
mão de obra em atividades econômicas do Brasil colonial,
fundamentais para o seu desenvolvimento econômico. Três
grandes culturas africanas entraram no Brasil por meio de
imigrações forçadas: culturas sudanesas, bantas e
guineano-sudanesas islamizadas (figura 24). Apresentavam
diferentes tradições, crenças e
tecnologias, o que contribuiu
para a formação cultural e
econômica brasileira.

A escravidão
Assim como os indígenas, os negros africanos introduzidos no Brasil e na América foram
em geral submetidos a condições brutais de existência. Arrancados de suas comunidades,
famílias e terras, atravessaram o Oceano Atlântico nos sujos porões dos navios negreiros
como cargas ou mercadorias de venda e compra. Calcula-se que cerca de 10 milhões de
negros africanos foram trazidos para a América entre 1502 e 1870, sem considerar os que
morreram durante a viagem ou eram mortos durante a resistência ao seu aprisionamento. Desse total, estima-se que
mais de 3,5 milhões desembarcaram no Brasil.
Os brasileiros nos censos do IBGE
Por meio dos censos realizados pelo IBGE, entre outros
aspectos, é possível conhecer a distribuição da população
brasileira segundo a cor da pele. As pessoas, quando
perguntadas pelos pesquisadores do IBGE que realizam o
censo, são livres para declarar sua cor de pele entre cinco
opções: branca, preta, parda, amarela e indígena (figura
26).
Esse tipo de informação continua sendo levantado em
estudos estatísticos não por uma posição racista ou
preconceituosa por parte dos institutos de pesquisa, mas
para avaliar a condição social das famílias e pessoas
segundo a cor, considerando que em nossa história as
elites dirigentes, de modo geral, não tiveram a
preocupação e ações voltadas para melhorar as condições
de vida de grupos menos favorecidos socialmente, como
indígenas e negros. Por isso, essas informações podem dar
apoio às políticas públicas que buscam reduzir, de maneira
eficaz, as desigualdades sociais no país.

Os afro-brasileiros no Brasil atual

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Geografia- 1 ano – Ensino Médio
A POPULAÇÃO BRASILEIRA
As comunidades remanescentes de quilombos
São comunidades formadas
por descendentes de negros
africanos escravizados que
fugiram das fazendas de açúcar,
de café, da atividade
mineradora e de outras a partir
do século XVII. Eles se
autodenominam quilombolas.
Essas comunidades persistiram e são encontradas em
praticamente todos os estados brasileiros (figura 27);
durante muito tempo ficaram desconhecidas ou
isoladas. Com a Constituição Brasileira de 1988, que
concedeu aos quilombolas o direito à propriedade de
suas terras e à manutenção de suas culturas, essas
comunidades ganharam mais visibilidade na sociedade
brasileira.
Até 2002, haviam sido identificadas 743 comunidades
quilombolas no Brasil. Atualmente, graças às iniciativas
do governo federal e das comunidades quilombolas em
busca do autorreconhecimento, o número de
comunidades identificadas supera 3.500. No entanto, por causa da demora no processo de reconhecimento oficial e
titulação da maior parte delas, há ainda muitos conflitos entre quilombolas, fazendeiros e posseiros.
Desigualdades entre negros e não negros
Vários estudos comprovam que a população negra, em seu conjunto, possui as piores condições de vida se comparadas
às de outros grupos. A expressão mais dramática dessa desigualdade é a incidência da pobreza na população negra:
no Brasil, de cada dez pobres, seis são negros. Além disso, os negros recebem cerca de metade dos rendimentos
obtidos pelos não negros e apresentam as maiores taxas de desemprego).
No mercado de trabalho, ainda é alta a desigualdade entre negros e não negros, sobretudo em relação às mulheres
negras. Elas são as que mais sofrem com a discriminação: apresentam a menor taxa de participação no mercado de
trabalho, a menor taxa de ocupação, a maior taxa de desemprego e o menor rendimento.
A desigualdade persiste na educação: a taxa de analfabetismo na população negra e parda é o dobro em relação à da
população branca. Isso significa que, quanto maior o nível de ensino (da educação básica ao ensino superior), menor
é a presença dos negros.
Os movimentos dos afro-brasileiros
Nos últimos anos, os movimentos de luta dos afrodescendentes por igualdade social e melhores condições de vida
vêm contribuindo para a superação de barreiras sociais e culturais, permitindo-lhes destacar- -se em várias atividades.
Eles reforçam, com isso, que não é a cor da pele que determina a capacidade das pessoas.
Logo após a abolição da escravidão em 1888, surgiram as primeiras organizações de afrodescendentes, já que os ex-
escravos não foram incorporados como trabalhadores livres e continuaram excluídos da sociedade. Nas décadas de
1960 e 1970, os movimentos em busca de direitos civis para os negros ganharam maior força no Brasil, sob influência
dos movimentos negros dos Estados Unidos e pela independência das colônias europeias na África. Utilizando-se, por
exemplo, da música e da dança como expressões contestatórias, explicitaram as injustiças a que são submetidos. O rap
(rhythm and poetry: ritmo e poesia), por exemplo, aborda o racismo, a violência policial, as precárias condições de
renda e outras temáticas sociais.
Ações afirmativas

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Geografia- 1 ano – Ensino Médio
A POPULAÇÃO BRASILEIRA
Até recentemente não havia em nosso país uma política nacional articulada e contínua para a promoção da igualdade
das pessoas segundo a cor da pele, apesar de os movimentos negros no Brasil denunciarem o racismo há décadas e
proporem políticas para sua superação.
Em 21 de março de 2003, data em que é celebrado no mundo todo o Dia Internacional pela Eliminação da
Discriminação Racial, o governo federal criou a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), que
desenvolve ações voltadas para a promoção da igualdade e do combate à discriminação racial.

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Geografia- 1 ano – Ensino Médio

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