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05/12/2023

Microeconomia

TEORIA DO CONSUMIDOR
– a escolha do
consumidor

Docente: Gustavo Carvalho Moreira


Departamento de Economia – DCECO
Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)

ECONOMIA / MERCADO

Lado da demanda Lado da oferta


CONSUMIDOR FIRMAS

Preferências Decisões de produção


X e
Restrição orçamentária EQUILÍBRIO E Custos
MECANISMOS
DE MERCADO
Escolhas Maximização do lucro

DEMANDA INDIVIDUAL OFERTA DA EMPRESA

DEMANDA DE MERCADO OFERTA DO SETOR

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1. TEORIA DO CONSUMIDOR
• TEORIA DO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR: Descreve como os
consumidores alocam sua renda limitada entre bens e serviços visando
maximizar o seu bem-estar.

• Já estudamos como as curvas de indiferença e as funções utilidade


descrevem como os consumidores avaliam as diferentes possibilidades de
consumo e como a restrição orçamentaria restringe essas possibilidades.

• Agora, iremos determinar como os consumidores escolhem quanto comprar


de cada mercadoria.

A escolha do consumidor
• Pressuposto principal: consumidor faz a escolha racionalmente, ou, ele decide
a quantidade de cada bem visando maximizar o seu grau de satisfação,
considerando o seu orçamento limitado.

• A cesta maximizadora (escolha ótima) deve então satisfazer a duas condições:


1) Deve estar sobre a linha de orçamento:
• uma cesta localizada acima ou a direta não pode ser adquirida com a renda disponível;
• uma cesta localizada abaixo ou a esquerda deixaria parte da renda sem ser gasta e, caso essa renda fosse
despendida, a satisfação do consumidor aumentaria.

2) Deve dar ao consumidor sua combinação perfeita de bens e serviços.

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A escolha do consumidor
• Pressuposto principal: consumidor faz a escolha racionalmente, ou, ele decide
a quantidade de cada bem visando a maximizar o seu grau de satisfação,
considerando o seu orçamento limitado.

• A cesta maximizadora (escolha ótima) deve então satisfazer a duas condições:


1) Deve estar sobre a linha de orçamento:
• uma cesta localizada acima ou a direta não pode ser adquirida com a renda disponível;
• uma cesta localizada abaixo ou a esquerda deixaria parte da renda sem ser gasta e, caso essa renda fosse
despendida, a satisfação do consumidor aumentaria.

2) Deve dar ao consumidor sua combinação perfeita de bens e serviços.


Logo, o problema de maximizar a satisfação do consumidor restringe-se a escolher um
ponto apropriado sobre a linha de orçamento.
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A escolha do consumidor
• Encontrando a cesta ótima graficamente, dados a linha de orçamento e o mapa de
indiferença:

Porque não a cesta D?

Porque não a cesta B?

O ponto A é o ponto de
tangência entre a curva
de indiferença U2 e a
linha de orçamento.

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A escolha do consumidor
• Encontrando a cesta ótima graficamente, dados a linha de orçamento e o mapa de
indiferença:
Porque não a cesta D?
Não tem renda para alcançar
esse nível de satisfação.
Porque não a cesta B?
A utilidade é baixa (U1). Se
ele combinar melhor os dois
bens, pode alcançar uma
utilidade maior (U2).
O ponto A é o ponto de
tangência entre a curva de
indiferença U2 e a linha de
orçamento.
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A escolha do consumidor
• Encontrando a cesta ótima graficamente, dados a linha de orçamento e o mapa de
indiferença:
Em A:
𝐼𝑛𝑐𝑙𝑖𝑛𝑎çã𝑜 𝑑𝑎 𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎 𝑑𝑒 𝑜𝑟ç𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 =
𝑖𝑛𝑐𝑙𝑖𝑛𝑎çã𝑜 𝑑𝑎 𝐶𝐼.

𝑖𝑛𝑐𝑙𝑖𝑛𝑎çã𝑜 𝑑𝑎 𝐶𝐼 = −𝑇𝑀𝑆

𝑖𝑛𝑐𝑙𝑖𝑛𝑎çã𝑜 𝑑𝑎 𝑅𝑂 = −𝑃𝐴 /𝑃𝑉

Então, no ponto de máxima


satisfação, sujeita a restrição:
𝑇𝑀𝑆 = 𝑈𝑀𝑔𝐴 /𝑈𝑀𝑔𝑣 = 𝑃𝐴 /𝑃𝑉
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Matematicamente, como resolver?


• Consumidores desejam maximizar a utilidade sujeito a uma dada restrição de renda. Isso
significa:
𝑀𝑎𝑥 ∶ 𝑢(𝐴, 𝑉)

𝑠𝑢𝑗𝑒𝑖𝑡𝑜 𝑎: 𝐼 = 𝑃𝐴 𝐴 + 𝑃𝑉 𝑉

• Que é um típico problema de otimização condicionada a ser resolvido pelo método de


Lagrange.

Passo 1: elabore o Lagrangeano da função a Passo 2: calcule as derivadas parciais em


ser otimizada. função de A, V e 𝜆 e iguale a zero para achar
o ponto de ótimo
ℒ = 𝑢 𝐴, 𝑉 + 𝜆(𝐼 − 𝑃𝐴 𝐴 + 𝑃𝑉 𝑉)
𝜕ℒ 𝜕ℒ 𝜕ℒ
= = =0
𝜕𝐴 𝜕𝑉 𝜕𝜆
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Matematicamente, como resolver?


• Consumidores desejam maximizar a utilidade sujeito a uma dada restrição de renda. Isso
significa:
𝑀𝑎𝑥: 𝑢(𝐴, 𝑉)

𝑠𝑢𝑗𝑒𝑖𝑡𝑜 𝑎: 𝐼 = 𝑃𝐴 𝐴 + 𝑃𝑉 𝑉

ℒ = 𝑢 𝐴, 𝑉 + 𝜆(𝐼 − 𝑃𝐴 𝐴 − 𝑃𝑉 𝑉)

𝜕ℒ 𝜕𝑈 𝜕ℒ 𝜕𝑈 𝑈𝑀𝑔𝐴
= − 𝜆𝑃𝐴 (1) = − 𝜆𝑃𝐴 = 0 → 𝑈𝑀𝑔𝐴 = 𝜆𝑃𝐴 → 𝜆 = (1.1)
𝜕𝐴 𝜕𝐴 𝜕𝐴 𝜕𝐴 𝑃𝐴
𝜕ℒ 𝜕𝑈 Igualando
= − 𝜆𝑃𝑉 (2) 𝜕ℒ 𝜕𝑈 𝑈𝑀𝑔𝑉
𝜕𝑉 𝜕𝑉 tudo a = − 𝜆𝑃𝑉 = 0 → 𝑈𝑀𝑔𝑉 = 𝜆𝑃𝑉 → 𝜆 = (1.2)
𝜕𝑉 𝜕𝑉 𝑃𝑉
zero
𝜕ℒ
= 𝐼 − 𝑃𝐴 𝐴 + 𝑃𝑉 𝑉 (3) 𝜕ℒ
𝜕𝑉 = 𝐼 − 𝑃𝐴 𝐴 + 𝑃𝑉 𝑉 = 0 → 𝐼 = 𝑃𝐴 𝐴 + 𝑃𝑉 𝑉 (1.3)
𝜕𝑉
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A escolha do consumidor

Igualando (1.1) com (1.2),


matematicamente temos que o
ponto de otimização ocorre
quando:

𝑈𝑀𝑔𝐴 𝑈𝑀𝑔𝑉
=
𝑃𝐴 𝑃𝑉
Ou:

𝑈𝑀𝑔𝐴 𝑃𝐴
=
𝑈𝑀𝑔𝑉 𝑃𝑉

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A escolha do consumidor

Obs.: A identidade apresentada em


(1.3)

𝐼 = 𝑃𝐴 𝐴 + 𝑃𝑉 𝑉 (1.3)

será útil para substituirmos os


valores encontrados ao igualar
(1.1) com (1.2). Com isso,
obteremos a função de demanda
individual (demanda marshaliana).

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Exemplo 1
• Considere um consumidor que possui função utilidade e renda conforme descrito no
sistema de equações de otimização:

𝑀𝑎𝑥 𝑈 = 𝑋1 ∗ 𝑋2

𝑠𝑢𝑗𝑒𝑖𝑡𝑜 𝑎 𝐼 = 𝑃1 𝑋1 + 𝑃2 𝑋2

• Elabore o problema de maximização da utilidade e determine a quantidade demandada dos bens 𝑋1 e 𝑋2 .

IMPORTANTE: NOTAR QUE, AO RESOLVER ESSE PROBLEMA DE OTIMIZAÇÃO, OBTEREMOS A


DENOMINADA FUNÇÃO DE DEMANDA MARSHALIANA

Na demanda marshaliana, a demanda depende da renda e do preço do bem.

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Exemplo 1
• Resposta:
ℒ = 𝑋1 𝑋2 + 𝜆(𝐼 − 𝑃1 𝑋1 − 𝑃2 𝑋2 )
Derivadas
parciais
𝜕ℒ 𝜕ℒ 𝜕ℒ
= 𝑋2 − 𝜆𝑃1 = 0 (1) = 𝑋1 − 𝜆𝑃2 = 0 (2) = 𝐼 − 𝑃1 𝑋1 − 𝑃2 𝑋2 = 0 (3)
𝜕𝑋1 𝜕𝑋2 𝜕𝜆

De (1): 𝜆 = 𝑋2 /𝑃1 De (2): 𝜆 = 𝑋1 /𝑃2 De (3): 𝐼 = 𝑃1 𝑋1 + 𝑃2 𝑋2

Igualando (1) e (2): 𝑋2 /𝑃1 = 𝑋1 /𝑃2 → 𝑋1 = (𝑋2 𝑃2 )/𝑃1 (4.1) ou 𝑋2 = (𝑋1 𝑃1 )/𝑃2 (4.2)

Substituindo (4.1) em (3):


𝑋2 𝑃2 Demandas Marshalianas para os bens 𝑋1 e
𝐼 − 𝑃1 − 𝑃2 𝑋2 = 0 → 𝐼 − 𝑃2 𝑋2 − 𝑃2 𝑋2 = 0 → 𝑋2 = 𝐼/2𝑃2
𝑃1 𝑋2 . Notar que dependem diretamente da
renda e inversamente dos preços.
Substituindo (4.2) em (3):
𝑋1 𝑃1 Quanto maior a renda, maior a demanda.
𝐼 − 𝑃1 𝑋1 − 𝑃2 = 0 → 𝐼 − 𝑃1 𝑋1 − 𝑃1 𝑋1 = 0 → 𝑋1 = 𝐼/2𝑃1
𝑃2 Quanto maior o preço, menor a demanda.
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IMPORTANTE
• O que resolvemos até o momento se refere à condição de primeira ordem
para um resultado de otimização.

• A condição de primeira ordem é necessária, mas não suficiente. Para


atestarmos que aquele ponto é um ponto de máximo (mínimo), precisamos
da condição de segunda ordem.

• Para fins de simplificação dos cálculos, omitiremos a condição de segunda


ordem, pois ela sempre será satisfeita nos nossos exercícios. MAS NÃO SE
ESQUEÇA QUE ELA EXISTE!

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IMPORTANTE
Derivadas 𝜕ℒ
= 𝑋2 − 𝜆𝑃1 = 0 (1)
• Para o problema de otimização do exemplo 1: parciais 𝜕𝑋1

𝜕ℒ
= 𝑋1 − 𝜆𝑃2 = 0 (2)
𝜕𝑋2
𝑀𝑎𝑥 𝑈 = 𝑋1 ∗ 𝑋2

𝑠𝑢𝑗𝑒𝑖𝑡𝑜 𝑎 𝐼 = 𝑃1 𝑋1 + 𝑃2 𝑋2 𝜕ℒ
= 𝐼 − 𝑃1 𝑋1 − 𝑃2 𝑋2 = 0 (3)
𝜕𝜆
A matriz Hessiana Orlada é dada por:
0 −𝑃1 −𝑃2
𝜕2ℒ 𝜕ℒ 0 −𝑃1 −𝑃2
−𝑃1
𝐻= 𝜕𝑋12 𝜕𝑋2 𝜕𝑋1 = −𝑃1 0 1
𝜕ℒ 𝜕2ℒ −𝑃2 1 0
−𝑃2
𝜕𝑋1 𝜕𝑋2 𝜕𝑋22

0 −𝑃1 2
det 𝐻2 = = − 𝑃1 <0
−𝑃1 0
Sinais alternam entre si =
0 −𝑃1 −𝑃2 PONTO DE MÁXIMO
det 𝐻3 = −𝑃1 0 1 = 2𝑃1 𝑃2 > 0
−𝑃2 1 0
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• Bibliografia:

PINDYCK, R. S.; RUBINFELD, D. L. Microeconomia. [Microeconomics]. 7.


ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2012. 647 p.

Capítulo 3

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