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Resumo de Resultados do

Cheney
Autor: Pedro Henrique Antunes de Oliveira

1
Sumário
1 Nomes e abreviações 4

2 Seção 1.4 - Mais sobre compacidade 6

3 Seção 1.5 - Transformações lineares 6

4 Seção 1.7 - Baire, categoria, princípio da limita-


ção uniforme 7

5 Seção 1.8 - Aplicação aberta, gráfico fechado 9

6 Seção 1.9 - Convergência fraca 11

7 Seção 1.10 - Espaços reflexivos 14

8 Seção 2.1 - Espaços de Hilbert 15

9 Seção 2.2 - Ortogonalidade 16

10 Seção 2.3 - Funcionais lineares 20

11 Seção 2.4 - Spectral Theory 52

2
12 Seção 2.5 - Teoria de Sturm-Liouville 83

13 Seção 3.1 - A Derivada de Fréchet 101

14 Seção 3.2 - Regra da Cadeia e Teoremas de Va-


lor Médio 109

15 Seção 3.3 - Método de Newton 118

3
1 Nomes e abreviações

ALGISO algebricamente isomorfo


BON base ortonormal
BS Banach space
CatI first category
CatII second category
CCVX closed convex
CNV conjunto não vazio
CVX convex
CVG converge
CVG(s) converge forte
CVG(w) converge fracamente
CVG(w*) converge no sentido fraco-estrela
EM espaço métrico
EMC espaço métrico completo
EVet espaço vetorial
FDERIV Derivada de Fréchet
FDIF Fréchet Diferenciável
GDERIV Derivada de Gâteaux

4
GDIF Gâteaux Diferenciável
G𝐿 (𝑋) G𝐿(𝑋, 𝑋)
G𝐿 (𝑋, 𝑌 ) Operadores lineares limitados de 𝑋 em 𝑌 in-
versíveis com inversa limitada
HS Hilbert space
IPS inner product space
ISO isomorfo
ISOISO isometricamente isomorfo
LD linearmente dependente
LI linearmente independente
LTDO limitado
NLS normed linear space
OG ortogonal
ON ortonormal
SEQ sequência
SPG sem perda de generalidade
SUBSEQ subsequência

5
2 Seção 1.4 - Mais sobre compacidade
Proposição 1. (Lema de Riesz) Seja 𝑋 um NLS e 𝑈 su-
bespaço fechado e próprio de 𝑋 (𝑈 ≠ 0, 𝑈 ≠ 𝑋). Seja
𝜆 ∈ (0, 1). Existe 𝑥 ∈ 𝑋 tal que ∥𝑥∥ = 1 e dist(𝑥, 𝑈) > 𝜆.

Proposição 2. (Lema de Riesz, exercício 8) Seja 𝑋 um


NLS e 𝑈 subespaço próprio de 𝑋 (𝑈 ≠ 0, 𝑈 ≠ 𝑋) de di-
mensão finita. Existe 𝑥 ∈ 𝑋 tal que ∥𝑥∥ = 1 e dist(𝑥, 𝑈) =
1.

3 Seção 1.5 - Transformações linea-


res
Proposição 3. (Teorema 5 - Teorema de Neumann) Se-
jam 𝑋 um BS e 𝐴 ∈ L (𝑋). Suponha ∥ 𝐴∥ < 1. Então 𝐼 − 𝐴
é invertível com


∑︁
−1
(𝐼 − 𝐴) = 𝐴𝑛 .
𝑛=0

Corolário 1. Sejam 𝑋 um BS e 𝐴 ∈ L (𝑋). Suponha

6
∥𝐼 − 𝐴∥ < 1. Então 𝐴 é inversível com 𝐴−1 ∈ L (𝑋).
Mais precisamente


∑︁
−1
𝐴 = (𝐼 − 𝐴) 𝑛
𝑛=0

Observação 1. Uma outra forma de enunciar o resultado


acima é a seguinte. Considere 𝑋 um BS e seja 𝐺 = { 𝐴 ∈
L (𝑋) : 𝐴−1 existe e 𝐴−1 ∈ L (𝑋)}. Assim BL (𝑋) (𝐼, 1) ⊂
𝐺. Além disso, para todo 𝐴 ∈ BL (𝑋) (𝐼, 1), temos:


∑︁
−1
𝐴 = (𝐼 − 𝐴) 𝑛 .
𝑛=0

4 Seção 1.7 - Baire, categoria, prin-


cípio da limitação uniforme
Proposição 4. (Banach-Steinhaus) Seja [ 𝐴𝛼 : 𝛼 ∈ 𝐼]
uma família de aplicações lineares contínuas de espaços 𝑋
(BS) em 𝑌 (NLS). Então:

sup ∥ 𝐴𝛼 ∥ < ∞
𝛼∈𝐼

7
se, e somente se, 𝑆 for de segunda categoria, sendo
 
𝑆 = 𝑥 ∈ 𝑋 : sup ∥ 𝐴𝛼 𝑥∥ < ∞
𝛼∈𝐼

Proposição 5. (Baire Category Theorem) Todo 𝑋 EMC


é CatII.

Definição 1. Considere subconjuntos de um X (EM).


(CatI) Dizemos que 𝐴 é CatI se existe uma coleção enume-
∞ 𝐹
rável 𝐹𝑖 de conjuntos no espaço, 𝑖 ∈ N, tal que 𝐴 = ∪𝑖=1 𝑖
com int𝐹¯𝑖 = ∅ pra todo 𝑖. Dizemos 𝐴 é magro.
(CatII) 𝐴 é CatII se não for CatI. Dizemos que 𝐴 é gordo.

Proposição 6. (Princípio da Limitação Uniforme) Se-


jam 𝑋 (BS), 𝑌 (NLS) e [ 𝐴𝛼 : 𝛼 ∈ 𝐼] uma família de ope-
radores lineares contínuos de 𝑋 em 𝑌 . Suponha ∀𝑥 ∈ 𝑋,
vale sup𝛼∈𝐼 ∥ 𝐴𝛼 𝑥∥ < ∞. Então vale sup𝛼∈𝐼 ∥ 𝐴𝛼 ∥ < ∞.

Definição 2. Num 𝑋 (NLS), um subconjunto 𝐹 ⊂ 𝑋 é dito


ser fundamental se ⟨{𝑥 : 𝑥 ∈ 𝐹}⟩ = 𝑋.

Proposição 7. Sejam 𝑋 (BS), 𝑌 (NLS) e [ 𝐴𝑛 : 𝑛 ∈ N]

8
uma sequência de operadores lineares. Vale que 𝐴𝑛 𝑥 → 0
para todo 𝑥 ∈ 𝑋 se, e somente se, sup𝑛 ∥ 𝐴𝑛 ∥ < ∞ e existir
𝐹 ⊂ 𝑋 fundamental tal que 𝐴𝑛 𝑢 → 0 para todo 𝑢 ∈ 𝐹 e

Observação 2. Dado 𝑋 NLS e 𝐹 ⊂ 𝑋, dizemos que 𝐹 é


fundamental se 𝑋 = ⟨𝐹⟩.

5 Seção 1.8 - Aplicação aberta, grá-


fico fechado
Proposição 8. (Teorema da Aplicação Aberta) Sejam 𝑋
(BS), 𝑌 (BS), 𝐿 : 𝑋 → 𝑌 linear (não necessariamente
contínua). Se 𝐿 for fechada e sobrejetora, então 𝐿 é aberta.

Observação 3. Lembrando que uma aplicação é fechada


se tem gráfico fechado no espaço produto, ou seja, 𝑥 𝑛 → 𝑥
e 𝐿(𝑥 𝑛 ) → 𝑦 então 𝐿(𝑥) = 𝑦. Uma aplicação é aberta
se leva abertos em abertos, ou seja, 𝐿(𝐺) é aberto sempre
que 𝐺 for aberto.

Observação 4. Toda aplicação contínua é fechada.

9
Proposição 9. (Teorema do Gráfico Fechado) Sejam 𝑋
(BS), 𝑌 (BS), 𝐿 : 𝑋 → 𝑌 linear fechado. Então 𝐿 é contí-
nua.

Proposição 10. Sejam 𝑋 (BS), 𝑌 (BS) e 𝐿 : 𝑋 → 𝑌 AL-


GISO linear. Suponha 𝐿 contínuo. Logo 𝐿 −1 é também
contínuo.

Proposição 11. Seja 𝑋 (BS) e sejam ∥·∥ 1 , ∥·∥ 2 normas


em 𝑋 com ∃𝑎 > 0 tal que ∥𝑥∥ 1 ≤ 𝑎 ∥𝑥∥ 2 para todo 𝑥 ∈ 𝑋.
Então ∥·∥ 1 e ∥·∥ 2 são normas equivalentes.

Proposição 12. (Teorema da Imagem Fechada) Sejam


𝑋 (NLS), 𝑌 (NLS) e 𝐿 ∈ L (𝑋, 𝑌 ). Então (ker 𝐿 ∗ )⊥ =
𝐿(𝑋).

Proposição 13. Sejam 𝑋 (BS), 𝑌 (NLS) e 𝐿 ∈ L (𝑋, 𝑌 )


aberta com 𝐿(𝑋) = 𝑌 . Daí 𝑌 é (BS).

Proposição 14. Sejam 𝑋 (NLS), 𝑌 (NLS) e 𝐿 ∈ L (𝑋, 𝑌 ).


Vale que 𝐿(𝑋) = 𝑌 se, e somente se, 𝐿 ∗ for injetora.

Proposição 15. Sejam 𝑋 (BS), 𝑌 (BS), 𝐿 ∈ L (𝑋, 𝑌 ) in-

10
jetora. Então vale que: 𝐿(𝑋) é fechado se, e somente se,
inf ∥𝐿𝑥∥ > 0.
𝑥∈𝑋,∥𝑥∥=1

6 Seção 1.9 - Convergência fraca


Definição 3. Dizemos que uma SEQ (𝑥 𝑛 ) num 𝑋 (NLS)
CVG(w) para 𝑥 ∈ 𝑋 se 𝜙(𝑥 𝑛 ) → 𝜙(𝑛) para todo 𝜙 ∈
𝑋 ∗ . Escrevemos 𝑥 𝑛 ⇀ 𝑥. Dizemos que uma SEQ (𝜙𝑛 ) em
𝑋 ∗ CVG(w*) para 𝜙 se 𝜙𝑛 (𝑥) → 𝜙(𝑥) para todo 𝑥 ∈ 𝑋.
Escrevemos 𝜙𝑛 ⇀∗ 𝜙.

Definição 4. Dizemos que uma SEQ {𝑥 𝑛 }∞


𝑛=1 num 𝑋 NLS

é fracamente Cauchy se: ∀𝜙 ∈ 𝑋 ∗ , vale que {𝜙(𝑥 𝑛 )}∞


𝑛=1 é

Cauchy (e, logo, convergente em IF).

Proposição 16. Num 𝑋 (NLS), {𝑥 𝑛 }∞


𝑛=1 CVG(w) implica

em (𝑥 𝑛 ) ser limitada.

Proposição 17. Num 𝑋 (NLS) tal que dim 𝑋 < ∞, CVG(w)


e CVG(s) coincidem.

Proposição 18. Num 𝑋 (NLS), se {𝑥 𝑛 }∞


𝑛=1 é uma sequên-

11
cia em 𝑋 que CVG(w) para 𝑥 ∈ 𝑋, temos 𝑥 ∈ ⟨{𝑥 𝑛 : 𝑛 ∈ N}⟩

Proposição 19. Num 𝑋 (NLS), se uma sequência {𝑥 𝑛 }∞


𝑛=1

limitada cumprir 𝜙(𝑥 𝑛 ) → 𝜙(𝑥0 ) para todo 𝜙 ∈ 𝐹, sendo


𝐹 ⊂ 𝑋 ∗ fundamental, então 𝑥 ⇀ 𝑥 0 .

Proposição 20. (Hölder)


∑︁
𝑥 𝑛 𝑦 𝑛 ≤ ∥𝑥∥ 𝑝 ∥𝑦∥ 𝑞
𝑛=1

sempre que 𝑥 ∈ ℓ 𝑝 , 𝑦 ∈ ℓ 𝑞 . Claro, isso vale em espaços 𝐿 𝑝


de modo geral.

Proposição 21. Para todos 𝑥, 𝑦 ∈ ℓ 𝑝 , vale que ∥𝑥 + 𝑦∥ 𝑝 ≤


∥𝑥∥ 𝑝 + ∥𝑦∥ 𝑝 .

Proposição 22. Seja 𝑝 ∈ [1, ∞) e 𝑞 = 𝑝′, então (ℓ 𝑝 ) ∗


é ISOISO ao ℓ 𝑞 sendo 𝜙 ∈ (ℓ 𝑝 ) ∗ ↦→ 𝛼 ∈ ℓ 𝑞 dada por
𝛼𝑖 = 𝜙(𝑒𝑖 ).

Proposição 23. Em ℓ 1 , CVG(w) e CFG(s) coincidem.

Proposição 24. Seja 𝑝 ∈ [1, ∞). Se 𝑥 ∈ ℓ 𝑝 e {𝑥 𝑛 }∞


𝑛=1 for

12
uma sequência em ℓ 𝑝 , vale que 𝑥 𝑛 ⇀ 𝑥 se, e somente se,
{𝑥 𝑛 }∞
𝑛=1 for uma sequência limitada em ℓ e 𝑥 𝑛 (𝑘) → 𝑥(𝑘)
𝑝

para todo 𝑘 ∈ N.

Proposição 25. Seja 𝑆 um espaço topológico compacto


Hausdorff. Sejam 𝑥 ∈ 𝐶 (𝑆) e {𝑥 𝑛 }∞
𝑛=1 uma sequência em

𝐶 (𝑆). Considere a norma-∞ em 𝐶 (𝑆). Temos 𝑥 𝑛 ⇀ 𝑥 sss


{𝑥 𝑛 }∞
𝑛=1 for uma sequência limitada e 𝑥 𝑛 (𝑠) → 𝑥(𝑠) para

todo 𝑠 ∈ 𝑆.

Proposição 26. Seja 𝑋 NLS e 𝑌 ≤ 𝑋. Vale que 𝑌 é fe-


chado sss 𝑌 for fracamente sequencialmente fechado.

Proposição 27. Sejam 𝑋, 𝑌 NLS e 𝐿 ∈ L (𝑋, 𝑌 ). Então 𝐿


é fracamente sequencialmente contínua (i.e. 𝑥 𝑛 ⇀ 𝑥 =⇒
𝐿𝑥 𝑛 ⇀ 𝐿𝑥).

Proposição 28. Seja 𝑋 NLS separável e seja {𝜙𝑛 }∞


𝑛=1 uma

sequência limitada em 𝑋 ∗ . Existe então 𝑁 ∞⊂N e 𝜙ˆ ∈ 𝑋 ∗ tal


que [𝜙𝑛 ⇀∗ 𝜙ˆ : 𝑛 ∈ 𝑁].

13
7 Seção 1.10 - Espaços reflexivos
Definição 5. Seja 𝑋 (NLS). Dizemos que 𝑋 é um espaço
reflexivo se 𝐽 (𝑋) = 𝑋 ∗∗ , sendo que 𝐽 denota a imersão
canônica de 𝑋 em 𝑋 ∗∗ .

Proposição 29. Para 𝑝 ∈ (1, ∞), ℓ 𝑝 é reflexivo.

Proposição 30. Seja 𝑋 (BS) e 𝑌 ≤ 𝑋 fechado. Se 𝑋 for


reflexivo, então 𝑌 também é.

Proposição 31. Sejam 𝑋, 𝑌 (NLS) com 𝑋 ISO 𝑌 , então 𝑋


é reflexivo se 𝑌 for reflexivo.

Proposição 32. Seja 𝑋 (NLS) com 𝑋 ∗ separável. Então 𝑋


é separável.

Proposição 33. Seja 𝑋 (BS). Vale que 𝑋 é reflexivo se,e


somente se, 𝑋 ∗ for reflexivo.

Proposição 34. (Eberlein-Smulyan) Seja 𝑋 (BS). 𝑋 é re-


flexivo se, e somente se, B 𝑋 [0, 1] é fracamente sequenci-
almente compacta.

14
Proposição 35. (James) Dado 𝑋 (BS): 𝑋 é reflexivo se, e
somente se, para todo 𝜙 ∈ 𝑋 ∗ , existir 𝑥 ∈ B 𝑋 [0, 1] tal que
𝜙(𝑥) = ∥𝜙∥.

8 Seção 2.1 - Espaços de Hilbert


Proposição 36. Seja 𝑋 IPS. Dado 𝑥 ∈ 𝑋, temos

𝑥 = sup | ⟨𝑥 | 𝑣⟩ |.
∥𝑣∥=1

Dados 𝑥, 𝑦 ∈ 𝑋, temos 𝑥 = 𝑦 se, e somente se, ⟨𝑥 | 𝑧⟩ =


⟨𝑦 | 𝑧⟩ para todo 𝑧 ∈ 𝑋.

Proposição 37. Seja 𝑋 IPS e 𝑌 ≤ 𝑋. Dado 𝑥 ∈ 𝑋, são


equivalentes: (i) 𝑥 − 𝑦 ⊥ 𝑌 ; (ii) 𝑦 = P𝑌⊥ (𝑥).

Proposição 38. Se 𝑋 for um NLS e vale a lei do parale-


logramo, então 𝑋 é IPS com o produto interno dado pelas
identidades de polarização.

Observação 5. A lei do paralelogramo diz que: 2 ∥𝑥∥ 2 +


2 ∥𝑦∥ 2 = ∥𝑥 − 𝑦∥ 2 + ∥𝑥 + 𝑦∥ 2 .

15
Observação 6. A identidade de polarização diz:

4 ⟨𝑥 | 𝑦⟩ = ∥𝑥 + 𝑦∥ 2 − ∥𝑥 − 𝑦∥ 2 + 𝑖 ∥𝑥 + 𝑖𝑦∥ 2 − 𝑖 ∥𝑥 − 𝑖𝑦∥ 2 .

No caso do espaço ser sobre IR, desconsidere os dois últi-


mos termos.

Proposição 39. Seja 𝑋 HS e 𝐾 ⊂ 𝑋 CCVX não vazio.


Para todo 𝑥 ∈ 𝑋, existe único P⊥
𝐾 (𝑥) ∈ 𝐾.

Proposição 40. Seja 𝑋 um HS e 𝑌 ≤ 𝑋 fechado. Logo


𝑋 = 𝑌 ⊕ 𝑌 ⊥.

9 Seção 2.2 - Ortogonalidade


Definição 6. Base ortogonal para 𝑋 (HS) é conjunto ma-
ximal ortonormal.

Proposição 41. (Teorema de Pitágoras Generalizado)


Seja 𝑋 um HS e {𝑥 𝑛 }∞ 𝑛=1 uma SEQ OG em 𝑋. Temos
Í Í 2 Í 2
𝑥 𝑗 CVG sss 𝑥 𝑗 CVG. Se 𝜆 = 𝑥 𝑗 < ∞, en-
Í 2 Í
tão 𝑥 𝑗 = 𝜆. A soma 𝑥 𝑗 independe da ordem.

16
Proposição 42. Seja 𝑋 um IPS e 𝑦𝑖 ∈ 𝑋, 1 ≤ 𝑖 ≤ 𝑛,
uma SEQ ON e 𝑌 = ⟨{𝑦𝑖 : 1 ≤ 𝑖 ≤ 𝑛}⟩. Então P𝑌⊥ (𝑥) =
Í𝑛 Í𝑛
𝑖=1 ⟨𝑥 | 𝑦 𝑖 ⟩ 𝑦 𝑖 . Em particular, se 𝑥 ∈ 𝑌 , 𝑥 = 𝑖=1 ⟨𝑥 | 𝑦 𝑖 ⟩ 𝑦 𝑖 .

Proposição 43. (Desigualdade de Bessel) Seja 𝑋 um IPS


e [𝑢𝑖 : 𝑖 ∈ 𝐼] um sistema ON. Então

∑︁
| ⟨𝑥 | 𝑢𝑖 ⟩ | 2 ≤ ∥𝑥∥ 2 ,
𝑖∈𝐼

qualquer que seja 𝑥 ∈ 𝑋.

Proposição 44. Se {𝑢 𝑛 }∞
𝑛=1 for uma SEQ ON em 𝑋 ISP,

então lim ⟨𝑥 | 𝑢 𝑛 ⟩ = 0.
𝑛→∞

Proposição 45. Seja [𝑢𝑖 : 𝑖 ∈ 𝐼] um sistema ON em 𝑋 ISP.


Então, para todo 𝑥 ∈ 𝑋, o conjunto {𝑖 ∈ 𝐼 : ⟨𝑥 | 𝑢𝑖 ⟩ ≠ 0} é,
no máximo, enumerável.

Proposição 46. Todo ISP não trivial admite uma BON.

Proposição 47. (Teorema da Base Ortonormal) Seja [𝑢𝑖 :


𝑖 ∈ 𝐼] uma família ON em 𝑋 HS. São equivalentes.

17
(i) [𝑢𝑖 : 𝑖 ∈ 𝐼] é uma BON para 𝑋.

(ii) ∀𝑥 ∈ 𝑋 com 𝑥 ⊥ 𝑢𝑖 para todo 𝑖 ∈ 𝐼: 𝑥 = 0.


Í
(iii) ∀𝑥 ∈ 𝑋, 𝑥 = 𝑖∈𝐼 ⟨𝑥 | 𝑢𝑖 ⟩ 𝑢𝑖 .
Í
(iv) ∀𝑥, 𝑦 ∈ 𝑋, ⟨𝑥 | 𝑦⟩ = 𝑖∈𝐼 ⟨𝑥 | 𝑢𝑖 ⟩ ⟨𝑦 | 𝑢𝑖 ⟩.

|⟨𝑥 | 𝑢𝑖 ⟩| 2 = ∥𝑥∥ 2 (identidade de Parse-


Í
(v) ∀𝑥 ∈ 𝑋, 𝑖∈𝐼

val).

Observação 7. Exemplos de BON.

• ℓ 2 : {𝑒 𝑛 }∞
𝑛=1 .

• 𝐿 2 (0, 1), IF = C: {𝑢𝑖 }𝑖∈Z , 𝑢 𝑛 (𝑡) = exp(2𝜋𝑖𝑛𝑡).

cos ( 𝑗𝑥) sin ( 𝑗𝑥)


• 𝐿 2 (−𝜋, 𝜋), IF = IR: √1 , √ , √𝜋 , 𝑗 = 1, 2, 3, ...
2𝜋 𝜋

Proposição 48. (Teorema da Projeção Ortogonal) Seja


𝑋 um HS e 𝑌 ≤ 𝑋 fechado. Ponha 𝑃 = P𝑌⊥ . Então:

(a) 𝑃 está bem definido.

(b) 𝑃 é sobrejetora em 𝑌 , ou seja, 𝑃(𝑋) = 𝑌 .

(c) 𝑃 é linear.

18
(d) Se 𝑌 ≠ 0, ∥𝑃∥ = 1.

(e) 𝑥 − 𝑃𝑥 ⊥ 𝑌 para todo 𝑥 ∈ 𝑋.

(f) 𝑃 é hermitiana, ou seja, ⟨𝑃𝑥 | 𝑤⟩ = ⟨𝑥 | 𝑃𝑤⟩ para todo


𝑥, 𝑤 ∈ 𝑋.
Í
(g) Se [𝑦𝑖 : 𝑖 ∈ 𝐼] é BON para 𝑌 , então 𝑃𝑥 = 𝑖∈𝐼 ⟨𝑥 | 𝑦𝑖 ⟩ 𝑦𝑖 .

(h) 𝑃2 = 𝑃, ou seja, 𝑃 é idempotente.

(i) 𝑃𝑦 = 𝑦 para todo 𝑦 ∈ 𝑌 , ou seja, 𝑃|𝑌 = 𝐼𝑑𝑌 .

(j) ∥𝑥∥ 2 = ∥𝑃𝑥∥ 2 + ∥𝑥 − 𝑃𝑥∥ 2 .

Proposição 49. Seja 𝑋 HS e 𝑌 ≤ 𝑋 fechado. Temos


2
P𝑌⊥ 𝑥 = P𝑌⊥ 𝑥 | 𝑥 para todo 𝑥 ∈ 𝑋.

Proposição 50. (Construção de Gram-Schmidt) Seja 𝑋


um IPS e {𝑣 𝑛 }∞
𝑛=1 uma SEQ LI em 𝑋. Ponha (recursiva-

mente):
𝑣1
𝑢𝑖 =
∥𝑣 1 ∥
e Í𝑛−1
𝑣𝑛 − 𝑖=1 ⟨𝑣 𝑛 | 𝑢𝑖 ⟩ 𝑢𝑖
𝑢𝑛 = Í𝑛−1
𝑣𝑛 − 𝑖=1 ⟨𝑣 𝑛 | 𝑢𝑖 ⟩ 𝑢𝑖
19
para todo 𝑛 ≥ 2. Então {𝑛𝑛 }∞
𝑛=1 é uma SEQ ON em 𝑋

e, além disso, ⟨{𝑢𝑖 : 1 ≤ 𝑖 ≤ 𝑛}⟩ = ⟨{𝑣 𝑖 : 1 ≤ 𝑖 ≤ 𝑛}⟩ pra


todo 𝑛 ∈ N.

Proposição 51. Seja 𝑋 HS separável e 𝑆 ⊂ 𝑋 ON. 𝑆 é, no


máximo, enumerável.

10 Seção 2.3 - Funcionais lineares


Vejamos alguns resultados e definições preliminares.

Definição 7. Uma medida 𝜇 num espaço mensurável (𝑆, M)



é dita fiel (“faithful”) se 𝑓 ≥ 0 e 𝑆 𝑓 𝑑𝜇 = 0 implica em
𝑓 = 0 𝜇-qtp.

Observação 8. Sempre que o Cheney considera 𝐿 2 (𝑆),


está sendo considerado o caso em que a medida em ques-
tão é 𝜎-finita e que 𝐿 2 (𝑆) é separável. Isso implica que
toda sua BON é enumerável.

Observação 9. De modo geral, o Cheney parece consider


espaços de medida 𝜎-finitos apenas, que é o caso usual de

20
fato.

Proposição 52. (Desigualdade de Minkowski para Inte-


grais) Sejam (𝑋, M, 𝜇), (𝑌 , N , 𝜈) espaços de medida 𝜎-
¯ uma função mensurável em
finitos e seja 𝑓 : 𝑋 × 𝑌 → IR
M ⊗ N.

(a) Se 𝑓 ≥ 0 e 1 ≤ 𝑝 < ∞:

∫ ∫ 𝑝  1𝑝
𝑓 (𝑥, 𝑦)𝑑𝜈(𝑦) 𝑑𝜇(𝑥)
𝑋 𝑌
∫ ∫  1𝑝
≤ 𝑓 (𝑥, 𝑦) 𝑝 𝑑𝜇(𝑥) 𝑑𝜈(𝑦)
𝑋 𝑌

(b) Se 1 ≤ 𝑝 ≤ ∞, 𝑓 (·, 𝑦) ∈ 𝐿 2 (𝑋, M, 𝜇) para 𝜈-qtp


𝑦 ∈ 𝑌 e a função 𝑦 ↦→ ∥ 𝑓 (·, 𝑦) ∥ 𝑝 está em 𝐿 1 (𝑌 , N , 𝜈),
então: 𝑓 (𝑥, .) ∈ 𝐿 1 (𝑌 , N , 𝜈) para 𝜇-qtp 𝑥 ∈ 𝑋, a fun-

ção 𝑥 ↦→ 𝑌 𝑓 (𝑥, 𝑦)𝑑𝜈(𝑦) está em 𝐿 𝑃 (𝑋, M, 𝜇) e

∫ ∫
𝑓 (·, 𝑦)𝑑𝜈(𝑦) ≤ ∥ 𝑓 (·, 𝑦) ∥ 𝑝 𝑑𝜈(𝑦).
𝑌 𝑝 𝑌

(Ver Folland, 6.19, página 194)

21
Observação 10. Existe uma questão de quando que o 𝐿 2 (𝑆)
é separável. Este link fala um pouco sobre isso: [mathover-
flow/42310]. A moral da história é que 𝐿 2 (𝑆) é separável
se o espaço de medida em consideração for fiel e 𝜎-finito.
Isso implica que os espaços 𝐿 2 (𝑆) usuais serão sempre se-
paráveis. Há referências no link.

Proposição 53. (Tonelli) Sejam (𝑋, M, 𝜇) e (𝑌 , N , 𝜈) es-


paços de medida 𝜎-finitos. Seja 𝐹 : 𝑋 × 𝑌 → IR mensurá-
vel não-negativa em no espaço mensurável (𝑋×𝑌 , M ⊗N ).
Defina 𝑓 : 𝑋 → IR e 𝑔 : 𝑌 → IR dadas por

𝑓 (𝑥) = 𝐹 (𝑥, 𝑦)𝑑𝜈(𝑦).
𝑌

e ∫
𝑔(𝑦) = 𝐹 (𝑥, 𝑦)𝑑𝜇(𝑥).
𝑋

Vale então que 𝑓 , 𝑔 são mensuráveis não-negativas, e vale


que:
∫ ∫ ∫
𝑓 (𝑥)𝑑𝜇(𝑥) = 𝐹 (𝑧)𝑑 (𝜇 ⊗ 𝜈)(𝑧) = 𝑔(𝑦)𝑑𝜈(𝑦),
𝑋 𝑋×𝑌 𝑌

22
ou ainda:

∫ ∫ ∫ ∫
𝐹 (𝑥, 𝑦)𝑑𝜈(𝑦)𝑑𝜇(𝑥) = 𝐹 (𝑥, 𝑦)𝑑𝜇(𝑥)𝑑𝜈(𝑦)
𝑋 𝑌 𝑌∫ 𝑋

= 𝐹 (𝑧)𝑑 (𝜇 ⊗ 𝜈)(𝑧).
𝑋×𝑌

(ver Bartle, 10.9, página 118)

Observação 11. Na notação do Teorema de Tonelli, as


funções 𝑥 ∈ 𝑋 ↦→ 𝐹 (𝑥, 𝑦 0 ) e 𝑦 ∈ 𝑌 ↦→ 𝐹 (𝑥0 , 𝑦) são
mensuráveis para todo 𝑥0 ∈ 𝑋 e 𝑦 0 ∈ 𝑌 . Isso vale para
qualquer 𝐹 mensurável na 𝜎-álgebra produto (não precisa
de 𝐹 não-negativa).
(Ver Bartle, 10.6, página 116)

Observação 12. Um uso importante do Teorema de To-


nelli é quando se quer mostrar que a integral de 𝐹 é finita.

Note que não é condição do teorema que 𝑋×𝑌 𝐹 < ∞.
Logo se temos 𝐹 mensurável não-negativa como enunci-
ado no Teorema de Tonelli, as funções 𝑓 e 𝑔 estão bem de-
finidas e são mensuráveis não-negativas, e vale a igualdade
∫ ∫
das integrais, o que implica em: 𝑋 𝑓 < ∞ ou 𝑌 𝑔 < ∞ é

23

suficiente para concluir que 𝑋×𝑌
𝐹 < ∞.

Proposição 54. (Fubini) Sejam (𝑋, M, 𝜇) e (𝑌 , N , 𝜈) es-


paços de medida 𝜎-finitos. Seja 𝐹 : 𝑋 × 𝑌 → IR intergrá-
vel no espaço de medida (𝑋 × 𝑌 , M ⊗ N , 𝜇 ⊗ 𝜈). Então
𝑓 : 𝑋 → IR e 𝑔 : 𝑌 → IR, dadas por

𝑓 (𝑥) = 𝐹 (𝑥, 𝑦)𝜈(𝑦)
𝑌

e ∫
𝑔(𝑥) = 𝐹 (𝑥, 𝑦)𝜇(𝑥),
𝑋

estão bem definidas qtp e são mensuráveis e integráveis.


Além disso:
∫ ∫ ∫
𝑓 𝑑𝜇 = 𝐹𝑑 (𝜇 ⊗ 𝜈) = 𝑔𝑑𝜈,
𝑋 𝑋×𝑌 𝑌

ou ainda:

∫ ∫ ∫ ∫
𝐹 (𝑥, 𝑦)𝑑𝜈(𝑦)𝑑𝜇(𝑥) = 𝐹 (𝑥, 𝑦)𝑑𝜇(𝑥)𝑑𝜈(𝑦)
𝑋 𝑌 𝑌∫ 𝑋

= 𝐹 (𝑧)𝑑 (𝜇 ⊗ 𝜈)(𝑧).
𝑋×𝑌

24
(ver Bartle, 10.10, página 119)

Observação 13. (Combinado Tonelli e Fubini) Um uso


comum é o combinado de Tonelli e Fubini dentro do con-
texto de funções 𝑝-integráveis. Sejam (𝑋, M, 𝜇) e (𝑌 , N , 𝜈)
espaços de medida 𝜎-finitos e 𝐹 : 𝑋 × 𝑌 → IR mensurável
no espaço mensurável (𝑋 × 𝑌 , M ⊗ N ). Seja 𝑝 ∈ [1, ∞).
Por Tonelli,

𝑦 ∈ 𝑌 ↦→ |𝐹 (𝑥, 𝑦)| 𝑝 𝑑𝜇(𝑥) ∈ IR
𝑋

é mensurável e não-negativa e
∫ ∫ ∫
𝑝
|𝐹 (𝑥, 𝑦)| 𝑑𝜇(𝑥)𝑑𝜈(𝑦) = |𝐹 | 𝑝 .
𝑌 𝑋 𝑋×𝑌

Concluímos que basta


∫ ∫
|𝐹 (𝑥, 𝑦)| 𝑝 𝑑𝜇(𝑥)𝑑𝜈(𝑦) < ∞
𝑌 𝑋

para 𝐹 ∈ 𝐿 𝑝 (𝑋 × 𝑌 , M ⊗ N , 𝜇 ⊗ 𝜈). No caso 𝑝 = 1


concluímos que 𝐹 é integrável e obtemos, por Fubini (além
da mensurabilidade e definição qtp das funções integrais

25
iteradas):

∫ ∫ ∫ ∫
𝐹 (𝑥, 𝑦)𝑑𝜈(𝑦)𝑑𝜇(𝑥) = 𝐹 (𝑥, 𝑦)𝑑𝜇(𝑥)𝑑𝜈(𝑦)
𝑋 𝑌 𝑌∫ 𝑋

= 𝐹 (𝑧)𝑑 (𝜇 ⊗ 𝜈)(𝑧).
𝑋×𝑌

Observação 14. Particularizando o feito acima, dentro do


IR𝑛 e a medida de Lebesgue usual, mas ainda para 𝑝 ∈
[1, ∞), temos implicações para funções de suporte com-
pacto no IR𝑛 . Em resumo, a conclusão de que 𝐹 ∈ 𝐿 𝑝 (IR𝑛 )
nos dá que 𝐹 ∈ 𝐿 1𝑙𝑜𝑐 (IR𝑛 ). Logo se 𝜙 for 𝐿 ∞ (IR𝑛 ) de su-
porte compacto, temos 𝐹𝜙 ∈ 𝐿 1 (IR𝑛 ) e vale as iterações
de integrais por Fubini.

Observação 15. Ainda dentro do contexto da observação


13. Suponha que de fato concluímos que 𝐹 ∈ 𝐿 𝑝 . Logo
∫ ∫
|𝐹 (𝑥, 𝑦)| 𝑝 𝑑𝜈(𝑦)𝑑𝜇(𝑥) < ∞.
𝑋 𝑌

Isso implica em

|𝐹 (𝑥, 𝑦)| 𝑝 𝑑𝜈(𝑦) < ∞
𝑌

26
para 𝜇-qtp 𝑥 ∈ 𝑋 o que dá que 𝐹 (𝑥, ·) ∈ 𝐿 𝑝 (𝑌 ) para 𝜇-qtp
𝑥 ∈ 𝑋. Similarmente,

|𝐹 (𝑥, 𝑦)| 𝑝 𝑑𝜇(𝑥) < ∞
𝑋

para 𝜇-qtp 𝑦 ∈ 𝑌 e 𝐹 (·, 𝑦) ∈ 𝐿 𝑝 (𝑋) para 𝜇-qtp 𝑦 ∈ 𝑌 .


Não só isso:

∫ 
𝑝 𝑝
∥𝐹 (𝑥, ·) ∥ 𝐿 𝑝 (𝑌 ) 𝐿 𝑝 (𝑋) = ∥𝐹 (𝑥, ·) ∥ 𝐿 𝑝 (𝑌 ) 𝑑𝜇(𝑥)
𝑋
∫ ∫ 
𝑝
= |𝐹 (𝑥, 𝑦)| 𝑝 𝑑𝜈(𝑦)𝑑𝜇(𝑥) = ∥𝐹 ∥ 𝐿 𝑝 (𝑋×𝑌 ) < ∞
𝑋 𝑌

Assim, 𝑥 ∈ 𝑋 ↦→ ∥𝐹 (𝑥, ·) ∥ 𝐿 𝑝 (𝑌 ) ∈ 𝐿 𝑝 (𝑋) com norma 𝐿 𝑝


igual à de 𝐹 no espaço produto. Similarmente 𝑦 ∈ 𝑌 ↦→
∥𝐹 (·, 𝑦) ∥ 𝐿 𝑝 (𝑥) ∈ 𝐿 𝑝 (𝑌 ) com norma 𝐿 𝑝 igual à de 𝐹 no
espaço produto.

Proposição 55. Seja 𝑋 HS e 𝐼 um CNV. Seja 𝑎 : 𝐼 × 𝐼 →


IF tal que
2
∑︁ ∑︁
𝑎𝑖, 𝑗 < ∞.
𝑖∈𝐼 𝑗 ∈𝐽

Seja [𝑢𝑖 : 𝑖 ∈ 𝐼] um sistema ON em 𝑋. Está bem definido

27
e é contínuo o operador 𝐴 ∈ L (𝑋) dado por

∑︁ ∑︁
𝐴𝑥 = 𝑎𝑖, 𝑗 𝑥 | 𝑢 𝑗 𝑢𝑖
𝑖∈𝐼 𝑗 ∈𝐽

Í  12
Í 2
sendo ∥ 𝐴∥ ≤ 𝑖∈𝐼 𝑗 ∈𝐽 𝑎𝑖, 𝑗 .

Proposição 56. Seja 𝑋 um NLS e [𝑢𝑖 : 𝑖 ∈ 𝐼], 𝐼 CNV, tal


Í
que 𝑖∈𝐼 ∥𝑢𝑖 ∥ < ∞.
Í
(i) Se 𝑋 for BS, então 𝑖∈𝐼 𝑢𝑖 CVG.
Í
Suponha que 𝑖∈𝐼 𝑢𝑖 CVG.

(ii) No caso em que 𝑢𝑖 ≠ 0 para uma quantidade infinita


de 𝑖 ∈ 𝐼, vale também que: qualquer que seja 𝐽 ⊂ 𝐼
enumerável tal que 𝑢𝑖 = 0 para 𝑖 ∈ 𝐼 \ 𝐽 e qualquer
Í Í∞
que seja 𝑗 : 𝐽 → N bijeção, temos 𝑖∈𝐼 𝑢𝑖 = 𝑖= 1 𝑢 𝑗𝑖 .

(iii) No caso em que 𝑢𝑖 ≠ 0 apenas para uma quantidade


finita de 𝑖 ∈ 𝐼, ponha 𝐽 = {𝑖 ∈ 𝐼 : 𝑢𝑖 ≠ 0}. Então
Í Í
𝑖∈𝐼 𝑢𝑖 = 𝑖∈𝐽 𝑢𝑖 .

(iv) Uma consequência destes resultados é que qualquer


que seja 𝐽 ⊂ 𝐼 tal que {𝑖 ∈ 𝐼 : 𝑢𝑖 ≠ 0} ⊂ 𝐽, temos

28
Í Í
𝑖∈𝐼 𝑢𝑖 = 𝑖∈𝐽 𝑢 𝑗 , não importando a cardinalidade de
𝐽.

Observação 16. No contexto acima, no caso infinito, a


Í Í∞
relação 𝑖∈𝐼 𝑢𝑖 = 𝑖= 1 𝑢 𝑗𝑖 permite fazer passagens ao li-
mite. Por exemplo, se 𝐴 ∈ L (𝑋, 𝑌 ) com 𝑌 NLS, então
Í Í∞ Í
𝐴 ( 𝑖∈𝐼 𝑢𝑖 ) = 𝑖= 1 𝐴𝑢 𝑗 𝑖 = 𝑖∈𝐼 𝐴𝑢𝑖 . O resultado está

sendo aplicado para as duas famílias: [ 𝐴𝑢𝑖 : 𝑖 ∈ 𝐼] e


Í Í
[𝑢𝑖 : 𝑖 ∈ 𝐼]. Note que 𝑖∈𝐼 ∥ 𝐴𝑢𝑖 ∥ ≤ 𝑖∈𝐼 ∥ 𝐴∥ ∥𝑢𝑖 ∥ < ∞
Í
pois 𝑖∈𝐼 ∥𝑢𝑖 ∥ < ∞.

Proposição 57. Seja 𝑋 IPS e seja [𝑢𝑖 : 𝑖 ∈ 𝐼] um sistema


ON, para I CNV. Seja [𝛼𝑖 : 𝑖 ∈ 𝐼] família em IF.

|𝛼𝑖 | 2 < ∞.
Í Í
(i) Se 𝑖∈𝐼 𝛼𝑖 𝑢𝑖 CVG, então 𝑖∈𝐼

|𝛼𝑖 | 2 < ∞, então


Í Í
(ii) Se 𝑋 for HS e 𝑖∈𝐼 𝑖∈𝐼 𝛼𝑖 𝑢𝑖 CVG.
Í
Suponha que 𝑖∈𝐼 𝛼𝑖 𝑢𝑖 CVG e seja 𝐽0 = {𝑖 ∈ 𝐼 : 𝛼𝑖 ≠ 0}.

𝛼𝑖 𝑢𝑖 ∥ 2 = |𝛼𝑖 | 2 .
Í Í
(iii) ∥ 𝑖∈𝐼 𝑖∈𝐼

(iv) Temos 𝐽0 no máximo enumerável. Se 𝐽0 for infinito,


então qualquer que seja 𝐽 ⊂ 𝐼 tal que 𝐽0 ⊂ 𝐽 e 𝐽 for

29
enumerável, e qualquer que seja 𝑗 : N → 𝐽 bijeção,
Í Í Í∞
vale: 𝑖∈𝐼 𝛼𝑖 𝑢𝑖 = 𝑖∈𝐽 𝛼𝑖 𝑢𝑖 = 𝑖= 1 𝛼 𝑗𝑖 𝑢 𝑗𝑖 .

(v) No caso em que 𝐽0 for finito, então vale que para todo
Í Í
𝐽 ⊂ 𝐼 tal que 𝐽0 ⊂ 𝐽, temos 𝑖∈𝐼 𝛼𝑖 𝑢𝑖 = 𝑖∈𝐽 𝛼𝑖 𝑢𝑖 .

Observação 17. Este acima é o Teorema de Pitágoras ge-


neralizado para famílias arbitrárias.

Definição 8. Uma aplicação 𝐴 : 𝑋 → 𝑌 entre NLS é dita


anti-linear se, para todo 𝑥, 𝑦 ∈ 𝑋 e para todo 𝛼 ∈ IF:

(i) 𝐴(𝑥 + 𝑦) = 𝐴𝑥 + 𝐴𝑦,

(ii) 𝐴(𝛼𝑥) = 𝛼𝐴𝑥.

Proposição 58. (Operador Representação de Riesz) Seja


𝑋 HS. Existe um único operador 𝑅 : 𝑋 ∗ → 𝑋 anti-linear
tal que 𝜙(𝑥) = ⟨𝑥 | 𝑅𝜙⟩ para todo 𝑥 ∈ 𝑋, 𝜙 ∈ 𝑋 ∗ . Este
operador é chamado de operador de representação de Ri-
esz, denotado por Riesz(𝑋). Vale que 𝑅 é isometria, no
sentido usual: ∥𝑅𝜙∥ = ∥𝜙∥ para todo 𝜙 ∈ 𝑋 ∗ .

Proposição 59. (Operador Adjunto: Banach e Hilbert)

30
Seja 𝑋 HS. Denote por 𝐴 𝐵 o operador adjunto no sentido
de BS e 𝐴 𝐻 o operador adjunto no sentido de HS. Seja
𝑅 = Riesz(𝑋). Vale:

𝑅 𝐴 𝐵 = 𝐴 𝐻 𝑅.

Proposição 60. (O Dual de Hilbert é Hilbert) Seja 𝑋


HS. Ponha 𝑅 = Riesz(𝑋). 𝑋 ∗ é um HS com a norma usual,
que é dada pelo produto interno ⟨𝜙 | 𝜓⟩ ∗ := ⟨𝑅𝜓 | 𝑅𝜙⟩.

Proposição 61. (Reflexividade de Espaços de Hilbert)


Seja 𝑋 HS. Vale que 𝑋 é reflexivo.

Proposição 62. Sejam 𝐴, 𝐵 CNV e 𝑓 : 𝐴 × 𝐵 → IR. Os


três valores coincidem, dentro dos reais extendidos:

• sup𝑎∈𝐴 sup𝑏∈𝐵 𝑓 (𝑎, 𝑏),

• sup𝑏∈𝐵 sup𝑎∈𝐴 𝑓 (𝑎, 𝑏) e

• sup (𝑎,𝑏)∈𝐴×𝐵 𝑓 (𝑎, 𝑏).

Similarmente para o ínfimo. Os três valores coincidem


dentro dos reais extendidos:

31
• inf 𝑎∈𝐴 inf 𝑏∈𝐵 𝑓 (𝑎, 𝑏),

• inf 𝑏∈𝐵 inf 𝑎∈𝐴 𝑓 (𝑎, 𝑏) e

• inf (𝑎,𝑏)∈𝐴×𝐵 𝑓 (𝑎, 𝑏).

Proposição 63. (Existência do operador Adjunto) Seja


𝑋 HS e 𝐴 ∈ L (𝑋). Existe um único operador linear, de-
notado por 𝐴∗ , tal que: ⟨𝐴𝑥 | 𝑦⟩ = ⟨𝑥 | 𝐴∗ 𝑦⟩ para todo
𝑥, 𝑦 ∈ 𝑋. Além disso, 𝐴∗ ∈ L (𝑋) e ∥ 𝐴∗ ∥ = ∥ 𝐴∥.

Definição 9. Seja 𝑋 um IPS. Seja 𝐴 : 𝑋 → 𝑋 linear.


Dizemos que 𝐴 é Hermitiano se:

⟨𝐴𝑥 | 𝑦⟩ = ⟨𝑥 | 𝐴𝑦⟩

para todo 𝑥, 𝑦 ∈ 𝑋. Notação:

𝐻 (𝑋) = { 𝐴 : 𝑋 → 𝑋 : 𝐴 linear e Hermitiano}.

Proposição 64. Seja 𝑋 um HS e 𝐴 : 𝑋 → 𝑋 linear. Se 𝐴


for Hermitiano, então 𝐴 é limitado auto-adjunto.

32
Corolário 2. Um corolário da proposição acima é que,
para 𝑋 HS, são equivalentes:

(i) Operadores limitados auto-adjuntos.

(ii) Operadores Hermitianos.

Pode-se dizer alternativamente: 𝐻 (𝑋) ⊂ L (𝑋).

Proposição 65. Seja 𝑘 : 𝑆 × 𝑆 → IF, sendo 𝑆 um es-


paço de medida 𝜎-finito. Suponha 𝑘 ∈ 𝐿 2 (𝑆 × 𝑆). Defina
𝑘 ∗ (𝑠, 𝑡) = 𝑘 (𝑡, 𝑠) (no caso IF = IR, o conjugado complexo
“some”). Temos então que 𝑇𝑘 : 𝐿 2 (𝑆) → 𝐿 2 (𝑆) dada por

(𝑇𝑘 𝑥)(𝑠) = 𝑘 (𝑠, 𝑡)𝑥(𝑡)𝑑𝑡
𝑆

está bem definida e cumpre 𝑇𝑘 ∈ L (𝐿 2 (𝑆)). Além disso,

∫ ∫  12
𝑠
∥𝑇𝑘 ∥ ≤ |𝑘 (𝑠, 𝑡)| 𝑑𝑠𝑑𝑡 .
𝑆 𝑆

Finalmente, vale que (𝑇𝑘 ) ∗ = 𝑇𝑘 ∗ . Adicionalmente, no caso


em IF = IR e o espaço de medida 𝑆 tambem é tal que 𝐿 2 (𝑆)
é separável, vale que 𝑇 ∈ Lco (𝐿 2 (𝑆)).

33
Observação 18. Estava com uma impressão errada que
havia necessidade de assumir que IF = IR para concluir
a compacidade do operador. Nas minhas notas manuscri-
tas, a prova desta parte deste Teorema começa na página
147. Não estava conseguindo fazer o caso geral, mas de-
pois consegui (também está nas minhas notas manuscritas,
mas não lembro a página). Depois, na verdade, eu conse-
gui entender melhor o que o livro está fazendo. Há uma
versão mais geral desta proposição, que é a proposição 87
deste documento. As observações associadas a ela são im-
portantes também.

Definição 10. Seja 𝑋 um IPS e 𝐴 : 𝑋 → 𝑋 linear. defini-


mos
||| 𝐴||| = sup | ⟨𝐴𝑥 | 𝑥⟩ |.
∥𝑥∥=1

Proposição 66. Seja 𝑋 um IPS.

(i) Sempre vale que ||| 𝐴||| ≤ ∥ 𝐴∥ para todo 𝐴 ∈ L (𝑋).

(ii) Se 𝐴 ∈ 𝐻 (𝑋), vale que | ⟨𝐴𝑥 | 𝑦⟩ | ≤ ||| 𝐴||| ∥𝑥∥ ∥𝑦∥ e


que ∥ 𝐴∥ = ||| 𝐴|||.

34
Lembrando que 𝐴 ∈ 𝐻 (𝑋) não pede 𝐴 limitado. No caso
de 𝐴 não se limitado, deve-se entender ∥ 𝐴∥ = ∞.

Observação 19. Na proposição acima, o item (ii) para o


caso 𝐴 não limitado diz que se 𝐴 ∈ 𝐻 (𝑋), então ||| 𝐴||| =
∞. Nada mais. Este item (ii) tem nome. É chamado da
desigualdade generalizada de Cauchy-Schwarz.

Proposição 67. (Desigualdade Generalizada de Cauchy-


Schwarz) Seja 𝑋 um IPS e 𝐴 ∈ 𝐻 (𝑋). Então ∀𝑥, 𝑦 ∈ 𝑋,
tem-se | ⟨𝐴𝑥 | 𝑦⟩ | ≤ ||| 𝐴||| ∥𝑥∥ ∥𝑦∥.

Definição 11. Sejam 𝑋, 𝑌 NLS e 𝐴 : 𝑋 → 𝑌 . Dizemos


que 𝐴 é operador compacto se 𝐴(B 𝑋 [0, 1]) for compacto
em 𝑌 , sendo B 𝑋 [0, 1]) = {𝑥 ∈ 𝑋 : ∥𝑥∥ ≤ 1}. O con-
junto dos operadores compactos de 𝑋 em 𝑌 é denotado por
Lco (𝑋, 𝑌 ).

Proposição 68. Sejam 𝑋, 𝑌 NLS e seja 𝐴 : 𝑋 → 𝑌 linear.


São equivalentes:

(i) 𝐴 é um operador compacto.

35
(ii) Para toda SEQ {𝑥 𝑛 }∞ ∞
𝑛=1 LTDA em 𝑋, vale que { 𝐴𝑥 𝑛 } 𝑛=1

admite SUBSEQ CVG em 𝑌 .

Proposição 69. Sejam 𝑋, 𝑌 NLS. Seja 𝐴 ∈ L (𝑋, 𝑌 ). Se


dim 𝑅( 𝐴) < ∞, então 𝐴 ∈ Lco (𝑋, 𝑌 ).

Proposição 70. Sejam 𝑋 NLS e 𝑌 NLS. Então Lco (𝑋, 𝑌 )


é subespaço de L (𝑋, 𝑌 ). Se, adicionalmente, 𝑌 for BS,
então Lco (𝑋, 𝑌 ) é fechado.

Observação 20. O livro enuncia o resultado acima pe-


dindo tanto que 𝑋 quanto 𝑌 sejam BS para concluir o fecho
de Lco (𝑋, 𝑌 ), mas não precisa. Basta que 𝑌 seja BS.

Proposição 71. Suponha IF = IR. Considere 𝑋 = 𝐿 2 (𝑆)


sendo 𝑆 um espaço de medida 𝜎-finito tal que 𝐿 2 (𝑆) é
separável. Seja 𝑘 ∈ 𝐿 2 (𝑆 × 𝑆). Considere (𝑇𝑥)(𝑠) =

𝑆
𝑘 (𝑠, 𝑡)𝑥(𝑡)𝑑𝑡. Já fimos que 𝑇 ∈ L (𝐿 2 (𝑆)). Vale tam-
bém que 𝑇 ∈ Lco (𝐿 2 (𝑆)).

Proposição 72. Seja 𝑋 HS. Seja 𝐴 ∈ L (𝑋). Então

ker 𝐴 = 𝑅( 𝐴∗ ) ⊥ .

36
Corolário 3. Seja 𝑋 HS. Seja 𝐴 ∈ L (𝑋).

(i) Se 𝐴∗ tem imagem densa em 𝑋, então 𝐴 é injetora.

(ii) Se 𝐴 ∈ 𝐻 (𝑆) e 𝐴 tem imagem densa, então 𝐴 é inje-


tor.

Proposição 73. (Fracamente Cauchy =⇒ CVG(w) em


Hilbert) Seja 𝑋 HS e seja {𝑥 𝑛 }∞
𝑛=1 fracamente Cauchy. En-

tão ∃𝑥 ∈ 𝑋 tal que 𝑥 𝑛 ⇀ 𝑥.

Proposição 74. (Alternativa de Fredholm) Seja 𝑋 um


HS. Seja 𝐴 ∈ L (𝑋). Sempre vale que

(ker 𝐴∗ ) ⊥ = 𝑅( 𝐴).

Se 𝐴 tem imagem fechada, vale:

(ker 𝐴∗ ) ⊥ = 𝑅( 𝐴).

Proposição 75. Seja 𝑋 HS.

(i) CVG(w) pode ser posta, de modo equivalente, da se-


guinte forma. Uma SEQ {𝑥 𝑛 }∞
𝑛=1 CVG(w) para 𝑥 ∈ 𝑋

37
se ⟨𝑥 𝑛 | 𝑦⟩ → ⟨𝑥 | 𝑦⟩ para todo 𝑦 ∈ 𝑋.

(ii) Ser fracamente Cauchy pode ser posto, de modo equi-


valente, da seguinte forma. Uma SEQ {𝑥 𝑛 }∞
𝑛=1 é fra-

camente Cauchy se {⟨𝑥 𝑛 | 𝑦⟩}∞


𝑛=1 é Cauchy em IF para

todo 𝑦 ∈ 𝑋.

Proposição 76. (Exercícios 13 e 23; Seção 2.3) Seja 𝑋


HS e 𝜆 ∈ ℓ ∞ (IF). Seja {𝑒 𝑛 }∞
𝑛=1 SEQ ON em 𝑋. Defina


∑︁
𝐴𝑥 = 𝜆𝑖 ⟨𝑥 | 𝑒𝑖 ⟩ 𝑒𝑖
𝑖=1

e também
𝑘
∑︁
𝐴𝑘 𝑥 = 𝜆𝑖 ⟨𝑥 | 𝑒𝑖 ⟩ 𝑒𝑖 .
𝑖=1

São equivalentes:

(i) 𝐴 𝑘 → 𝐴 em L (𝑋).

(ii) 𝜆 𝑘 → 0.

(iii) 𝐴 ∈ Lco (𝑋).

Observação 21. Na proposição acima, o que se prova é:

38
(ii) implica em (i), (i) implica em (iii), (iii) implica em (ii)
via contra-positiva.

Proposição 77. (Exercício 3; Seção 2.3) Seja 𝑋 um HS


e 𝜆 ∈ ℓ ∞ (IF). Seja {𝑒 𝑛 }∞ 𝑛=1 uma SEQ ON em 𝑋. Defina
Í∞ Í∞
𝐴𝑥 = 𝑖= 1 𝜆𝑖 ⟨𝑥 | 𝑒𝑖 ⟩ 𝑒𝑖 . e 𝐵𝑥 = 𝑖=1 𝜆𝑖 ⟨𝑥 | 𝑒𝑖 ⟩ 𝑒𝑖 . Então

𝐴∗ = 𝐵. Em particular, 𝐴∗ = 𝐴 sss 𝜆 ∈ ℓ ∞ (IR).

Proposição 78. Seja 𝑋 um HS e considere a aplicação


adj : L (𝑥) → L (𝑥) dada por adj( 𝐴) = 𝐴∗ . Temos:

(i) adj anti-linear: ( 𝐴 + 𝐵) ∗ = 𝐴∗ + 𝐵∗ e (𝛼𝐴) ∗ = 𝛼𝐴∗


para quaisquer 𝐴, 𝐵 ∈ L (𝑋).

(ii) adj é isometria, ou seja, ∥ 𝐴∥ = ∥ 𝐴∗ ∥ para todo 𝐴 ∈


L (𝑋).

(iii) Como 𝐴∗∗ = 𝐴 para todo 𝐴 ∈ L (𝑋): adj é bijeção


com adj−1 = adj.

(iv) Temos adj linear limitada, ou seja, adj ∈ L (L (𝑋))


com adj = 1. Em particular adj é contínua e unifor-
memente contínua em conjuntos limitados.

39
Proposição 79. Seja 𝑋 um IPS e seja 𝐴 ∈ 𝐻 (𝑋). Vale
sempre que ker 𝐴 = 𝑅( 𝐴) ⊥ . Em particular ker 𝐴 é fechado
e ker 𝐴 ⊥ 𝑅( 𝐴).

Observação 22. Na proposição acima, não há necessidade


de 𝐴 ∈ L (𝑋). Note que esta proposição dá um caso em
que ker 𝐴 é fechado mesmo sem sabermos se 𝐴 é contínuo
ou não. Claro, se 𝑋 for HS, então 𝐴 ∈ L (𝑋).

Proposição 80. (Exercício 25; Sec 2.3) Seja 𝑋 um HS


com dim 𝑋 = ∞. Então gl(𝑋) ∩ Lco (𝑋) = ∅.

Observação 23. Acima, gl(𝑋) denota o conjunto dos AL-


GISO lineares de 𝑋 em 𝑋. Ou seja, para HS de dimensão
infinita, não há operadores compactos invertíveis.

Proposição 81. (Generalizações do Exercício 25, Sec 2.3)


Valem os seguintes fatos:

(i) Sejam 𝑋, 𝑌 HS e 𝑇 ∈ Lco (𝑋, 𝑌 ). Se dim 𝑌 = ∞,


então 𝑇 não é sobrejetor.

(ii) Sejam 𝑋 BS, 𝑌 HS e 𝑇 ∈ Lco (𝑋, 𝑌 ) injetor (sim, 𝑋

40
é Banach e 𝑌 é Hilbert, isso não é um erro de digita-
ção). Se 𝑇 (𝑋) for fechado, então dim 𝑇 (𝑋) < ∞.

(iii) Sejam 𝑋 HS, 𝑌 HS e 𝑇 ∈ Lco (𝑋, 𝑌 ). Se 𝑇 (𝑋) for


fechado, então dim 𝑇 (𝑋) < ∞.

Observação 24. (a) Acima, prova-se o item (ii). Os de-


mais são corolários. A prova de (ii) é, essencialmente,
a resolução do exercício 25 da seção 2.3.

(b) Para 𝑋 HS e para provar o item (iii), decomponha 𝑋 =


𝑈 ⊕ 𝑈 ⊥ com 𝑈 = ker 𝑇. Trabalhe com 𝑅 = 𝑇 |𝑈 ⊥ e use
o item (ii) em 𝑅.

(c) O item (i) é corolário do item (iii).

Proposição 82. Sejam 𝐼, 𝐽 CNV e seja 𝑋 um BS. Sejam


𝑓 : 𝐼 × 𝐽 → IF e 𝑢 : 𝐼 × 𝐽 → 𝑋 famílias tais que

∑︁ ∑︁
𝑓𝑖, 𝑗 𝑢𝑖, 𝑗 < ∞.
𝑖∈𝐼 𝑗 ∈𝐽

Então:

41
Í Í Í
(i) 𝑓𝑖, 𝑗 𝑢𝑖, 𝑗 CVG para todo 𝑖 ∈ 𝐼 e 𝑓𝑖, 𝑗 𝑢𝑖, 𝑗 CVG.
𝑗 ∈𝐽 𝑖∈𝐼 𝑗 ∈𝐽
Í Í Í
(ii) 𝑓𝑖, 𝑗 𝑢𝑖, 𝑗 CVG para todo 𝑗 ∈ 𝐽 e 𝑓𝑖, 𝑗 𝑢𝑖, 𝑗 CVG.
𝑖∈𝐼 𝑗 ∈𝐽 𝑖∈𝐼
Í
(iii) 𝑓𝑖, 𝑗 𝑢𝑖, 𝑗 , CVG e
(𝑖, 𝑗)∈𝐼×𝐽

∑︁ ∑︁ ∑︁ ∑︁ ∑︁
𝑓𝑖, 𝑗 𝑢𝑖, 𝑗 = 𝑓𝑖, 𝑗 𝑢𝑖, 𝑗 = 𝑓𝑖, 𝑗 𝑢𝑖, 𝑗 .
𝑖∈𝐼 𝑗 ∈𝐽 (𝑖, 𝑗)∈𝐼×𝐽 𝑗 ∈𝐽 𝑖∈𝐼

Além disso, se tomarmos quaisquer 𝐼0 ⊂ 𝐼, 𝐽0 ⊂ 𝐽 tais


que são ambos CNV e também 𝑓𝑖, 𝑗 𝑢𝑖, 𝑗 = 0 para (𝑖, 𝑗) ∈
𝐼 × 𝐽 \ 𝐼0 × 𝐽0 , então

∑︁ ∑︁
𝑓𝑖, 𝑗 𝑢𝑖, 𝑗 = 𝑓𝑖, 𝑗 𝑢𝑖, 𝑗 .
(𝑖, 𝑗)∈𝐼×𝐽 (𝑖, 𝑗)∈𝐼0 ×𝐽0

Se 𝐼0 e 𝐽0 são enumeráveis infinitos, vale que para quais-


quer enumerações (i.e. bijeções) 𝑙 : N → 𝐼0 e 𝑘 : N → 𝐽0 ,

42
temos:

∑︁ ∑︁ ∞
∞ ∑︁
𝑓𝑖, 𝑗 𝑢𝑖, 𝑗 = 𝑓 (𝑙𝑖 , 𝑘 𝑗 )𝑢(𝑙𝑖 , 𝑘 𝑙 )
(𝑖, 𝑗)∈𝐼×𝐽 𝑖=1 𝑗=1
∞ ∑︁
∑︁ ∞
= 𝑓 (𝑙𝑖 , 𝑘 𝑗 )𝑢(𝑙𝑖 , 𝑘 𝑙 ).
𝑗=1 𝑖=1

Observação 25. Na proposição acima, caso 𝐼 ou caso 𝐽


sejam finitos, a soma recai a uma que a gente já conhece. É
uma série num BS usual ou uma soma finita. Assim, neste
caso, podemos dizer que a “comutação” do somatório e as
igualdades acima já foram estabelecidas em outros resulta-
dos. De todo modo, podemos sempre assumir que ambos 𝐼
e 𝐽 são infinitos SPG pela possibilidade de completar com
zeros. Por exemplo, coloque 𝐼 ′ = 𝐼 ∪ N e 𝐽 ′ = 𝐽 ∪ N e de-
fina 𝑓𝑖, 𝑗 = 0 e 𝑢𝑖, 𝑗 = 0 para (𝑖, 𝑗) ∈ 𝐼 ′ × 𝐽 ′ no caso de 𝑖 ∉ 𝐼
ou 𝑗 ∉ 𝐽, extendendo as famílias 𝑓 e 𝑢 para 𝐼 ′ e 𝐽 ′ de modo
que as somas acima todas coincidam da forma esperada.

Proposição 83. Seja 𝑋 um NLS e 𝑌 um BS. Sejam 𝜆 :

43
N → 𝑋 ∗ , 𝑢 : N → 𝑌 e 𝑓 : N2 → IF tais que

∞ ∑︁
∑︁ ∞
| 𝑓𝑖, 𝑗 | 𝜆 𝑗 ∥𝑢𝑖 ∥ < ∞.
𝑖=1 𝑗=1

Defina, para 𝑥 ∈ 𝑋:

∑︁ ∞
∞ ∑︁ ∞ ∑︁
∑︁ ∞
𝑇𝑥 := 𝑓𝑖, 𝑗 𝜆 𝑗 (𝑥)𝑢𝑖 = 𝑓𝑖, 𝑗 𝜆 𝑗 (𝑥)𝑢𝑖
𝑗=1 𝑖=1 𝑖=1 𝑗=1

Assim, 𝑇 ∈ Lco (𝑋, 𝑌 ) com

∞ ∑︁
∑︁ ∞
∥𝑇 ∥ ≤ | 𝑓𝑖, 𝑗 | 𝜆 𝑗 ∥𝑢𝑖 ∥ .
𝑖=1 𝑗=1

Proposição 84. (Versão enumerável usual do resultado


acima) Seja 𝑋 um BS e sejam 𝑎 : N2 → IF e 𝑢 : N2 → 𝑋
famílias tais que:

∞ ∑︁
∑︁ ∞
𝑎𝑖, 𝑗 𝑢𝑖, 𝑗 < ∞.
𝑖=1 𝑗=1

Então
Í∞
(i) 𝑗=1 𝑎 𝑖, 𝑗 𝑢𝑖, 𝑗 CVG para todo 𝑖 ∈ N.

44
Í∞
(ii) 𝑖=1 𝑎 𝑖, 𝑗 𝑢𝑖, 𝑗 CVG para todo 𝑗 ∈ N.

Além disso:
∞ ∑︁
∑︁ ∞
𝑎𝑖, 𝑗 𝑢𝑖, 𝑗
𝑖=1 𝑗=1

e
∞ ∑︁
∑︁ ∞
𝑎𝑖, 𝑗 𝑢𝑖, 𝑗
𝑗=1 𝑖=1

CVG e coincidem. Finalmente, também CVG e coincide


com as duas séries duplas acima a seguinte soma-limite:

∑︁
𝑎𝑖, 𝑗 𝑢𝑖, 𝑗
(𝑖, 𝑗)∈N2

Proposição 85. Seja 𝑋 um HS sejam 𝐼, 𝐽 CNV. Sejam 𝑓 :


𝐼 × 𝐽 → IF, 𝑎 : 𝐽 → IF e 𝑢 : 𝐼 → 𝑋 famílias tais que:

• 𝑢 é uma família ON em 𝑋.

| 𝑓𝑖, 𝑗 | 2 < ∞.
Í Í

𝑖∈𝐼 𝑗 ∈𝐽

|𝑎 𝑗 | 2 < ∞.
Í

𝑗 ∈𝐽
Então:
Í Í Í
(i) Para todo 𝑖 ∈ 𝐼, 𝑓𝑖, 𝑗 𝑎 𝑗 CVG e 𝑓𝑖, 𝑗 𝑎 𝑗 𝑢𝑖 CVG.
𝑗 ∈𝐽 𝑖∈𝐼 𝑗 ∈𝐽

45
Í Í Í
(ii) Para todo 𝑗 ∈ 𝐽, 𝑓𝑖, 𝑗 𝑢𝑖 CVG e 𝑓𝑖, 𝑗 𝑎 𝑗 𝑢𝑖 CVG.
𝑖∈𝐼 𝑗 ∈𝐽 𝑖∈𝐼
Í
(iii) 𝑓𝑖, 𝑗 𝑎 𝑗 𝑢𝑖 CVG e coincide com as duas somas-
(𝑖, 𝑗)∈𝐼×𝐽
limite duplas acima:

∑︁ ∑︁ ∑︁
𝑓𝑖, 𝑗 𝑎 𝑗 𝑢𝑖 𝑢𝑖 = 𝑓𝑖, 𝑗 𝑎 𝑗 𝑢𝑖
𝑗 ∈𝐽 𝑖∈𝐼 (𝑖, 𝑗)∈𝐼×𝐽
∑︁ ∑︁
= 𝑓𝑖, 𝑗 𝑎 𝑗 𝑢𝑖
𝑖∈𝐼 𝑗 ∈𝐽

(iv) Finalmente, tomando 𝐼0 ⊂ 𝐼 e 𝐽0 ⊂ 𝐼 enumerá-


veis tais que 𝑓𝑖, 𝑗 = 0 e 𝑎 𝑗 = 0 para todo (𝑖, 𝑗) ∈
𝐼 × 𝐽 \ 𝐼0 × 𝐽0 , as somas-limite em 𝐼 e 𝐽 acima se
reduzem, respectivamente, a somas-limite enumerá-
veis em 𝐼0 e 𝐽0 que, por sua vez, se reduzem a séries
que independem da indexação de 𝐼0 e 𝐽0 .

Proposição 86. (Versão enumerável usual do resultado


acima) Seja 𝑋 um HS e sejam 𝐴 : N2 → IF, 𝑢 : N → 𝑋 e
𝑣 : N → 𝑋 famílias tais que 𝑢 e 𝑣 são famílias ON e

∞ ∑︁
∑︁ ∞
| 𝐴𝑖, 𝑗 | 2 < ∞.
𝑖=1 𝑗=1

46
Seja 𝑥 ∈ 𝑋. Então: Então
Í∞
(i) 𝑗=1 𝐴𝑖, 𝑗 𝑥 | 𝑢 𝑗 CVG para todo 𝑖 ∈ N.
Í∞ Í∞
(ii) 𝑖=1 𝑗=1 𝐴𝑖, 𝑗 𝑥 | 𝑢 𝑗 𝑣 𝑖 CVG.
Í∞
(iii) 𝑖=1 𝐴𝑖, 𝑗 𝑣 𝑖 CVG para todo 𝑗 ∈ N.
Í∞ Í∞
(iv) 𝑗=1 𝑖=1 𝐴𝑖, 𝑗 𝑥 | 𝑢 𝑗 𝑣 𝑖 CVG.
Í
(v) (𝑖, 𝑗)∈N2 𝐴𝑖, 𝑗 𝑥 | 𝑢 𝑗 𝑣 𝑖 CVG.
Í∞ Í∞
(vi) 𝑗=1 𝑖=1 𝐴𝑖, 𝑗 𝑥 | 𝑢 𝑗 𝑣 𝑖
Í Í∞ Í∞
= (𝑖, 𝑗)∈N2 𝐴𝑖, 𝑗 𝑥 | 𝑢 𝑗 𝑣 𝑖 = 𝑖=1 𝑗=1 𝐴𝑖, 𝑗 𝑥 | 𝑢 𝑗 𝑣 𝑖 .

(vii) Definindo

∞ ∑︁
∑︁ ∞ ∞ ∑︁
∑︁ ∞
𝑇𝑥 := 𝐴𝑖, 𝑗 𝑥 | 𝑢 𝑗 𝑣 𝑖 = 𝐴𝑖, 𝑗 𝑥 | 𝑢 𝑗 𝑣 𝑖 .
𝑗=1 𝑖=1 𝑖=1 𝑗=1

Então 𝑇 ∈ Lco (𝑋) com

1
∞ ∑︁
∞ 2
∑︁
∥𝑇 ∥ ≤ ­ | 𝐴𝑖, 𝑗 | 2 ® .
© ª

« 𝑗=1 𝑖=1 ¬

47
Proposição 87. (Operador dado por núcleo integral) Seja
𝑆 espaço de medida 𝜎-finito. Seja 𝑘 ∈ 𝐿 2 (𝑆 2 ). Dado
𝑥 ∈ 𝐿 2 (𝑋), defina

(𝑇𝑥)(𝑠) = ⟨𝑥 | 𝑘 𝑠 ⟩ , qtp[𝑠 ∈ 𝑆],

ou seja, ∫
(𝑇𝑥)(𝑠) = 𝑘 (𝑠, 𝑡)𝑥(𝑡)𝑑𝑡
𝑆

para qtp 𝑠 ∈ 𝑆. Então:

(i) 𝑇𝑥 ∈ 𝐿 2 (𝑆), para todo 𝑥 ∈ 𝐿 2 (𝑆).

(ii) 𝑇 ∈ L (𝐿 2 (𝑆)) com ∥𝑇 ∥ ≤ ∥𝑘 ∥ 𝐿 2 (𝑆2 ) .

(iii) Se 𝑆 for um subconjunto compacto do IR𝑛 e 𝑘 for


contínuo, então 𝑇𝑥 ∈ 𝐶 0 (𝑆), qualquer que seja 𝑥 ∈
𝐿 2 (𝑆).

(iv) Ponha 𝑘 ∗ (𝑡, 𝑠) := 𝑘 (𝑠, 𝑡). O operador adjunto 𝑇 ∗ é


dado pelo mesmo tipo de operador, usando 𝑘 ∗ no lu-
gar de 𝑘.

(v) Se {𝑒 𝑛 }∞ 2 ∞
𝑛=1 for uma SEQ ON em 𝐿 (𝑆) e {𝜆 𝑛 } 𝑛=1 for

48
uma SEQ em IF. Se valer que 𝑇 𝑒 𝑛 = 𝜆 𝑛 𝑒 𝑛 para todo
𝑛 ∈ N, então 𝜆 ∈ ℓ 2 e ∥𝜆∥ ℓ2 ≤ ∥𝑘 ∥ 𝐿 2 (𝑆2 ) .

(vi) Suponha que 𝐿 2 (𝑆) seja separável. Então 𝑇 é com-


pacto e vale


∞ ∑︁ ∞
2 2
∑︁ ∑︁
∥𝑘 ∥ 2𝐿 2 (𝑆2 ) = 𝑇𝑢 𝑗 | 𝑢𝑖 = 𝑇𝑢 𝑗 <∞
𝑖=1 𝑗=1 𝑗=1

qualquer que seja {𝑢 𝑛 }∞ 2


𝑛=1 BON para 𝐿 (𝑆).

Observação 26. Sobre a proposição 87 acima, vale a pena


ressaltar que o livro, por mais que faça uma demonstra-
ção esquisita, não está errado. O livro trabalha, essencial-
mente, com o operador dado por:

D E ∫
(𝑇𝑥)(𝑠) := 𝑥 | 𝑘 𝑠 = 𝑘 (𝑠, 𝑡)𝑥(𝑡)𝑑𝑡.
𝑆

Na demonstração do Teorema 5, da seção 2.3 há uma pas-

49
sagem que diz:

∫ ∑︁ ∫ ∑︁ ∫ 2
2
| ⟨𝑘 𝑠 | 𝑢 𝑛 ⟩ | 𝑑𝑠 = 𝑘 𝑠 (𝑡)𝑢 𝑛 (𝑡)𝑑𝑡 𝑑𝑠
𝑆 𝑛 𝑆 𝑛 𝑆
∫ ∑︁
= |(𝑇𝑢 𝑛 )(𝑠)| 2 𝑑𝑠
𝑆 𝑛

Não vale, de modo geral, em C que

∫ 2 ∫ 2
𝑓 (𝑡)𝑔(𝑡)𝑑𝑡 = 𝑓 (𝑡)𝑔(𝑡)𝑑𝑡
𝑆 𝑆

o que me fez pensar que a primeira das duas igualdades


acima, usada na demonstração, estaria errada (a segunda
está certa, claramente, por ser somente a definição de 𝑇𝑢 𝑛 ).
Na verdade não! A demonstração do livro está esquisita,
mas não está errada. Primeiro temos
∫ ∑︁
2
∥𝑘 ∥ = | ⟨𝑘 𝑠 | 𝑢 𝑛 ⟩ | 2 𝑑𝑠
𝑆 𝑛

50
Além disso

2
∫ 2
∥𝑘 ∥ 2 = 𝑘 = 𝑘 𝑠 𝑑𝑠
∫ ∑︁ D 𝑆 ∫ ∑︁ D
E2 E2
= 𝑘 𝑠 | 𝑢 𝑛 𝑑𝑠 = 𝑢 𝑛 | 𝑘 𝑠 𝑑𝑠
𝑆 𝑛 𝑆 𝑛
∫ ∑︁
= |(𝑇𝑢 𝑛 )(𝑠)| 2 𝑑𝑠.
𝑆 𝑛

Então, fica provado que


∫ ∑︁ ∫ ∑︁
2
| ⟨𝑘 𝑠 | 𝑢 𝑛 ⟩ | 𝑑𝑠 = |(𝑇𝑢 𝑛 )(𝑠)| 2 𝑑𝑠,
𝑆 𝑛 𝑆 𝑛

pois ambos os valores coincidem com ∥𝑘 ∥ 2 .

Observação 27. Um contra-exemplo mostrando que

∫ 2 ∫ 2
𝑓 (𝑡)𝑔(𝑡)𝑑𝑡 = 𝑓 (𝑡)𝑔(𝑡)𝑑𝑡
𝑆 𝑆

não é sempre verdade. Se IF = IR, então tudo certo, claro;


o problema é o caso IF = C. Um contra-exemplo disso
pode ser obtido pondo 𝑓 (𝑥) = 1 + 𝑥 −2𝑖, 𝑔(𝑥) = 𝑥 2 + 𝑖,
𝑆 = [1, 2] (com a medida de Lebesgue usual), daí tem-se

51
∫ ∫
𝑆
𝑓𝑔 ≠ 𝑠
𝑓𝑔 .

Proposição 88. Seja 𝑆 um espaço de medida 𝜎-finito. Se-


jam 𝑥, 𝑦 ∈ 𝐿 2 (𝑆). Ponha 𝑚(𝑠, 𝑡) = 𝑥(𝑠)𝑦(𝑡). Então 𝑚 ∈
𝐿 2 (𝑆 2 ). com ∥𝑚∥ 𝐿 2 (𝑆2 ) = ∥𝑥∥ 𝐿 2 (𝑆) ∥𝑦∥ 𝐿 2 (𝑆) . Em parti-
cular, como 𝐿 2 (𝑆 2 ) é fechado com relação à operação de
produto, dado 𝑘 ∈ 𝐿 2 (𝑆 2 ), temos 𝑘𝑚 ∈ 𝐿 2 (𝑆 2 ), ou seja,
(𝑠, 𝑡) ∈ 𝑆 2 ↦→ 𝑘 (𝑠, 𝑡)𝑥(𝑠)𝑦(𝑡) é termo do 𝐿 2 (𝑆 2 ).

Observação 28. Acima, pedimos espaço 𝜎-finito por causa


do teorema de Tonelli, que é usado na demonstração.

11 Seção 2.4 - Spectral Theory


Definição 12. Seja 𝑋 NLS e 𝐴 : 𝑋 → 𝑋 linear. Dizemos
que 𝑎 ∈ IF é autovalor de 𝐴 se existe 𝑣 ∈ 𝑋 \ {0} tal
que 𝐴𝑣 = 𝑎𝑣. O conjunto de todos os autovalores de 𝐴 é
denotado por Λ( 𝐴). Cada vetor não nulo 𝑣 ∈ 𝑋 tal que
𝐴𝑣 = 𝑎𝑣 é chamado de autovetor associado ao autovalor 𝑎.
Costuma-se usar a notação Aut𝑎 ( 𝐴) = ker( 𝐴 − 𝑎𝐼).

52
Observação 29. Alguns livros definem autovalor de modo
diferente. Da forma como o Cheney faz, Λ( 𝐴) = {𝑎 ∈ IF :
ker( 𝐴 − 𝑎𝐼) ≠ {0}}.

Proposição 89. Seja 𝑋 um IPS e 𝐴 ∈ 𝐻 (𝑆). Vale 𝐴2 =


∥ 𝐴∥ 2 . Não há necessidade de assumir 𝐴 ∈ L (𝑋).

Observação 30. Sejam 𝑎 ∈ IF, 𝑋 IPS, 𝑌 NLS, 𝑥, 𝑢 ∈ 𝑋,


𝑣 ∈ 𝑌 . Assuma ∥𝑢∥ 𝑋 = 1 e ∥𝑣∥𝑌 = 1. A expressão

𝑎 ⟨𝑥 | 𝑢⟩ 𝑣

tem a seguinte interpretação:

extração do tanto de 𝑥 na direção dada por 𝑢, fazendo uma


mudança de escala dada por 𝑎 e, finalmente, transferindo-
o à direção dada por 𝑣.

Uma outra forma de ver isso é:

extração do tanto de 𝑢 que tem em 𝑥, alterando a sua es-


cala via 𝑎 e transferindo-o para 𝑣.

53
Em resumo, a ideia é que esta operação captura três
fenômenos: extração → mudança de escala → transferên-
cia.
No caso 𝑋 NLS e 𝑢 ∈ 𝑋 ∗ , podemos também falar de

𝑎𝑢(𝑥)𝑣

com a mesma interpretação de extração via 𝑢, redimensi-


onamento por 𝑎 (via produto no corpo IF) e transferência
até 𝑣 (via produto escalar). Uma nota final é que, claro, no
caso do produto interno, ⟨𝑥 | 𝑢⟩ tem a interpretação usual
de projeção. Pode-se pensar então que temos: projeção →
redimensionamento → transferência.

Proposição 90. Seja 𝑋 um IPS e 𝐴 ∈ 𝐻 (𝑋) ∩ Lco (𝑋).


Então, 𝐴 admite pelo menos um autovalor 𝜆 tal que |𝜆| =
∥ 𝐴∥.

Observação 31. Um fato útil na prova do resultado acima


é que 𝐴2 − 𝑎 2 𝐼 = ( 𝐴 − 𝑎𝐼)( 𝐴 + 𝑎𝐼). Isso implica que se o
núcleo de 𝐴2 − 𝑎 2 𝐼 for não trivial, então é porque o núcleo

54
de 𝐴 + 𝑎𝐼 é não-trivial ou o núcleo de 𝐴 − 𝑎𝐼 é não-trivial.

Proposição 91. Sejm, 𝑋 um IPS, 𝐴 ∈ 𝐻 (𝑋), 𝑣 ∈ 𝑋 \ {0}


e 𝑎 ∈ IF. Então 𝐴𝑣 = 𝑎𝑣 só pode ocorrer para 𝑎 ∈ IR.

Proposição 92. Seja 𝑋 um IPS e 𝑇 ∈ 𝐻 (𝑋). Então 𝑇 2 =


∥𝑇 ∥ 2 (em IR, mesmo se 𝑇 ∉ L (𝑋)).

Proposição 93. (Teorema espctral para operadores He-


mitianos compactos em um IPS qualquer) Seja 𝑋 um
IPS e 𝐴 ∈ 𝐻 (𝑋) ∩ Lco (𝑋) não-nulo. Então, existe 𝐿 ∈
N ∪ {∞} e existem sequências (𝜆𝑖 )𝑖=
𝐿 em IR (mesmo se
1
IF = C), (𝑒𝑖 )𝑖=
𝐿 ON em 𝑋 tais que:
1
𝐿
(i) A sequência (|𝜆𝑖 |) 𝑖= 1 é monótona não crescente.

(ii) Se 𝐿 = ∞, então 𝜆𝑖 → 0.
Í𝐿
(iii) 𝐴𝑥 = 𝑖=1 𝜆𝑖 ⟨𝑥 | 𝑒𝑖 ⟩ 𝑒𝑖 para todo 𝑥 ∈ 𝑋.

(iv) Se 𝑎 ∈ IF for autovalor não-nulo de 𝐴, então existe


𝑖 ∈ N com 𝑖 ≤ 𝐿 tal que 𝜆𝑖 = 𝑎.

(v) Dado 𝑎 ∈ IF autovalor não-nulo de 𝐴, então #{𝑖 ∈


N : 𝜆𝑖 = 𝑎} = dim ker( 𝐴 − 𝑎𝐼) < ∞.

55
Observação 32. Certas partes do Teorema Espectral va-
lem isoladamente também.

Proposição 94. Sejam 𝑋 um IPS, 𝐴 ∈ 𝐻 (𝑋), 𝐿 ∈ N ∪


𝐿 SEQ em IF e (𝑒 ) 𝐿 SEQ ON em 𝑋 tais que
{∞}, (𝜆𝑖 )𝑖= 1 𝑖 𝑖=1

𝐿
∑︁
𝐴𝑥 = 𝜆𝑖 ⟨𝑥 | 𝑒𝑖 ⟩ 𝑒𝑖 , ∀𝑥 ∈ 𝑋.
𝑖=1

Seja 𝑎 ∈ IF autovalor não-nulo de 𝐴. Assim, existe 𝑖 ∈ N


com 𝑖 ≤ 𝐿 tal que 𝜆𝑖 = 𝑎.

Proposição 95. Sejam 𝑋 um IPS, 𝐴 ∈ 𝐻 (𝑋), 𝐿 ∈ N ∪


{∞}, (𝜆𝑖 )𝑖=
𝐿 SEQ em IF e (𝑒 ) 𝐿 SEQ ON em 𝑋 tais que
1 𝑖 𝑖=1

𝐿
∑︁
𝐴𝑥 = 𝜆𝑖 ⟨𝑥 | 𝑒𝑖 ⟩ 𝑒𝑖 , ∀𝑥 ∈ 𝑋.
𝑖=1

Seja 𝑎 ∈ IF autovalor não-nulo de 𝐴. Ponha 𝐼𝑎 = {𝑖 ∈ N :


𝑖 ≤ 𝐿, 𝜆𝑖 = 𝑎}. Então

(i) ker( 𝐴 − 𝑎𝐼) = ⟨𝑒𝑖 |𝑖 ∈ 𝐼𝑎 ⟩ se 𝑋 for HS.

(ii) Caso 𝐿 < ∞ ou 𝐿 = ∞ e 𝜆𝑖 → 0, vale ker( 𝐴 − 𝑎𝐼) =

56
⟨{𝑒𝑖 : 𝑖 ∈ 𝐼𝑎 }⟩ e #𝐼𝑎 < ∞.

Proposição 96. (Teorema 2) Sejam 𝑋 um IPS, 𝐿 ∈ N ∪


𝐿 𝐿
{∞}, (𝜆𝑖 ) 𝑖= 1 uma SEQ LTDA em IF, (𝑒𝑖 ) 𝑖=1 SEQ ON em
X, e 𝐴 ∈ Lco (𝑋). Suponha

𝐿
∑︁
𝐴𝑥 = 𝜆𝑖 ⟨𝑥 | 𝑒𝑖 ⟩ 𝑒𝑖 , ∀𝑥 ∈ 𝑋.
𝑖=1

Seja 𝑎 ∈ IF \ {0} tal que 𝑎 ≠ 𝜆𝑖 , qualquer que seja 𝑖 ∈ N.


Então 𝐴 − 𝑎𝐼 é invertível com:

𝐿
−1 −1 1 ∑︁ 𝜆𝑖 ⟨𝑥 | 𝑒𝑖 ⟩
( 𝐴 − 𝑎𝐼) 𝑥 = 𝑥+ 𝑒𝑖 .
𝑎 𝑎 𝑖=1 𝜆𝑖 − 𝑎

Proposição 97. Seja 𝑋 um IPS e {𝑒 𝑛 }∞


𝑛=1 uma SEQ ON

em 𝑋. Seja 𝜆 ∈ ℓ ∞ (IF) e suponha que


∑︁
𝐴𝑥 = 𝜆𝑖 ⟨𝑥 | 𝑒𝑖 ⟩ 𝑒𝑖
𝑖=1

57
esteja bem definido para todo 𝑥 ∈ 𝑋. Ponha

𝑘
∑︁
𝐴 𝑘 𝑥 := 𝜆𝑖 ⟨𝑥 | 𝑒𝑖 ⟩ 𝑒𝑖 , (𝑘 ∈ N)
𝑖=1

e considere:

(i) 𝐴 𝑘 → 𝐴 em L (𝑋).

(ii) 𝜆 𝑘 → 0 em IF.

(iii) 𝐴 ∈ Lco (𝑋).

Então:
(𝑖) =⇒ (𝑖𝑖),

(𝑖𝑖𝑖) =⇒ (𝑖𝑖) e (𝑖).

Observação 33. Vale ressaltar que, na proposição acima,


caso 𝑋 seja HS, o operador 𝐴 sempre está bem definido e
os três itens são equivalentes, na verdade. Isso está enun-
ciado na Proposição 76.

Proposição 98. (Teorema 2, para operadores não com-


pactos em espaços de Hilbert) Sejam 𝑋 HS e {𝑒 𝑛 }∞
𝑛=1 uma

58
SEQ ON em 𝑋. Seja 𝜆 ∈ ℓ ∞ (IF) e ponha


∑︁
𝐴𝑥 = 𝜆𝑖 ⟨𝑥 | 𝑒𝑖 ⟩ 𝑒𝑖 .
𝑖=1

Seja 𝑎 ∈ IF não nulo tal que 𝑎 ∉ {𝜆𝑖 : 𝑖 ∈ N}. Então 𝐴 − 𝑎𝐼


é invertível com


−1 −1 1 ∑︁ 𝜆𝑖 ⟨𝑥 | 𝑒𝑖 ⟩
( 𝐴 − 𝑎𝐼) 𝑥 = 𝑥+ 𝑒𝑖 .
𝑎 𝑎 𝑖=1 𝜆𝑖 − 𝑎

Proposição 99. (Teorema 3) Seja 𝑋 um IPS. Seja 𝐿 ∈


𝐿 𝐿
N ∪ {∞} e seja (𝑒𝑖 ) 𝑖=1 uma SEQ ON em 𝑋. Seja (𝜆𝑖 ) 𝑖=1
SEQ LTDA em IF de termos todos não-nulos. Suponha
que esteja bem definido

𝐿
∑︁
𝐴𝑥 = 𝜆𝑖 ⟨𝑥 | 𝑒𝑖 ⟩ 𝑒𝑖 .
𝑖=1

Ponha 𝑀 = ⟨{𝑒𝑖 : 1 ≤ 𝑖 ≤ 𝐿, 𝑖 ∈ N}⟩. Daí

(i) ker 𝐴 = 𝑀 ⊥ .

(ii) Temos {𝑒𝑖 : 𝑖 ∈ N, 1 ≤ 𝑖 ≤ 𝐿} ortonormal maximal


sss ker 𝐴 = {0}.

59
Proposição 100. (Teorema 5) Seja 𝑋 um HS e seja 𝜆 ∈
ℓ ∞ (IF) de entradas não-nulas. Seja {𝑒 𝑛 }∞
𝑛=1 uma SEQ ON

em 𝑋. Ponha


∑︁
𝐴𝑥 = 𝜆𝑖 ⟨𝑥 | 𝑒𝑖 ⟩ 𝑒𝑖 .
𝑖=1

Í∞ −1
Se 𝑣 ∈ 𝐴(𝑋), fica bem definido 𝑥 = 𝑖=1 𝜆𝑖 ⟨𝑣 | 𝑒𝑖 ⟩ 𝑒𝑖
(i.e. a série converge) e 𝐴𝑥 = 𝑣.

Observação 34. O resultado acima tem uma versão óbvia


para um oprador do mesmo tipo que 𝐴, porém com ima-
gem finita.

Exemplo 1. 𝑋 = 𝐿 2 (𝑆), 𝑆 = [0, 1], medida de Lebesgue


usual. Use IF = IR. Ponha


 (1 − 𝑠)𝑡, 0 ≤ 𝑡 ≤ 𝑠 ≤ 1;



𝐺 (𝑠, 𝑡) =
 (1 − 𝑡)𝑠, 0 ≤ 𝑠 ≤ 𝑡 ≤ 1.


e ∫ 1
( 𝐴𝑥)(𝑡) = 𝐺 (𝑠, 𝑡)𝑥(𝑠)𝑑𝑠.
0

60
Alguns fatos sobre este exemplo.

(i) Se 𝑥 ∈ 𝐶 0 (𝑆), ponha 𝑋 ∈ 𝐶 1 (𝑆) tal que 𝑋 ′ = 𝑥.


∫1 ∫𝑡
Neste caso, ( 𝐴𝑥)(𝑡) = 𝑡 0 𝑋 (𝑠)𝑑𝑠 − 0 𝑋 (𝑠)𝑑𝑠.

(ii) Pondo 𝑢 𝑛 (𝑠) = sin(2𝑛𝜋𝑠), concluímos que 𝐴𝑢 𝑛 =


1
𝑢 .
( 2𝑛𝜋) 2 𝑛

(iii) O livro afirma que estes são todos os autovalores não-


nulos de 𝐴.

(iv) Temos 𝐺 ∈ 𝐿 2 (𝑆 2 ). 𝐺 (𝑠, 𝑡) = 𝐺 (𝑡, 𝑠) para todo


𝑡, 𝑠 ∈ 𝑆. Logo 𝐴 ∈ 𝐻 (𝐿 2 (𝑆)). Além disso, 𝐴 ∈
Lco (𝐿 2 (𝑋))

1
(v) Pondo 𝑒𝑖 = ∥𝑢 𝑖 ∥ 𝑢𝑖 , o Teorena Espectral para opera-
dores compactos e auto-adjuntos fornece que 𝐴𝑥 =
Í∞ 1
𝑖=1 ( 2𝜋𝑛) 2 ⟨𝑥 | 𝑒𝑖 ⟩ 𝑒𝑖 para todo 𝑥 ∈ 𝑋.

(vi) Podemos então resolver 𝐴𝑥 = 𝑦, para 𝑦 ∈ 𝑅( 𝐴),


colocando então


∑︁
𝑥0 = (2𝜋𝑛) 2 ⟨𝑦 | 𝑒𝑖 ⟩ 𝑒𝑖 .
𝑖=1

61
Assim 𝐴𝑥0 = 𝑦.

Exemplo 2. (Equações Integrais de Fredholm)



𝐾 (𝑠, 𝑡)𝑥(𝑡)𝑑𝑡 = 𝑓 (𝑠) (1)
𝑆

com 𝐾, 𝑓 dados. Assuma 𝑆 um espaço de medida 𝜎-finito


tal que 𝐿 2 (𝑆) é separável. Assuma 𝐾 ∈ 𝐿 2 (𝑆 2 ). Seja
D E
2
𝑇 ∈ Lco (𝐿 (𝑆)) dado por (𝑇𝑥)(𝑠) = 𝑥 | 𝐾 (𝑠, ·) . Seja
{𝑢 𝑛 }∞ 2 2
𝑛=1 BON para 𝐿 (𝑆). Assuma 𝑓 ∈ 𝐿 (𝑆).

(i) Se dim 𝐿 2 (𝑆) = ∞, então 𝑇 não pode ser sobrejetora.


A equação (1) nem sempre tem solução no 𝐿 2 (𝑆).

(ii) Defina 𝑎𝑖, 𝑗 = 𝑇𝑢𝑖 | 𝑢 𝑗 . Se 𝑓 ∈ 𝑇 (𝐿 2 (𝑆)), ou seja,


se a equação 1 tem solução, então


∑︁
⟨ 𝑓 | 𝑢𝑖 ⟩ = 𝑎𝑖, 𝑗 𝑥 | 𝑢 𝑗 .
𝑗=1

(iii) Queremos então resolver o sistema infinito de equa-


ções lineares acima. Na prática podemos truncá-lo
resolvendo 𝐴 (𝑛) 𝜉 (𝑛) = 𝛽 (𝑛) , sendo que 𝐴𝑖,(𝑛)𝑗 = 𝑎𝑖, 𝑗 ,

62
𝛽𝑖(𝑛) = ⟨ 𝑓 | 𝑢𝑖 ⟩ e 𝜉 (𝑛)
𝑗 ≈ 𝑥 | 𝑢 𝑗 para todo 0 ≤ 𝑖, 𝑗 ≤
𝑛. A ideia é que 𝑥 𝑛 = 𝑛𝑛=1 𝜉 (𝑛) (𝑛) ≈
Í
𝑗 𝑢 𝑗 ≈ 𝑥 e 𝑇𝑥 𝑛 = 𝛽
𝑓.

(iv) Fazer este método funciona envolve mostrar que 𝑓 ∈


𝑇 (𝐿 2 (𝑆)) e também mostrar a convergência e estabi-
lidade do procedimento acima.

(v) Se 𝐾 for um núcleo separável (ou ainda degenerado):

𝑛
∑︁
𝐾 (𝑠, 𝑡) = ℎ𝑖 (𝑠)𝑔𝑖 (𝑡),
𝑖=1

Í𝑛
temos 𝑇𝑥 = 𝑖=1 ⟨𝑥 | 𝑔𝑖 ⟩ ℎ𝑖 . 𝑇 é um operador com
imagem de dimensão finita. Se as sequências (ℎ𝑖 )𝑖=
𝑛
1
e (𝑔𝑖 )𝑖=
𝑛 forem ambas LI, então para qualquer 𝑓 ∈
1
⟨{ℎ𝑖 : 1 ≤ 𝑖 ≤ 𝑛}⟩, a equação 1 tem solução.

(vi) Suponha que 𝐾 seja Hemitiano, ou seja, 𝐾 (𝑠, 𝑡) =


𝐾 (𝑡, 𝑠). Temos aqui 𝑇 ∈ Lco (𝐿 2 ) ∩ 𝐻 (𝐿 2 (𝑆)). Seja
(𝑒𝑖 )𝑖=
𝐿 , 𝐿 ∈ N ∪ {∞}, SEQ ON junto de (𝜆 ) 𝐿 SEQ
1 𝑖 𝑖=1

63
em IR fornecidas pelo Teorema Espectral;

𝐿
∑︁
𝑇𝑥 = 𝜆𝑖 ⟨𝑥 | 𝑒𝑖 ⟩ 𝑒𝑖
𝑖=1

2
Í𝐿 ⟨ 𝑓 | 𝑒𝑖 ⟩
Vale também que 𝑓 ∈ 𝑇 (𝑋) sss 𝑖=1 𝜆𝑖 <∞e
𝑓 ∈ ⟨{𝑒𝑖 : 𝑖 ∈ N, 𝑖 ≤ 𝐿}⟩. Além disso, se 𝑓 ∈ 𝑇 (𝑋),
temos 𝑥0 abaixo bem definito (a série converge, no
caso de 𝐿 = ∞) e 𝑇𝑥 0 = 𝑓 , sendo

𝐿
∑︁ 1
𝑥0 = ⟨ 𝑓 | 𝑒𝑖 ⟩ 𝑒𝑖 .
𝑖=1
𝜆 𝑖

Proposição 101. Sejam 𝑋 um HS, {𝑒 𝑛 }∞


𝑛=1 uma SEQ ON

em 𝑋, 𝜆 ∈ ℓ ∞ (IF). Ponha


∑︁
𝑇𝑥 = 𝜆𝑖 ⟨𝑥 | 𝑒𝑖 ⟩ 𝑒𝑖 .
𝑖=1

Ponha 𝐼 = {𝑖 ∈ N : 𝜆𝑖 ≠ 0} e 𝑌 = ⟨{𝑒𝑖 : 𝑖 ∈ 𝐼}⟩. Seja


𝑓 ∈ 𝑋. Então:

(i) Se #𝐼 < ∞, então 𝑇𝑥 = 𝑓 tem solução sss 𝑓 ∈ 𝑌 .

64
(ii) Se #𝐼 = ∞, então: 𝑇𝑥 = 𝑓 tem solução sss 𝑓 ∈ 𝑌
2
e 𝑖∈𝐼 ⟨ 𝑓 𝜆| 𝑖𝑒𝑖 ⟩ < ∞. Em caso afirmativo, temos 𝑥0
Í

abaixo bem definido (i.e. a série converge) e 𝑇𝑥0 = 𝑓 ,


sendo
∑︁ 1
𝑥0 = ⟨ 𝑓 | 𝑒𝑖 ⟩ 𝑒𝑖 .
𝑖∈𝐼
𝜆 𝑖

Observação 35. Acima, está sendo assumido que 𝑋 tem


dimensão infinita por causa da existência da SEQ ON em
𝑋. A adaptação para o caso dim 𝑋 < ∞ é óbvia.

Proposição 102. (Teorema 6, SVD, Singular Values De-


composition) Seja 𝑋 um HS e 𝐴 ∈ Lco (𝑋). Suponha 𝑋
separável. Existe então (𝑢𝑖 )𝑖=
𝑀 BON para 𝑋 e (𝑣 ) 𝑀 SEQ
1 𝑖 𝑖=1

OG em 𝑋, sendo 𝑀 ∈ N ∪ {∞} (assuma 𝑋 não trivial), tais


que:
Í𝑀
(i) 𝐴𝑥 = 𝑖=1 ⟨𝑥 | 𝑢𝑖 ⟩ 𝑣 𝑖 .

(ii) 𝑀 < ∞ ou então ∥𝑣 𝑖 ∥ → 0 (𝑖 → ∞).

Definição 13. (Operadores de Hilbert-Schmidt) Sejam


𝑋 um IPS, 𝑌 um NLS e 𝐴 : 𝑋 → 𝑌 linear. Dizemos que
𝐴 é um operador de Hilbert-Schmidt se existe uma BON

65
[𝑢 𝛼 : 𝛼 ∈ 𝐼] para 𝑋 tal que

∑︁
∥ 𝐴𝑢 𝛼 ∥ 2 < ∞.
𝛼∈𝐼

Observação 36. O usual acima é assumir 𝑋 = 𝑌 , que am-


bos são HS e 𝐴 ∈ L (𝑋). Isso é justificado pelo próximo
resultado.

Proposição 103. Sejam 𝑋 HS e 𝐴 ∈ L (𝑋). Sejam [𝑢 𝛼 :


𝛼 ∈ 𝐼] e [𝑣 𝛽 : 𝛽 ∈ 𝐽] duas BON para 𝑋. Então:
2
∥ 𝐴𝑢 𝛼 ∥ 2 =
Í Í
(i) 𝛼∈𝐼 𝛽∈𝐽 𝐴𝑣 𝛽 .

∥ 𝐴𝑢 𝛼 ∥ 2 = ∥ 𝐴∗ 𝑢 𝛼 ∥ 2
Í Í
(ii) 𝛼∈𝐼 𝛼∈𝐼

Definição 14. Seja 𝑋 um HS. Defina

! 21
∑︁
𝜌 𝐻𝑆 ( 𝐴) = ∥ 𝐴𝑢 𝛼 ∥ 2
𝛼∈𝐼

qualquer que seja 𝐴 ∈ L (𝑋) e [𝑢 𝛼 : 𝛼 ∈ 𝐼] BON de 𝑋. A


proposição acima dá a boa definição de 𝜌 𝐻𝑆 . Defina

L 𝐻𝑆 (𝑋) = { 𝐴 ∈ L (𝑋) : 𝜌 𝐻𝑆 ( 𝐴) < ∞}.

66
Proposição 104. Seja 𝑋 um HS. Daí L 𝐻𝑆 (𝑋) ≤ L (𝑋)
é subespaço vetorial. Não só isso, 𝜌 𝐻𝑆 é uma norma em
L 𝐻𝑆 (𝑋).

Exemplo 3. • Se 𝑋 for um HS com dim 𝑋 = ∞, 𝐼𝑑 ∉


L 𝐻𝑆 (𝑋).

• Os tais operadores dados por um núcleo integral

D E
(𝑇𝑥)(𝑠) = 𝑥 | 𝐾 (𝑠, ·)

para 𝐾 ∈ 𝐿 2 (𝑆 2 ), 𝑆 espaço de medida 𝜎-finito com


𝐿 2 (𝑆) separável, são membros de L 𝐻𝑆 (𝐿 2 (𝑆)).

Proposição 105. (Exercício 2, seção 2.4) Seja 𝑋 um HS


e seja {𝑢 𝑛 }∞ ∞
𝑛=1 uma BON para 𝑋. Seja 𝛼 ∈ ℓ (IF). Ponha


∑︁
𝐴𝑥 := 𝛼 ⟨𝑥 | 𝑢𝑖 ⟩ 𝑢𝑖 .
1=𝑖

Então, são equivalentes:

(i) Existe 𝐴−1 ∈ L (𝑋).

67
(ii) Existe 𝑐 > 0 tal que ∀𝑖 ∈ N, |𝛼𝑖 | ≥ 𝑐.

Proposição 106. (Exercício 5, Seção 2.4) Seja 𝑋 um HS


e seja 𝑌 ≤ 𝑋 um subespaço. Seja 𝐴 : 𝑌 → 𝑋 linear
(talvez ilimitada). Suponha que 𝐴 seja bijeção com 𝐴−1
seja compacta. Suponha que 𝑎 ∈ IF é tal que ( 𝐴 − 𝑎𝐼) é
bijeção. Então ( 𝐴 − 𝑎𝐼) −1 é compacta.

Proposição 107. Sejam 𝑋, 𝑌 NLS. Defina

GL (𝑋) := { 𝐴 ∈ L (𝑋) : 𝐴 é bijeção com inversa contínua}.

Suponha 𝑋 HS e seja então 𝐴 ∈ GL (𝑋). Daí 𝐴∗ ∈ GL (𝑋)


com ( 𝐴∗ ) −1 = ( 𝐴−1 ) ∗ .

Proposição 108. (Exercício 7, Seção 2.4) Este exercício


contém erros. O que segue é a versão corrigida do resul-
tado.
Seja 𝑋 um IPS e seja 𝐴 : 𝑋 → 𝑋 linear. Então:

(a) Se 𝑋 for HS, Λ( 𝐴) = Λ( 𝐴∗ ) não necessariamente é


verdadeiro.

68
(b) Se 𝐴 for bijeção, então Λ( 𝐴−1 ) {1/𝑎 : 𝑎 ∈ Λ( 𝐴)}

(c) {𝑎 𝑛 : 𝑎 ∈ Λ( 𝐴)} ⊂ Λ( 𝐴𝑛 ).

(d) Defina 𝜎( 𝐴) = {𝜆 ∈ IF : 𝐴−𝜆𝐼 tem inversa limitada.}.


Então 𝜎( 𝐴) = 𝜎( 𝐴∗ ).

Observação 37. O item (a) acima que o livro diz ser ver-
dadeiro, mas não é. Um contra exemplo é fornecido por:
𝑋 = ℓ 2 (N), IF = N, denote 𝑥 ∈ 𝑋 como 𝑥 = (𝑥1 , 𝑥2 , ...),
𝑇𝑥 := (𝑥2 , 𝑥3 , ....) e 𝑆𝑥 = (0, 𝑥1 , 𝑥2 , ...). Vale que 𝑇 ∗ = 𝑆,
ambos estão em L (𝑋) e também ∥𝑇 ∥ = ∥𝑆∥ = 1. Temos
Λ(𝑆) = ∅ e temos Λ(𝑇) = (−1, 1). Não há necessidade
de tomar IF = IR aqui. Pode-se tomar IF = C. Aqui, não
fiz as contas, mas certamente se obtem que Λ(𝑆) = ∅ e
[|𝑧| < 1] ⊂ Λ(𝑇). Note que se 𝑧 ∈ C cumpre |𝑧| < 1,
pondo ˆ𝑧 = (𝑧 𝑗 ) ∞ 𝑧 ∈ ℓ 2 e 𝑇 ˆ𝑧 = 𝑧ˆ𝑧.
𝑗=1 , tem-se ˆ

Observação 38. O item (d) acima é o que é usado como


a definição de autovalor em alguns outros livros, acho. Eu
sei que existem noções associadas à noção de autovalor
(espectro, valor característico) que são parecidas, mas não

69
exatamente. Talvez esse objeto em (d) seja uma delas.

Proposição 109. (Exercício 10, Seção 2.4) Seja 𝑋 um HS


e 𝑌 ≤ 𝑋 um subespaço fechado. Seja 𝑃 a projeção ortogo-
nal de 𝑋 sobre 𝑌 . Então 𝐼 − 𝑃 é a projeção ortogonal de 𝑋
sobre 𝑌 ⊥ . Além disso:

1. Se 𝑌 = 0, Λ(𝑃) = {0}.

2. Se 𝑌 ⊥ = 0, Λ(𝑃) = {1}.

3. Caso contrário, Λ(𝑃) = {0, 1}.

Proposição 110. (Exercício 11, Seção 2.4) Seja 𝑋 um


EVet e 𝐴, 𝐵 : 𝑋 → 𝑋 lineares. Suponha 𝐴𝐵 = 𝐵𝐴 e
que 𝐵 é bijeção. Logo 𝐴𝐵−1 = 𝐵−1 𝐴, ou seja, se 𝐴 comuta
com 𝐵, então também comuta com sua inversa, caso exista.

Proposição 111. (Exercício 15, Seção 2.4) Seja 𝑋 um HS


e sejam {𝑒 𝑛 }∞ ∞
𝑛=1 e {𝜆 𝑛 } 𝑛=1 SEQs, respectivamente, em 𝑋

ON e em IF limitada. Defina


∑︁
𝐴𝑥 = 𝜆𝑖 ⟨𝑥 | 𝑒𝑖 ⟩ 𝑒𝑖 .
𝑖=1

70
Assim Λ( 𝐴) ⊂ {0} ∪ {𝜆𝑖 : 1 ≤ 𝑖 < ∞}.

Proposição 112. (Exercício 16, seção 2.4) Seja 𝛾 ∈ IR


dado. Considere o espaço 𝑋 = {𝑥 ∈ 𝐶 2 ([0, 1]) : 𝑥(0) =
0, 𝑥 ′ (1) + 𝛾𝑥(1) = 0}. Ponha 𝐴𝑥 = −𝑥 ′′. Sobre os autova-
lores de 𝐴, vale:

(i) Se 0 ∈ Λ( 𝐴), então 𝛾 = −1.

(ii) Se 𝛼 = 𝛽2 ∈ Λ( 𝐴), 𝛽 > 0, então 𝛽 cos(𝛽) = −𝛾 sin(𝛽).


Além disso, sin(𝛽) ≠ 0 e, logo, 𝛾 = −𝛽 cot(𝛽).

(iii) Se 𝛼 = −𝛽2 < 0, 𝛽 > 0, for autovalor de 𝐴, então


−(𝑒 2 𝛽 +1) 𝛽
𝑒 2 𝛽 (𝛽 + 𝛾) + 𝛽 − 𝛾 = 0, ou ainda 𝛾 = 𝑒 2 𝛽 −1
< 0.

(iv) Se 𝛾 ≥ −1, não temos autovalores negativos para 𝐴.


Se 𝛾 < −1, 𝐴 admite exatamente um autovalor ne-
gativo 𝛼 = −𝛽2 sendo que 𝛽 e 𝛾 estão relacionados
como no item acima.

(v) Se 𝛾 = −1, 0 ∈ Λ( 𝐴) sendo que 𝑥(𝑡) = 𝑎 0 𝑡 (𝑥 ∈ 𝑋),


𝑎 0 ∈ IR, cumpre 𝐴𝑥 = 0𝑥.

−(𝑒 2 𝛽 +1) 𝛽
(vi) Se 𝛽 > 0, então sempre vale 𝑒 2 𝛽 −1
< −1. Ponha

71
−(𝑒 2 𝛽 +1) 𝛽
𝛼 = −𝛽2 . Se 𝛾 = 𝑒 2 𝛽 −1
, então 𝛼 ∈ Λ( 𝐴). Além
disso, dado 𝑎 0 ∈ IR temos que 𝐴𝑥 = 𝛼𝑥 com 𝑥(𝑡) =
𝑎 0 𝑒 𝛽𝑡 − 𝑎 0 𝑒 −𝛽𝑡 (𝑥 ∈ 𝑋).

(vii) Se 𝛽 > 0, 𝛼 = 𝛽2 tal que 𝛽 cos(𝛽) = −𝛾 sin(𝛽),


𝛼 ∈ Λ( 𝐴). Além disso para 𝑏 0 ∈ IR, temos 𝑥(𝑡) =
𝑏 0 sin(𝛽𝑡) tal que 𝐴𝑥 = 𝛼𝑥.

Proposição 113. (Exercício 17, Seção 2.4) Seja 𝑋 um HS


e 𝐴 ∈ L (𝑋). Sejam 𝑥, 𝑦 ∈ 𝑋 e 𝜆, 𝜇 ∈ IF tais que 𝐴𝑥 = 𝜆𝑥
e 𝐴∗ 𝑦 = 𝜇𝑦. Se 𝜆 ≠ 𝜇, então 𝑥 ⊥ 𝑦.

Proposição 114. (Exercício 18, Seção 2.4) Seja 𝑋 um IPS


e 𝐴 : 𝑋 → 𝑋 linear (talvez ilimitada). Suponha que 𝑥 ∈ 𝑋
é tal que 𝐴𝑥 ≠ 0. Então 𝐴𝑛 𝑥 ≠ 0, ∀𝑛 ∈ N0 .

Proposição 115. (Exercício 19, Seção 2.4) Seja 𝑋 um HS


e 𝐴 ∈ Lco (𝑋) ∩ 𝐻 (𝑋). Então 𝐴 é limite de uma SEQ de
combinações lineares de projeções ortogonais.

Proposição 116. (Exercício 20, Seção 2.4) Seja 𝑋 um


EVet. e seja 𝜆 > 0 tal que 𝐴 : 𝑋 → 𝑋 linear tem

72
√ √
𝜆 ∈ Λ( 𝐴2 ). então 𝜆 ou − 𝜆 é autovalor de 𝐴.

Proposição 117. (Exercício 27, Seção 2.4) Seja 𝑋 um


HS. Sejam 𝐴, 𝐵 ∈ Lco (𝑋) ∩ 𝐻 (𝑋). Suponha 𝐴𝐵 = 𝐵𝐴.
Mostre que existem 𝐿 ∈ N0 ∪ {∞} e SEQs (𝑒𝑖 )𝑖=
𝐿 ON,
1
𝐿 em IF e (𝜇 ) 𝐿 em IF tais que
(𝜆𝑖 )𝑖=1 𝑖 𝑖=1

𝐿
∑︁
𝐴𝑥 = 𝜆𝑖 ⟨𝑥 | 𝑒𝑖 ⟩ 𝑒𝑖
𝑖=1

e
𝐿
∑︁
𝐵𝑥 = 𝜇𝑖 ⟨𝑥 | 𝑒𝑖 ⟩ 𝑒𝑖 ,
𝑖=1

ou seja, podemos fazer a diagonalização simultânea de 𝐴


e 𝐵. Além disso, pode-se obter estas sequências de modo
que valha 𝜆𝑖2 + 𝜇𝑖2 > 0 para todo 𝑖. Além disso 𝐿 < ∞ ou
então (𝜆𝑖 , 𝜇𝑖 ) → (0, 0).

Proposição 118. (Exercício 28, Seção 2.4 - Teorema es-


pectral para operadores anti-hermitianos compactos)
Seja 𝑋 HS e seja 𝐴 ∈ L (𝑋). Dizemos que 𝐴 é anti-
hermitiano se 𝐴∗ = −𝐴. Suponha 𝐴Lco (𝑋) e 𝐴 anti-

73
hermitiano. Assuma IF = C. Vale então uma versão o
teorema espectral para 𝐴. Existe 𝐿 ∈ N0 ∪ {0} uma SEQ
ON (𝑒𝑖 )𝑖=
𝐿 e uma SEQ em IR de termos não-nulos (𝜆 ) 𝐿
1 𝑖 𝑖=1

tais que
𝐿
Í
(i) 𝐴𝑥 = −𝑖𝜆 𝑗 𝑥 | 𝑒 𝑗 𝑒 𝑗 .
𝑗=1

(ii) Todos os autovalores não-nulos de 𝐴 são da forma


−𝑖𝜆 𝑗 para algum 𝑗 ∈ N, 𝑗 ≤ 𝐿.

(iii) Se 𝛼 ∈ Λ( 𝐴) for não-nulo, então dim 𝐴𝑢𝑡 𝐴 (𝛼) =


𝑑𝛼 < ∞ sendo 𝑑𝛼 = #{ 𝑗 ∈ N : 𝑗 ≤ 𝐿, −𝑖𝜆 𝑗 = 𝛼}.

(iv) 𝐿 < ∞ ou 𝜆 𝑗 → 0 ( 𝑗 → ∞).

Proposição 119. (Exercício 29, Seção 2.4 - Teorema es-


pectral para operadores normais compactos) Seja 𝑋 HS
e seja 𝐴 ∈ Lco (𝑋). Suponha 𝐴 normal (i.e. 𝐴∗ 𝐴 = 𝐴𝐴∗ ).
Vale uma versão do teorema espectral para 𝐴. Existe, 𝐿 ∈
N0 ∪{∞}, SEQ ON em 𝑋, (𝑒𝑖 )𝑖=
𝐿 , e sequências de números
1
reais (𝛼𝑖 )𝑖=
𝐿 e (𝛽 ) 𝐿 tais que:
1 𝑖 𝑖=1

𝐿
Í
(i) 𝐴𝑥 = (𝛼 𝑗 − 𝑖𝛽 𝑗) 𝑥 | 𝑒 𝑗 𝑒 𝑗 .
𝑗=1

74
(ii) 𝛼 𝑗 − 𝑖𝛽 𝑗 ≠ 0 para todo 𝑗 ∈ N com 𝑗 ≤ 𝐿.

(iii) 𝐿 < ∞ ou 𝛼 𝑗 − 𝑖𝛽 𝑗 → 0 ( 𝑗 → ∞).

(iv) Todos os autovalores não-nulos de 𝐴 estão contem-


plados na sequência (𝛼 𝑗 − 𝑖𝛽 𝑗 ) 𝐿𝑗=1 .

(v) Ponha 𝐴𝐻 = ( 𝐴 + 𝐴∗ )/2 e 𝐴𝑆𝐻 = ( 𝐴 − 𝐴∗ )/2. Todos


os autovalores de 𝐴𝐻 estão conteplados na sequência
(𝛼 𝑗 ) 𝐿𝑗=1 . Todos os autovalores de 𝐴𝑆𝐻 estão contem-
plados na sequência (−𝑖𝛽 𝑗 ) 𝐿𝑗=1 .

(vi) Dado 𝜆 ∈ Λ( 𝐴), dim 𝐴𝑢𝑡 𝐴 (𝜆) = 𝑑𝜆 < ∞ sendo 𝑑𝜆 =


#{ 𝑗 ∈ N : 𝑗 ≤ 𝐿, 𝛼 𝑗 − 𝑖𝛽 𝑗 = 𝜆}.

Proposição 120. (Exercício 31, Seção 2.4) Sejam 𝑋, 𝑌


um NLS com dim 𝑌 = ∞. Seja 𝐴 ∈ Lco (𝑋, 𝑌 ). Então
𝐴 não pode ser invertível ou tem inversa ilimitada. Mais
precisamente:

(i) Se 𝐴 for bijeção, então 𝐴−1 ∉ L (𝑌 , 𝑋).

(ii) Caso 𝑋 e 𝑌 sejam BS, 𝐴 não pode ser bijeção.

75
Exemplo 4. (xercício 31, Seção 2.4) Seja 𝑋 = ℓ 2 (N) e
(𝑇𝑥)𝑛 := 1𝑛 𝑥 𝑛 . Vale que 𝑇 ∈ Lco (𝑋). Temos 𝑇 injetora.
Ponha 𝑌 = 𝑅(𝑇). Daí 𝑇 : 𝑋 → 𝑅(𝑇) é um operador bije-
tivo de 𝑋 (HS) sobre 𝑌 com dim 𝑌 = ∞. Este exemplo tem
a ver com o item (i) da proposição acima. 𝑇 −1 não pode
ser limitada (é fácil ver que não é). Não só isso, também
pode-se concluir que 𝑌 não é fechado pois, se fosse, 𝑌 se-
ria HS também e (ii) nos permite concluir que 𝑇 não pode
ser bijeção.

Observação 39. Parece ser comum, na Análise Funcional,


dizer que um operador não é invertível querendo dizer que
ou ele não é bijeção, ou ele é bijeção, mas com inversa
ilimitada.

Proposição 121. (Exercício 24, Seção 2.4) Seja 𝑋 um HS


e seja 𝐴 ∈ L (𝑋). Seja {𝜆 𝑛 }∞
𝑛=1 uma SEQ LTDA em IF e

seja {𝑒 𝑛 }∞
𝑛=1 uma SEQ ON em 𝑋. Suponha que


∑︁
𝐴𝑥 = 𝜆𝑖 ⟨𝑥 | 𝑒𝑖 ⟩ 𝑒𝑖 .
𝑖=1

76
Sejam 𝜇 ∈ IF e 𝑏 ∈ 𝑋. Defina 𝑌 = ⟨{𝑒𝑖 : 𝑖 ∈ N}⟩. Sobre a
equação
𝐴𝑥 − 𝜇𝑥 = 𝑏 (★)

e suas soluções, temos os seguintes fatos.

(i) Ponha 𝑏 = 𝑏𝑌 + 𝑏𝑌 ⊥ sendo 𝑏𝑌 a projeção ortogonal


de 𝑏 em 𝑌 e 𝑏𝑌 ⊥ a projeção ortogonal de 𝑏 sobre 𝑌 ⊥ .
Resolver a equação (★) é equivalente a resolver as
equações:

𝐴𝑥1 − 𝜇𝑥 1 = 𝑏𝑌 (𝑥1 ∈ 𝑌 ) (★1 )

e
−𝜇𝑥 2 = 𝑏𝑌 ⊥ (𝑥2 ∈ 𝑌 ⊥ ).

(ii) Sobre a equação −𝜇𝑥 2 = 𝑏𝑌 ⊥ . Esta tem solução se, e


somente se, 𝑏𝑌 ⊥ = 0 ou 𝜇 ≠ 0. Caso 𝑏𝑌 ⊥ = 0, então
𝑥2 é qualquer em 𝑌 ⊥ . Caso contrário, devemos ter
−1 ⊥
𝜇 ≠ 0 e 𝑥2 = 𝜇 𝑏𝑌 . Para que a equação (★) tenha
solução, é necessário, então, que 𝑏𝑌 ⊥ = 0 ou 𝜇 ≠ 0.

(iii) Entenda que 𝐴𝑢𝑡 𝐴 (𝜇) = 0 se 𝜇 não for autovalor de

77
𝐴. Ponha


|𝑘 𝑖 | 2


 ∑︁ 


2
𝑍𝜇 = 𝑘 ∈ ℓ : < ∞, 𝑘 𝑖 = 0 se 𝜆 𝑖 = 𝜇 .

𝑖=1,𝜆𝑖 ≠𝜇
|𝜆𝑖 − 𝜇| 2 
 

Ponha 𝑏ˆ = (⟨𝑏 | 𝑒𝑖 ⟩)𝑖=


∞ . Aqui, (★ ) tem solução sss
1 1

𝑏ˆ ∈ 𝑍 𝜇 . No caso afirmativo, a solução é dada por

∑︁ ⟨𝑏 | 𝑒𝑖 ⟩
𝑥 1 = 𝑥1′ + 𝑒𝑖
𝑖=1,𝜆𝑖 ≠𝜇
𝜆𝑖 − 𝜇

sendo 𝑥1′ ∈ 𝐴𝑢𝑡 𝐴 (𝜇) = ⟨{𝑒𝑖 : 𝜆𝑖 = 𝜇}⟩ qualquer.

Sobre 𝑍 𝜇 e 𝐴𝑢𝑡 𝐴 (𝜇), podemos afirmar o seguinte:

(i) Se 𝜇 ∉ Λ( 𝐴), 𝑍 𝜇 = ℓ 2 e 𝐴𝑢𝑡 𝐴 (𝜇) = 0.

(ii) Se 𝜇 ∈ Λ( 𝐴), mas 𝜇 ∉ {𝜆 ∈ Λ( 𝐴) : 𝜆 ≠ 𝜇}, ou seja,


se 𝜇 for um autovalor isolado de 𝐴, então

𝑍 𝜇 = 𝑘 ∈ ℓ 2 : 𝑘 𝑖 = 0 se 𝜆𝑖 = 𝜇 .


e 𝐴𝑢𝑡 𝐴 (𝜇) = ⟨{𝑒𝑖 : 𝜇 = 𝜆𝑖 }⟩ ≠ 0

78
(iii) Caso 𝜇 ∈ Λ( 𝐴) \ Λ( 𝐴), então
( ∞
)
∑︁ |2
|𝑘 𝑖
𝑍 = 𝑘 ∈ ℓ2 : <∞ .
𝑖=1
|𝜆𝑖 − 𝜇| 2

e 𝐴𝑢𝑡 𝐴 (𝜇) = 0.

(iv) Caso 𝜇 ∈ Λ( 𝐴) ∩Λ( 𝐴), não há simplificação para 𝑍 𝜇


e 𝐴𝑢𝑡 𝐴 (𝜇) = ⟨{𝑒𝑖 : 𝜆𝑖 = 𝜇}⟩ ≠ 0.

Observação 40. No contexto da proposiçã acima, é sem-


pre necessário que 𝑏 ⊥ 𝐴𝑢𝑡 𝐴 (𝜇). Além disso, é comum
tomar os números 𝜆𝑖 não nulos, de modo que 𝑌 ⊥ = ker 𝐴 e
𝑅( 𝐴) = 𝑌 .

Proposição 122. (Exercício 37, Seção 2.4) Seja 𝑋 um HS


e 𝐴 ∈ L 𝐻𝑆 (𝑋). Então 𝐴 é compacto, ou seja, L 𝐻𝑆 (𝑋) ⊂
Lco (𝑋).

Proposição 123. (Exercício 38, Seção 2.4) Sejam 𝑋, 𝑌


IPS com 𝑌 HS. Seja 𝐴 ∈ L (𝑋, 𝑌 ) dado por


∑︁
𝐴𝑥 = ⟨𝑥 | 𝑢𝑖 ⟩ 𝑣 𝑖
𝑖=1

79
com {𝑣 𝑛 }∞ ∞
𝑛=1 uma SEQ OG em Y e com {𝑢 𝑛 } 𝑛=1 uma SEQ

ON em 𝑋. Se ∥𝑣 𝑖 ∥ → 0 (𝑖 → ∞), então 𝐴 ∈ Lco (𝑋, 𝑌 ).

Proposição 124. (Exercício 39, Seção 2.4 - Matrizes 2 ×


2 normais reais) Uma matriz 𝐴 ∈ IR2×2 é normal se e
somente se é da forma

©𝑎 𝑏 ª
𝐴=­ ®
𝑐 𝑑
« ¬

com

1. 𝑎 ≠ 𝑑 e 𝑏 = 𝑐; ou

2. 𝑎 = 𝑑 e 𝑏 = −𝑐.

Ou ainda, as matrizes normais reais 2 × 2 são exatamente


as matrizes das seguintes formas:

©𝑎 𝑏 ª © 𝑎 𝑏ª
­ ® ou ­ ®.
𝑏 𝑑 −𝑏 𝑎
« ¬ « ¬

Proposição 125. (Exercício 39, Seção 2.4 - Matrizes nor-


mais 2 × 2 complexas) As matrizes complexas normais

80
2 × 2 podem, todas serem construídas da seguinte forma:

1. Escolha 𝑐 ∈ C; escolha 𝜎 ∈ C com |𝜎| = 1; ponha


𝑏 = 𝜎𝑐; escolha 𝑎 ∈ C; escolha 𝑅 ≥ 0.

©𝑎 𝑏 ª ©𝑎 0 ª
2. Se 𝑐 = 0, ∀𝑑 ∈ C: ­ ®=­ ® é normal.
𝑐 𝑑 0 𝑑
« ¬ « ¬
3. Se 𝑐 ≠ 0, tome 𝑑 igual a 𝑎 ou igual a qualquer uma
das (no máximo) duas razies de (𝑎 − 𝑑) 2 = 𝜎𝑐 2
𝑐 𝑅 .

©𝑎 𝑏 ª
Daí ­ ® é normal.
𝑐 𝑑
« ¬
Essas são todas as matrizes normais. Alternativamente,

©𝑎 𝑏 ª
­ ® ∈ C2×2
𝑐 𝑑
« ¬

é normal se, e somente se:

1. existe 𝜎 ∈ C com |𝜎| = 1 tal que 𝑏 = 𝜎𝑐; e

2. 𝑐 = 0 ou 𝑎 = 𝑑 ou 𝑑 é uma das (no máximo duas)


𝜎𝑐𝑅 2
raízes de (𝑎 − 𝑧) 2 = 𝑐 com 𝑅 = |𝑎 − 𝑑|.

81
Ainda de um outro modo alternativo, as matrizes comple-
xas 2 × 2 normais são exatamente as:


©𝑎 𝜎𝑐ª ©𝑎 0 ª ©𝑎 𝜎𝑐
√︃ ′ ª®
­ ®, ­ ®, ­
𝑐 𝑎 0 𝑑 𝑐′ 𝑎 + 𝜎𝑐 𝑅
𝑐′ ¬
« ¬ « ¬ «

( 𝑧 denota qualquer uma das, no máximo duas, raízes
quadradas complexas de 𝑧 complexo)
quaisquer que sejam 𝑎, 𝑐, 𝑑, 𝑐′, 𝜎 ∈ C, 𝑅 ∈ IR que cum-
pram: |𝜎| = 1, 𝑐′ ≠ 0 e 𝑅 ≥ 0.

Observação 41. No contexto da proposição acima, vale


ressaltar que as matrizes Hermitianas são exatamente as
©𝑎 𝑏 ª
matrizes 𝐴 ∈ C2×2 dadas por 𝐴 = ­ ® que cumprem
𝑐 𝑑
« ¬
𝑎, 𝑏 ∈ IR e 𝑏 = 𝜎𝑐 = 𝑐 com 𝜎 ∈ C unitário (i.e. |𝜎| =
1). Elas são normais também já que 𝐴 = 𝐴∗ . Elas estão
contempladas no último caso e no penúltimo caso. Caso
𝑐 = 0, o penúltimo caso as contempla (tome 𝑎, 𝑑 reais no
√︁
penúltimo caso). Caso 𝑐 ≠ 0, note 𝜎𝑐 = 𝑐 e, logo, 𝜎𝑐𝑐 =
±1. Daí 𝑑 = 𝑎 ± 𝑅 é real se 𝑎 for real (lembrando que
𝑅 ≥ 0 pode ser escolhido arbitrariamente).

82
Observação 42. Tanto no caso complexo quanto no caso
real, temos mais matrizes normais do que Hermitianas.

Proposição 126. (Exercício 40, Seção 2.4) Seja 𝑋 um HS


e seja 𝐴 ∈ L (𝑋) normal. Autovetores de 𝐴 associados a
autovalores distintos são mutualmente ortogonais.

Proposição 127. (Exercício 41, Seção 2.4) Seja 𝑋 um HS


e seja 𝐴 ∈ L (𝑋) normal. Então ker 𝐴 = ker 𝐴∗ . Conse-
quentemente, ∀𝜆 ∈ IF, vale ker( 𝐴 − 𝜆𝐼) = ker( 𝐴∗ − 𝜆𝐼), ou
seja, 𝐴𝑢𝑡 𝐴 (𝜆) = 𝐴𝑢𝑡 𝐴∗ (𝜆). Finalmente, outra consequên-
cia é que Λ( 𝐴) = Λ( 𝐴∗ ) (a barra, aqui, denota conjugação
complexa).

12 Seção 2.5 - Teoria de Sturm-Liouville


Definição 15. (Operador de Sturm-Liouville) Sejam 𝛼, 𝛽 ∈
IR2×2 e sejam 𝑎, 𝑏 ∈ IF com 𝑎 < 𝑏. Ponha


 


 2 𝑥 𝑥 

𝑋= 𝑥 ∈ 𝐶IF [𝑎, 𝑏] : 𝛼 ­ ® + 𝛽 ­ ® = 0
© ª © ª

 𝑥′ 𝑥′ 

 « ¬𝑎 « ¬𝑏 

83
Dados 𝑝, 𝑞 ∈ 𝐶IF [𝑎, 𝑏], o operador de Sturm-Liouville 𝐴 :
0 [𝑎, 𝑏] é dado por
𝑋 → 𝐶IF

𝐴𝑥 = ( 𝑝𝑥 ′) ′ + 𝑞𝑥.

Observação 43. O usual será considerar 𝑋 como subes-


paço do 𝐿 2 [𝑎, 𝑏]. Esse operador não precisa ser contínuo
neste espaço.

Proposição 128. No contexto da definição acima, supo-


nha:

(i) 𝛼, 𝛽 ∈ IR2×2 .

(ii) 𝑝, 𝑞 ∈ 𝐶IR [𝑎, 𝑏].

O operador 𝐴 é Hermitiano (ou seja, ⟨𝐴𝑥 | 𝑦⟩ = ⟨𝑥 | 𝐴𝑦⟩


para todo 𝑥, 𝑦 ∈ 𝑋 sendo o produto interno aqui o do
𝐿 2 [𝑎, 𝑏]) se vale qualquer uma das seguintes condições:

(a) 𝑝(𝑎) det(𝛽) = 𝑝(𝑏) det(𝛼) junto de (det 𝛼, det 𝛽) ≠


(0, 0).

84
©1 0 ª ©0 0 ª
(b) 𝛼 = ­ ®, 𝛽 = ­ ®. Isto corresponde a condições
0 0 1 0
« ¬ « ¬
de contorno do tipo “𝑥(𝑎) = 𝑥(𝑏) = 0”.

©0 1 ª ©0 0 ª
(c) 𝛼 = ­ ®, 𝛽 = ­ ®. Isto corresponde a condições
0 0 1 0
de contorno do tipo “𝑥 ′ (𝑎) = 𝑥(𝑏) = 0”.
« ¬ « ¬

©1 0 ª ©0 0 ª
(d) 𝛼 = ­ ®, 𝛽 = ­ ®. Isto corresponde a condições
0 0 0 1
de contorno do tipo “𝑥(𝑎) = 𝑥 ′ (𝑏) = 0”.
« ¬ « ¬

©0 1 ª ©0 0 ª
(e) 𝛼 = ­ ®, 𝛽 = ­ ®. Isto corresponde a condições
0 0 0 1
de contorno do tipo “𝑥 ′ (𝑎) = 𝑥 ′ (𝑏) = 0”.
« ¬ « ¬

©𝛼11 𝛼12 ª
(f) (Exercício 8, Seção 2.5) 𝑝 ≡ 1, 𝛼 = ­ ®≠0e
0 0
« ¬
© 0 0 ª
𝛽=­ ® ≠ 0.
𝛽 𝛽
« 21 22 ¬
Proposição 129. Sejam 𝑎 0 , 𝑏 0 ∈ IR com 𝑎 0 < 𝑏 0 . Sejam
0 [𝑎 , 𝑏 ]. A EDO de segunda ordem
𝑎, 𝑏, 𝑐, 𝑓 ∈ 𝐶IR 0 0

𝑎𝑥 ′′ + 𝑏𝑥 ′ + 𝑐𝑥 = 𝑓 , em [𝑎 0 , 𝑏 0 ], (★1 )

85
pode ser posta na forma de Sturm-Liouville

( 𝑝𝑥 ′) ′ + 𝑞𝑥 = 𝑔, em [𝑎 0 , 𝑏 0 ] (★2 )

se 𝑎(𝑡) ≠ 0 para todo 𝑡 ∈ [𝑎 0 , 𝑏 0 ]. E isso pode ser feito


através do fator integrante
∫ 𝑡 
1 𝑏(𝑠)
𝜙(𝑡) = exp 𝑑𝑠 ,
𝑎(𝑡) 𝑎0 𝑎(𝑠)

colocando 𝑝 = 𝑎𝜙, 𝑞 = 𝑐𝜙 e 𝑔 = 𝜙 𝑓 . Mais precisamente,


1 [𝑎 , 𝑏 ] for duas vezes diferenciável, então: 𝑥 é
se 𝑥 ∈ 𝐶IR 0 0

solução de (★1 ) sss 𝑥 for solução de (★2 ). No caso afirma-


2 [𝑎 , 𝑏 ].
tivo, 𝑥 ∈ 𝐶IR 0 0

Proposição 130. (A EDO 𝑥 ′′ = −𝜆𝑥 em C) Sejam 𝑎, 𝑏 ∈


IR com 𝑎 < 𝑏. Seja 𝜆 ∈ C. Queremos ver soluções da
EDO
𝑥 ′′ = −𝜆𝑥, em [𝑎, 𝑏] (★)

Ponha 𝛾 ∈ C tal que 𝛾 2 = 𝜆. Ponha 𝛾 = 𝑐 + 𝑑𝑖.

(i) Se 𝑐 ≠ 0 (ou, equivalentemente, se 𝜆 ∈ C \ (−∞, 0]),


então 𝑥(𝑡) = 𝑐 1 cos(𝛾𝑡) + 𝑐 2 sin(𝛾𝑡), sendo 𝑐 1 , 𝑐 2 ∈ C

86
a determinar.

(ii) Caso 𝑐 = 0 e 𝑑 ≠ 0 (ou, equivalentemente, se 𝜆 < 0),



−𝜆 = −𝛾 2 = −(𝑖𝑑) 2 > 0. Aqui 𝑥(𝑡) = 𝑐 1 𝑒 −𝜆𝑡 +

𝑐2 𝑒 −𝜆𝑡 ,
− sendo 𝑐 1 , 𝑐 2 ∈ C constantes a serem deter-
minadas.

(iii) Se 𝜆 = 0, 𝑥(𝑡) = 𝑐 1 𝑡 +𝑐 2 com 𝑐 1 , 𝑐 2 ∈ C a determinar.

Proposição 131. Sobre o sin e cos complexos, vale que se


𝑎 ∈ IR: sin(𝑖𝑎) = 𝑖 sinh(𝑎), cos(𝑖𝑎) = cosh(𝑏).

Proposição 132. Sejam 𝑎, 𝑏 ∈ IR com 𝑎 < 𝑏. Sejam 𝑝 ≡


©𝛼11 𝛼12 ª © 0 0 ª
1, 𝑞 ∈ 𝐶IR [𝑎, 𝑏], 𝛼 = ­ ®≠0e𝛽=­ ®≠
0 0 𝛽21 𝛽22
« ¬ « ¬
0. Assuma IF = IR. Ponha


 


 2 2 𝑥 𝑥 

𝑋 = 𝑥 ∈ 𝐿 [𝑎, 𝑏] : 𝑥 ∈ 𝐶 [𝑎, 𝑏], 𝛼 ­ ® + ­ ® = 0 .
© ª © ª

 𝑥′ 𝑥′ 

 « ¬𝑎 « ¬ 𝑏 

87
2 [𝑎, 𝑏] tais que
Considere 𝑢, 𝑣 ∈ 𝐶IR

©𝑢 ª
𝑢′′ = 𝑞𝑢, 𝛼 ­ ® = 0,
𝑢′
« ¬𝑎

©𝑣ª
𝑣 ′′ = 𝑞𝑣, 𝛽 ­ ® = 0,
𝑣′
« ¬𝑏
e 𝑤(𝑎) = 1, sendo

© 𝑢(𝑡) 𝑣(𝑡) ª
𝑤(𝑡) := det ­ ®.
𝑢′ (𝑡) 𝑣 ′ (𝑡)
« ¬

Defina o operador de Sturm-Liouville 𝐴 : 𝑋 → 𝐶 0 [𝑎, 𝑏]:

𝐴𝑥 = 𝑥 ′′ − 𝑞𝑥

Defina a função de Green 𝑔 : [𝑎, 𝑏] 2 → IR.


𝑎 ≤ 𝑠 ≤ 𝑡 ≤ 𝑏;

 𝑢(𝑠)𝑣(𝑡),


𝑔(𝑠, 𝑡) =
𝑎 ≤ 𝑡 ≤ 𝑣 ≤ 𝑏.

 𝑢(𝑡)𝑣(𝑣),

88
Defina 𝐵 : 𝐿 2 [𝑎, 𝑏] → 𝐶 0 [𝑎, 𝑏] dado por
∫ 𝑏
(𝐵 𝑓 )(𝑠) = 𝑔(𝑠, 𝑡) 𝑓 (𝑡)𝑑𝑡
𝑎

(já sabemos que 𝐵 𝑓 é contínuo para todo 𝑓 ∈ 𝐿 2 [𝑎, 𝑏]


pela continuidade de 𝑔 em [𝑎, 𝑏] 2 ). Então:

(i) Vale que 𝑤(𝑡) = −1 para todo 𝑡 ∈ [𝑎, 𝑏].

(ii) Para todo 𝑦 ∈ 𝐶 [𝑎, 𝑏], vale que 𝐵𝑦 ∈ 𝑋 e 𝐴𝐵𝑦 = 𝑦.

(iii) 𝑔(𝑠, 𝑡) = 𝑔(𝑡, 𝑠) para todo (𝑠, 𝑡) ∈ [𝑎, 𝑏] 2 . Além


disso, por 𝑔 ∈ 𝐶 ([𝑎, 𝑏] 2 ), temos 𝑔 ∈ 𝐿 2 ([𝑎, 𝑏] 2 ).

(iv) Vale que 𝐵 ∈ 𝐻 (𝐿 2 [𝑎, 𝑏]) e 𝐵 ∈ Lco (𝐿 2 [𝑎, 𝑏]).

(v) Sobre a expansão espectral

𝐿
∑︁
𝐵𝑥 = 𝜆𝑖 ⟨𝑥 | 𝑢𝑖 ⟩ 𝑢𝑖
𝑖=1

de 𝐵, sendo (𝜆𝑖 )𝑖=


𝐿 uma SEQ de reais não nulos,
1
𝐿 uma SEQ ON em 𝐿 2 [𝑎, 𝑏] e sendo 𝐿 ∈ N ∪ ∞
(𝑢𝑖 )𝑖= 1
1
(assuma 𝐵 ≠ 0), vale que 𝑢𝑖 ∈ 𝑋 e que 𝐴𝑢𝑖 = 𝜆𝑖 𝑢𝑖 .

89
1
Se 𝐿 = ∞, temos |𝜆𝑖 | → ∞ e, logo, 𝐴 é um operador
ilimitado na norma em 𝐿 2 [𝑎, 𝑏].

Observação 44. No contexto da proposição acima, sobre


o a expansão espectral de 𝐵, note que esta é dada em 𝐿 2 [𝑎, 𝑏].
Isso significa que a convergênciada série se dá na norma
𝐿 2 , o que não me garante nada sobre convergência pon-
tual. O que acontece é que podemos tentar mostrar (via
teste-M de Weierstrass por exemplo) que ocorre também
convergência na norma usualmente posta em 𝐶 2 [𝑎, 𝑏] (em
que ∥ 𝑓 ∥ 𝐶 2 = ∥ 𝑓 ∥ ∞ + ∥ 𝑓 ′ ∥ ∞ + ∥ 𝑓 ′′ ∥ ∞ ) caso 𝑦 ∈ 𝐶 [𝑎, 𝑏]. O
que acontece aqui é uma certa coincidência de convergên-
cias, que é capturada pela proposição seguinte.

Proposição 133. Seja { 𝑓𝑛 }∞


𝑛=1 uma sequência de funções

em 𝐿 ∞ [𝑎, 𝑏] (𝑎, 𝑏 ∈ IR com 𝑎 < 𝑏). Suponha que { 𝑓𝑛 }∞


𝑛=1

convirja na norma ∥·∥ 𝐿 ∞ para uma função 𝑔. Então 𝑓𝑛 , 𝑔 ∈


𝐿 2 [𝑎, 𝑏], para todo 𝑛 ∈ N, e 𝑓𝑛 → 𝑔 em 𝐿 2 [𝑎, 𝑏].

Observação 45. Um corolário, dentro do contexto da pro-


posição acima, é que se 𝑓𝑛 → ℎ em 𝐿 2 e { 𝑓𝑛 }∞
𝑛=1 converge

90
em 𝐿 ∞ , então 𝑓𝑛 → ℎ em 𝐿 ∞ . Isso se dá devido à unici-
dade dos limites envolvidos.

Proposição 134. (Teorema Geral das Funções de Green)


Sejam 𝑎, 𝑏 ∈ IR com 𝑎 < 𝑏. IF = IR ou C. Sejam
0 [𝑎, 𝑏]. Sejam 𝛼, 𝛽 ∈ IF2×2 . Defina
𝑝, 𝑞 ∈ 𝐶IF


 


 2 2 𝑥 𝑥 

𝑋0 = 𝑥 ∈ 𝐿 IF [𝑎, 𝑏] : 𝑥 ∈ 𝐶IF [𝑎, 𝑏], 𝛼 ­ ® + 𝛽 ­ ® = 0
© ª © ª

 𝑥′ 𝑥′ 

 « ¬𝑎 « ¬𝑏 

e 𝐴 : 𝑋0 → 𝐶 0 [𝑎, 𝑏] como 𝐴𝑥 = ( 𝑝𝑥 ′) ′ + 𝑞𝑥. Ponha

𝑇1 = {(𝑠, 𝑡) ∈ [𝑎, 𝑏] 2 : 𝑎 < 𝑠 < 𝑡 < 𝑏},

𝑇2 = {(𝑠, 𝑡) ∈ [𝑎, 𝑏] 2 : 𝑎 < 𝑡 < 𝑠 < 𝑏}.

Seja 𝑔 : [𝑎, 𝑏] 2 → IF.

(i) 𝑔 ∈ 𝐶 0 ([𝑎, 𝑏] 2 ).
   
2 2
(ii) 𝑔1 = 𝑔|𝑇1 ∈ 𝐶 𝑇1 e 𝑔2 = 𝑔|𝑇2 ∈ 𝐶 𝑇2

(iii) Para qtp 𝑡 ∈ [𝑎, 𝑏], 𝑔[𝑡] := 𝑔(·, 𝑡) cumpre as condi-

91
ções de contorno:

© 𝑔[𝑡] ª © 𝑔[𝑡] ª
𝛼­ ® + 𝛽­ ® = 0.
′ ′
𝑔[𝑡] 𝑔[𝑡]
« ¬𝑎 « ¬𝑏

(iv) Para todo 𝑡 ∈ (𝑎, 𝑏), 𝑔1 [𝑡] e 𝑔2 [𝑡] são soluções da


EDO dada por 𝐴. Precisamente, para todo 𝑡 ∈ (𝑎, 𝑏)
e todo 𝑠 ∈ (𝑎, 𝑏) tal que (𝑠, 𝑡) ∈ 𝑇1 , temos

( 𝑝𝑔1 [𝑡] ′) ′ (𝑠) + 𝑞𝑔1 [𝑡] (𝑠) = 0;

e para todo 𝑡 ∈ (𝑎, 𝑏) e todo 𝑠 ∈ (𝑎, 𝑏) tal que (𝑠, 𝑡) ∈


𝑇2 , temos

( 𝑝𝑔2 [𝑡] ′) ′ (𝑠) + 𝑞𝑔2 [𝑡] (𝑠) = 0.

Fazendo um abuso de notação, quero 𝐴𝑔[𝑡] = 0 em


𝑇1 ∪ 𝑇2 .

(v) Existe um conjunto 𝑆 ⊂ [𝑎, 𝑏] denso tal que para

92
todo 𝑠 ∈ 𝑆, vale 𝑝(𝑠) ≠ 0 e

𝜕𝑔1 𝜕𝑔2 −1
(𝑠, 𝑠) − (𝑠, 𝑠) = .
𝜕𝑠 𝜕𝑠 𝑝(𝑠)

2 [𝑎, 𝑏] → 𝐶 0 [𝑎, 𝑏] dado por


Defina então 𝐵 : 𝐿 IF IF

∫ 𝑏
(𝐵 𝑓 )(𝑠) = 𝑔(𝑠, 𝑡) 𝑓 (𝑡)𝑑𝑡.
𝑎

Então para todo 𝑦 ∈ 𝐶IF [𝑎, 𝑏], vale que 𝐵𝑦 ∈ 𝑋0 e 𝐴𝐵𝑦 =


𝑦.

Observação 46. É útil pensar nas condições acima de modo


mais simplificado. Por exemplo, em (𝑣), pense que tenha
que valer para todo 𝑠 ∈ [𝑎, 𝑏]. Isso é menos geral do que
o teorema pede, porém, é o caso comum. Muito do enun-
ciado da proposição acima está posto de modo a permitir
o tratamento de casos ligeiramente degenerados, mas que
ainda podem ser tratados pelo teorema. O livro enuncia
um teorema que pede hipóteses mais conservadoras, mas
prova algo mais geral.

93
Observação 47. Acima, quando avaliamos 𝑔𝑖 (𝑖 = 1, 2)
em pontos de 𝑇𝑖 \ 𝑇𝑖 , estamos usando o valor limite vindo
do interior. Isso existe pois 𝑔𝑖 ∈ 𝐶 2 (𝑇𝑖 ) lembrando que as
funções neste espaço 𝐶 𝑘 (Ω), Ω ⊂ IR𝑛 aberto não vazio,
são as funções contínuas definidas em Ω, com todas as de-
rivadas parciais de ordem até 𝑘 bem definidas e contínuas
e estas todas (tanto a 𝑓 quanto suas derivadas parciais de
ordem até 𝑘) extensíveis de modo contínuo ao bordo via
limite.

Observação 48. A ideia aqui é tentar encontar 𝑔 usando o


teorema acima. Suponha que


 𝑔1 (𝑠, 𝑡) 𝑎 ≤ 𝑠 ≤ 𝑡 ≤ 𝑏,



𝑔(𝑠, 𝑡) = .
 𝑔2 (𝑠, 𝑡) 𝑎≤𝑡≤𝑠≤𝑏


Imponha condições sobre 𝑔1 , 𝑔2 serem 𝐶 2 , sobre 𝑔 ser con-


tínua, sobre valer 𝜕𝑠 𝑔1 (𝑠, 𝑠) − 𝜕𝑠 𝑔2 (𝑠, 𝑠) = −1/𝑝(𝑠), sobre
𝑔1 e 𝑔2 resolverem a EDO, sobre 𝑔[𝑡] cumprir as condi-
ções de contorno, etc. Com isso, encontre o que deve ser
essa 𝑔.

94
Proposição 135. Seja 𝑘 ∈ 𝐿 2 ([𝑎, 𝑏] 2 ) com 𝑎 < 𝑏 reais.
Seja 𝐴 ∈ L (𝐿 2 [𝑎, 𝑏]) dado por
∫ 𝑏
( 𝐴𝑥)(𝑠) = 𝑘 (𝑠, 𝑡)𝑥(𝑡)𝑑𝑡.
𝑎

Então 𝐴 ∈ 𝐻 (𝐿 2 [𝑎, 𝑏]) sss 𝑘 (𝑠, 𝑡) = 𝑘 (𝑡, 𝑠) para todo 𝑎 ≤


𝑡, 𝑠 ≤ 𝑏.

Proposição 136. (Método Espectral de Sturm-Liouville)


Sejam 𝑎, 𝑏 ∈ IR com 𝑎 < 𝑏. Sejam 𝛼, 𝛽 ∈ IF2×2 . Ponha


 


 2 2 𝑥 𝑥 

𝑋0 = 𝑥 ∈ 𝐿 IF [𝑎, 𝑏] : 𝑥 ∈ 𝐶IF [𝑎, 𝑏], 𝛼 ­ ® + 𝛽 ­ ® = 0 .
© ª © ª

 𝑥′ 𝑥′ 

 « ¬𝑎 « ¬𝑏 

0 [𝑎, 𝑏]. Defina 𝐴 : 𝑋 → 𝐶 0 [𝑎, 𝑏] dado


Sejam 𝑝, 𝑞 ∈ 𝐶IF 0 IF
por 𝐴𝑥 := ( 𝑝𝑥 ′) ′ + 𝑞𝑥. Suponha que exista 𝑔 ∈ 𝐶 0 ([𝑎, 𝑏] 2 )
tal que 𝐵 ∈ L (𝐿 2 [𝑎, 𝑏]) dado por
∫ 𝑏
(𝐵 𝑓 )(𝑠) = 𝑔(𝑠, 𝑡) 𝑓 (𝑡)𝑑𝑡
𝑎

cumpre: 𝐵𝑦 ∈ 𝑋0 e 𝐴𝐵𝑦 = 𝑦, para todo 𝑦 ∈ 𝐶 0 [𝑎, 𝑏].


Suponha que o problema homogêneo de encontrar 𝑥 ∈ 𝑋0

95
tal que 𝐴𝑥 = 0 tem apenas a solução trivial, ou seja, assuma
ker 𝐴 = 0. Então os items que seguem valem:

(i) 𝐵𝐴𝑥 = 𝑥 para todo 𝑥 ∈ 𝑋0 .

(ii) Se 𝜆 ≠ 0 é autovalor de 𝐵 e 𝑣 é um autovetor associ-


ado, então 𝑣 ∈ 𝑋0 .

(iii) 𝜆 ≠ 0 é autovalor de 𝐵 se, e somente se, 𝜆1 é autovalor


de 𝐴. Os respectivos autoespaços coincidem.

(iv) Se 𝐴 for Hermitiano, então 𝐵 também é Hermitiano.

(v) Suponha que 𝐵 admita uma decomposição espectral


da forma:

𝐿
∑︁  
2
𝐵𝑥 = 𝜆𝑖 ⟨𝑥 | 𝑒𝑖 ⟩ 𝑒𝑖 , 𝐿
𝑖=1

sendo 𝐿 ∈ N ∪ {∞}, (𝜆𝑖 )𝑖=


𝐿 todos os autovalores
1
𝐿 uma SEQ ON em 𝐿 2 [𝑎, 𝑏],
não-nulos de 𝐵 e (𝑒𝑖 )𝑖=1
então cada 𝑒𝑖 ∈ 𝑋0 e estes podem ser encontrados
resolvendo o problema de encontrar os autoespaços
 
𝐴𝑢𝑡 𝐴 𝜆1𝑖 e, depois, ortonormalizando-os.

96
(vi) (continuação) Suponha que 𝑦 ∈ 𝐶 0 [𝑎, 𝑏] e que

𝐿
∑︁
|𝜆𝑖 || ⟨𝑦 | 𝑒𝑖 ⟩ | ∥𝑒𝑖 ∥ ∞ < ∞.
𝑖=1

Então:

𝐿
∑︁
𝜆𝑖 ⟨𝑦 | 𝑒𝑖 ⟩ 𝑒𝑖 = 𝐵𝑦, (𝐿 ∞ ),
𝑖=1

ou seja, a convergência ocorre não somente na norma


𝐿 2 , mas também na norma 𝐿 ∞ . Em particular, isso
nos dá que a avaliação pontual de 𝐵𝑦 pode ser feita
via convergência usual de séries.

∫ 𝑏 𝐿
∑︁
(𝐵𝑦)(𝑠) = 𝑔(𝑠, 𝑡)𝑦(𝑡)𝑑𝑡 = 𝜆𝑖 ⟨𝑦 | 𝑒𝑖 ⟩ 𝑒𝑖 (𝑠)
𝑎 𝑖=1

para todo 𝑠 ∈ [𝑎, 𝑏].

(vii) (continuação) Se

𝐿
∑︁
|𝜆𝑖 || ⟨𝑦 | 𝑒𝑖 ⟩ | 𝑒′𝑖 ∞
<∞
𝑖=1

97
então (𝐵𝑦) ′ pode ser calculando derivando termo-a-
termo e temos convergencia nas normas 𝐿 ∞ e 𝐿 2 , ou
seja:

𝐿
∑︁

(𝐵𝑦) (𝑠) = 𝜆𝑖 ⟨𝑦 | 𝑒𝑖 ⟩ 𝑒′𝑖 (𝑠), ∀𝑠 ∈ [𝑎, 𝑏],
𝑖=1

𝐿
∑︁

(𝐵𝑦) = 𝜆𝑖 ⟨𝑦 | 𝑒𝑖 ⟩ 𝑒′𝑖 , (𝐿 ∞ )
𝑖=1
e
𝐿
∑︁  
′ 2
(𝐵𝑦) = 𝜆𝑖 ⟨𝑦 | 𝑒𝑖 ⟩ 𝑒′𝑖 , 𝐿
𝑖=1

(viii) (continuação) Se

𝐿
∑︁
|𝜆𝑖 || ⟨𝑦 | 𝑒𝑖 ⟩ | 𝑒′′𝑖 ∞
<∞
𝑖=1

então (𝐵𝑦) ′′ pode ser calculado derivando duas ve-


zes termo-a-termo na série e temos convergencia nas
normas 𝐿 ∞ e 𝐿 2 , ou seja:

𝐿
∑︁
′′
(𝐵𝑦) (𝑠) = 𝜆𝑖 ⟨𝑦 | 𝑒𝑖 ⟩ 𝑒′′𝑖 (𝑠), ∀𝑠 ∈ [𝑎, 𝑏],
𝑖=1

98
𝐿
∑︁
′′
(𝐵𝑦) = 𝜆𝑖 ⟨𝑦 | 𝑒𝑖 ⟩ 𝑒′′𝑖 , (𝐿 ∞ )
𝑖=1
e
𝐿
∑︁  
′′ 2
(𝐵𝑦) = 𝜆𝑖 ⟨𝑦 | 𝑒𝑖 ⟩ 𝑒′′𝑖 , 𝐿 .
𝑖=1

Observação 49. O que é interessante do resultado acima


é que mesmo sem conhecermos a função de Green, pode-
mos ainda obter uma expressão para a solução via a série.
Calculamos os autovetores e autovalores 𝜆𝑖 ’s e 𝑒𝑖 ’s, mon-
tamos a série e verificamos as propriedaes de convergência
absoluta. Isso funciona desde que consigamos garantir a
existência da função de Green, que ker 𝐴 = 0 e que 𝐴 seja
hermitiano. Em particular, não precisamos calcular a fun-
ção de Green. A proposição 132 descreve um caso em que
a função de Green sempre existe, desde que consigamos
mostrar que tais 𝑢 e 𝑣 (como pedidas na proposição) sem-
pre existem.

Observação 50. Estes resultados que transferem a conver-


gência em 𝐿 2 para convergência em 𝐿 ∞ e pontualmente
em todo o espaço, e também permitindo derivar termo-a-

99
termo é uma mera aplicação do teste-M de Weierstrass, do
teorema da comutatividade da derivada e limite no caso
de convergência uniforme, e também da finitude da me-
dida em [𝑎, 𝑏] (o que permite trivialmente transferir con-
vergência em 𝐿 ∞ para 𝐿 2 ). Em particular, estes resultados
independem de ker 𝐴 = 0.

Proposição 137. (Exercícios 10 e 11, Seção 2.5; Identi-


dade de Lagrande e Fórmula de Green) Sejam 𝑎, 𝑏 ∈ IR
com 𝑎 < 𝑏. Assuma IF = IR. Sejam 𝑝, 𝑞 ∈ 𝐶 0 [𝑎, 𝑏] e po-
nha 𝐴 : 𝐶 2 [𝑎, 𝑏] → 𝐶 0 [𝑎, 𝑏] dada por 𝐴𝑥 = ( 𝑝𝑥 ′) ′ − 𝑞𝑥..
Então valem:

(i) A identidade de Lagrange: ∀𝑥, 𝑦 ∈ 𝐶 2 [𝑎, 𝑏], tem-se


𝑥 𝐴𝑦 − 𝑦 𝐴𝑥 = ( 𝑝(𝑥𝑦′ − 𝑦𝑥 ′)) ′.

(ii) A fórmula de Green: ∀𝑥, 𝑦 ∈ 𝐶 2 [𝑎, 𝑏], tem-se


∫ 𝑏 𝑏
(𝑥 𝐴𝑦 − 𝑦 𝐴𝑥)(𝑡)𝑑𝑡 = [ 𝑝(𝑥𝑦′ − 𝑦𝑥 ′)]
𝑎 𝑎

Proposição 138. (Exercício 12, Seção 2.5) Sejam 𝑎, 𝑏 ∈


IR com 𝑎 < 𝑏. Assuma IF = IR. Sejam 𝑝, 𝑞 ∈ 𝐶 0 [𝑎, 𝑏] e

100
ponha 𝐴 : 𝐶 2 [𝑎, 𝑏] → 𝐶 0 [𝑎, 𝑏] dada por 𝐴𝑥 = ( 𝑝𝑥 ′) ′ −
𝑞𝑥.. Sejam 𝑢, 𝑣 ∈ 𝐶 2 [𝑎, 𝑏] tais que 𝐴𝑢 = 𝐴𝑏 = 0. Seja 𝑤
a função Wrońskiana de 𝑢 e 𝑣, ou seja:

© 𝑢(𝑡) 𝑣(𝑡) ª
𝑤(𝑡) = det ­ ®
𝑢′ (𝑡) 𝑣 ′ (𝑡)
« ¬

Então 𝑝𝑤 ≡ 𝐾0 é uma função constante. Caso 𝑝(𝑡) ≠ 0


para todo 𝑡 ∈ [𝑎, 𝑏], então

𝐾
𝑤(𝑡) = ,
𝑝(𝑡)

o que significa que 𝑤 é identicamente nula ou nunca se


anula.

13 Seção 3.1 - A Derivada de Fréchet


Definição 16. Sejam 𝑋, 𝑌 NLS e 𝐷 ⊂ 𝑋 um aberto. Seja
𝑥 ∈ 𝐷 e 𝑓 : 𝐷 → 𝑌 . Suponha que exista 𝐴 ∈ L (𝑋, 𝑌 ) tal
que:
∥ 𝑓 (𝑥 + ℎ) − 𝑓 (𝑥) − 𝐴ℎ∥
lim = 0.
ℎ→0 ∥ℎ∥

101
Dizemos aqui que 𝑓 é Fréchet diferenciável, ou diferenciá-
vel, ou FDIF, em 𝑥. Se 𝑓 for diferenciável em todo 𝑥 ∈ 𝐷,
dizemos que 𝑓 é diferenciável.

Definição 17. Sejam 𝑋, 𝑌 NLS e 𝐷 ⊂ 𝑋 um aberto. Seja


𝑥 ∈ 𝐷 e 𝑓 : 𝐷 → 𝑌 . Suponha que exista 𝐴 ∈ L (𝑋, 𝑌 ) tal
que:
∥ 𝑓 (𝑥 + 𝑡ℎ) − 𝑓 (𝑥) − 𝑡 𝐴ℎ∥
lim = 0.
𝑡→0 𝑡
Dizemos aqui que 𝑓 é Gâteaux diferenciável, ou GDIF, em
𝑥. Se 𝑓 for GDIF em todo 𝑥 ∈ 𝐷, dizemos que 𝑓 é GDIF.

Proposição 139. (Unicidade da derivada de Fréchet) Se-


jam 𝑋, 𝑌 NLS e 𝐷 ⊂ 𝑋 um aberto. Seja 𝑥 ∈ 𝐷 e 𝑓 : 𝐷 →
𝑌 . Suponha que existam 𝐴, 𝐵 ∈ L (𝑋, 𝑌 ) tais que:

∥ 𝑓 (𝑥 + ℎ) − 𝑓 (𝑥) − 𝐴ℎ∥
lim =0
ℎ→0 ∥ℎ∥

e
∥ 𝑓 (𝑥 + ℎ) − 𝑓 (𝑥) − 𝐵ℎ∥
lim = 0.
ℎ→0 ∥ℎ∥
Então 𝐴 = 𝐵.

102
Proposição 140. (Unicidade da GDERIV) Sejam 𝑋, 𝑌
NLS e 𝐷 ⊂ 𝑋 aberto. Sejam 𝑓 : 𝐷 → 𝑌 e 𝑥 ∈ 𝐷.
Suponha que 𝐴, 𝐵 ∈ L (𝑋, 𝑌 ) sejam ambas GDERIV de 𝑓
em 𝑥. Então 𝐴 = 𝐵.

Definição 18. No contexto da proposição acima, quando


existir tal transformação linear limitada 𝐴 ∈ L (𝑋, 𝑌 ), a
denotaremos por 𝑓 ′ (𝑥).

Observação 51. Com esta notação, no contexto acima,


podemos escrever

∥ 𝑓 (𝑥 + ℎ) − 𝑓 (𝑥) − 𝑓 ′ (𝑥)ℎ∥
lim =0
ℎ→0 ∥ℎ∥

para 𝑓 diferenciável em 𝑥.

Proposição 141. Sejam 𝑋, 𝑌 NLS e 𝐴 : 𝑋 → 𝑌 linear.


Seja 𝐷 ⊂ 𝑋 aberto e 𝑥 ∈ 𝐷. Suponha que

∥ 𝑓 (𝑥 + ℎ) − 𝑓 (𝑥) − 𝐴ℎ∥
lim = 0.
ℎ→0 ∥ℎ∥

Suponha também que exista uma vizinhança de 𝑥 em 𝐷 tal

103
que 𝑓 seja limitada nesta vizinhança. Então 𝐴 ∈ L (𝑋, 𝑌 ),
ou seja, 𝑓 é Fréchet diferenciável em 𝑥.

Proposição 142. Sejam 𝑋, 𝑌 NLS, 𝐴 ∈ L (𝑋, 𝑌 ), 𝑏 ∈ 𝑌 .


Seja 𝐷 ⊂ 𝑋 aberto e defina 𝑓 : 𝐷 → 𝑌 dada por 𝑓 (𝑥) =
𝐴𝑥 + 𝑏. Assim 𝑓 é diferenciável em todo 𝑥 ∈ 𝐷 e 𝑓 ′ (𝑥) =
𝐴.

Proposição 143. (Diferenciabilidade implica continui-


dade) Sejam 𝑋, 𝑌 NLS e 𝐷 ⊂ 𝑋 aberto. Seja 𝑥 ∈ 𝐷 e eeja
𝑓 : 𝐷 → 𝑌 diferenciável em 𝑥. Então 𝑓 é continua em 𝑥.

Exemplo 5. Considere 𝑋 = 𝑌 = 𝐶 [0, 1] com a norma do


supremo. Seja 𝜙 : IR → IR de classe 𝐶 1 . Defina 𝑓 :
𝑋 → 𝑋 dada por 𝑓 (𝑥) = 𝜙 ◦ 𝑥. Assim, 𝑓 é diferenciável e
𝑓 ′ (𝑥)ℎ = (𝜙′ ◦ 𝑥)ℎ para todo ℎ ∈ 𝑋.

Exemplo 6. Sejam 𝑋 um HS, e 𝐿 ∈ L (𝑋). Assuma IF =


IR. Defina 𝐹 : 𝑋 → IR dada por 𝐹 (𝑥) = ⟨𝐿𝑥 | 𝑥⟩. Daí 𝐹 é
diferenciável e 𝐹 ′ (𝑥)ℎ = ⟨𝐿𝑥 + 𝐿 ∗ 𝑥 | ℎ⟩ para todo ℎ ∈ 𝑋.

Proposição 144. (Diferenciabilidade no IR𝑛 ) Seja 𝑛 ∈ N.

104
Suponha que 𝐷 ⊂ IR𝑛 é um aberto e IF = IR. Seja 𝑓 :
𝐷 → IR. Seja 𝑥 ∈ 𝐷 e suponha que exista uma vizinhança
de 𝑥 em 𝐷 tal que todas as as 𝑛 derivadas parciais de 𝑓
existam nesta vizinhança e que sejam todas elas contínuas
em 𝑥. Então 𝑓 é diferenciável em 𝑥 sendo que 𝑓 ′ (𝑥)ℎ =
⟨∇ 𝑓 (𝑥) | ℎ⟩, para todo ℎ ∈ IR𝑛 .

Proposição 145. (Diferenciabilidade no IR𝑛 , continua-


ção) Sejam 𝑛, 𝑚 ∈ N. Suponha que 𝐷 ⊂ IR𝑛 é um aberto
e IF = IR. Seja 𝑓 : 𝐷 → IR𝑚 . Seja 𝑥 ∈ 𝐷 e suponha
que exista uma vizinhança de 𝑥 em 𝐷 tal que todas as as 𝑛
derivadas parciais de todas as 𝑚 funções coordenadas, 𝑓𝑖 ,
1 ≤ 𝑖 ≤ 𝑚, de 𝑓 existam nesta vizinhança e que sejam
todas elas contínuas em 𝑥. Então 𝑓 é diferenciável em 𝑥.
Além disso, 𝑓 ′ (𝑥)ℎ = 𝐽ℎ, para todo ℎ ∈ IR𝑛 , sendo que

𝐽 = 𝐽𝑖 𝑗 1≤𝑖≤𝑚,1≤ 𝑗 ≤𝑚 é a matriz Jacobiana de 𝑓 em 𝑥, que
é dada por:
𝜕 𝑓𝑖
𝐽𝑖 𝑗 = (𝑥).
𝜕𝑥 𝑗

Observação 52. As duas proposições acima são uma ge-


neralização da outra (a que vem depois é a mais geral).

105
Exemplo 7. Seja 𝑔 : [0, 1] × IR → IR tal que 𝜕2 𝑔 exista
e seja contínua em todo [0, 1] × IR. Defina 𝑓 : 𝐶 [0, 1] →
𝐶 [0, 1] dada por
∫ 1
( 𝑓 (𝑥))(𝑡) = 𝑔(𝑡, 𝑥(𝑠))𝑑𝑠
0

𝑓 é FDIF e
∫ 1

( 𝑓 (𝑥)ℎ)(𝑡) = 𝜕2 𝑔(𝑡, 𝑥(𝑠))ℎ(𝑠)𝑑𝑠.
0

Note que para cada 𝑡 ∈ [0, 1], 𝑠 ∈ IR ↦→ 𝑔𝑡 (𝑠) = 𝑔(𝑡, 𝑠) é


𝐶 1 (IR).

Proposição 146. Sejam 𝑋, 𝑌 NLS e seja 𝑥0 ∈ 𝑋. Seja


𝐷 ⊂ 𝑋 aberto. Sejam 𝑓 : 𝐷 → 𝑌 e 𝑔 : 𝑋 → 𝑌 tal que
𝑔 seja afim, ou seja, existe 𝐴 ∈ L (𝑋, 𝑌 ) e 𝑏 ∈ 𝑌 tais que
𝑔(𝑥) = 𝐴𝑥 + 𝑏. Seja 𝑥 ∈ 𝐷. Se

∥ 𝑓 (𝑥 + ℎ) − 𝑔(𝑥 + ℎ) ∥
0 = lim ,
ℎ→0 ∥ℎ∥

e 𝑓 for contínua em 𝑥, então 𝑓 é FDIF em 𝑥 com 𝑓 ′ (𝑥) = 𝐴.

106
Exemplo 8. Seja IF = IR e 𝑋 = 𝐶 [0, 1] com a norma
∥·∥ = ∥·∥ ∞ . Seja 𝑥 ∈ 𝑋 tal que existem 𝑡1 , 𝑡2 ∈ [0, 1],
distintos, tais que ∥𝑥∥ = |𝑥(𝑡1 )| = |𝑥(𝑡 2 )|. Nessa situação,
a função 𝑥 ∈ 𝐶 [0, 1] ↦→ ∥𝑥∥ não é FDIF em 𝑥.

Exemplo 9. Seja 𝐶0 = 𝑥 ∈ IRN : 𝑥 → 0 com a norma
∥·∥ = ∥·∥ ∞ . Seja 𝑥 ∈ 𝐶0 . São equialentes:

(i) ∥·∥ é FDIF em 𝑥.

(ii) Existe um único 𝑛 ∈ N tal que ∥𝑥∥ = |𝑥 𝑛 |.

Exemplo 10. Seja 𝑓 : 𝐶 [0, 1] → 𝐶 [0, 1] dada por


∫ 1
( 𝑓 (𝑥))(𝑡) = 𝑥(𝑡) + 𝑥(𝑠𝑡) 2 𝑑𝑠.
0

Então 𝑓 é FDIF com


∫ 1

( 𝑓 (𝑥)ℎ)(𝑡) = ℎ(𝑡) + 2 ℎ(𝑠𝑡)𝑥(𝑠𝑡)𝑑𝑠.
0

Proposição 147. Sejam 𝑋, 𝑌 NLS e 𝐷 ⊂ 𝑋 aberto. Sejam


𝑓 : 𝐷 → 𝑌 e 𝑥 ∈ 𝐷. Suponha que 𝑓 é 𝐹 𝐷 𝐼 𝐹 em 𝑥.
Então 𝑓 é Lipschitz contínua localmente em torno de 𝑥, ou

107
seja: ∃𝐾, 𝑟 > 0 tais que ∀𝑦 ∈ 𝐷 com ∥𝑥 − 𝑦∥ < 𝑟, vale
∥ 𝑓 (𝑥) − 𝑓 (𝑦) ∥ ≤ 𝐾 ∥𝑥 − 𝑦∥.

Exemplo 11. Suponha 𝑎 ∈ IRN tal que 𝑅 = ∞ com 𝑅1 =


√︁
lim sup𝑛→∞ 𝑛 |𝑎 𝑛 |. Seja 𝑋 um BS e defina 𝑓 : L 𝑋 → L 𝑋
dada por

∑︁
𝑓 ( 𝐴) = 𝑎 𝑛 𝐴𝑛 .
𝑛=0

Então 𝑓 está bem definida e 𝑓 é FDIF com


∑︁ 𝑛
′ ©∑︁ 𝑗−1 𝑛− 𝑗 ª
𝑓 (𝑥)ℎ = 𝑎𝑛 ­ 𝐴 ℎ𝐴 ®
𝑛=1 « 𝑗=1 ¬

Proposição 148. Sejam 𝑋, 𝑌 NLS e 𝐷 ⊂ 𝑋 aberto. Sejam


𝑓 : 𝐷 → 𝑌 e 𝑥 ∈ 𝐷. Se 𝑓 for FDIF em 𝑥, então 𝑓 é
GDIF em 𝑥. Além disso As FDERIV e GDERIF de 𝑓 em
𝑥 coincidem.

Proposição 149. Sejam 𝑋, 𝑌 NLS, 𝐷 ⊂ 𝑋 aberto, 𝑓 :


𝐷 → 𝑌 FDIF e 𝑦 ∈ 𝑌 . Suponha que 𝑓 ′ (𝑥) ≠ 0 para
todo 𝑥 ∈ 𝑓 −1 ({𝑦}). Então 𝑓 −1 ({𝑦}) não contém abertos
não vazios, ou seja, se 𝐴 ⊂ 𝑓 −1 ({𝑦}) é um aberto, então

108
𝐴 = ∅.

Exemplo 12. Seja 𝑋 um IPS. Seja 𝑎 ∈ 𝑋 fixado. Supo-


nha IF = IR. Ponha 𝑓 , 𝑔 : 𝑋 → IR dadas por: 𝑓 (𝑥) =
∥𝑥∥ 2 , 𝑔(𝑥) = ⟨𝑎 | 𝑥⟩. Assim, 𝑓 , 𝑔 são FDIF com:

𝑓 ′ (𝑥)ℎ = ⟨𝑥 | ℎ⟩ + ⟨ℎ | 𝑥⟩ = 2 ⟨ℎ | 𝑥⟩

e
𝑔′ (𝑥)ℎ = ⟨ℎ | 𝑎⟩ .

Observação 53. Seguindo o exemplo acima, se tivésse-


mos IF = C, perderíamos a linearidade das transformações
que fazem os limites (da definição de FDIF) acontecerem.

14 Seção 3.2 - Regra da Cadeia e Te-


oremas de Valor Médio
Proposição 150. (Teorema 1 - A regra da cadeia) Sejam
𝑋, 𝑌 , 𝑍 NLS, 𝐷 ⊂ 𝑋 aberto, 𝑓 : 𝐷 → 𝑌 , 𝑈 ⊂ 𝑌 aberto,
𝑔 : 𝑈 → 𝑍, 𝑥 ∈ 𝐷. Suponha 𝑓 (𝐷) ⊂ 𝑈, 𝑓 FDIF em 𝑥 e 𝑔

109
FDIF em 𝑓 (𝑥). Então 𝑔 ◦ 𝑓 é FDIF em 𝑥 com:

(𝑔 ◦ 𝑓 ) ′ (𝑥)ℎ = 𝑔′ ( 𝑓 (𝑥))( 𝑓 ′ (𝑥)ℎ)

para todo ℎ ∈ 𝑋, ou seja,

(𝑔 ◦ 𝑓 ) ′ (𝑥)ℎ = 𝑔′ ( 𝑓 (𝑥)) ◦ 𝑓 ′ (𝑥).

Proposição 151. (Teorema 2 - TVM1, igualdade) Sejam


𝑋 um NLS, 𝐷 ⊂ 𝑋 aberto, 𝑓 : 𝐷 → IR, 𝑎, 𝑏 ∈ 𝐷 com
[𝑎, 𝑏] ⊂ 𝐷. Suponha 𝑓 contínua em [𝑎, 𝑏] e suponha que
𝑓 é FDIF para todo 𝑥 ∈ (𝑎, 𝑏). Assim, existe 𝜉 ∈ (𝑎, 𝑏) tal
que
𝑓 (𝑏) − 𝑓 (𝑎) = 𝑓 ′ (𝜉)(𝑏 − 𝑎).

Observação 54. Acima [𝑎, 𝑏] denota o segmento de reta


que liga 𝑎 e 𝑏, incluindo os extremos, e (𝑎, 𝑏) de modo
análogo:

[𝑎, 𝑏] = {(1 − 𝑡)𝑎 + 𝑡𝑏 : 0 ≤ 𝑡 ≤ 1}

110
e
(𝑎, 𝑏) = {(1 − 𝑡)𝑎 + 𝑡𝑏 : 0 < 𝑡 < 1}.

Proposição 152. (Teorema 3 - TVM2, desigualdade) Se-


jam 𝑋 NLS, 𝑎, 𝑏 ∈ IR com 𝑎 < 𝑏. Seja 𝑓 : [𝑎, 𝑏] → 𝑋
contínua tal que 𝑓 é FDIF em (𝑎, 𝑏). Suponha que exista
𝑀 ≥ 0 tal que ∀𝑡 ∈ [𝑎, 𝑏], vale ∥ 𝑓 ′ (𝑡) ∥ ≤ 𝑀. Daí

∥ 𝑓 (𝑏) − 𝑓 (𝑎) ∥ ≤ 𝑀 (𝑏 − 𝑎)

Proposição 153. (Teorema 4 - TVM3, desigualdade) Se-


jam 𝑋, 𝑌 NLS, 𝐷 ⊂ 𝑋 aberto, 𝑓 : 𝐷 → 𝑌 . Sejam 𝑎, 𝑏 ∈ 𝐷
tal que [𝑎, 𝑏] ⊂ 𝐷 com 𝑎 ≠ 𝑏. Suponha que 𝑓 é FDIF em
(𝑎, 𝑏). Então:
!
∥ 𝑓 (𝑏) − 𝑓 (𝑎) ∥ ≤ ∥𝑏 − 𝑎∥ sup ∥ 𝑓 ′ (𝑥) ∥ .
𝑥∈(𝑎,𝑏)

Proposição 154. (Teorema 5 - Derivana nula implica


em função constante) Sejam 𝑋, 𝑌 NLS e ∅ ≠ 𝐷 ⊂ 𝑋
aberto e conexo. Seja 𝑓 : 𝑑 → 𝑌 FDIF. Suponha que
𝑓 ′ (𝑥) = 0 para todo 𝑥 ∈ 𝐷. Então 𝑓 é função constante.

111
Observação 55. Por algum motivo, fiquei achando que es-
ses resultados estavam assumindo os NLS envolvidos eram
todos sobre o corpo IF = IR. Não é o caso! Todos estes
resultados de fato deixam livre: IF = IR ou C. A diferen-
ciabilidade de certas funções dependerá de IF = IR, mas
os teoremas acima, a não ser que peçam IF = IR, valem
também caso IF = C.

Proposição 155. (Exercício 1 - Seção 3.2) Considere 𝑋 =


𝐶 [0, 1] NLS com a norma do sup. Ponha 𝑓 : 𝑋 → IR
∫1
dada por 𝑓 (𝑥) = ∥𝑥∥ 1 = 0 |𝑥(𝑡)|𝑑𝑡. Sobre 𝑓 ser FDIF em
𝑥 ∈ 𝑋, pode-se dizer que:

(i) Se existe 𝑐 0 > 0 tal que ∀𝑡 ∈ [0, 1], |𝑥(𝑡)| ≥ 𝑐 0 , então


∫1
𝑓 é FDIF em 𝑥 com com 𝑓 ′ (𝑥)ℎ = 0 sgn (𝑥(𝑡)) ℎ(𝑡)𝑑𝑡.

(ii) Se existem 𝑎, 𝑏 ∈ IR com 0 ≤ 𝑎 < 𝑏 ≤ 1 tais que


𝑥(𝑡) = 0 para todo 𝑡 ∈ [𝑎, 𝑏], então 𝑓 não é FDIF em
𝑥.

1
(iii) Seja 𝑥 : [0, 1] → IR dada por 𝑥(𝑡) = 𝑡 − 2 . Temos
∫1
𝑓 FDIF em 𝑥 com 𝑓 ′ (𝑥)ℎ = 0 ℎ(𝑡)𝑑𝑡.

112
(iv) Defina, para 𝑟 ≥ 0, 𝐽𝑟 = {𝑡 ∈ [0, 1] : |𝑥(𝑡)| > 𝑟 } e
𝐼𝑟 = [0, 1] \ 𝐽𝑟 . Suponha que exista 𝑟 0 , 𝐾1 ∈ (0, ∞)
tal que ∀𝑟 ∈ (0, 𝑟 0 ), vale que |𝐼𝑟 | ≤ 𝐾1𝑟 (aqui |𝐼𝑟 |
denota a medida de lebesgue de 𝐼𝑟 ). Então, 𝑓 é FDIF
∫1
em 𝑥 com 𝑓 ′ (𝑥)ℎ = 0 sgn (𝑥(𝑡)) ℎ(𝑡)𝑑𝑡.

(v) Se 𝑥 ∈ 𝐶 1 [0, 1] com #𝑥 −1 ({0}) = 1 e 𝑥 ′ (𝑡) ≠ 0 para


todo 𝑡 ∈ [0, 1], então 𝑓 é FDIF em 𝑥 com 𝑓 ′ (𝑥)ℎ =
∫1
0
sgn (𝑥(𝑡)) ℎ(𝑡)𝑑𝑡.

Observação 56. Eu comentei nas notas manuscritas que o


resultado acima pode ser generalizado. O item (v) cobre
o que aconteceu no item (iii), de modo mais geral para
1
𝑥(𝑡) = 2 − 𝑡. Eu parei de tentar generalizar pois queria
seguir nos outros exercícios, mas fica a pergunta de qual
é o subconjunto de funções 𝑥 ∈ 𝐶 [0, 1] tal que 𝑓 acima é
FDIF em 𝑥.

Exemplo 13. Seja IF = IR. Considere 𝑋 um IPS e 𝐷 ⊂ 𝑋


aberto não vazio. Seja 𝑓 : 𝐷 → 𝑋.

(i) Caso 𝑓 (𝑥) = ∥𝑥∥ 2 , 𝑓 é FDIF em todo ponto de 𝐷

113
com 𝑓 ′ (𝑥)ℎ = 2 ⟨𝑥 | ℎ⟩, ℎ ∈ 𝑋.

(ii) Caso 𝑓 (𝑥) = ∥𝑥∥, 𝑓 é FDIF em todo ponto 𝑥 ∈ 𝐷 se


⟨𝑥 | ℎ⟩
𝑥 ≠ 0 com 𝑓 ′ (𝑥)ℎ = ∥𝑥∥ .

(iii) Caso 𝑓 (𝑥) = ⟨𝑎 | 𝑥⟩, sendo algum 𝑎 ∈ 𝑋 fixado, 𝑓 é


FDIF em todo 𝐷 com 𝑓 ′ (𝑥)ℎ = ⟨𝑎 | ℎ⟩.

Observação 57. Acima, as transformações que seriam as


FDERIV de 𝑓 num IPS com IF = C não seriam lineares.
Esse é um caso em que dependo de IF = IR para falar de
FDIF.

Proposição 156. (Regra do Produto Generalizada) Se-


jam 𝑋, 𝑌 , 𝑍 NLS e 𝑄 : 𝑋 × 𝑌 → 𝑍 uma forma bilinear
limitada, ou seja,

∥𝑄∥ = sup{|𝑄(𝑥, 𝑦)| : 𝑥 ∈ 𝑋, 𝑦 ∈ 𝑌 , ∥𝑥∥ = ∥𝑦∥ = 1} < ∞.

Daí 𝑄 é FDIF com

𝑄 ′ (𝑥, 𝑦)(ℎ, 𝑘) = 𝑄(𝑥, 𝑘) + 𝑄(ℎ, 𝑦), ∀ℎ ∈ 𝑋, 𝑘 ∈ 𝑌 .

114
Proposição 157. (Derivada do inverso multiplicativo)
Sejam 𝑋 NLS, 𝐷 ⊂ 𝑋 aberto, 𝑓 : 𝐷 → IR, 𝑥 ∈ 𝐷. Supo-
1
nha 𝑓 (𝑥) ≠ 0 e 𝑓 FDIF em 𝑥. Ponha 𝑔(𝑥) = 𝑓 (𝑥) , definido
numa bola em torno de 𝑥 de raio 𝑟 > 0 tal que 𝑓 (𝑦) ≠ 0
para todo 𝑦 𝑟-próximo de 𝑥. Então 𝑔 é FDIF em 𝑥 com

′ − 𝑓 ′ (𝑥)ℎ
𝑔 (𝑥)ℎ =
𝑓 (𝑥) 2

Proposição 158. (Regra do Quociente) Sejam 𝑋 NLS,


𝐷 ⊂ 𝑋 aberto, 𝑓 , 𝑔 : 𝐷 → IR, 𝑥 ∈ 𝐷. Suponha 𝑔(𝑥) ≠ 0
𝑓 (𝑥)
e 𝑓 , 𝑔 FDIF em 𝑥. Ponha 𝑞(𝑥) = 𝑔(𝑥) , definido numa bola
em torno de 𝑥 de raio 𝑟 > 0 tal que 𝑔(𝑦) ≠ 0 para todo 𝑦
𝑟-próximo de 𝑥. Então 𝑞 é FDIF em 𝑥 com

′ 𝑔(𝑥) 𝑓 ′ (𝑥)ℎ − 𝑓 (𝑥)𝑔′ (𝑥)ℎ


𝑞 (𝑥)ℎ =
𝑔(𝑥) 2

Proposição 159. (Exercício 5 - Seção 3.2) Sejam 𝑋 um


NLS, 𝐷 ⊂ 𝑋 aberto, 𝑓 : 𝐷 → IR, e 𝑥0 ∈ 𝐷. Suponha que
𝑓 (𝑥) ≥ 𝑓 (𝑥0 ) para todo 𝑥 ∈ 𝐷. Suponha que 𝑓 seja FDIF
em 𝑥0 . Então 𝑓 ′ (𝑥0 ) ≡ 0. Caso 𝑓 (𝑥) ≤ 𝑓 (𝑥0 ) para todo
𝑥 ∈ 𝐷, também 𝑓 ′ (𝑥0 ) ≡ 0.

115
Proposição 160. (Exercício 6 - Seção 3.2) Sejam 𝑋 um
¯ → IR
NLS com dim 𝑋 < ∞, 𝐷 ⊂ 𝑋 aberto limitado, 𝑓 : 𝐷
contínua. Suponha 𝑓 FDIF em D e suponha 𝑓 constante
¯ \ 𝐷. Então existe 𝑥0 ∈ 𝐷 tal que 𝑓 ′ (𝑥 0 ) = 0.
em 𝐷

Proposição 161. (Teorema do Ponto Fixo de Banach)


Seja 𝑀 um EMC e seja 𝑓 : 𝑀 → 𝑀 uma contração fraca,
ou seja, existe 𝑐 0 ∈ (0, 1) tal que:

∀𝑥, 𝑦 ∈ 𝑀 : 𝑑 ( 𝑓 (𝑥), 𝑓 (𝑦)) ≤ 𝑐 0 𝑑 (𝑥, 𝑦).

Então existe um único 𝑥0 ∈ 𝑀 tal que 𝑓 (𝑥0 ) = 𝑥0 . Além


disso,
𝑥0 = lim 𝑓 𝑛 (𝑥),
𝑛→∞

qualquer que seja 𝑥 ∈ 𝑀.

Proposição 162. (Exercício 7 - Seção 3.2) Sejam 𝑋 um


BS, 𝐾 ⊂ 𝑋 CCVX, 𝐷 ⊂ 𝑋 aberto e 𝑓 : 𝐷 → 𝑋 FDIF.
Suponha 𝐾 ⊂ 𝐷 e

sup ∥ 𝑓 ′ (𝑥) ∥ = 𝑐 0 < 1.


𝑥∈𝐾

116
Suponha 𝑓 (𝐾) ⊂ 𝐾. Então existe 𝑥0 ∈ 𝐾 tal que 𝑓 (𝑥0 ) =
𝑥0 e 𝑥0 = lim𝑛→∞ 𝑓 𝑛 (𝑥), qualquer que seja 𝑥 ∈ 𝐾. Em
particular 𝑓 admite ponto fixo em 𝐷.

Exemplo 14. (Exercício 8 - Seção 3.2) Este é um contra-


exemplo para a igualdade do valor médio. Considere 𝑋 =
IR2 = C e IF = IR. Seja 𝐷 = {𝑎 + 𝑏𝑖 ∈ C : 0 < 𝑎, 𝑏 < 2𝜋}.
¯ → C dada por 𝑓 (𝑧) = 𝑒 𝑧 . Não existe 𝑧 ∈ 𝐷
Ponha 𝑓 : 𝐷
tal que 𝑓 ′ (𝑧)(2𝜋𝑖 − 0) = 𝑓 (2𝜋𝑖) − 𝑓 (0).

Proposição 163. (Exercício 9 - Seção 3.2) Sejam 𝑋, 𝑌


NLS, 𝐷 ⊂ 𝑋 aberto não vazio, 𝑓 : 𝐷 → 𝑌 , e 𝑦 0 ∈
𝑓 (𝐷). Suponha 𝑓 FDIF e tal que 𝑓 ′ (𝑥) invertível com
inf ∥ℎ∥=1 𝑓 ′ (𝑥)ℎ = 𝛼(𝑥) > 0, para todo 𝑥 ∈ 𝑓 −1 (𝑦 0 ). Então
𝑓 −1 (𝑦 0 ) é discreto.

Observação 58. O livro comumente fala de uma transfor-


mação linear limitada 𝐴 ∈ L (𝑋, 𝑌 ) ser invertível querendo
dizer que 𝐴 é uma bijeção sobre a sua imagem e que a res-
pectiva inversa é também (uma transformação linear, claro)
limitada.

117
15 Seção 3.3 - Método de Newton
Proposição 164. (Teorema 1) Seja 𝑓 : IR → IR e su-
ponha 𝑓 duas vezes diferenciável. Seja 𝑟 ∈ IR tal que
𝑓 (𝑟) = 0 e 𝑓 ′ (𝑟) ≠ 0. Seja 𝛿 > 0 tal que

𝛿 max|𝑥−𝑟 |≤𝛿 | 𝑓 ′′ (𝑥)|


 
𝜌 := < 1.
2 min|𝑥−𝑟 |≤𝛿 | 𝑓 ′ (𝑥)|

Se começarmos o método de newton com 𝑥0 ∈ [𝑟 −𝛿, 𝑟 +𝛿],


então:

𝜌
∀𝑛 ∈ N, 𝑓 ′ (𝑥 𝑛 ) ≠ 0 e |𝑥 𝑛+1 − 𝑟 | ≤ |𝑥 𝑛 − 𝑟 | 2 ,
𝛿

sendo que 𝑥 𝑛 é dado indutivamente por:

𝑓 (𝑥 𝑛 )
𝑥 𝑛+1 = 𝑥 𝑛 − .
𝑓 ′ (𝑥 𝑛 )

Proposição 165. (Teorema 2 - Teorema de Kantorovich


sobre o Método de Newton) Sejam 𝑋, 𝑌 BS e 𝑓 : 𝑋 → 𝑌 .
Seja 𝑥0 ∈ 𝑋 tal que 𝑓 é FDIF em 𝑥0 e existe 𝑓 ′ (𝑥0 ) −1

118
limitada. Ponha

𝑎 0 = 𝑓 ′ (𝑥0 ) −1 𝑓 (𝑥0 ) , 𝑏 0 = 𝑓 ′ (𝑥0 ) −1 ,

𝑆 = B[𝑥 0 ; 2𝑎 0 ],

∥ 𝑓 ′ (𝑥) − 𝑓 ′ (𝑣) ∥
 
𝑘 = 2 sup : 𝑥, 𝑣 ∈ 𝑆, 𝑥 ≠ 𝑣 .
∥𝑥 − 𝑣∥

Suponha que 𝑓 seja FDIF em todo ponto de 𝑆 e que 𝑎 0 𝑏 0 𝑘 ≤


1
2. Então:

(i) 𝑓 admite um 0 em 𝑆.

(ii) A iteração de Newton começando em 𝑥0 está bem


definida e CVG quadraticamente a um 0 de 𝑓 em 𝑆.

Observação 59. Acima, o passo de Newton é dado por:

𝑥 𝑛+1 = 𝑥 𝑛 − 𝑓 ′ (𝑥 𝑛 ) −1 𝑓 (𝑥 𝑛 ).

Observação 60. A convergência quadrática diz que se 𝑒 𝑛


é o 𝑛-ésimo erro (𝑒 𝑛 = ∥𝑥 𝑛 − 𝑟 ∥, sendo 𝑟 a raiz de 𝑓 para

119
∞ CVG) então existe 𝜂 > 0 tal que
qual (𝑥 𝑛 )𝑛= 1

𝑒 𝑛+1 ≤ 𝜂𝑒 2𝑛 .

Proposição 166. Sejam 𝑋, 𝑌 BS e ponha

G𝐿 (𝑋, 𝑌 ) = { 𝐴 ∈ L (𝑋, 𝑌 ) :
𝐴 é inversível com 𝐴−1 ∈ L (𝑌 , 𝑋)}.

Então:

(i) G𝐿(𝑋, 𝑌 ) é aberto em L (𝑋, 𝑌 ).

(ii) 𝜙 : G𝐿(𝑋, 𝑌 ) → G𝐿(𝑌 , 𝑋) dada por 𝜙( 𝐴) = 𝐴−1 é


contínua.

Proposição 167. (Teorema 4 - Método de Newton Re-


laxado; R.E. More) Sejam 𝑋, 𝑌 NLS, Ω ⊂ 𝑋 aberto,
𝐹 : Ω → 𝑌 . Seja 𝑥 ∗ ∈ Ω tal que 𝐹 (𝑥 ∗ ) = 0 e 𝐹 é FDIF em
𝑥 ∗ . Seja 𝐴 : Ω → L (𝑋, 𝑌 ) tal que

sup ∥ 𝐴(𝑥) ∥ = 𝑀 < ∞


𝑥∈Ω

120
e
sup ∥𝐼 − 𝐴(𝑥)𝐹 ′ (𝑥 ∗ ) ∥ = 𝜆 < 1.
𝑥∈Ω

Então existe uma vizinhança de 𝑥 ∗ tal que a iteração dada


por
𝑥 𝑛+1 = 𝐺 (𝑥 𝑛 ),

𝐺 (𝑥) := 𝑥 − 𝐴(𝑥)𝐹 (𝑥).

converge qualquer que seja 𝑥0 nesta vizinhança.

Proposição 168. (Corolário 1) Sejam 𝑋, 𝑌 NLS e Ω1 ⊂


𝑋 aberto. Seja 𝐹 : Ω1 → 𝑌 e seja 𝑥 ∗ ∈ Ω1 . Suponha que
há 𝑟 > 0 tal que

(i) B[𝑥 ∗ ; 𝑟 1 ] ⊂ Ω1 .

(ii) 𝐹 é FDIF em todo B[𝑥 ∗ ; 𝑟].

(iii) 𝐹 (𝑥 ∗ ) = 0.

(iv) 𝐹 ′ (𝑥) ∈ G𝐿(𝑋, 𝑌 ) para todo 𝑥 ∈ B[𝑥 ∗ ; 𝑟].

(v) sup ∥𝑥−𝑥 ∗ ∥≤𝑟 𝐹 ( 𝑥) −1 < ∞.

(vi) sup ∥𝑥−𝑥 ∗ ∥≤𝑟 𝐼 − 𝐹 ′ (𝑥) −1 𝐹 ′ (𝑥 ∗ ) < 1.

121
Então existe uma vizinhança de 𝑥 ∗ tal que o método de
Newton converge para todo ponto inicial 𝑥0 nesta vizinhança.

Proposição 169. (Corolário 2) Sejam 𝑋 um NLS, Ω1 ⊂


𝑋 aberto, 𝐹 : Ω1 → 𝑋, 𝑥 ∗ ∈ Ω1 . Suponha 𝐹 (𝑥 ∗ ) = 0.
Suponha ∥𝐼 − 𝐹 ′ (𝑥 ∗ )∥ < 1. Existe então uma vizinhança
de 𝑥 ∗ tal que a seguinte versão simplificada do método de
Newton, cuja iteração é dada por

𝑥 𝑛+1 = 𝑥 𝑛 − 𝐹 (𝑥 𝑛 ),

converge para todo 𝑥0 nesta vizinhança.

Proposição 170. (Corolário 3) Sejam 𝑋, 𝑌 NLS, Ω1 ⊂


𝑋, 𝑥 ∗ ∈ Ω1 e 𝐹 : Ω1 → 𝑌 . Seja 𝑥0 ∈ Ω1 . Suponha
𝐹 (𝑥 ∗ ) = 0, 𝐹 é FDIF em 𝑥0 com 𝐹 ′ (𝑥0 ) ∈ G𝐿(𝑋, 𝑌 ) e
𝐼 − 𝐹 ′ (𝑥0 ) −1 𝐹 (𝑥 ∗ ) < 1. Então existe vizinhança de 𝑥 ∗
tal que se 𝑥0 pertence a esta vizinhança, a seguinte iteração
simplificada de Newton converge para 𝑥 ∗ :

𝑥 𝑛+1 = 𝑥 𝑛 − 𝐹 ′ (𝑥0 ) −1 𝐹 (𝑥 𝑛 ).

122
Proposição 171. (Corolário 3 – versão alternativa) Se-
jam 𝑋, 𝑌 NLS, Ω1 ⊂ 𝑋 aberto, 𝑥 ∗ ∈ Ω1 e 𝐹 : Ω1 →
𝑌 . Suponha 𝐹 (𝑥 ∗ ) = 0 e que há 𝐽 ∈ L (𝑌 , 𝑋) tal que
∥𝐼 − 𝐽𝐹 (𝑥 ∗ )∥ < 1. Existe então vizinhança de 𝑥 ∗ tal que
para todo 𝑥0 nesta vizinhança, a seguinte iteração simplifi-
cada de Newton converge para 𝑥 ∗ :

𝑥 𝑛+1 = 𝑥 𝑛 − 𝐽𝐹 (𝑥 𝑛 ).

Proposição 172. Seja 𝑣 ∈ 𝐶IF [0, 1] (aqui IF = IR ou C).


Seja 𝑔 ∈ 𝐶IF ([0, 1] 2 × IR). Considere a equação:
∫ 1
𝑥(𝑠) − 𝑔(𝑠, 𝑡, 𝑥(𝑡))𝑑𝑡 = 𝑣(𝑠). (★1 )
0

Defina 𝐺 : 𝐶IF [0, 1] → 𝐶IF [0, 1] dada por


∫ 1
(𝐺 (𝑥))(𝑠) = 𝑣(𝑠) + 𝑔(𝑠, 𝑡, 𝑥(𝑡))𝑑𝑡.
0

Sobre a existência e unicidade de soluções, temos os se-


guintes resultados:

(i) Se 𝐺 for uma contração, então (★1 ) tem uma única

123
solução que pode ser obtida atravéz do método itera-
tivo 𝑥 𝑛+1 = 𝐺 (𝑥 𝑛 ), qualquer que seja 𝑥 0 ∈ 𝐶IF [0, 1]
escolhido.

(ii) Se 𝑔 for lipschitziana na terceira variável com cons-


tante 𝑘 < 1, então 𝐺 é contração; ou seja, se existe
𝑘 ∈ [0, 1) tal que para todo 𝑠, 𝑡 ∈ [0, 1] e todo
𝑢 1 , 𝑢 2 ∈ IR, valer

|𝑔(𝑠, 𝑡, 𝑢 1 ) − 𝑔(𝑠, 𝑡, 𝑢 2 )| ≤ 𝑘 |𝑢 1 − 𝑢 2 |,

então 𝐺 é contração.

Defina agora 𝑓 : 𝐶IF [0, 1] → 𝐶IF [0, 1] dada por

( 𝑓 (𝑥))(𝑠) = 𝑥(𝑠) − (𝐺 (𝑥))(𝑠)

Suponha daqui para frente que ∀𝑝 ∈ [0, 1] 2 ×IR, existe 𝜕3 𝑔


e, além disso, 𝜕3 𝑔 é contínua em todo [0, 1] 2 × IR. Defina,
para 𝑥 ∈ 𝐶IF [0, 1], a transformação linear
∫ 1
(Φ𝑥 ℎ)(𝑠) = 𝑘 𝑥 (𝑠, 𝑡)ℎ(𝑡)𝑑𝑡,
0

124
sendo
𝑘 𝑥 (𝑠, 𝑡) := 𝜕3 𝑔(𝑠, 𝑡, 𝑥(𝑡)).

(I) Temos 𝑓 é FDIF em todo ponto 𝑥 ∈ 𝐶IF [0, 1] com

𝑓 ′ (𝑥) = 𝐼 − Φ𝑥 .

(II) (Inversa de 𝑓 ′ (𝑥)) Seja 𝑥 ∈ 𝐶IF [0, 1]. Seja 𝑟 𝑥 ∈


𝐶IF ([0, 1] 2 ). Ponha 𝐵𝑥 = 𝐼 + Ψ𝑥 , sendo (Ψ𝑥 ℎ)(𝑠) =
∫1
𝑟 (𝑠, 𝑡)ℎ(𝑡)𝑑𝑡. Então 𝐵𝑥 𝑓 ′ (𝑥) = 𝐼 se, e somente
0 𝑥
se,
∫ 1
𝑟 𝑥 (𝑠, 𝑢) = 𝑘 𝑥 (𝑠, 𝑢) + 𝑟 𝑥 (𝑠, 𝑡)𝑘 𝑥 (𝑡, 𝑢)𝑑𝑡
0

para todo 𝑠, 𝑢 ∈ [0, 1]. Além disso, 𝑓 ′ (𝑥)𝐵𝑥 = 𝐼 se,


e somente se,
∫ 1
𝑟 𝑥 (𝑠, 𝑢) = 𝑘 𝑥 (𝑠, 𝑢) + 𝑘 𝑥 (𝑠, 𝑡)𝑟 𝑥 (𝑡, 𝑢)𝑑𝑡.
0

para todo 𝑠, 𝑢 ∈ [0, 1].

(III) Dado 𝑥 ∈ 𝐶IF [0, 1], se ∥Φ𝑥 ∥ < 1, então 𝑓 ′ (𝑥) ∈

125
G𝐿(𝐶IF [0, 1]). Em particular, isso ocorre sempre
que

(𝑠, 𝑡) ∈ [0, 1] 2 ↦→ 𝜕3 𝑔(𝑠, 𝑡, 𝑥(𝑡)) ∞


< 1.

(IV) Em particular, se 𝑓 ′ (𝑥) for inversível e 𝑟 𝑥 (como em


(II)) for solução de uma das equações, então é solu-
ção das duas equações. Não só isso, se encontrar-
mos, por outro lado, uma 𝑟 𝑥 que é solução das duas
equações, temos 𝑓 ′ (𝑥) inversível. Isso sugere um
método para encontrar a inversa de 𝑓 ′ (𝑥), que é ver
condições necessárias sobre uma 𝑟 𝑥 que cumpre as
duas equações simultaneamente.

Sobre a possibilidade de se resolver a equação integral


acima em (II), temos o seguinte:

(a) Caso ∥𝑘 𝑥 ∥ ∞ < 1, existe uma única 𝑟 𝑥 ∈ 𝐶IF ([0, 1] 2 )


tal que
∫ 1
𝑟 𝑥 (𝑠, 𝑢) = 𝑘 𝑥 (𝑠, 𝑢) + 𝑟 𝑥 (𝑠, 𝑡)𝑘 𝑥 (𝑡, 𝑢)𝑑𝑡
0

126
e
∫ 1
𝑟 𝑥 (𝑠, 𝑢) = 𝑘 𝑥 (𝑠, 𝑢) + 𝑘 𝑥 (𝑠, 𝑡)𝑟 𝑥 (𝑡, 𝑢)𝑑𝑡.
0

para todo 𝑠, 𝑢 ∈ [0, 1].

127

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