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Geografia- 1 ano – Ensino Médio
A POPULAÇÃO BRASILEIRA
Quando dizemos que a densidade demográfica do Brasil é de 23,8 hab./km2, é importante compreender que
esse dado é uma média, o que não significa que a densidade demográfica de todas as porções do território
correspondem a 23,8 hab./km2. Há áreas mais ou menos povoadas de acordo com fatores naturais e
econômicos permissivos ou restritivos.
Observando a figura 1 podemos notar a desigual distribuição da população brasileira pelo território. Por
exemplo, nas proximidades de São Paulo, Rio de Janeiro e outras capitais, existem densidades demográficas
acima de 100 hab./km2, enquanto em largos trechos dos estados do Amazonas, do Pará e de Roraima as
densidades demográficas são inferiores a 1 hab./km2.
A Região Sudeste, além de ser a mais povoada, é a mais populosa: a cada 100 habitantes do país, cerca de
42 vivem nela. Essa região se tornou a principal área de atração populacional no decorrer da história de nosso
país por causa da atividade mineradora em Minas Gerais (século XVIII), da expansão da cafeicultura no Rio
de Janeiro e em São Paulo (séculos XIX e XX) e da industrialização (século XX).
O censo
O levantamento de dados que realiza a contagem da população de um país, estado ou município é chamado
de recenseamento ou censo. É por meio dele que conhecemos também outras características da população,
como a composição por idade, gênero, nível de instrução etc. Os governos utilizam os dados do censo para
o planejamento de políticas públicas. Por exemplo, possuindo dados sobre o crescimento da população e sua
composição por idade, os governos ficarão sabendo:
• Quantas vagas nas escolas dos ensinos fundamental, médio e universitário precisam ser criadas para
atender à população;
• Quantos empregos serão necessários, anualmente, para absorver os jovens que entram no mercado de
trabalho;
• Quantas Habitações precisam ser construídas;
• Quantos leitos Hospitalares precisam ser criados, entre outras coisas.
Vê-se, então, que o estudo da população tem vários objetivos práticos. Até 1871 não havia sido realizado, no
Brasil, um recenseamento demográfico. Foi nesse ano que o governo imperial de D. Pedro II organizou a
Repartição de Estatística para realizar, no ano seguinte, o primeiro recenseamento oficial do Brasil. Até 2010,
foram feitos 12 censos demográficos.
A imigração
Os europeus, os africanos e os asiáticos que migraram para o Brasil, além dos indígenas que aqui já viviam,
são os formadores da população brasileira.
Entre os imigrantes que entraram no Brasil, devemos distinguir os que vieram de maneira forçada, como os
africanos, trazidos como escravos, e os imigrantes livres ou espontâneos. Desse grupo, os que mais se
destacaram quantitativamente foram os portugueses, italianos, espanhóis, alemães e japoneses.
Além desses povos, sírios, libaneses, poloneses, ucranianos, holandeses, coreanos e chineses também
contribuíram para a formação da população brasileira.
Nas últimas décadas, o Brasil tem recebido grande número de imigrantes nigerianos, angolanos e bolivianos.
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A POPULAÇÃO BRASILEIRA
Entre 1887 e 1930 entraram no Brasil cerca de 3,8 milhões de imigrantes, o que contribuiu para o crescimento
populacional do país. Após 1930, a imigração decresceu, assumindo uma importância secundária no
crescimento populacional. Entre os fatores que explicam essa queda, destaca-se a Lei de Cotas da Imigração,
criada pelo governo brasileiro em 1934. Essa lei restringiu a entrada de imigrantes, pois estabelecia uma cota
anual de 2% do total de imigrantes de cada nacionalidade que tinha imigrado nos últimos 50 anos.
Em anos recentes, houve um aumento expressivo de imigrantes no Brasil, como bolivianos, venezuelanos,
haitianos, angolanos, sírios, entre outros. Isso ocorreu em decorrência de vários fatores, como falta de
oportunidades econômicas, instabilidade e perseguição política, desastres naturais e guerras em outros
países.
De acordo com dados da Polícia Federal, cerca de 1,2 milhões de imigrantes viviam no Brasil em 2017, o que
representava menos de 1% da população do país.
O crescimento vegetativo
À diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade dá-se o nome de crescimento natural ou
vegetativo da população.
A taxa de natalidade corresponde ao número de nascidos vivos a cada 1.000 habitantes de um país, estado
ou município, em determinado período — geralmente, um ano. É calculada dividindo-se o número de
nascidos vivos no período pelo número da população existente no mesmo período. O resultado é
multiplicado por mil para facilitar a leitura e permitir uma comparação internacional. Ela é representada pelo
símbolo “‰”, que quer dizer “por mil”.
A taxa de mortalidade corresponde ao número de óbitos por 1.000 habitantes. É calculada dividindo-se o
número de óbitos em determinado período pela população total nesse mesmo período e multiplicando- -se
o resultado por mil. Como exemplo, vamos calcular o crescimento vegetativo referente ao ano de 2020, no
Brasil, com base em dados estimados do IBGE (valores arredondados):
A estimativa da taxa de crescimento vegetativo da população brasileira em 2020 é 7‰, o que significa que,
em cada grupo de 1.000 habitantes, a população aumentou em aproximadamente 7 pessoas. Nos dias atuais,
o crescimento natural da população é a principal causa do crescimento quantitativo da população brasileira,
ainda que esse crescimento venha diminuindo desde a segunda metade da década de 1960.
Natalidade e fecundidade em queda
A partir de 1961, ocorreu uma redução mais acentuada das taxas de natalidade no Brasil. Vários fatores
contribuíram para isso. Com a modernização da economia brasileira, representada principalmente pela
industrialização, muitas famílias migraram do campo para a cidade em busca de melhores condições de vida,
como empregos de maior remuneração, assistência médico-hospitalar, educação para os filhos etc.
Geralmente, as famílias residentes no campo tinham muitos filhos, o que representava mais ajuda no
trabalho rural. Migrando para as cidades, diante dos custos e das dificuldades impostas pela vida urbana, os
casais diminuíram o número de filhos. A maior participação das mulheres no mercado de trabalho (figura 5)
e o aumento do uso de métodos contraceptivos também contribuíram para que os casais reduzissem a
quantidade de filhos.
A redução do número de filhos constitui uma das mudanças ocorridas com a urbanização, ocasionando a
queda da taxa de fecundidade, ou seja, o número de filhos por mulher em idade reprodutiva (entre 15 e 49
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A POPULAÇÃO BRASILEIRA
anos). Para se ter ideia, enquanto em 1960 a taxa de fecundidade era de 6,3, em 2000 declinou para 2,4; em
2005, para 2,1; em 2015, para 1,7; e está estimada para 1,6 em 2020.
Conclui- -se, então, que a redução da taxa de fecundidade tem forte impacto na redução da taxa de
natalidade.
Redução da mortalidade e aumento da expectativa de vida
Outra importante tendência demográfica atual está relacionada à redução das taxas de mortalidade. Diversos
fatores explicam essa redução no Brasil e no mundo:
• progressos da medicina — do diagnóstico de doenças à descoberta de medicamentos para a cura de
enfermidades;
• campanhas de vacinação;
• a melhoria das condições sanitárias, por meio da instalação de redes de água tratada, redes coletoras de
esgoto e da coleta de lixo;
• maior conscientização da população quanto à prevenção de doenças, que estimula a prática de exercícios
físicos e de uma alimentação mais saudável.
Todos esses fatores tiveram impacto sobre as taxas de mortalidade e aumentaram a expectativa de vida ou
esperança de vida ao nascer da população brasileira. Apesar dos avanços na área de saneamento básico,
ainda há uma forte demanda por melhorias nesse setor. No Brasil, em 2015, somente 50,3% da população
tinha acesso à coleta dos esgotos e apenas 42% dos esgotos eram tratados.
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A POPULAÇÃO BRASILEIRA
Brasil: migrações internas e emigração
O que é migração
Migração é o deslocamento de indivíduos de uma região para outra ou de um país para outro, envolvendo mudança
permanente de residência.
Fatores migratórios
Os fluxos migratórios estão associados a diferentes aspectos vivenciados no local de origem do indivíduo e sua
expectativa de melhoria no local de destino, sob a influência de fatores de atração e repulsão agindo conjuntamente.
Os fatores de atração estão associados ao potencial que as características que o lugar de destino possui, criando no
pensamento das pessoas a ideia que a vida em determinada localidade seria melhor, mais fácil ou de maior qualidade.
Boas oportunidades de emprego, estudo e tratamentos de saúde são exemplos de fatores de atração.
Os fatores de repulsão estão associados ao local de origem e são criados a partir de um grupo de acontecimentos ou
características dominantes nesta localidade que tornam a vida mais difícil, conduzindo a população à decisão de migrar.
Má remuneração, desastres naturais, guerras, fome, perseguição religiosa, étnica e cultural são exemplos de fatores
de repulsão.
Tipos de migração
Há três variáveis para se classificar os tipos de migração:
I. O espaço de deslocamento;
II. O tempo de permanência do migrante;
III. Como se deu a forma de migração.
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A POPULAÇÃO BRASILEIRA
• Êxodo urbano: quando a população das cidades migra em massa para as zonas rurais.
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A POPULAÇÃO BRASILEIRA
Nos últimos anos, estudos vêm apontando uma tendência contínua de redução da desigualdade salarial entre homens
e mulheres no Brasil. Entre outros fatores, o aumento da renda das mulheres está relacionado à conquista de maior
espaço na vida pessoal, familiar e na sociedade e ao combate à desigualdade entre os gêneros. Em 2016, nos dados
referentes ao Brasil, as mulheres receberam, em média, 77,1% do rendimento de trabalho dos homens.
Mulheres chefes de família
No Brasil, o aumento da participação das mulheres no mercado de trabalho e sua maior autonomia financeira vêm
contribuindo para o aumento da proporção de famílias chefiadas por mulheres, isto é, vem crescendo a proporção de
famílias que têm a mulher como responsável pelo sustento da casa. Isso significa que cada vez mais famílias vivem a
situação de não terem pessoas do gênero masculino como chefes de família.
Avanços na escolaridade feminina
No Brasil, as mulheres vêm superando os homens nos indicadores
educacionais relativos aos ensinos médio e superior completos (figura
18).
As mulheres tendem a ter mais qualificação para entrar no mercado
de trabalho, mas isso ainda não se reverte em salários mais elevados
para a população feminina ocupada. Embora muitas estejam
alcançando cargos de chefia em empresas públicas e privadas, uma
parcela expressiva das mulheres ainda ocupa postos de trabalho com
menor nível de proteção social, ou seja, sem carteira de trabalho
assinada, como é o caso de muitas trabalhadoras domésticas, apesar
de a legislação exigir.
Cabe observar, contudo, que a proporção de estudantes, tanto
homens quanto mulheres, é ainda muito baixa no Brasil, o que
compromete a qualificação da mão de obra e o desenvolvimento
social e econômico do país.
O trabalho infantil no Brasil
No Brasil, a Constituição Federal e o Estatuto da Criança e do Adolescente proíbem expressamente o trabalho infantil,
permitindo o trabalho de aprendizes a partir dos 14 anos. Apesar de o trabalho infantil ter diminuído nos últimos anos,
em 2015 ainda havia cerca de 2,7 milhões de crianças e adolescentes com idade entre 5 e 17 anos trabalhando no país.
Esses menores, além de terem sua formação escolar prejudicada, muitas vezes estão expostos a ambientes de trabalho
que comprometem seu desenvolvimento biológico e psicológico.
A pirâmide etária do Brasil
A pirâmide etária representa graficamente a
quantidade de pessoas de uma população, segundo as
faixas de idade e o sexo. Considerando a queda das
taxas de fecundidade e natalidade e o aumento da
expectativa de vida, as pirâmides etárias do país vêm
sofrendo alterações. Veja a figura 20. Observa-se que,
na pirâmide etária de 2020, a base se apresenta
menos larga em relação à de 1980; isso se deve à
queda das taxas de fecundidade: em 1980, a
população brasileira entre 0 e 19 anos correspondia a
49% da população total, passando para 29% em 2020.
Na pirâmide de idades de 2020, o pico alargou-se em
relação à de 1980. Isso ocorreu porque o brasileiro
está vivendo maior número de anos, consequência da
melhoria das condições de vida.
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A POPULAÇÃO BRASILEIRA
O “bônus demográfico” no Brasil
De acordo com estudos demográficos,
até 2020 o Brasil passou por um período
no qual o número de pessoas em idade
economicamente ativa superou muito o
de crianças e idosos, considerados
dependentes. Esse período, denominado
bônus demográfico, é considerado
favorável à economia de um país, pois
significa maior número de trabalhadores
e menores gastos com pessoas que não
participam da PEA.
A partir de 2020, estima-se um aumento
da proporção de idosos na população
geral. A expectativa é que a população
brasileira com mais de 60 anos vai mais
do que triplicar nas próximas quatro
décadas: de pouco mais de 20 milhões
em 2010, atingirá cerca de 65 milhões de
habitantes em 2050, alterando o perfil da
pirâmide etária brasileira (figura 21).
No Brasil, o ritmo do envelhecimento
populacional deverá ser mais acelerado
do que o ocorrido em outros países no
século passado. Na França, por exemplo,
foi necessário mais de um século para
que sua população com idade igual ou
superior a 65 anos aumentasse de 7%
para 14% do total, variação demográfica
que ocorrerá no Brasil em apenas duas
décadas, entre 2011 e 2031.
Os efeitos do envelhecimento da população
Com o aumento da população idosa, o Estado brasileiro, que financia e administra sistemas públicos de saúde e de
previdência social, deverá se preparar para maiores gastos com saúde e aposentadoria dos idosos. Em relação à saúde,
o aumento dos gastos dependerá da qualidade de vida da população, o que impõe ao Estado e à sociedade em geral a
necessidade de buscar ações que garantam um envelhecimento mais saudável para as pessoas.
Outro ponto importante é a disponibilidade de ajuda familiar para esse grupo. Geralmente, com o avanço da idade, as
pessoas passam a necessitar de maior apoio e cuidado familiar. Isso é preocupante quando se considera que essa ajuda
poderá ser afetada devido à maior participação dos membros da família no mercado de
trabalho.
Como consequência, isso poderá demandar maiores investimentos públicos em asilos e
casas de repouso. Algumas projeções para o Brasil indicam que o número de pessoas
sendo cuidadas por não familiares vai duplicar até 2020 e aproximadamente
quintuplicará em 2040, em comparação com 2010. É possível que essas transformações
afetem também as empresas, que poderão expandir os programas de treinamento
dirigidos aos idosos com o objetivo de reincorporá-los ao mercado de trabalho.
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A POPULAÇÃO BRASILEIRA
Brasil: a diversidade cultural e os afro-brasileiros
Brasil: país de muitos povos e culturas
A população brasileira originou-se da miscigenação de vários povos. Por isso apresenta grande diversidade cultural,
manifestada na religião, na música, na dança, na alimentação, na arquitetura, no vestuário etc. Exemplo dessa
diversidade é a própria língua portuguesa, reconhecida como oficial no Brasil. Ela possui palavras únicas quando
comparada à língua portuguesa falada em outros países. Isso porque incorporou muitas expressões dos grupos étnicos
formadores da população brasileira: indígenas, europeus e negros africanos. Palavras como Tietê, caatinga, sucuri e
pitanga têm origem indígena; mocambo, cafuné, fubá e berimbau, africana. E outras palavras com origem em línguas
europeias foram agregadas ao português, como tchau e espaguete, que vêm do italiano.
Grupos formadores da população brasileira
Os indígenas
Diversos grupos indígenas viviam no território que viria a
ser o Brasil, antes da colonização portuguesa. Estima-se
que havia de 2 a 4 milhões de indivíduos, distribuídos em
mais de 1.000 diferentes etnias (figura 22). Possuíam
características próprias de organização social, línguas,
crenças, técnicas de coleta, caça, pesca e cultivo agrícola.
Hoje, alguns grupos indígenas vivem isolados, outros em
reservas ou nas cidades, muitos em precárias condições
de vida. Os grupos indígenas continuam lutando por seus
direitos e contra o preconceito e o descaso com sua
cultura (figura 23), que ocorrem a despeito da
contribuição desses grupos para a formação do povo
brasileiro e de todo o seu conhecimento sobre o meio
ambiente, a flora e a fauna do território, acumulado por
séculos.
Há anos as pesquisas médicas e farmacêuticas baseiam-
se nesses conhecimentos para aproveitar as propriedades
preventivas e curativas de várias espécies vegetais e
animais utilizadas por grupos indígenas, a fim de obter
substâncias para a elaboração de medicamentos. No
entanto, os indígenas ainda são vítimas da invasão de suas
terras por fazendeiros, garimpeiros, madeireiros,
grileiros, entre outros.
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A POPULAÇÃO BRASILEIRA
Os negros africanos
A partir do século XVI, com a chegada de negros africanos
para servir de mão de obra escrava, amplia-se o processo de
miscigenação. Os negros escravizados foram a principal
mão de obra em atividades econômicas do Brasil colonial,
fundamentais para o seu desenvolvimento econômico. Três
grandes culturas africanas entraram no Brasil por meio de
imigrações forçadas: culturas sudanesas, bantas e
guineano-sudanesas islamizadas (figura 24). Apresentavam
diferentes tradições, crenças e
tecnologias, o que contribuiu
para a formação cultural e
econômica brasileira.
A escravidão
Assim como os indígenas, os negros africanos introduzidos no Brasil e na América foram
em geral submetidos a condições brutais de existência. Arrancados de suas comunidades,
famílias e terras, atravessaram o Oceano Atlântico nos sujos porões dos navios negreiros
como cargas ou mercadorias de venda e compra. Calcula-se que cerca de 10 milhões de
negros africanos foram trazidos para a América entre 1502 e 1870, sem considerar os que
morreram durante a viagem ou eram mortos durante a resistência ao seu aprisionamento. Desse total, estima-se que
mais de 3,5 milhões desembarcaram no Brasil.
Os brasileiros nos censos do IBGE
Por meio dos censos realizados pelo IBGE, entre outros
aspectos, é possível conhecer a distribuição da população
brasileira segundo a cor da pele. As pessoas, quando
perguntadas pelos pesquisadores do IBGE que realizam o
censo, são livres para declarar sua cor de pele entre cinco
opções: branca, preta, parda, amarela e indígena (figura
26).
Esse tipo de informação continua sendo levantado em
estudos estatísticos não por uma posição racista ou
preconceituosa por parte dos institutos de pesquisa, mas
para avaliar a condição social das famílias e pessoas
segundo a cor, considerando que em nossa história as
elites dirigentes, de modo geral, não tiveram a
preocupação e ações voltadas para melhorar as condições
de vida de grupos menos favorecidos socialmente, como
indígenas e negros. Por isso, essas informações podem dar
apoio às políticas públicas que buscam reduzir, de maneira
eficaz, as desigualdades sociais no país.
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A POPULAÇÃO BRASILEIRA
As comunidades remanescentes de quilombos
São comunidades formadas
por descendentes de negros
africanos escravizados que
fugiram das fazendas de açúcar,
de café, da atividade
mineradora e de outras a partir
do século XVII. Eles se
autodenominam quilombolas.
Essas comunidades persistiram e são encontradas em
praticamente todos os estados brasileiros (figura 27);
durante muito tempo ficaram desconhecidas ou
isoladas. Com a Constituição Brasileira de 1988, que
concedeu aos quilombolas o direito à propriedade de
suas terras e à manutenção de suas culturas, essas
comunidades ganharam mais visibilidade na sociedade
brasileira.
Até 2002, haviam sido identificadas 743 comunidades
quilombolas no Brasil. Atualmente, graças às iniciativas
do governo federal e das comunidades quilombolas em
busca do autorreconhecimento, o número de
comunidades identificadas supera 3.500. No entanto, por causa da demora no processo de reconhecimento oficial e
titulação da maior parte delas, há ainda muitos conflitos entre quilombolas, fazendeiros e posseiros.
Desigualdades entre negros e não negros
Vários estudos comprovam que a população negra, em seu conjunto, possui as piores condições de vida se comparadas
às de outros grupos. A expressão mais dramática dessa desigualdade é a incidência da pobreza na população negra:
no Brasil, de cada dez pobres, seis são negros. Além disso, os negros recebem cerca de metade dos rendimentos
obtidos pelos não negros e apresentam as maiores taxas de desemprego).
No mercado de trabalho, ainda é alta a desigualdade entre negros e não negros, sobretudo em relação às mulheres
negras. Elas são as que mais sofrem com a discriminação: apresentam a menor taxa de participação no mercado de
trabalho, a menor taxa de ocupação, a maior taxa de desemprego e o menor rendimento.
A desigualdade persiste na educação: a taxa de analfabetismo na população negra e parda é o dobro em relação à da
população branca. Isso significa que, quanto maior o nível de ensino (da educação básica ao ensino superior), menor
é a presença dos negros.
Os movimentos dos afro-brasileiros
Nos últimos anos, os movimentos de luta dos afrodescendentes por igualdade social e melhores condições de vida
vêm contribuindo para a superação de barreiras sociais e culturais, permitindo-lhes destacar- -se em várias atividades.
Eles reforçam, com isso, que não é a cor da pele que determina a capacidade das pessoas.
Logo após a abolição da escravidão em 1888, surgiram as primeiras organizações de afrodescendentes, já que os ex-
escravos não foram incorporados como trabalhadores livres e continuaram excluídos da sociedade. Nas décadas de
1960 e 1970, os movimentos em busca de direitos civis para os negros ganharam maior força no Brasil, sob influência
dos movimentos negros dos Estados Unidos e pela independência das colônias europeias na África. Utilizando-se, por
exemplo, da música e da dança como expressões contestatórias, explicitaram as injustiças a que são submetidos. O rap
(rhythm and poetry: ritmo e poesia), por exemplo, aborda o racismo, a violência policial, as precárias condições de
renda e outras temáticas sociais.
Ações afirmativas
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A POPULAÇÃO BRASILEIRA
Até recentemente não havia em nosso país uma política nacional articulada e contínua para a promoção da igualdade
das pessoas segundo a cor da pele, apesar de os movimentos negros no Brasil denunciarem o racismo há décadas e
proporem políticas para sua superação.
Em 21 de março de 2003, data em que é celebrado no mundo todo o Dia Internacional pela Eliminação da
Discriminação Racial, o governo federal criou a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), que
desenvolve ações voltadas para a promoção da igualdade e do combate à discriminação racial.
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