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Web Aula 1

Legislação Ambiental Brasileira - Primeira


Parte
Olá,Tecnólogo em Gestão Ambiental em início de carreira, seja bem-vindo!

Você está iniciando o seu primeiro semestre do Curso Superior de


Tecnologia em Gestão Ambiental, denominado Bloco Curricular Básico. Nos
próximos meses, de agora até dezembro, eu atuarei como uma espécie de
guia, digamos assim, nos caminhos que o levarão a obter informações básicas
sobre gestão ambiental, tratadas na disciplina INTRODUÇÃO À GESTÃO
AMBIENTAL.

Antes, porém, permita me apresentar a você. Meu nome é Cristina Célia


Krawulski, nasci na pequena cidade de Marilena, extremo noroeste do Paraná.
Sou casada e tenho uma filha, Olívia. Sou graduada em Agronomia pela
UDESC - Universidade Estadual de Santa Catarina, com Mestrado e Doutorado
em Agronomia pela UEL - Universidade Estadual de Londrina. Em moro em
Cambé, cidade próxima a Londrina e pertencente à Região Metropolitana de
Londrina – RML. A RML abrange 11 municípios e 801.756 habitantes, dos
quais apenas 38.849 residentes no meio rural, equivalente a 4,84% da
população total, segundo dados do Censo 2010. O município de Londrina tem
506.645 habitantes, que correspondem a 63,2% da população da RML,
concentrada no meio urbano, com apenas 2,6% de população rural (IBGE,
2010). Esta, como veremos, é uma das causas apontadas para a crise
ambiental. Continuando, eu exerço minha atividade profissional em Londrina,
e é daqui deste pedaço de Brasil, cujos habitantes são conhecidos por “pés
vermelhos”, denominação que os enche de orgulho, em referência ao tipo de
solo predominante, popularmente chamado de terra roxa, que estarei
trocando informações com você nos próximos meses, para construirmos um
conhecimento conjunto. E a pessoa de óculos e chapéu na foto a seguir sou
eu, em uma singela contribuição para recompor um trecho da mata ciliar às
margens do Rio São José, na cidade de Jaguapitã, PR, onde trabalhei durante
12 anos, de 1995 a 2007.
21 de setembro de 2006

Agora, fale um pouco de você. Qual é o seu nome, onde você mora?
Você já desenvolve atividades ligadas à proteção ou gestão do ambiente?
Para nos conhecermos melhor, fale um pouco das suas experiências de vida e
profissional, para mim e seus inúmeros colegas de curso, espalhados pelo
Brasil afora. Para isso, utilize o espaço pedagógico do Fórum de Discussão
dessa disciplina, adiante denominado apenas Fórum, e poste uma mensagem
de apresentação. Combinado? Ah, não se esqueça da falar um pouco sobre a
sua cidade, e sobre os motivos que o levaram a escolher este curso, entre
tantos outros disponíveis.

Para continuar nossa conversa, quero saber: o que você entende por
legislação ambiental? Proponho que você reflita sobre isso durante alguns
minutos. Já pensou? Então, anote suas reflexões em qualquer pedaço de
papel, de preferência algum rascunho, para exercitar a reutilização de
materiais. Vamos lá, não tenha receio de escrever bobagens, pois este é um
espaço de aprendizagem, lembra? Reflexões anotadas? Então agora compare
com a definição a seguir.

LEGISLAÇÃO AMBIENTAL é o conjunto de normas jurídicas que se


destinam a disciplinar a atividade humana, para torná-la compatível com a
proteção do meio ambiente. Constitui-se, assim, em uma complexa teia
reguladora (Constituição e legislação complementar/suplementar, ao nível
federal, estadual e municipal, como couber) e regulamentar (decretos e
outros instrumentos de execução das estipulações legais) em matéria
ambiental. E tem como objetivo o estabelecimento de padrões que tornem
possível o desenvolvimento sustentável, através de mecanismos e
instrumentos capazes de conferir ao meio ambiente uma maior proteção.

A questão ambiental não é recente em nenhum lugar do mundo, tendo


merecido o interesse dos estudiosos desde a Antiguidade. Para o professor
SIMÕES FILHO (2009), a questão ambiental relacionada ao Brasil precede a
própria existência do Estado brasileiro. Antes da independência, quando o
Brasil era um integrante do Reino de Portugal e Algarves, as Ordenações
Filipinas(http://www.ci.uc.pt/ihti/proj/filipinas/ordenacoes.htm), compiladas
por D. Felipe de Portugal em 1603 e por ele ratificadas 40 anos depois, em
1643, que se aplicavam ou diziam respeito ao território brasileiro, destinaram
um título aos cuidados com a natureza, estipulando penas, na Metrópole, a
quem destruísse árvores e frutos. As penas variavam desde a segregação
para a África até a pena máxima do degredo definitivo para o Brasil. Embora
o aspecto negativo dessa relação inicial - o Brasil era uma referência para
expiação de ofensas à natureza cometidas na Metrópole - as ordenações
filipinas constituem-se em modelos precursores dos regulamentos ambientais
brasileiros.

Você percebeu que os primeiros modelos disciplinadores ambientais, no


Brasil, foram incidentais? Ou seja, o meio ambiente não era o objeto principal
ou direto das normas reguladoras. As sete Constituições brasileiras - da
Constituição Imperial, em 1824
(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui
%C3%A7ao24.htm), à Constituição de 1969
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Constitui%C3%A7%C3%A3o_brasileira), não
trataram em seus textos, diretamente, do meio ambiente. Tratavam, por
exemplo, de promover a segurança nacional das águas ou do solo, e nesta
perspectiva apenas citavam aspectos da realidade ambiental.

Vamos refletir um pouco sobre as origens das leis ambientais brasileiras e,


provavelmente, de muitos outros países. Você já ouviu falar do princípio
da ação e reação? Este é o princípio estabelecido pela Terceira Lei de
Newton (http://www.brasilescola.com/fisica/terceira-lei-newton.htm): se um
corpo A aplicar uma força sobre um corpo B, receberá deste uma
força de mesma intensidade, mesma direção e de sentido
contrário. Este princípio físico tem sido utilizado de forma generalizada para
explicar certos acontecimentos, que seriam uma reação a uma determinada
ação anterior. Pois bem! Parece que o princípio da Terceira Lei de Newton foi
decisiva para os legisladores brasileiros. O conjunto de normas legais
relacionadas ao meio ambiente, aqui no Brasil, vem sendo composto por
reação a uma onda ou movimento de interesses sociais relevantes,
sustentado por pressões de opinião pública e por valorização político-eleitoral
das questões ambientais. Isso porque toda a legislação federal brasileira é
posterior ao clamor produzido pela Primeira Conferência das Nações Unidas
para o Desenvolvimento Humano, realizada em Estocolmo, na Suécia, em
1972.
A Conferência de Estocolmo aparece, pois, como um marco histórico na
questão ambiental mundial. Participaram do evento representantes de mais
de 110 nações, 90% das quais países em desenvolvimento, para debater a
responsabilidade de cada um na busca da implantação de um modelo que
levasse em conta a grave crise ambiental
(http://www.terrazul.m2014.net/spip.php?article153), econômica e social
pela qual a humanidade estava passando. Apenas 16 dos países participantes
já possuíam entidades de proteção ambiental.

E a postura brasileira nessa Conferência, você sabe qual foi? Bem, Os


representantes brasileiros afirmaram que, no Brasil, a poluição
(http://www.gpca.com.br/poluicao.htm) era bem-vinda, por gerar o tão
almejado desenvolvimento industrial.

(http://www.gettyimages.com/detail/73071706/Digital-Vision)

Liderados pela delegação brasileira, os delegados dos países em


desenvolvimento defendiam seu direito às oportunidades de crescimento
econômico a qualquer custo.

Ao final da Conferência de Estocolmo foi proclamada, como forma ideal de planejamento


ambiental, aquela que seja capaz de associar a prudência ecológica às ações pró-
desenvolvimento, isto é, o ecodesenvolvimento (http://www.ecodesenvolvimento.org.br/).

Os países em desenvolvimento conseguiram aprovar, ainda, a declaração de que o


subdesenvolvimento é uma das causas mais frequentes da poluição no mundo atual.
Portanto, o controle da poluição ambiental deveria ser considerado um subprograma de
desenvolvimento, e a ação conjunta de todos os governos e organismos supranacionais
deveriam convergir para a erradicação da miséria no mundo.

Embora o comportamento brasileiro tenha sido bastante criticado pela comunidade


internacional, o Brasil subscreveu o relatório da Conferência de Estocolmo, denominado
DECLARAÇÃO SOBRE O AMBIENTE HUMANO. E a partir desta Conferência o
Governo Brasileiro começou a tomar algumas medidas em favor da regulamentação
ambiental. Em 1975, o Decreto-Lei 1.413/75
(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/1965-1988/Del1413.htm), que dispõe
sobre o controle da poluição provocada por atividades industriais, concretizou a primeira
manifestação legislativa brasileira de proteção ambiental.

(http://2.bp.blogspot.com/_U7G5RBugbN0/SGboC1retrI/AAAAAAAAAC4/
WljGeT64qPY/s320/estocolmo72.gif)

Para saber mais sobre a Conferência de Estocolmo e sobre a Declaração sobre o


Ambiente Humano, produzida durante a mesma, acesse os links:
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Confer
%C3%AAncia_de_Estocolmo&redirect=no

http://www.ufpa.br/npadc/gpeea/DocsEA/DeclaraAmbienteHumano.pdf

Primeira questão para reflexão:

Apesar dos quase 34 anos da edição do Decreto-Lei 1.413/75, desastres ambientais


continuam acontecendo, não apenas em grandes centros industriais como também em
tranquilas cidades do interior do Brasil.

Você vai assistir, agora, um vídeo sobre a poluição de um rio na cidade de Atalanta, em
Santa Catarina, acessando o link

http://www.apremavi.org.br/noticias/apremavi/367/crime-ambiental-em-atalanta

Agora que você assistiu ao vídeo, reflita sobre os danos que foram causados:

 à fauna aquática (peixes, principalmente);

 aos animais domésticos (bovinos, equinos), que poderiam utilizar a água para saciar
a sede;

 às famílias, que porventura utilizavam a água do rio para seu consumo direto ou
para irrigação de lavouras.
Como fica a situação? O simples pagamento de multa, previsto na legislação, pela
empresa que provocou o desastre ambiental, resolve todos os problemas
causados? Manifeste sua opinião no Fórum.

Continuando nossa conversa...

Em 1981, o Brasil estabeleceu um marco definitivo em sua legislação ambiental, com


a Lei Federal nº 6.938, de 31/08/81, que estabeleceu a Política Nacional do Meio
Ambiente, fixando princípios, objetivos e instrumentos. Essa lei estabeleceu também o
Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) e criou o Conselho Nacional do Meio
Ambiente (CONAMA). Após sua promulgação, a Lei 6.938/81 sofreu algumas alterações
pelas Leis 7.804/89 e 8.028/90, sendo regulamentada pelos Decretos nº 99.274/90 e
99.355/90.

(http://3.bp.blogspot.com/_RHdF6SWnVR4/STCfD5ClZHI/AAAAAAAAAs8/
WIhFW3mANbo/s400/agua_poluida.jpg)

Outro fator importante do atual regime de proteção ambiental no Brasil é a


responsabilidade estatal face a danos ecológicos, tanto por suas instituições quanto por
seus agentes, revelada já na Lei 6.938/81, que se expandiu e se consolidou com a Lei
7.347/85. Essa lei disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos causados
ao meio ambiente, entre outros.

Perceba que o Brasil passou por um progressivo processo de consolidação


(http://pt.wiktionary.org/wiki/consolidar) da defesa do meio ambiente, a partir de normas
ordinárias federais e leis de sentido geral, aplicáveis a todos os entes federais, já no
domínio da Constituição de 1967/69, até que a temática ambiental alcançasse uma
posição de destaque na ordem jurídica nacional, conferindo ao meio ambiente
o status de tema fundamental do Estado brasileiro, o que se verifica com a Constituição
Federal de 1988.

Para saber mais:

 Lei 6.938/81: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6938.htm

 Lei 7.347/85: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7347orig.htm

 Constituição Federal de 1988:http://www.mma.gov.br/port/conama/legiano1.cfm?


codlegitipo=6&ano=1988

Em nossa viagem pela história da legislação ambiental brasileira, chegamos à


Constituição Federal de 1988, uma Carta Magna inovadora, que inscreveu em seu texto
os valores fundamentais da individualidade e da socialidade
(http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-
portugues&palavra=socialidade), entre os quais se destaca o direito ao meio ambiente
saudável.
A Constituição Federal de 1988 consagrou o entendimento contido na Lei 6.938/81, ao
dedicar, de forma inédita no mundo e pela primeira vez na história brasileira, um capítulo
ao meio ambiente (CAPÍTULO VI - DO MEIO AMBIENTE, Artigo 225):

"Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso


comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e
futuras gerações."

Para SIMÕES FILHO (2009), esta foi a mensagem transmitida pela atual Constituição
Brasileira:

“Não mais interessa apenas o homem só, como se dava na linha do individualismo
clássico, personalista; agora, é indispensável inteira sintonia do direito ao meio
ambiente sadio, assim como outros direitos transindividuais, com a afirmação dos
interesses e direitos difusos e coletivos, através dos quais se aprofunda e
consolida o constitucionalismo social, pondo sob o foco do Direito o homem
socializado, integrado no todo social, superando a visão tradicional de sua
individualidade, embora neste novo contexto sejam mantidas as proteções
clássicas de situações ou atributos tutelados no homem pelo só fato de que é ser
humano”.
Ou seja, é o Poder Público disciplinando a questão ambiental, ao mesmo tempo em que
toma para si a responsabilidade de preservar o ambiente para as gerações futuras, em
comunhão com a coletividade - você, eu, todo e qualquer cidadão brasileiro!

(http://www.gettyimages.com/detail/81989324/National-Geographic)

Algumas outras leis merecem ser citadas e lidas:

 Lei 6.902/81, que dispõe sobre a criação de estações ecológicas e áreas de


proteção ambiental e dá outras providências.
(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6902.htm)

 Decreto 97.822/89, que instituiu o Sistema de Monitoramento Ambiental e dos


Recursos Naturais por Satélite (Simarn)

 Lei 7.797/89, que instituiu o Fundo Nacional do Meio Ambiente, alterado pela Lei
8.028/90, que é regido a partir de regras contidas no Decreto nº 99.249/90.

 Lei 9.433/97,
(http://www.ana.gov.br/Institucional/Legislacao/leis/lei9433.pdf), conhecida como Lei das
Águas, instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos, criou o Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH), regulamenta o inciso XIX do art. 21
da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que
modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989. A Lei das Águas foi
regulamentada pelo Decreto nº 2.612/98, que criou o CNRH - Conselho Nacional de
Recursos Hídricos (http://www.macmt.com.br/Arquivos/Poluidor.pdf).

 Lei 9.605/98, conhecida como Lei de Crimes Ambientais, dispõe sobre as sanções
penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e
dá outras providências (http://www.ibama.gov.br/fauna/legislacao/lei_9605_98.pdf).

Segunda questão para reflexão:

Pois bem! Até agora, conversamos bastante sobre leis ambientais, talvez você
esteja atordoado com tantas informações, tantos números saltando à frente
dos seus olhos. E se você se dedicou um pouco à leitura do texto das leis,
acessando os links apresentados, certamente constatou princípios teóricos
interessantes da legislação ambiental brasileira. Mas na prática, como a
legislação ambiental pode fazer parte de nossas vidas? Para você entender
um pouco melhor o que a legislação ambiental pode fazer no sentido de
disciplinar a atividade humana, leia o artigo Pedrinha no Sapato, escrito
pela bióloga Mariusa Cristiana Reuter Colombo em março de 2008
(COLOMBO, 2008) (http://www.selecoes.com.br/pedrinha_no_sapato_3119)

E aí, você gostou do artigo? Manifeste sua opinião sobre ele no Fórum, mas
não diga apenas "gostei" ou "não gostei". Aproveite para dizer como você
entendeu o papel da legislação no sistema de entrega seletivacitado pela
autora. Observe que aqui no Brasil falamos muito de coleta seletiva, embora
algumas experiências de entrega seletiva já estejam acontecendo em
diversas cidades brasileiras, por exemplo em Teresina, no Piauí
(http://www.teresina-pi-gov.com.br/noticias/Semtcas/prefeitura-cria-pontos-
de-coleta-seletiva-de-lixo-1130.html). Será que os moradores daquela
pequena cidade suíça apenas combinaram as regras da coleta seletiva ou lá
existe uma legislação ambiental rigorosa? Ou, ainda, existe um sistema de
fiscalização e de punição mais eficiente e eficaz do que o brasileiro? Mas e a
legislação ambiental brasileira, não é considerada extensa, completa e um
exemplo para outros países? Vamos lá, então, espero seus comentários no
Fórum!

E na casa onde você mora, no seu prédio, condomínio, bairro, cidade... A


separação do lixo e a coleta seletiva já são atividades de rotina? Você sabe se
em sua cidade existe uma lei municipal que criou a coleta seletiva? Ou você
ainda pode ver cenas como a da foto a seguir, onde problemas sociais estão
associados ao descumprimento da legislação ambiental? Espero seus
comentários no Fórum.
(Foto: Cristina Célia Krawulski)

Para refletir...

Estamos chegando ao final da nossa primeira web aula.

Você já recebeu muitas informações sobre a legislação ambiental do nosso


País. Penso que você já tenha percebido que, apesar da infinidade de leis
ambientais brasileiras, muitas coisas podem e precisam ser melhoradas. QUE
TAL, ENTÃO, PARTILHAR COMIGO E COM SEUS COLEGAS ALGUMAS
IDEIAS SOBRE A CONTRIBUIÇÃO QUE VOCÊ PODE DAR PARA
MELHORAR E PRESERVAR O AMBIENTE, COMEÇANDO POR AQUELE
AMBIENTE QUE ESTÁ MAIS PRÓXIMO DE VOCÊ – SUA CASA, SEU
QUINTAL, SEU CONDOMÍNIO, SUA CIDADE?
Escreva seus comentários no Fórum, não se esquecendo de citar o nome da
cidade e estado onde você mora, OK?

Nossa conversa continua na aula Legislação Ambiental Brasileira –


Segunda Parte. Vem comigo!

Web Aula 2
Legislação Ambiental Brasileira - Segunda
Parte
Olá!

Nesta segunda aula, vamos continuar a conversa sobre legislação ambiental


que iniciamos na Aula 1. Vem comigo, então!

Você sabe qual foi o importante evento internacional relacionado ao meio


ambiente realizado no Brasil, em 1992?

Se você pensou na Eco-92 (http://www.brasilescola.com/geografia/eco-


92.htm), parabéns, você acertou! Durante a Conferência das Nações Unidas
para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento - CNUMAD, realizada no Rio de
Janeiro, líderes políticos mundiais debateram o paradigma do
desenvolvimento sustentável
(http://www.crescentefertil.org.br/agenda21/index2.htm), direcionado para o
crescimento com responsabilidade, de modo que as decisões contemplem
aspectos ambientais, sociais e econômicos.

A conferência foi organizada de forma inovadora, tendo sido preparados e


discutidos anteriormente os termos dos documentos que foram assinados em
junho de 1992. Permitiu-se um amplo debate político e o intercâmbio de
ideias entre as delegações oficiais e os representantes dos vários setores da
sociedade civil, através de entidades e cientistas. A participação ativa de
atores não governamentais nesse processo foi um indício do papel cada vez
mais importante desses atores em negociações internacionais.

Fonte: DIÁRIO... (2011).

Quer saber quais foram os principais objetivos da Rio 92? Leia alguns a
seguir:

 Avaliar a situação do ambiente mundial desde 1972, quando foi


realizada a Conferência de Estocolmo, e suas relações com o estilo de
desenvolvimento vigente.
 Estabelecer mecanismos de transferência de tecnologias não poluentes
aos países subdesenvolvidos.

 Examinar estratégias nacionais e internacionais para incorporação de


critérios ambientais ao processo de desenvolvimento.

 Estabelecer um sistema de cooperação internacional para prever


ameaças ambientais e prestar socorro em casos de emergência.

A Rio 92 teve a participação de 172 países e tem sido considerada a maior


conferência já realizada na esfera de atuação da Organização das Nações
Unidas (ONU), e representou um enorme avanço na compreensão dos graves
problemas que se avolumavam no final do século XX, com superposição de
crises econômicas, sociais, políticas, culturais e ambientais, que transcendem
os espaços locais e as fronteiras nacionais (BARBIERI, 2001, p. 13). Esse
novo entendimento está baseado na ideia de que meio ambiente e
desenvolvimento não podem continuar a ser tratados separadamente, mas
precisam ser tratados em conjunto, o que significa abandonar o
desenvolvimento tradicional, predador da natureza e excludente, que traz em
si fortes desequilíbrios sociais e regionais. Portanto, o mundo antes da Rio 92
era um, e a partir dela este mundo tem passado por muitas transformações.

Primeira questão para reflexão:

Durante a Eco-92, Severn Suzuki, uma menina canadense de 13 anos calou e


provocou lágrimas nos líderes mundiais, ao expressar a importância dos
temas que ali estavam sendo debatidos para as gerações futuras.

Você já conhece o que ela disse? Assista ao vídeo a seguir, para conhecer ou
relembrar, caso você já o tenha visto.

http://www.youtube.com/watch?v=1qwRFpKpjhw

Agora que você assistiu ao vídeo, reflita: As preocupações apresentadas pela


garota Severn Suzuki Já foram resolvidas pelos dirigentes dos países
participantes da conferência? Ou elas ainda continuam atuais, 19 anos
depois? Quero encontrar suas considerações no Fórum da disciplina.

Talvez você já saiba, mas é legal destacar que na Rio 92 foram assinados
cinco importantes documentos. São eles: Declaração do Rio de Janeiro sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento; Agenda 21; Convenção-Quadro sobre
Mudanças Climáticas; Convenção sobre Diversidade Biológica; e Declaração
de Florestas. Estes documentos deveriam, a partir de então, ser adotados
pelos países que os subscreveram para conduzir suas ações futuras na busca
do desenvolvimento sustentável. A seguir, uma rápida apresentação desses
documentos.

A Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e


Desenvolvimento define os direitos e as obrigações dos Estados em relação
aos princípios básicos do meio ambiente e do desenvolvimento. Entre outras,
inclui as seguintes ideias: a incerteza científica não deve adiar a adoção de
medidas de proteção ao meio ambiente; os Estados têm o “direito soberano
de aproveitar seus próprios recursos”, mas sem causar danos ao meio
ambiente de outros Estados. A eliminação da pobreza e a redução das
disparidades entre os níveis de vida em todo o mundo são indispensáveis
para o desenvolvimento sustentável, e a plena participação das mulheres é
imprescindível para se alcançar o desenvolvimento sustentável. Tem 27
princípios (AGENDA..., 2011), onde os seres humanos constituem o centro
das preocupações relacionadas com o desenvolvimento sustentável, e têm
direito a uma vida saudável e produtiva em harmonia com a Natureza
(Princípio 1). O desenvolvimento sustentável e a responsabilidade de todos é
invocada no Princípio 5, Estados e pessoas devem cooperar na tarefa
essencial de erradicar a pobreza como requisito indispensável do
desenvolvimento sustentável, a fim de reduzir as disparidades nos níveis de
vida e responder melhor às necessidades da maioria dos povos do mundo. E a
legislação ambiental é contemplada no Princípio 11, que diz que os Estados
deverão promulgar leis eficazes sobre o meio ambiente. As normas
ambientais, e os objetivos e prioridades em matérias de regulamentação do
meio ambiente, deveriam refletir o contexto ambiental e de desenvolvimento
às quais se aplicam. As normas por alguns países podem resultar
inadequadas e representar um custo social e econômico injustificado para
outros países, em particular os países em desenvolvimento.

A Agenda 21 é um plano de ação para ser adotado global, nacional e


localmente, por organizações do sistema das Nações Unidas (ONU), governos
e pela sociedade civil, em todas as áreas em que a ação humana impacta o
meio ambiente. Ou seja, a partir da Agenda 21 Global, cada país deveria
desenvolver a sua Agenda 21. No Brasil, a Agenda 21 Brasileira é um
processo e instrumento de planejamento participativo, que tem como eixo
central a sustentabilidade, compatibilizando a conservação ambiental, a
justiça social e o crescimento econômico. Suas ações prioritárias, resultado de
uma vasta consulta realizada junto à população, são a inclusão social, que
envolve o acesso de toda a população à educação, saúde e distribuição de
renda; a sustentabilidade urbana e rural; a preservação dos recursos naturais
e minerais; e a ética política. Trata-se, portanto, de um instrumento
fundamental para a construção da democracia ativa e da cidadania
participativa em nosso país.

A Convenção-Quadro sobre Mudanças Climáticas e a Convenção


sobre Diversidade Biológica, também aprovadas na Rio 92, são
convenções com força jurídica. E foram iniciadas, ainda, as negociações para
elaboração de uma convenção contra a desertificação, que ficou aberta a
assinaturas até outubro de 1994 e entrou em vigor em dezembro de 1996.

A Declaração de Florestas, que define os princípios para o manejo


sustentável das florestas e que também foi aprovada na Rio 92, não tem
força jurídica obrigatória, mas foi o primeiro consenso mundial sobre a
questão. Ela diz, fundamentalmente, que todos os países, especialmente os
países desenvolvidos, deveriam se esforçar para recuperar a Terra mediante
o reflorestamento e a conservação florestal, que os Estados têm o direito de
desenvolver suas florestas conforme suas necessidades socioeconômicas, e
que devem garantir aos países em desenvolvimento recursos financeiros
destinados concretamente a estabelecer programas de conservação florestal,
para promover uma política econômica e social de substituição (AGENDA...,
2011).

É importante relembrar que a Rio 92 também tem como resultado as


normas da série ISO 14000, um valioso instrumento de gestão ambiental,
com importante função no contexto micro, em nível de organizações,
enquanto a Agenda 21 contempla uma ação no nível macro, ao definir
diretrizes gerais para processos de gestão em nível federal, estadual e
municipal (SEIFFERT, 2010, p. 16-17).

Você já ouviu falar da Carta da Terra? Este foi outro documento


produzido durante a Eco 92, uma declaração de princípios éticos
fundamentais para a construção, no século 21, de uma sociedade global
justa, sustentável e pacífica. Você pode ler a Carta da Terra na íntegra
acessandohttp://www.cartadaterrabrasil.org/prt/text.html.

a) Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento


(http://www.ecolnews.com.br/agenda21/).

b) Agenda 21 (http://www.mma.gov.br/sitio/index.php?
ido=conteudo.monta&idEstrutura=18).

c) Convenção-Quadro sobre Mudanças Climáticas


(http://www.onu-brasil.org.br/doc_clima.php).

d) Convenção sobre Diversidade Biológica (http://www.onu-brasil.org.br/doc_cdb1.php).

e) Desertificação
(http://www.pucminas.br/imagedb/conjuntura/CNO_ARQ_NOTIC20071017140210.pdf?
PHPSESSID=ffa9c97226a426e84d5d2ac2e72e2b91).
f) A ONU e o meio ambiente (http://onu.org.br/a-onu-em-acao/a-onu-e-o-meio-
ambiente/).

E então, você já conhecia todos esses documentos? Não é fantástica a forma como a
sociedade vai se organizando e produzindo conhecimento, em busca do bem comum?

Porém, mesmo com toda a riqueza de ideias e princípios contidos nos documentos
produzidos durante a Rio-92, todos deveriam ser normatizados nos países que
assinaram esses acordos, para serem incorporados à legislação nacional e aí, sim,
começarem a ser postos em prática.

É isso que vem ocorrendo no Brasil, que editou mecanismos legais variados, que
definem direitos e deveres para o cidadão, instrumentos de conservação do meio
ambiente, normas de uso dos diversos ecossistemas, normas para disciplinar atividades
relacionadas à ecologia e, ainda, diversos tipos de unidades de conservação. A
legislação ambiental brasileira é considerada uma das mais completas do mundo, a
começar pela Constituição Federal, e outras leis contribuem para garantir a preservação
do grande patrimônio ambiental brasileiro, se devidamente aplicadas.

O ambiente virtual oferece muitas opções de pesquisa. Então, para se aprofundar na


legislação ambiental brasileira, sugiro que você acesse alguns sites da internet:

- No Ministério do Meio Ambiente, você pode consultar qualquer tipo de documento


legal, na íntegra: a Constituição Federal; leis; decretos-leis; portarias; resoluções
(http://www.mma.gov.br/sitio/index.php?ido=legislacao.index&tipo=0).

- O Portal do Meio Ambiente também fornece consulta à legislação ambiental


(http://www.portaldomeioambiente.org.br/pma/index.html).

- O Senado Federal criou um programa de consulta à legislação, entre outras opções,


chamado Senado Verde
(http://www.senado.gov.br/sf/senado/programas/senadoverde/legislacao.asp).

(http://www.senado.gov.br/senado/programas/senadoverde/legislacao.asp)

Navegando por este universo de informações, você vai constatar que a legislação
ambiental brasileira é abrangente, mas também é polêmica. Muitas vezes ela tem sido
apontada como um entrave à expansão dos mercados, mas o atual conjunto de leis
ambientais é capaz de lançar uma nova perspectiva de negócios para as empresas:
hoje, se ater ao seu cumprimento tornou-se uma estratégia de mercado, para o
fortalecimento das empresas que vêem no cumprimento das leis a associação da sua
imagem comercial à boa prática ambiental.
(http://www.fashionbubbles.com/wp-content/uploads/2008/07/imagem1.jpg)

Bem, eu poderia continuar escrevendo nomes, números e enunciados de leis por muitas
telas ainda, porém sei que este é um assunto complicado, pois novas leis e
regulamentos são editados a cada dia.

Meu objetivo não é que você decore números e títulos de leis, decretos, convenções,
mas quero que você pense bastante sobre tudo o que leu até aqui.

Acredito que a simples existência de leis não garante que nossos filhos terão água
para beber quando forem adultos. Depende de cada um de nós fazer a sua parte. Nos
endereços eletrônicos fornecidos no corpo do texto, você encontra toda a legislação
ambiental brasileira para consultar a qualquer momento. Mas lembre-se: todo o
conteúdo apresentado se constitui em objeto da avaliação.

Para discutir...

Estamos finalizando nossa webaula 2 e, com ela, a Unidade I. Agora você conhece
muitas leis ambientais em vigor e os principais acordos ambientais internacionais dos
quais o Brasil faz parte. ENTÃO, ESCOLHA UM DOS ACORDOS INTERNACIONAIS
CITADOS EM NOSSA AULA E QUE, NA SUA OPINIÃO, É O MAIS IMPORTANTE
PARA A SUSTENTABILIDADE DA VIDA HUMANA NA TERRA. Escreva sobre ele no
Fórum, destacando os motivos que o fazem considerar esse acordo o mais importante.

Referências bibliográficas

AGENDA 21. Ecolnews. Disponível em: . Acesso em: abr. 2011.

BARBIERI, José Carlos. Desenvolvimento e meio ambiente: as estratégias de


mudanças da Agenda 21.
4. ed., Petrópolis: Vozes, 2001.
COLOMBO, Mariusa Cristiana Reuter. Pedrinha no sapato. Revista Seleções Reader’s
Digest, 2008. p.33-34.

DIÁRIO do Verde. Disponível em: . Acesso em: abr. 2011.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico de 2010.


Disponível em: . Acesso em: jul. 2011.

SEIFFERT, Mari Elizabete Bernardini. Gestão ambiental: instrumentos, esferas de


ação e educação ambiental. São Paulo: Atlas, 2010.

SIMÕES FILHO, Geraldo Vieira. Legislação ambiental brasileira: conceito e


natureza. Disponível em . Acesso em: fev. 2009.

Bibliografia Recomendada

BRAGA, Benedito; HESPANHOL, Ivanildo; CONEJO, João G. Lotufo; MIERZWA, José


Carlos; BARROS, Mario Thadeu L. de; SPENCER, Milton; PORTO, Mônica; NUCCI,
Nelson; JULIANO, Neusa; EIGER, Sérgio. Aspectos legais e institucionais. In:
Introdução à Engenharia Ambiental. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. p.
232-247.

KRAWULSKI, Cristina Célia. Aspectos legais relacionados à gestão ambiental. In:


Introdução à Gestão Ambiental. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009. p. _______.

WWF BRASIL. Dicas: como você pode ajudar o meio ambiente. Disponível
emhttp://www.wwf.org.br/participe/acao/dicas/. Acesso 01/03/2009.

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