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2. Política Orçamental
Referências bibliográficas:
i) Carlin e Soskice (2015), cap. 14;
ii) Bénassy-Quéré et al. (2018), cap. 4;
iii) Loureiro (2008), cap. 2 e 3;
iv) Carlin e Soskice (2006), cap. 6.
v) FMI (2014), “Fiscal Multipliers: Size, Determinants, and Use in
Macroeconomic Projections”, IMF Fiscal Affairs Department
(https://www.imf.org/en/Publications/TNM/Issues/2016/12/31/Fiscal-Multipliers-Size-
Determinants-and-Use-in-Macroeconomic-Projections-41784)
2. POLÍTICA ORÇAMENTAL
Conceitos e factos
O papel da política orçamental na estabilização:
estabilizadores automáticos e políticas discricionárias
A Equivalência Ricardiana e a eficácia da política
orçamental
Enviesamento expansionista da política orçamental
Dinâmica da dívida pública e consolidação orçamental
Regras na condução da política orçamental
Conceitos e factos
Ciclo Orçamental:
Fase I: Elaboração do OE e da respetiva proposta de lei (até
15/out)
Fase II: Discussão e votação da proposta de lei (até 45 dias depois
da proposta; limite de 30/nov)
Fase III: Execução e fiscalização do OE
Fase IV: Elaboração, discussão e fiscalização da Conta Geral do
Estado
Conta Geral do Estado – registo ex-post da execução orçamental,
e não uma estimativa, como sucede com o OE
Na ausência da aprovação atempada execução por duodécimos,
de acordo com o orçamento do ano anterior (e.g., OE 2022 entrou
em vigor no dia 28/jun)
Política Macroeconómica, 2023/24 7
Conceitos e factos
SO = SO corrente + SO capital =
= CAP/NEC Financiamento do setor público
Conceitos e factos
Política Macroeconómica,
2023/24 12
Fonte: Estatísticas das Finanças Públicas – Portugal, junho 2023; GPEARI –
Conceitos e factos
… alguns valores
Política Macroeconómica,
2023/24 13
Saldo Orçamental (% PIB)
1,0 0,1
-0,4
0,0 Conceitos e factos
-1,0
-2,0
-3,0
-3,0
-4,0
EFEITO
-5,0 CGD
-6,0
-5,8
-7,0
EFEITO
-8,0 -7,4 COVID-19
-9,0 EFEITO
NOVO
-10,0 BANCO
-11,0
-12,0
-11,4
EFEITO CRISE
-13,0 FINANCEIRA
Fonte: AMECO – Comissão Europeia Portugal Área Euro 14
Política Macroeconómica, 2023/24
Conceitos e factos
Política Macroeconómica,
2023/24 15
Conceitos e factos
Fonte: Estatísticas das Finanças Públicas – Comparações Internacionais, maio 2023;
GPEARI – Ministério das Finanças)
Política Macroeconómica,
2023/24 16
Dívida Pública (% PIB)
140
134,9
Conceitos e factos
130
132,9
120 113,9
110 116,6
100
90
80
70
60 54,2
50
Política Macroeconómica,
2023/24 18
2. POLÍTICA ORÇAMENTAL
Estabilizadores automáticos:
D Y tY Yd C Y
Outros inconvenientes…
31
PO discricionária
33
PO discricionária
14
15
Política Macroeconómica,
2023/24 34
Fonte: Conselho das Finanças Públicas, Evolução Orçamental
das Administrações Públicas em 2022, maio 2023
PO discricionária
35
PO discricionária…
… financiamento da despesa pública e os efeitos da PO
G + iB = T + DB + DH
(variáveis definidas em termos nominais; H = base monetária)
Logo,
( )
Mas: >t
Então,
( )
Logo,
sendo
então,
Tipos de multiplicador
Multiplicador de impacto:
ou
ou
ou
Política Macroeconómica, 2023/24 52
PO discricionária…
… a eficácia da PO – o efeito multiplicador
A Equivalência Ricardiana e a
eficácia da política orçamental
Equivalência Ricardiana:
• David Ricardo (séc. XIX), Robert Barro (1974)
• Corolário: é indiferente o Governo financiar a despesa pública com
recurso a impostos ou a endividamento dada a despesa
pública, o perfil temporal dos impostos não afeta as decisões de
consumo das famílias mais endividamento hoje, apenas
significa mais impostos no futuro…
• Relacionada com a Hipótese do Rendimento Permanente (Milton
Friedman, 1957)
Implicações da HRP:
• Alterações antecipadas do rendimento disponível não têm
qualquer efeito sobre o consumo quando ocorrem o efeito já
aconteceu no momento em que foram antecipadas
• Alterações não antecipadas do rendimento disponível afetam o
consumo, mas…
i. se forem temporárias, devido ao alisamento do consumo, geram
variações muito pequenas no consumo em cada período
PmgC é muito baixa
ii. se forem permanentes, o consumo tende a aumentar no
montante da alteração no rendimento PmgC = 1
Política Macroeconómica, 2023/24 66
Equivalência Ricardiana
A ER e a eficácia da PO:
• Definindo PO como alterações temporárias (contra-cíclicas) de
impostos e despesas públicas…
Pressupostos da ER:
• Ausência de restrições ao crédito, ou seja as famílias podem
emprestar e endividar-se sem qualquer restrição
• A taxa de juro das famílias é igual à do setor público
• O horizonte temporal das famílias é igual ao do setor público,
desde logo porque as famílias têm filhos e herdeiros e incorporam
a utilidade deles como se fosse sua horizonte de vida infinito
Falhas da ER:
• Se existirem restrições ao crédito, as famílias não se podem
endividar (total ou parcialmente), logo não podem reagir a
alterações no rendimento alisando o consumo
Fonte: Carlin e Soskice (2015), p. 25
Falhas da ER:
• Normalmente r > rG ou seja, as famílias recebem r quando
poupam, pagando ao Governo rG pelos juros da dívida pública (via
agravamento de impostos no futuro) mais uma vez as famílias
preferem o endividamento público
• Se o horizonte temporal das famílias for inferior ao do setor
público, elas preferem o benefício presente do “perdão” de
impostos, dado que o custo futuro dos impostos adicionais é
incerto
Enviesamento expansionista da PO
Política Macroeconómica,
2023/24 2. Política Orçamental 77
Enviesamento expansionista da PO
Política Macroeconómica,
2023/24 2. Política Orçamental 80
Enviesamento expansionista da PO
(Banco de Portugal, Boletim Económico, Abril 2014)
Política Macroeconómica,
2023/24 2. Política Orçamental 81
Diferenciais de rendabilidade da dívida pública a 10 anos face à Alemanha (em pontos
base) - fonte: BCE
Enviesamento expansionista da PO
(Banco de Portugal, Boletim Económico, Abril 2014)
1200
1100
1000
900
800
700
600
500
400
300
200
100
0
jul/14
jul/15
jul/16
jul/17
jul/18
jul/19
jul/20
jul/21
jul/22
jul/23
out/14
out/15
out/16
out/17
out/18
out/19
out/20
out/21
out/22
jan/15
jan/16
jan/17
jan/18
jan/19
jan/20
jan/21
jan/22
jan/23
abr/14
abr/15
abr/16
abr/17
abr/18
abr/19
abr/20
abr/21
abr/22
abr/23
Política Macroeconómica,
2023/24 Grécia 2. PolíticaItália
Portugal Orçamental
Espanha Irlanda 82
Enviesamento expansionista da PO
vii. Inflação
(T – G) = i B
Para a estabilização do valor da dívida pública é necessário existir um
superavit primário no montante do serviço da dívida
Admitindo Aj = 0:
DB G T iB DB
DB G T iB d ib
Py Py Py Py
sendo d = (G – T)/Py, o défice orçamental primário em % do PIB
Política Macroeconómica, 2023/24 95
Dinâmica da dívida pública
Db 0 d (r y )b d (r y )b
(sendo –d o rácio do saldo orçamental primário no PIB)
Podemos concluir que:
A evolução do rácio da dívida é determinada pela evolução do SO
primário e pela relação entre a taxa de juro real da dívida e a taxa
de crescimento do PIB
Se y > r : SO primário nulo é suficiente para diminuir o rácio da
dívida; o rácio da dívida pode inclusivamente diminuir mesmo na
presença de défices orçamentais primários
Se r > y : o processo pode ser explosivo (efeito “bola de neve”);
são necessários saldos primários positivos para reverter a situação
1. r > y
a estabilização da dívida exige um superavit primário no montante
(r – y) b d < 0
Neste caso, o serviço da dívida está a crescer mais depressa que o
PIB, o que, por si só, tende a aumentar o rácio da dívida no PIB
Se a isso se acrescentar um défice primário (d>0; diagrama de
fase (a)) o crescimento do rácio da dívida torna-se explosivo…
A única forma de suster este aumento é o saldo orçamental
primário compensar aquela diferença; mesmo assim o equilíbrio
não é estável (diagrama de fase (b)) e facilmente pode tornar-se
explosivo…
Política Macroeconómica, 2023/24 98
Dinâmica da dívida pública
2. r < y
logo,
logo,
13,0%
Dinâmica da dívida pública
11,0%
9,0%
7,0%
5,0%
3,0%
1,0%
-1,0% 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022
-3,0%
-5,0%
-7,0%
-9,0%
-11,0%
Diferencial Taxa de juro implícita da dívida pública (IGCP) Taxa de variação nominal do PIB (Eurostat)
consolidação orçamental
Política Macroeconómica,
2023/24 2. Política Orçamental 116
Consolidação orçamental
Que despesas?
• Diminuição do ritmo de crescimento das despesas correntes e não das de
investimento (estas últimas têm efeitos duradouros, potenciam maiores
ritmos de crescimento do produto potencial e, normalmente, os projetos de
investimento público são co-financiados pela UE – fundos estruturais)
• Efeito multiplicador… Cortes no investimento tendem a ser mais recessivos…
• Redução de despesas correntes pode conduzir a maior eficiência na gestão
dos recursos pelo setor público e, ao serem transferidas para o setor privado
também se podem tornar mais eficientes porque passam a ser geridas por um
setor, tradicionalmente, mais eficiente
MAS…
• A redução de despesas correntes tem, no entanto, custos políticos
maiores que o corte em despesas de investimento porque têm maior
visibilidade pública (e.g., despedimento de funcionários, cortes salariais,
diminuição de transferências, redução de direitos adquiridos...)
Política Macroeconómica, 2023/24 117
(Banco de Portugal, Boletim Económico – Abril 2014)
Política Macroeconómica,
2023/24 2. Política
(Banco Orçamental
de Portugal, Boletim Económico – maio 2015) 118
Consolidação orçamental
Regras de PO:
de acordo com a definição mais corrente, estas regras estabelecem
objetivos quantitativos para alguns agregados orçamentais, de forma
a equilibrar custos “futuros” e benefícios “presentes”, procurando
garantir a disciplina orçamental
objetivo passa por garantir a sustentabilidade de longo prazo
das contas públicas, através da eliminação do enviesamento
deficitário
outros objetivos poderão passar pelo controlo de um crescimento
considerado exagerado de determinadas componentes da despesa
e/ou por evitar uma carga fiscal considerada excessiva que, no limite,
até pode reduzir a receita gerada (cfr. Curva de Laffer)
também estabelecem uma referência relativamente à qual o
desempenho do Governo pode ser avaliado…
Política Macroeconómica, 2023/24 125
Regras na condução da PO
i. Regra prudente de PO
Uma regra prudente implica a existência de um rácio permanente
(constante) de impostos no PIB que garanta o financiamento de todas
as despesas permanentes, incluindo o serviço da dívida, isto é que
satisfaça, no longo prazo, a restrição de sustentabilidade do rácio da
dívida pública
Problemas:
(i) coloca um limite rígido ao rácio do défice limita a utilização da
política orçamental para fins de estabilização (incluindo a acção dos
estabilizadores automáticos) numa recessão é provável que o
rácio “ótimo” deva ser superior a 3%
(ii) limita drasticamente a condução discricionária da política
orçamental, nomeadamente a utilizada para fins estruturais, como
projetos de investimento de longo prazo
Política Macroeconómica, 2023/24 131
Regras na condução da PO
1,5
1,0
0,5
0,0
-0,5
-1,0
-1,5
Política Macroeconómica, Fonte: Vítor Coutinho (2012), Dissertação do ME - FEP
2023/24 UE27 AE20 Portugal 135
Regras de PO no mundo – 1990 vs. 2000
Fonte: https://www.imf.org/external/datamapper/FR_ind@FR_FC/FR_FC_ADV/FR_FC_EME/FR_FCWORLD
Regras de PO
Regras de PO
Portugal:
• Conselho das Finanças Públicas (fev/2012): tem “a missão de proceder a
uma avaliação independente sobre a consistência, cumprimento e
sustentabilidade da política orçamental, promovendo a sua transparência,
de modo a contribuir para a qualidade da democracia e das decisões de
política económica e para o reforço da credibilidade financeira do Estado”
(www.cfp.pt)
• Presidente: Nazaré da Costa Cabral (substituiu, em 2019, Teodora
Cardoso); Vice-Presidente: Paul De Grauwe (London School of Economics,
CEPS e CEPR) (substituiu, em 2017, Jürgen von Hagen)
• Não tem poderes “executivos” em termos orçamentais, mas reflete a
importância da visibilidade mediática da regra transparência e
responsabilização
Política Macroeconómica, 2023/24 139
O Conselho de PO
Regras de PO
Regras de PO