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FICHAMENTO

RACIONALISMO – RENÉ DESCARTES

A primeira parte da obra “Discurso do método” começa falando sobre


bom senso, adjetivo esse, que fomenta a ideia de domínio para muitas pessoas
do mundo. Visto que cada indivíduo pode distinguir o verdadeiro e falso, certo e
errado, é da natureza do ser em possuir opiniões divergentes, devido a razão
do homem ser capaz de pensar e agir de forma correta consciente. De forma
comparativa, o autor fala do caminhar, mesmo que lentamente, é possível
chegar no objetivo, pois nem todos que aceleram os passos são capazes de
concluir a meta.

Falando de si mesmo, exprime a percepção de que nunca achou seu


espírito mais perfeito que das demais pessoas, pelo contrário, teve desejo em
alguns momentos de ser comum nos pensamentos. Ele ressalta que a razão e
bom senso é a qualidade que diferencia o homem dos animais. Ele ver como
sorte sua trajetória na descoberta do método, pois desde jovem as práticas de
convívio elevaram seu conhecimento, já que a vida é curta. Desde suas
experiências pessoais, sempre seguia o lado da desconfiança que da
presunção. O olhar de filósofo enxerga as ações de grande maioria de forma
inútil, causando uma satisfação pessoal por não ser igual, portanto, essa
assimilação da verdade causa uma luta constante em defender seu
posicionamento.

Mas, acredita que pode haver enganos, afinal estamos sujeitos para
esse acontecimento. Porém com o método que ele desenvolveu, gostaria que
fosse representado num quadro sua vida, para que os demais tivesse a
oportunidade de julgamentos e ele pudesse explicar como ele conseguiu traçar
os tópicos relevantes. Tornando o conhecimento adquirido em novas
reformulações do pensamento, através das opiniões alheias.

Ressalta que o propósito do método exposto para as pessoas não é


impor a sua razão particular, mas sim de divulgar o resultado alcançado. Já
que aquele que muito fala, quando erra é censurado.
A proposta do seu escrito é atingir as pessoas de forma benéfica, sem
causar nenhuma diferenciação e que todos compreendam sua franqueza.

O autor prossegue falando que sua infância foi alimentada por meio das
palavras, essa persuasão permitiu a aquisição do conhecimento, com seu
desejo de aprender coisas uteis para a vida.

Só que ao final dos estudos, percebeu que tinha dúvidas, questões


errôneas e que precisava sair dessa ignorância, recuperar o tempo perdido,
pois estava em uma escola célebre da Europa que tinha excelência dos
professores, sempre dedicado nas ciências e além delas. Já conhecia o juízo
que os colegas faziam, quem seriam os próximos mestres na academia, sem
se inferiorizar dos demais.

O século vivido era ótimo e fértil em espíritos bons, tinha por liberdade
julgar todos, pensava que não existia doutrina no mundo, pelo qual estava
esperando.

Sempre estava ocupado com os exercícios da escola, pois a língua era


importante para o conhecimento dos livros, a delicadeza das fabulas eram o
despertar do espírito, as memorias elevavam o poder de discernir e com isso a
formação do juízo era essencial. A leitura era como uma conversa com
pessoas ilustres, com pensamentos melhores, todas as matérias de sala de
aula podiam serem mais bem absorvidas e compreendidas. Todavia, era por
meio dela as várias possibilidades, como a contenção de curiosidade aos que
desejam atrapalhar, a facilitação do entendimento das artes, a diminuição dos
trabalhos dos homens em certas técnicas, os ensinamentos vastos e utilidades
diversas. Com isso, evita-se ser enganado, pois já conhecia o valor de
determinado elemento.

O autor reflete o seu tempo de dedicação para as línguas, livros,


ciências, histórias, enxergava como uma viagem essa experiência. Era com a
percepção de costumes dos demais povos, que podia julgar sua realidade. E
deixava claro que o contra daquela determinada situação, não era ridículo e
nem oposto a razão.
Metaforicamente, olhava que quanto mais profundo fosse a viagem no
conhecimento, o tornava estrangeiro dentro de seu país. Que as práticas dos
séculos passados, quando dominadas, causavam uma certa ignorância, em
vista que se praticava na realidade atual.

A imaginação das histórias permitem modificações, essas alterações


ampliavam a leitura. Logo, tomando como exemplo os Paladinos, resulta-se
numa falsa impressão do conhecimento, pois existem sujeitos que regulam o
teor daquilo que é exposto.

Dizia-se apaixonado por falar e conhecer as poesias, esse encanto era


pessoal, pouco era por conta dos estudos. Da forma que as pessoas com
raciocino rápido dominam seus pensamentos com mais saber, melhor é o
poder da persuasão. E as pessoas com tom mais leve e agradável nas suas
invenções, não deixam de serem poetas.

A matemática fascinava por conter certeza e evidencias em suas razoes.


Porém sua aplicação era restrita em um campo do conhecimento, motivo este
que causava uma certa estranheza. Comparando as histórias dos livros sobre
construções de palácios, o autor enxergava que o conhecimento era superficial,
que muitos exaltavam as virtudes, mas poucos se aprofundavam nos detalhes
minúsculos de como chegou naquele concreto.

A teologia era homenageada, desejava ganhar o céu segundo o autor.


Mas observava que a verdade dos indivíduos dotados não era a mesma para
todos, por isso não iria submeter à sua fraqueza de raciocínio. E para que o
alcance do céu fosse possível, ele teria que ter uma ajuda maior, sendo algo
além do homem.

A filosofia não seria dita a seu respeito, pois era creditada no espírito
dos filósofos dos séculos passados. Qualquer questionamento até dúvidas, ele
deixava a cargo das diferenças de opiniões, daquelas pessoas inteligentes que
viveram o seu momento.

Já para as outras ciências ele questionava a pouca fundamentação, pois


não via a capacidade aprender algo. Graças a Deus, ele não compreendia que
o domínio dessas ciências era o principal para sua fortuna. Não desprezava,
mas não iria se submeter a ter somente um título. Por fim, as más doutrinas
não o enganavam, pois já dominava os sentidos daquele preceito. Os
alquimistas, astrólogos, magos e estudiosos não eram mais capazes de usar
sua profissão para manipular seus pensamentos.

Com a idade ocupou-se em estudas as Letras. Não quis saber de


ciência, pois estava em buscar a si mesmo, através dos livros, convívios
coletivos e usar estas experiencias para aplicar em sua vida. Notava que o
raciocínio permitia ver a verdade mais concreta, os erros julgados eram
passiveis de punição de forma imediata, a fim de avistar o senso comum nas
decisões.

Para caminhar com certeza, sempre desejou assimilar o verdadeiro e


falso, tornando suas ações seguras. Quando passou a considerar os costumes
de outros homens, ele se limitou em decorrência da diversidade que os
próprios filósofos falavam. As coisas que muitas vezes pareciam ridículas e
extravagantes, quando aceitas pelo povo, passava a seu entendimento de que
nada era possível ver a certeza. E aos poucos, se libertava dos erros para não
fugir da luz natural, para ser detentor da razão.

Com o tanto de estudos em sua bagagem na busca de conhecimento,


ele buscou a estudar a si mesmo, empregando as forças no espírito para seguir
o caminho.

Na segunda parte da obra, ele retrata sua reclusão em seus


pensamentos, devido estar na Alemanha e o momento ser de guerra. E conclui
em primeiro momento, que não existe perfeição nas peças que foram
confeccionados por muitas mãos. Quando uma só pessoa trabalha em algo é
mais belo a obra, que as reformas vindas por outros nada encanta.

As cidades que se transformaram com o tempo, cresceram


desproporcional por perder a essência inicial das aldeias. Esse acaso foi
graças a razão do homem que estava ali disposto. Era comum ver que fazer
algo bonito, em cima de outra obra como inspiração, não é capaz de obter o
mesmo resultado. Logo, o autor tinha a visão de quando o povo foi se tornando
civilizado, as leis foram criadas de acordo com a frequência imposta daquele
coletivo. A certeza dos mandamentos divinos conhecidos através da religião,
proporcionou uma regulação mais estrutura por ser única. Nos casos dos
Espartas, suas leis eram estranhas, pois foi criada somente por um indivíduo.

Trazendo essa reflexão para seus livros de ciências estudados em sua


vida, chegava na questão de que houve alterações de várias pessoas naquele
conhecimento transmitido, não tendo uma verdade absoluta de um homem só
em sua razão.

Então, o autor considera que desde criança estamos em diversos


relacionamentos e contatos com outras pessoas, isso desenvolve a
impossibilidade de um juízo puro, solido e único. Não é visto a destruição de
algo, para iniciar outra completamente repaginada e organizada. Mas quando
obrigados ou por querer mudar é possível ter algo novo.

Logo, através desta reflexão, o autor se depara que não poderia mandar
que o Estado se transformasse desde sua base. Ao nível da razão, era melhor
ter seu conhecimento para si, a fim de ter estas opiniões acessíveis para a
disseminação no momento oportuno. Sua vida era mais proveitosa seguindo
esses fundamentos, do que crer em bases não solidificadas.

Compreendia que esses corpos passiveis de mudanças e construção


são problemáticos. A chance de ter nocividade na demolição era maior do que
continuar seguindo o caminho, mesmo com as adversidades. Sendo assim, ele
reprova essas atitudes, pois não via futuro.

O autor tinha como proposito reformar seus próprios pensamentos e ter


um terreno para si. E se alcançou esse objetivo, externaria para os que buscam
conhecer, sem a finalidade de imitar ou doutrinar. Deixava a cargo de Deus, a
dotação de alguns indivíduos, pois nem todos seriam capazes desta
constância.

O ser que se desprende de opiniões antes verdadeiras, não é modelo de


seguir. O mundo de certa forma possui dois espíritos, ambos distintos, pois não
são capazes de impedir juízos precipitados e nem conduzir seus pensamentos
de forma ordenada. Resultando em um modo particular, duvidar dos princípios
e isso causar um afastamento comum, tornando o distanciamento de atalhos
para caminhos melhores. E para as pessoas menos instruídas, que elas
considerassem permanecer em seguir as opiniões alheias impostas, para
depois buscar outras melhores.

Uma autoanálise do autor, ele se via uma pessoa comum, senão fossem
os estudos obtidos, pois a escola já dizia que o conhecimento era uma
contribuição de muitos filósofos. E com sua viagem, as pessoas que
contrariavam seus sentidos, usavam sua razão mais que muitos. O costume
condiciona o conhecimento, isso não impede que as diversas opiniões são
verdades absolutas, pois é maior a probabilidade de um homem só ter
encontrado algo verídico.

O solitário quando anda em passos lentos, evita tropeços


desnecessários devido a cautela que o conhecimento proporciona. A razão é
dominante nas projeções, ela busca o verdadeiro método que é capaz de
atender o que o espírito deseja.

Em sua análise de assuntos matemáticos, o autor ver as explicações


como réplicas de dizer o obvio. Os dados realmente “importantes” são deixados
de fora do aprendizado. Essa confusão do que é exposto como ensinamento
deixa o espírito do indivíduo sem o cultivo real daquela ciência que era para ser
consumida.

E foi através destas observações que o autor elaborou os métodos tão


conhecido no mundo, que são:

 Primeiro: não aceitar quaisquer coisas impostas como verdadeiras, sem


nenhum tipo de evidência do seu real valor, a dúvida não podia existir;
 Segundo: dividir e examinar toda a dificuldade em maior quantidade que
pudesse existir, a fim de achar solução;
 Terceiro: colocar por ordem os conhecimentos a serem compreendidos,
do menor ao maior nível de dificuldade;
 Quarto: para não haver omissões, realizar tudo de forma ampla possível,
enumerações e revisões.

Seguindo estes passos, percebe-se uma facilidade na compreensão do


conhecimento, ao contrário dos cientistas matemáticos que usam muita
complexidade. E para o indivíduo colocar em dúvida o que vem sendo
imposto como algo verdadeiro é só checar a ordem dos fatos, pois a
dedução e observação mostra que nenhuma veracidade é invisível aos que
procuram conhecer a verdade.

Somente os matemáticos possuem o domínio da razão em suas


atividades. E para o autor, essa evidência tornou o seu espírito em não
querer se contentar com falsas razões.

As percepções de cada ciência serviriam para o crescimento do seu


espírito, nos momentos que fossem oportunos. Alguns conhecimentos eram
de decorar na mente, outros eram de julgar de modo particular ou coletivo.
O que era simples foi representado por uma linha, já os que eram mais
complexos foram representado por fórmulas matemáticas, a fim de resolvê-
las em conjunto.

Cada verdade descoberta era é uma regra, no seu experimento de três


meses. E na medida que cada passo avançava, com níveis de
complexidade sendo superados constantemente, o alcance das
possibilidades era notório.

O método desenvolvido iria se firmar com o passar das experiencias,


pois era com esse amadurecimento das ideias e raciocínios que o
embasamento iria sustentar sua ideologia. Descartes convenceu-se de que
a única verdade possível era sua capacidade de duvidar, reflexo de sua
capacidade de pensar.
DESCARTES, René. Discurso do Método. Trad. Maria Ermantina Galvão.
São Paulo: Martins Fontes, 2001. ISBN: 85-336-0551- X (Primeira e Segunda
partes – pp. 1 – 26).

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