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TRANSFORMAÇÃO E DIVISÃO FUNDIÁRIA

Carla Cristina Marques Santos Costa Gonçalves


Conservadora

1
Direito do urbanismo

 Direito Público
 (autónomo face ao direito administrativo)

 Direitos reais

 Registo Predial

Carla Cristina Marques Santos


Costa Gonçalves Conservadora 2
 Planeamento urbanístico
 Gestão urbanística

 Diplomas :
◦ RJUE – Decreto-Lei 555/99 de 16 de dezembro
◦ Lei de Bases da Política Pública de Solos de Ordenamento
do Território e do Urbanismo – Lei 31/2014 de 30 de maio
(LBPPSOTU)
◦ Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial-
Decreto-Lei 80/2015 de 14 de maio (RJIGT)
◦ Código Civil – CC
◦ Código do Registo Predial – CRP
◦ Código do Procedimento Administrativo (CPA)
◦ Regime Jurídico da Estruturação Fundiária – Lei 111/2015

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Costa Gonçalves Conservadora 3
 Operações de transformação fundiária :
◦ São operações que conduzem à transformação da
estrutura fundiária através do fracionamento, do
emparcelamento ou do reparcelamento predial;

◦ As operações de transformação fundiária tanto


podem incidir sobre prédios urbanos como sobre
prédios rústicos;
◦ Devem logicamente ser adequadas à localização,
configuração, função predominante e utilização da
propriedade.

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Costa Gonçalves Conservadora 4
 Na divisão fundiária há que atender não à
matriz inicial mas acima de tudo ao objetivo
final, o que é que se pretende ter no fim da
operação e é esse princípio que levará à
escolha do tipo de divisão\ operação
urbanística e de transformação fundiária a
escolher\aconselhar.

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Conservadora 5
 Urbano

 Fim
 Não urbano (fins diversos) – (1376.º e 1377.º do CC;
Regime Jurídico da Estruturação Fundiária – Lei 111/2015

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Costa Gonçalves Conservadora 6
 Fins urbanos:
◦ Loteamento urbano
◦ Reparcelamento urbano
◦ Reestruturação da compropriedade
◦ Destaques
◦ Outros

• Fins distintos dos urbanos:


– Reparcelamento da propriedade rústica

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Conservadora 7
 O emparcelamento – conjunto de atos pelos
quais se anexam dois ou mais prédios do mesmo
proprietário ou dos mesmos comproprietários
(não se podem anexar direitos diferentes):
 Em solo urbano deixou de haver controlo
administrativo desta operação (depende apenas
de vontade das partes) tendo sido eliminada da
noção de loteamento urbano (questão polémica)
 Trata-se contudo de uma operação que pode ser
prévia a outas operações de transformação
fundiária.

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Costa Gonçalves Conservadora 8
 Na economia de tempo iremos abordar por
ordem e relativamente às chamadas
operações de transformação fundiária:

1- O Destaque
2 – O loteamento e suas vicissitudes
3 – O fracionamento de prédios rústicos

Também abordaremos o licenciamento

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Conservadora 9
 DL 555/99 de 16 de dezembro

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 Decreto-lei 46673 de 29/11/1965 – uma
abordagem muito simples sem a eficácia ou
amplitude desejada, mas que já sujeitou a
licenciamento algumas operações;
 Decreto-lei 289/73 de 6/6
 Decreto-lei 400/84 de 31/12
 Decreto-lei 448/91 de 29/11
 Decreto-lei 555/99 de 16/12

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 Operações de destaque – A operação de destaque
tem que ter em análise o objeto sobre o qual
incide, isto é a unidade predial.
Da diferença do prédio resultará
necessariamente a aplicação de diferentes
pressupostos e consequências.

Poderemos ter:

 Prédios urbanos dentro de aglomerados urbanos


 Prédios urbanos fora de aglomerados urbanos
 Prédios urbanos a constituir a partir de prédios
rústicos

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O destaque lato senso pode ter como objetivo:

 A constituição de um prédio novo (destaque


em sentido estrito)
 A ampliação de logradouro de um prédio
vizinho
 O arredondamento de extremas de um prédio
confinante

 Só o primeiro é que é considerado um verdadeiro


destaque, nos termos e para os efeitos da
aplicação do decreto lei 555/99 de 26 de
Dezembro (p.p. artigo 6.º RJUE)

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Sob a epígrafe “Isenção de controlo prévio” dispõe o artigo 6.º do RJUE, na parte
que aqui nos interessa:

 4 - Os atos que tenham por efeito o destaque de uma única parcela de


prédio com descrição predial que se situe em perímetro urbano estão isentos
de licença desde que as duas parcelas resultantes do destaque confrontem
com arruamentos públicos.

5 - Nas áreas situadas fora dos perímetros urbanos, os atos a que se refere o
número anterior estão isentos de licença quando, cumulativamente, se
mostrem cumpridas as seguintes condições:

a) Na parcela destacada só seja construído edifício que se destine


exclusivamente a fins habitacionais e que não tenha mais de dois fogos;

b) Na parcela restante se respeite a área mínima fixada no projeto de


intervenção em espaço rural em vigor ou, quando aquele não exista, a área
de unidade de cultura fixada nos termos da lei geral para a região respetiva.

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 6 - Nos casos referidos nos n.os 4 e 5 não é permitido efetuar na área correspondente ao
prédio originário novo destaque nos termos aí referidos por um prazo de 10 anos contados da
data do destaque anterior.

7 - O condicionamento da construção bem como o ónus do não fracionamento previstos nos
n.os 5 e 6 devem ser inscritos no registo predial sobre as parcelas resultantes do destaque,
sem o que não pode ser licenciada ou comunicada qualquer obra de construção nessas
parcelas.

8 - O disposto no presente artigo não isenta a realização das operações urbanísticas nele
previstas da observância das normas legais e regulamentares aplicáveis, designadamente as
constantes de planos municipais, intermunicipais ou especiais de ordenamento do território,
de servidões ou restrições de utilidade pública, as normas técnicas de construção, as de
proteção do património cultural imóvel, e a obrigação de comunicação prévia nos termos do
artigo 24.º do Decreto-Lei n.º 73/2009, de 31 de março, que estabelece o regime jurídico da
Reserva Agrícola Nacional.

9 - A certidão emitida pela câmara municipal comprovativa da verificação dos requisitos do
destaque constitui documento bastante para efeitos de registo predial da parcela destacada.

10 - Os atos que tenham por efeito o destaque de parcela com descrição predial que se situe
em perímetro urbano e fora deste devem observar o disposto nos n.os 4 ou 5, consoante a
localização da parcela a destacar, ou, se também ela se situar em perímetro urbano e fora
deste, consoante a localização da área maior.

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Condições:

 Um prédio descrito;
 Que as duas parcelas resultantes do destaque
confrontem com arruamento público (não
com caminho particular ou servidão)

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Condições:

 Um prédio descrito;
 Que a parcela destacada se destine unicamente à
construção de edifício com fins habitacionais no
máximo de dois fogos
 Na parcela restante se respeite a área mínima
fixada no projeto de intervenção em espaço rural
em vigor ou, quando aquele não exista, a área de
unidade de cultura fixada nos termos da lei geral
para a região respetiva. (Portaria 19/2019 de 15
de janeiro- fixa a unidade de cultura atendendo
ao tipo de cultura e à localização do prédio)

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Em área urbana:
– ónus de não fracionamento sobre ambos os
prédios (inicial e destacado) com a duração
de 10 anos;

Fora do perímetro urbano:


- Ónus de não fracionamento e ónus de
condicionamento da construção

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 Certidão da câmara a qual deve referir indubitavelmente
que estão cumpridos os requisitos para o destaque,
identificando logo se o mesmo é ao abrigo do n.º 4 (em
perímetro urbano) ou do n.º 5 (fora do perímetro urbano).
 (A este respeito veja-se Pºs RP 214, 215 e 217/2009 SJC-CT-
Partilha hereditária extrajudicial entre herdeiros legitimários –
Omissão do cálculo da legítima segundo as regras do art.
2162.º do Código Civil – Influência na qualificação dos factos
aquisitivos baseados na partilha. Autorização de destaque de
parcela ao abrigo do artigo 6.º do RJUE –Título inconclusivo
quanto à sujeição da parcela destacada ao condicionamento
da construção previsto na al. b) do n.º 5.)

 De realçar que caso o prédio se situe em ambos os


perímetros (parte num e parte noutro) Se atenderá sempre
ao perímetro onde se condense a maior parte do prédio.

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 Com base na certidão da câmara deve ser apresentado
junto da autoridade tributária a participação fiscal dos
prédios, isto é a criação de um novo prédio a partir do
anterior e a atualização daquele, o que levará dentro do
perímetro urbano a dois modelos 1 do IMI e fora do
perímetro urbano a um modelo 1 do IMI para a parcela
destacada e a participação da alteração da área \ou área e
confrontações do prédio rústico (parcela remanescente);

 E para efeitos de pedido de registo devem ser juntos:


◦ A dita certidão da câmara;
◦ As participações fiscais do destaque;
◦ A declaração do proprietário ou proprietários do prédio (se estiver
em compropriedade devem assinar todos) das novas composições
e confrontações

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Conservadora 20
Operação de transformação fundiária por
iniciativa do proprietário
artigo 21.º do RERN
 2.17 - Pelo ato de transformação fundiária
lavrado com base em declaração do
interessado que tenha por fim a anexação ou
desanexação - (euro) 250.
 2.18 - De ónus de não fracionamento e de
condicionamento da construção - (euro) 125.

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 Atenção que a operação de destaque requerida
apesar de versar sobre o prédio inicial, tem por
objetivo a criação de um novo prédio, assim nos
emolumentos contidos na operação apenas está
incluída a abertura da nova descrição e o
averbamento de destaque propriamente dito.

 A atualização da descrição do prédio sobre o qual


incidiu o destaque deve ser requerida em novo ato
(apresentação) e paga:

 Artigo 21.º 3.1 do RERN- Por cada averbamento à


descrição de factos que não sejam lavrados na
dependência de pedido de registo ou que não devam
ser de lavrar oficiosamente - (euro) 60;

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Do destaque puro e simples ao registo de aquisição de uma parcela a destacar;

 No destaque puro e simples, atrás referido , o proprietário é o mesmo e as


inscrições existentes sobre o prédio “mãe” serão as mesmas do prédio novo a
constituir;

 A operação de destaque sendo da iniciativa do proprietário é constitutiva ( a


certidão é uma simples autorização que pode ou não ser utilizada, consoante a
vontade do proprietário) pelo que não é um registo obrigatório e não paga
emolumento em dobro pois não se verifica qualquer incumprimento da obrigação
de registar. A data do destaque e dos ónus é a da própria apresentação do pedido
;

 No caso de registo de aquisição de uma parcela a destacar, em que tenha sido


apresentado ao ´notário a certidão e tenha sido desde logo efetuado o negócio
sobre o prédio a constituir, v.g. venda da parcela a destacar, já não se paga a
operação de transformação fundiária, como previamente se esclareceu, mas
apenas a aquisição e o (s) ónus . Aqui, diferentemente já há um facto sujeito a
registo obrigatório e que portanto tem um prazo o qual excedido determina a
cobrança do emolumento em dobro.

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 Esta situação, que se enquadra numa operação urbanística
também não carece todavia de controlo da edilidade.
Trata-se da transmissão de uma parcela de um prédio
para que essa sirva de logradouro ou de ampliação de
logradouro de outro prédio, ou para arredondar as
estremas de outro prédio (neste último caso aplicável a
prédios rústicos)

 Ambos os prédios devem ser descritos;


 Se forem de titulares diversos deve ser feito o respetivo
negócio translativo – compra e venda, doação, permuta …
 Ver a este propósito o parecer proferido no P.ª R.P.
151/2010 SJC-CT Parcela de terreno para arredondamento de
estremas. Relevância da área e composição da parcela
desanexada em face da finalidade prevista no título

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 Relativamente à participação fiscal destes atos, ver a
Informação Vinculativa n.º 12292, emitida pela AT,
transcrevendo aqui os pontos que por ora consideramos
relevantes:

 “7. Estabelece o n.º 1 do artigo 13.º do CIMI que é


incumbência do sujeito passivo declarar qualquer facto que
altere a realidade de um prédio e consequentemente
produza alterações na matriz.

 8. Quando for celebrada escritura pública de


fracionamento de prédio rústico, com o intuito de integrar
a parcela desanexada num prédio urbano, resultam
daquela dois efeitos com relevância matricial:

a) A integração da parcela no prédio urbano; e

b) A redução da área do prédio rústico.

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9. Assim, existindo escritura pública de partilha onde se
estabelece o fracionamento do prédio rústico:

a) A REQUERENTE deve apresentar a declaração Modelo 1


do IMI, acompanhada da mencionada escritura,
requerendo a atualização da matriz do prédio urbano;

b) O Sujeito Passivo do prédio rústico deve apresentar


declaração para atualização daquele, juntamente com a
mencionada escritura.

10. Acrescente-se que, a parcela desanexada do prédio


rústico, com o destino que lhe foi dado - integração no
referido prédio urbano - não será objeto de inscrição
matricial autónoma, por não configurar prédio, nos termos
do artigo 2.º do CIMI.”

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Conservadora 26
 Prédio atravessado por arruamento, linha de
comboio ou outro que o divida naturalmente sem
essa divisão depender da vontade do titular

 Descrição predial constituída por vários artigos,


designadamente urbanos em que um ou alguns
deles tenham sido inscritos na matriz, logo
tenham autonomia em data anterior a 6 de junho
de 1973 – DL 289/73 e não estejam encravados,
dentro do prédio rústico ou de um urbano maior.

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Conservadora 27
 Estas situações traduzem que materialmente
o prédio já está dividido, já é um prédio
autónomo e desde que devidamente
certificado (por documento bastante, v.g.
emitido pela edilidade) o mesmo pode ter
também existência no registo predial
autónoma, conformando a realidade material
com a realidade registral, ou no segundo
caso a realidade matricial com a realidade
registral, não configurando um destaque nos
termos do RJUE.

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Conservadora 28
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Costa Gonçalves Conservadora 29
 António tem uma propriedade rústica com
100 hectares, vive na cidade mas o filho Luís,
que se licenciou em agricultura quer dedicar-
se à propriedade mas gostava de viver mais
perto para não demorar tanto tempo a
chegar.
 António dirige-se ao V. Cartório e pergunta
sobre opções. O que aconselham.

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Costa Gonçalves Conservadora 30
 Tratando-se de prédio rústico fora de perímetro
urbano é possível recorrer à figura do Destaque,
conquanto se verifique que nenhuma das parcelas
fique encravada.
 Pelo que se sugeria que fosse apresentado junto da
Câmara Municipal um pedido de destaque de uma
parcela urbana do prédio rústico, para construção de
um fogo de habitação (a lei permite até dois).
 Assim que António tivesse a certidão, participaria a
parcela apresentando o modelo 1 do IMI para a
parcela urbana, participaria a diminuição da área do
prédio rústico e desenharia o negócio (doação ou
venda ao filho da parcela resultante do destaque);

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Costa Gonçalves Conservadora 31
 Maria e João têm uma parcela de terreno em
perímetro urbano onde já se encontra uma casa,
que era de seus pais. A parcela é grande e a filha
de ambos, Joana, pretende casar. É intenção dos
pais, como prenda de casamento oferecer-lhe
uma área de parcela onde aquela possa construir
a sua casa.
 Maria e João vão ao vosso Cartório com a
descrição e a caderneta bem como uma planta
topográfica que já têm, por onde verificam a
configuração e área da parcela e localização da
construção existente.
 Que perguntas fazem e o que aconselham a
Maria e João?

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Costa Gonçalves Conservadora 32
 Quais os requisitos e documentos que lhes
pedem a fim de instruir a escritura de
doação?
 Para efeitos de registo, Maria e João dizem
que querem logo tudo tratado, que valores
informam serem necessários para o registo?

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Costa Gonçalves Conservadora 33
 O loteamento rege-se atualmente pelo
Regime Jurídico da Urbanização e da
Edificação – vulgo RJUE - (DL 555/99 de 16
de Dezembro)
 Noção de loteamento - o loteamento
corresponde à divisão (de um ou mais
prédios) em novos prédios urbanos
perfeitamente individualizados os quais se
destinam imediata ou subsequentemente a
edificação urbana. Estas unidades prediais
designam-se de lotes.

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Conservadora 34
 Loteamento urbano – efeitos de registo

 A divisão fundiária que no “terreno concretiza a


operação de loteamento só é possível após a jurídica
correspondente ao respetivo licenciamento.
 Pode-se falar no caso concreto dos loteamentos que
existe um registo para-constitutivo pois a existência
jurídica dos lotes não se dá com a emissão da
autorização ou com a certidão a que alude o artigo
49.º, dá-se quando a pessoa com legitimidade para o
efeito faz o pedido de registo e o Conservador o
qualifica definitivamente, abrindo os lotes – aí sim
temos o nascimento jurídico do lote ou parcela com
suficiente autonomia.

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Costa Gonçalves Conservadora 35
 Os loteamentos urbanos devem inserir-se em espaço
urbano (classificação do solo segundo o ordenamento
do território), com exceção dos empreendimentos
turísticos.

Artigo 41.º

Localização
As operações de loteamento só podem realizar-se
em áreas situadas dentro do perímetro urbano e em
terrenos já urbanizados ou cuja urbanização se
encontre programada em plano municipal ou
intermunicipal de ordenamento do território.

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Conservadora 36
 Lotes urbanos – Novas unidades prediais
constituídas por força de uma operação de
loteamento devidamente aprovado e que
podem ser objeto de negócios juridícos
privados e para os quais é definida logo no
momento da sua constituição (licenciamento):
◦ 1) Uma concreta área de construção;
◦ 2)Área de implantação, n.º de pisos e de fogos
◦ (Artigo 77.º n.º 1 e) do RJUE

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Costa Gonçalves Conservadora 37
As operações urbanísticas objeto de licenciamento são
tituladas por alvará, ou por comunicação prévia, quando
admitida, distinguindo-se estas operações pelas
diferentes formas de procedimento.

As operações urbanísticas objeto de comunicação prévia


são aquelas que já se encontram definidas em plano de
pormenor ou tenham escassa ou nenhuma relevância
urbanística. Estas operações são tituladas pelo
comprovativo eletrónico da sua apresentação,
acompanhado do documento comprovativo de pagamento
das taxas .

Sendo que nos termos do artigo 4.º do RJUE o loteamento


apenas pode ser titulado por comunicação prévia se já
existir uma informação prévia favorável.

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Conservadora 38
 A operação de loteamento confere portanto
não apenas o direito à execução de divisão
fundiária, mas confere um verdadeiro ius
aedificandi , concreto e estabilizado nas
novas unidades prediais, os lotes urbanos,
que passam a constituir novos prédios
dotados de autonomia.
 O alvará de loteamento não altera a
titularidade dos prédios salvo quanto às
parcelas automaticamente integradas no
domínio público.

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Costa Gonçalves Conservadora 39
 1 – O registo do loteamento – documentos

 2 – As especificações do alvará para a


realização de negócios jurídicos sobre os
lotes;

 3- O controle

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Costa Gonçalves Conservadora 40
 Para o pedido de registo do loteamento devem
ser juntos:
 O alvará (ou a comunicação prévia acompanhada
da informação prévia qualificada nos termos do
artigo 4.º alínea f) do RJUE;
 A participação matricial\fiscal dos novos lotes
(com exceção de alvará de loteamento emitido ao
abrigo da lei das AUGI – (Lei n.º 91/95, de 02 de
Setembro), cujo registo não implica a imediata
abertura dos lotes pelo que basta o comprovativo
da entrega da cópia do alvará no serviço de
finanças respetivo.

Carla Cristina Marques Santos Costa Gonçalves


Conservadora 41
 Artigo 30.º

Atos de registo predial e deveres fiscais



3 - O registo do alvará não dá lugar, de imediato, à abertura das novas
descrições, que serão abertas quando for requerida a inscrição de aquisição.

 4 - A inscrição do alvará de loteamento e dos ónus e outros factos sujeitos a


registo do mesmo constantes é instruída com os seguintes elementos:

a) Alvará de loteamento;

b) Prova da entrega no serviço de finanças de cópia do alvará de loteamento.

5 - Caso o alvará de loteamento respeite a prédio em compropriedade, a
individualização dos lotes a que se refere o artigo 54.º do Código do Registo
Predial só tem lugar simultaneamente com a inscrição de aquisição por
divisão de coisa comum.

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Costa Gonçalves Conservadora 42
 Artigo 30.º-A
Normas fiscais

 1 - Nos prédios constituídos em compropriedade, o prazo de apresentação


da declaração modelo 1 para efeitos de inscrição do lote na matriz a que se
refere o artigo 13.º do Código do Imposto Municipal sobre Imóveis, conta-
se a partir da data da inscrição da aquisição do lote por divisão de coisa
comum, sem prejuízo do disposto nos números seguintes.

2 - Não há lugar à inscrição de lote de terreno para construção urbana
constituído pelo título de reconversão, quando a área respetiva esteja afeta
a edificação, ainda que não licenciada, já inscrita na matriz.

3 - A declaração para atualização da matriz relativa a construção erigida em
área urbana de génese ilegal é efetuada com base na autorização de
utilização respetiva, sem prejuízo de o chefe do serviço das finanças da
área da respetiva situação poder promover essa atualização oficiosamente.

4 - São isentas do imposto do selo as transmissões gratuitas realizadas
para cumprimento das especificações e obrigações estabelecidas pelo
alvará de loteamento e pela certidão do plano de pormenor de reconversão.

Carla Cristina Marques Santos Costa Gonçalves


Conservadora 43
 A questão da conjugação do registo\inscrição com a participação
matricial aqui deve ser conjugada. Certo que a lei das AUGI é
uma lei especial que pretende fazer a reconversão urbanística de
espaços que foram utilizados contrariamente ao seu fim,
fisicamente divididos e erigidas construções nas suas parcelas
sem licenciamento prévio o que urge resolver e convolar em
legal. Todavia é do máximo interesse que o registo da divisão de
coisa comum que leva a abertura das novas descrições seja
desde logo feito com a correção necessária e a inscrição do lote
ou do terreno devidamente identificado na matriz.
 Há sempre que ter em atenção a eventual existência de artigos
autónomos das construções entretanto erigidas para evitar a
duplicação fiscal dos lotes.
 Tal cuidado deve ser tido também no próprio loteamento e na
correta identificação de todas as descrições insertas dentro do
polígono AUGI.

Carla Cristina Marques Santos Costa Gonçalves


Conservadora 44
 Artigo 77.º do RJUE
 1 - O alvará de licença de operação de loteamento ou de obras de urbanização deve conter,
nos termos da licença, a especificação dos seguintes elementos, consoante forem aplicáveis:

a) Identificação do titular do alvará;

b) Identificação do prédio objeto da operação de loteamento ou das obras de urbanização;

c) Identificação dos atos dos órgãos municipais relativos ao licenciamento da operação de
loteamento e das obras de urbanização;

d) Enquadramento da operação urbanística em plano municipal ou intermunicipal de
ordenamento do território em vigor, bem como na respetiva unidade de execução, se a houver;

e) Número de lotes e indicação da área, localização, finalidade, área de implantação, área de
construção, número de pisos e número de fogos de cada um dos lotes, com especificação dos
fogos destinados a habitações a custos controlados, quando previstos;

f) Cedências obrigatórias, sua finalidade e especificação das parcelas a integrar no domínio
municipal;

Carla Cristina Marques Santos Costa Gonçalves


Conservadora 45
 g) Prazo máximo para a conclusão das operações de edificação
previstas na operação de loteamento, o qual deve observar o
prazo previsto no instrumento de programação da execução do
plano territorial de âmbito municipal ou intermunicipal aplicável
e não pode ser superior a 10 anos;

h) Prazo para a conclusão das obras de urbanização;

i) Montante da caução prestada e identificação do respetivo
título.

2 - O alvará a que se refere o número anterior deve conter, em
anexo, as plantas representativas dos elementos referidos nas
alíneas e) e f).

3 - As especificações do alvará a que se refere o n.º 1 vinculam a
câmara municipal, o proprietário do prédio, bem como os
adquirentes dos lotes.

Carla Cristina Marques Santos


Costa Gonçalves
Conservadora 46
 Relativamente às especificações do alvará do ponto de vista do
titulador há que aferir sempre:

- a área do lote, a qual nem na descrição predial nem na


caderneta predial pode ser diferente da constante na autorização
de loteamento, e sendo deve ser requerido o comprovativo da
alteração do alvará de loteamento e seu registo, ou a sua
imediata correção se inexistir alteração titulada;

- As especificações quanto à finalidade, número de fogos, área de


implantação, …

- Todas as especificações vinculam e as normas do RJUE são


normas de interesse público pelo que imperativas.

- Não é possível proceder a uma alteração de área de um prédio


inserido numa operação de loteamento por erro de medição ou
outro, é necessário requerer a alteração do alvará.

Carla Cristina Marques Santos Costa Gonçalves


Conservadora 47
 O alvará de loteamento, seus
aditamentos e alterações estão sujeitos
a registo obrigatório.
 ( artigo 2.º n.º 1 alínea d) do CRP)
 Ver ainda Parecer proferido no
Processo RP 267/2004 DSJ – CT do IRN,
IP e P.º n.º R.P. 205/2010 SJC-CT

Carla Cristina Marques Santos


Costa Gonçalves Conservadora 48
 As comunicações oficiosas ou o pedido de
registo, seus efeitos

Carla Cristina Marques Santos


Costa Gonçalves Conservadora 49
 As especificações do alvará, que atrás vimos, podem
ser alteradas, alterações essas sujeitas a registo
obrigatório.
 Dispõe a lei, inclusivamente que assim que é alterado
um alvará de loteamento a câmara municipal
comunica o facto à Conservatória a qual deve
proceder ao respetivo averbamento.
 Nos termos do artigo 27.º n.º 7 do RJUE a alteração
da licença dá lugar a um aditamento ao alvará que
deve ser comunicado oficiosamente à Conservatória
para efeitos de averbamento,
 Ora aqui a questão é sui generis, pois tem entendido
a doutrina que as alterações se façam por nova
inscrição e não por simples averbamento

Carla Cristina Marques Santos


Costa Gonçalves Conservadora 50
 Bem como que o registo efetuado com base na comunicação
oficiosa da edilidade dá apenas uma publicidade notícia ao facto,
devendo o impulso registral das consequências desse mesmo
aditamento ser feito pelo respetivo interessado que pedira (e
pagará) o registo introduzindo as modificações fundiárias que já
hajam sido tituladas.
 Quer isto dizer que a Câmara procede à alteração de um alvará
de loteamento v.g. quanto à área de implantação permitida em
três dos lotes, bem como quanto à afetação da construção
noutro e quanto à área de cinco lotes, anexando ainda dois e
comunica esse facto à Conservatória.
 O Conservador procede ao respetivo averbamento à inscrição,
publicitando as alterações, mas caberá aos titulares dos lotes
envolvidos virem requerer o registo respetivo, designadamente
relativamente aos dois lotes anexados e àqueles cujas áreas
foram alterados, factos que contendem com as descrições e a
identificação própria dos lotes.

Carla Cristina Marques Santos


Costa Gonçalves Conservadora 51
 Pelo que independentemente da comunicação
oficiosa e respetivo registo, “cabe aos
interessados pedir o registo dos atos de
execução dessa autorização que devam ser
patenteados na ficha de cada um dos lotes
envolvidos, designadamente os que se
destinem a garantir o destino jurídico unitário
de cada um dos lotes e os que visem
assinalar, ao nível descritivo , o efeito real da
transformação fundiária administrativamente
aprovada.” cfr parecer RP 205/2010

Carla Cristina Marques Santos


Costa Gonçalves Conservadora 52
 Registo do alvará de loteamento ou suas
alterações: RERN
 21.º - 2.12 - De outros factos registados por
inscrição ou por averbamento previsto no n.º 1
do artigo 101.º do Código do Registo Predial -
(euro) 250;
 2.15 - Ao emolumento previsto para o registo
dos factos que determinem a constituição da
propriedade horizontal, do direito real de
habitação periódica, de empreendimentos
turísticos e de operações de transformação
fundiária, acresce (euro) 25 por cada descrição
subordinada, unidade, lote ou parcela, até ao
limite previsto no n.º 1.2;

Carla Cristina Marques Santos Costa Gonçalves


Conservadora 53
Cabe ao titulador e ao registador o controle da legalidade

Artigo 49.º

Negócios jurídicos

 1 - Nos títulos de arrematação ou outros documentos judiciais, bem como nos


instrumentos relativos a atos ou negócios jurídicos de que resulte, direta ou
indiretamente, a constituição de lotes nos termos da alínea i) do artigo 2.º, sem
prejuízo do disposto nos artigos 6.º e 7.º, ou a transmissão de lotes legalmente
constituídos, devem constar o número do alvará ou da comunicação prévia, a data de
emissão do título, a data de caducidade e a certidão do registo predial.

2 - Não podem ser realizados atos de primeira transmissão de imóveis construídos
nos lotes ou de frações autónomas desses imóveis sem que seja exibida, perante a
entidade que celebre a escritura pública ou autentique o documento particular,
certidão emitida pela câmara municipal, comprovativa da receção provisória das
obras de urbanização ou certidão, emitida pela câmara municipal, comprovativa de
que a caução a que se refere o artigo 54.º é suficiente para garantir a boa execução
das obras de urbanização.

.

Carla Cristina Marques Santos Costa Gonçalves


Conservadora 54
 3 - Caso as obras de urbanização sejam
realizadas nos termos dos artigos 84.º e 85.º (por
iniciativa municipal ou por um particular quando o
município as não tenha feito, n.a.), os atos referidos
no número anterior podem ser efetuados
mediante a exibição de certidão, emitida pela
câmara municipal, comprovativa da conclusão de
tais obras, devidamente executadas em
conformidade com os projetos aprovados.

4 - A exibição das certidões referidas nos n.º 2 e
3 é dispensada sempre que o alvará de
loteamento tenha sido emitido ao abrigo dos
Decretos-Leis n.º 289/73, de 6 de junho, e n.º
400/84, de 31 de dezembro

Carla Cristina Marques Santos Costa Gonçalves


Conservadora 55
Incumprimento do n.º 1 do artigo 49.º do RJUE –
Nulidade formal ou nulidade substancial
 Resulta do parecer Conselho Técnico da DGRN nº
165/2000 DJS.CT83 que a omissão da menção
do alvará leva à qualificação do registo como
provisório por dúvidas.
 Haverá nulidade substancial dos atos ou
negócios jurídicos se de todo não existir o
alvará\ autorização de loteamento;
 Há nulidade formal dos atos ou negócios
jurídicos, quando não seja identificada a sua
existência.

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Conservadora 56
 Relativamente à sucessão das leis no tempo
verifica-se que:
 No artigo 27.º do DL 189/73
 No artigo 60.º do DL 400/84
 No artigo 56.º do DL 448/91
◦ Estava declarado que essa violação implicava a nulidade
do título
Hoje tal não resulta diretamente do RJUE contudo, como
muito bem nos recordam Fernanda Paula Oliveira e
Dulce Lopes – tal violação significa o incumprimento
manifesto de normas imperativas e portanto, nos termos
do artigo 294.º do Código Civil, conduz a nulidade

Carla Cristina Marques Santos


Costa Gonçalves Conservadora 57
 A primeira alienação após a construção exige sempre a apresentação da
certidão de infraestruturas, prevista no artigo 49.º n.º 2 do RJUE

 A Certidão de Infraestruturas é uma certidão da Câmara Municipal que


certifica que o valor da caução disponível é suficiente para garantir a boa
execução das obras de urbanização.
 Pode ser substituída pela certidão do auto de receção definitiva das
obras de urbanização, como se depreende do artigo 54.º do RJUE :

Caução
 2 - A caução referida no número anterior é prestada a favor da câmara
municipal, mediante garantia bancária autónoma à primeira solicitação,
hipoteca sobre bens imóveis propriedade do requerente, depósito em
dinheiro ou seguro-caução, devendo constar do próprio título que a
mesma está sujeita a atualização nos termos do n.º 4 e se mantém
válida até à receção definitiva das obras de urbanização.

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Conservadora 58
 Em muitos casos a caução é prestada mediante
hipoteca legal sobre todos ou alguns dos lotes
constituídos, sendo a mesma cancelada por
certidão da câmara que a autorize, por v.g.
relativamente àquele lote em concreto já se
encontrar paga a taxa de comparticipação, ou
por já terem sido definitivamente recebidas as
obras de urbanização, caso em que se extingue a
totalidade da caução.
 A caução pode também ser reduzida, sendo o
máximo da redução 90% do seu valor inicial. Esta
redução pode também ser registada.

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Conservadora 59
 José tem um prédio, ainda rústico, mas em
perímetro urbano, não tem quaisquer
culturas e pretende reservar uma parcela para
ele, uma para cada uma das filhas (que são
duas) e eventualmente fazer algum negócio
com o restante. Procura-o para o aconselhar.
 O que refere ser necessário para este
fracionamento?

Carla Cristina Marques Santos


Costa Gonçalves Conservadora 60
 Maria João dirige-se ao seu cartório para
efetuar a venda de uma casa para habitação
que construiu num lote de terreno que o pai
lhe deu.
 Leva a descrição do prédio, onde ainda
consta como lote de terreno n.º 4 com
550m2, onde consta registado o alvará de
loteamento.
 Verifica que o lote n.º 4 na matriz tem
480m2.
 O que lhe sugere?

Carla Cristina Marques Santos


Costa Gonçalves Conservadora 61
 Umas semanas mais tarde ela dirige-se ao
seu cartório dizendo:
 1) Que já se encontra registada a alteração ao
alvará de loteamento e que de facto o lote já
tem na Conservatória 480m2.
 Analisa novamente a certidão permanente e
vê de facto registada a alteração do
loteamento mas vê que o destino daquele
lote deixou de ser habitação para ser serviços
e verifica que de facto está lá implantada uma
casa para habitação.

Carla Cristina Marques Santos


Costa Gonçalves Conservadora 62
 Considerando que a casa está licenciada, o que
pode ter acontecido?

 A alteração às operações de transformação


fundiária resultante de loteamento só pode ser
registada definitivamente se os titulares inscritos
dos lotes alterados tiverem intervindo no
procedimento administrativo ou no processo de
registo, ou tiverem adquirido de quem requereu
a alteração ou interveio – artigos 34.º n.º 4 do
CRP e 77.º n.º 3 do RJUE.
 Pelo que eventualmente estaremos perante uma
alteração inválida e que não pode produzir
efeitos quanto a quem nela não interveio.

Carla Cristina Marques Santos


Costa Gonçalves Conservadora 63
 Como verificámos atrás a operação de
loteamento tem dois efeitos juridícos:

◦ 1) A constituição de novas unidades prediais e os


respetivos direitos reais inerentes que se formam
na esfera jurídico dos titulares da inscrição
registral;
◦ 2) A estabilização e definição de um determinado
estatuto urbanístico na parcela a que corresponde o
novo prédio;

Carla Cristina Marques Santos


Costa Gonçalves Conservadora 64
 Sendo que esse efeito urbanístico está sujeito
a duas condicionantes:
 a) A edificabilidade está dependente da
suficiente garantia ou conclusão das obras de
urbanização;
 B) Extingue-se quando o ato administrativo
que a precede é inválido

Carla Cristina Marques Santos


Costa Gonçalves Conservadora 65
 Artigo 67.º
Requisito
 A validade das licenças ou das autorizações
de utilização depende da sua conformidade
com as normas legais e regulamentares
aplicáveis em vigor à data da sua prática, sem
prejuízo do disposto no artigo 60.º

Carla Cristina Marques Santos


Costa Gonçalves Conservadora 66
 Artigo 68.º
Nulidades
 Sem prejuízo da possibilidade de atribuição de efeitos jurídicos a
situações de facto decorrentes de atos nulos nos termos gerais de
direito, bem como do disposto no artigo 70.º, são nulas as licenças, as
autorizações de utilização e as decisões relativas a pedidos de
informação prévia previstos no presente diploma que:

a) Violem o disposto em plano municipal ou intermunicipal de
ordenamento do território, plano especial de ordenamento do território,
medidas preventivas ou licença ou comunicação prévia de loteamento
em vigor;

b) [Revogada];

c) Não tenham sido precedidas de consulta das entidades cujos
pareceres, autorizações ou aprovações sejam legalmente exigíveis, bem
como quando não estejam em conformidade com esses pareceres,
autorizações ou aprovações.

Carla Cristina Marques Santos


Costa Gonçalves Conservadora 67
 Estamos a falar de nulidades administrativas
pelo que se aplica às mesmas o CPA;artigo
162.º)
 Nos termos do disposto no artigo 69.º n.º 4
do RJUE existe um limite temporal para a
declaração de nulidade por parte da
administração pública bem como para a sua
comunicação ao Ministério público – 10 anos;
 (limite esse que não se aplica caso seja um
particular a impugnar o ato ou a recorrer à
ação popular)

Carla Cristina Marques Santos


Costa Gonçalves Conservadora 68
 Art.º 69
 4- A possibilidade de o órgão que emitiu o
ato ou deliberação declarar a nulidade caduca
no prazo de 10 anos, caducando também o
direito de propor a ação prevista no n.º 1 se
os factos que determinaram a nulidade não
forem participados ao Ministério Público
nesse prazo, exceto relativamente a
monumentos nacionais e respetiva zona de
proteção.(RJUE)

Carla Cristina Marques Santos


Costa Gonçalves Conservadora 69
 Artigo 79.º
Cassação

 1 - O alvará ou o título da comunicação prévia é cassado pelo presidente da
câmara municipal quando:
a) A licença caduque, seja revogada, anulada ou declarada nula;
b) A comunicação prévia caduque, não cumpra as normas legais ou
regulamentares aplicáveis, não tenha sido antecedida dos pareceres, autorizações
ou aprovações legalmente exigidos ou não se conforme com os mesmos.
2 - A cassação do alvará ou do título da comunicação prévia de loteamento é
comunicada pelo presidente da câmara municipal à conservatória do registo
predial competente, para efeitos de anotação à descrição ou de cancelamento do
correspondente registo.
3 - Com a comunicação referida no número anterior, o presidente da câmara
municipal dá igualmente conhecimento à conservatória do registo predial dos
lotes que se encontrem na situação referida no n.º 7 do artigo 71.º, requerendo a
esta o cancelamento parcial do correspondente registo nos termos da alínea g) do
n.º 2 do artigo 101.º do Código do Registo Predial e indicando as descrições a
manter.
4 - O alvará cassado é apreendido pela câmara municipal, na sequência de
notificação ao respetivo titular.
5 - O título da comunicação prévia é cassado através do averbamento da cassação
à informação constante da plataforma eletrónica referida no n.º 1 do artigo 8.º-A.

Carla Cristina Marques Santos


Costa Gonçalves Conservadora 70
 SUBSECÇÃO II
Caducidade e revogação da licença e autorização de utilização e cessação de efeitos da comunicação prévia
 Artigo 71.º
Caducidade

 1 - A licença ou comunicação prévia para a realização de operação de loteamento caduca se:


a) Não for apresentada a comunicação prévia para a realização das respetivas obras de urbanização no prazo de um ano a contar da
notificação do ato de licenciamento ou, na hipótese de comunicação prévia, não for apresentada comunicação prévia para a realização de
obras de urbanização no prazo de um ano a contar da data daquela; ou se
b) Não for requerido o alvará a que se refere o n.º 3 do artigo 76.º no prazo de um ano a contar da comunicação prévia das respetivas
obras de urbanização;
c) Não forem concluídas as obras de edificação previstas na operação de loteamento no prazo fixado para esse efeito, nos termos da
alínea g) do n.º 1 do artigo 77.º.
2 - A licença ou comunicação prévia para a realização de operação de loteamento que não exija a realização de obras de urbanização,
bem como a licença para a realização das operações urbanísticas previstas nas alíneas b) a e) do n.º 2 e no n.º 4 do artigo 4.º, caducam,
no caso da licença, se no prazo de um ano a contar da notificação do ato de licenciamento não for requerida a emissão do respetivo
alvará ou, no caso da comunicação prévia e sendo devida, não ocorra o pagamento das taxas no prazo previsto para o efeito,
determinando, em qualquer dos casos, a imediata cessação da operação urbanística.
3 - Para além das situações previstas no número anterior, a licença ou a comunicação prévia para a realização das operações urbanísticas
referidas no número anterior, bem como a licença ou a comunicação prévia para a realização de operação de loteamento que exija a
realização de obras de urbanização, caducam ainda:
a) Se as obras não forem iniciadas no prazo de 12 meses a contar da data de emissão do alvará ou do pagamento das taxas no caso de
comunicação prévia, ou nos casos previstos no artigo 113.º;
b) Se as obras estiverem suspensas por período superior a seis meses, salvo se a suspensão decorrer de facto não imputável ao titular da
licença ou da comunicação prévia;
c) Se as obras estiverem abandonadas por período superior a seis meses;
d) Se as obras não forem concluídas no prazo fixado na licença ou comunicação prévia, ou suas prorrogações, contado a partir da data
de emissão do alvará ou do pagamento das taxas no caso da comunicação prévia.
e) [Revogada].

Carla Cristina Marques Santos


Costa Gonçalves Conservadora 71
 4 - Para os efeitos do disposto na alínea c) do número anterior, presumem-se abandonadas as
obras ou trabalhos sempre que:
a) Se encontrem suspensos sem motivo justificativo registado no respetivo livro de obra;
b) Decorram na ausência do diretor da obra;
c) Se desconheça o paradeiro do titular da respetiva licença ou comunicação prévia sem que
este haja indicado à câmara municipal procurador bastante que o represente.
5 - As caducidades previstas no presente artigo devem ser declaradas pela câmara municipal,
verificadas as situações previstas no presente artigo, após audiência prévia do interessado.
6 - Os prazos a que se referem os números anteriores contam-se de acordo com o disposto
no artigo 279.º do Código Civil.
7 - Tratando-se de licença para a realização de operação de loteamento ou de obras de
urbanização, a caducidade pelos motivos previstos na alínea c) do n.º 1 e nos n.os 3 e 4
observa os seguintes termos:
a) A caducidade não produz efeitos relativamente aos lotes para os quais já haja sido deferido
pedido de licenciamento para obras de edificação ou já tenha sido apresentada comunicação
prévia da realização dessas obras;
b) A caducidade não produz efeitos relativamente às parcelas cedidas para implantação de
espaços verdes públicos e equipamentos de utilização coletiva e infraestruturas que sejam
indispensáveis aos lotes referidos no número anterior e sejam identificadas pela Câmara
Municipal na declaração prevista no n.º 5;
c) Nas situações previstas na alínea c) do n.º 1, a caducidade não produz efeitos, ainda, quanto
à divisão ou reparcelamento fundiário resultante da operação de loteamento, mantendo-se os
lotes constituídos por esta operação, a respetiva área e localização e extinguindo-se as demais
especificações relativas aos lotes, previstas na alínea e) do n.º 1 do artigo 77.º

Carla Cristina Marques Santos


Costa Gonçalves Conservadora 72
 Nos termos do disposto na alínea g) do n.º 1 do
artigo 77.º - tem como teto máximo o prazo
previsto no instrumento de programação e
execução do plano territorial municipal aplicável
nunca podendo exceder dez anos
 Passado este prazo máximo os “lotes urbanos”
perdem o seu estatuto urbanístico uma vez que
neles já não vão poder ser realizadas as obras de
edificação previstas naquela concreta operação
de loteamento, mesmo que sejam cumpridas
todas as obras de urbanização e sejam válidas
todas as licenças e alvarás pendentes.

Carla Cristina Marques Santos


Costa Gonçalves Conservadora 73
 A cassação do alvará – seu registo e forma de
registo e seus efeitos:
 (artigo 2.º alínea v) do CRP)
 Das doutrinas
 1 – determina o cancelamento da inscrição do
alvará – artigo 13.º do CRP (que presentemente já
prevê o cancelamento de um registo com base
numa decisão administrativa)
 2 – averba-se à inscrição e anota-se a todas as
descrições prediais dando simplesmente
publicidade ao facto de que o alvará foi cassado.

Carla Cristina Marques Santos


Costa Gonçalves Conservadora 74
 Nos termos do n.º 2 do artigo 79.º do RJUE a
cassação do alvará deve ser comunicada à
Conservatória para efeitos de anotação à
descrição ou de cancelamento do registo de
alvará de loteamento;
 Será que por força desta cassação são
destruídos todos os efeitos da autorização
administrativa civis e prediais ou serão
apenas destruídos os efeitos administrativos
da autorização;

Carla Cristina Marques Santos


Costa Gonçalves Conservadora 75
 Da leitura da lei, tratando-se de uma
operação de loteamento que tenha sido
declarada nula nos termos do artigo 68.º do
RJUE, nos termos do artigo 79.º n.º 1 a) e n.º
2, extinguem-se todos os efeitos por esta
produzidos tanto os administrativos como os
civis e prediais;
 Se se tratar de caducidade há que distinguir
duas situações:

Carla Cristina Marques Santos


Costa Gonçalves Conservadora 76
 1) Lotes para os quais já haja sido deferido um
pedido de licenciamento de obras de edificação
ou tenha sido apresentada uma comunicação
prévia da realização das mesmas – nos termos
dos artigos 79.º n.º 1, 3 e 7 todos do RJUE
mantêm o duplo efeito para que foram
constituídos:
 O seu estatuto urbanístico e a sua existência
predial autónoma, pelo que nenhuns efeitos tem
sobre eles a cassação do alvará

 Há um cancelamento parcial do registo, sendo-


lhes anotado o cancelamento da operação de
loteamento por cassação do alvará

Carla Cristina Marques Santos


Costa Gonçalves Conservadora 77
 Quanto aos demais (sobre os quais não existam direitos
diferentes ou autorizações de edificação já pedidas e\ou
emitidas) também defende a lei que os mesmos percam o seu
estatuto de lotes e eventualmente até a sua autonomia.

 Ora a aplicação em absoluto desta solução não nos parece


consentânea objetivamente com a transformação predial
entretanto registada e que teve os seus efeitos, bem como
poderia criar as mais das vezes uma unificação fictícia, caso se
entendesse que até as descrições seriam inutilizadas por força
daquela nulidade, pois poderíamos estar perante parcelas já
perfeitamente autonomizadas e sem qualquer afinidade com o
anterior prédio e mesmo fisicamente distantes por força da
manutenção em vigor daqueloutras sobre as quais já existem
autorizações administrativas e licenciamentos,

Carla Cristina Marques Santos


Costa Gonçalves Conservadora 78
 2) Lotes cuja caducidade da licença se deva à não
conclusão das obras de edificação previstas na
operação de loteamento urbano nos prazos fixados
para esse efeito os quais como já vimos não podem
exceder 10 anos (71.º n.º 1 c), 71.º n.º 7 e 79.º n.º 3
do RJUE) - perdem o estatuto urbanístico e deixam
de se poder designar e transmitir como lotes, passam
a ser simples prédios.

 Os novos prédios mantêm a sua autonomia bem


como os titulares os seus direitos reais, sendo que
contudo se extinguem todos os efeitos
administrativos da licença, designadamente a
extinção dos Jus aedificandi .

Carla Cristina Marques Santos


Costa Gonçalves Conservadora 79
 Extinguindo-se os efeitos administrativos da
autorização de loteamento aplicar-se-á à
parcela o decorrente do plano de
ordenamento de território em que a mesma
está inserida;

Carla Cristina Marques Santos


Costa Gonçalves Conservadora 80
 Não podem restar dúvidas do seguinte
 Quer as alterações, quer a caducidade ou a eventual
nulidade da licença de loteamento não podem ser
oponíveis aos direitos entretanto já constituídos, diz
inclusivamente Fernanda Paula Oliveira ( Implicações
Notariais e Registrais das Normas Urbanísticas) , bem
como o parecer proferido no P.º R.P. 58/2008 SJC-CT
– a nulidade da operação não implica a nulidade dos
atos subsequentes, e se eventualmente por razões
várias não for possível conservar o negócio jurídico a
nulidade do mesmo (em consequência da nulidade da
licença administrativa) terá que ser judicialmente
declarada.

Carla Cristina Marques Santos


Costa Gonçalves Conservadora 81
 Pelo que nos parece (bem como à doutrina maioritária na qual nos escudamos) que quer a
nulidade quer a caducidade do licenciamento :

 - Não produzem efeitos quanto à divisão fundiária propriamente dita – as descrições não se
cancelam ou inutilizam, já existem com autonomia e publicidade erga omnes conferida pelo
registo;

 Produzem sim a extinção do licenciamento, isto é as condições do próprio licenciamento o Jus


aedeficandi, e mesmo assim quanto a estas há a ressalva das que entretanto já hajam sido
transacionadas, objeto de outras autorizações e eventualmente de construção.

 O facto de manterem a sua autonomia não implica que se mantenham como lotes, implica sim
que sejam parcelas, eventualmente – se se tratar de nulidade – com as caraterísticas anteriores
ao licenciamento nulo.

 Poderão ser objeto de negócios jurídicos, mas a sua composição e afetação vão depender do
plano de ordenamento do território, do seu enquadramento e a eventual possibilidade de
construção e caraterísticas dessa construção terá que ser apreciada à unidade pela edlidade,
como se de qualquer outro terreno se tratasse.

 Pode contudo o loteador, proprietário ou conjunto de proprietários fazer sobre o mesmo


prédio ou conjunto de prédios novo pedido de licenciamento que poderá convalidar
juridicamente o ato entretanto declarado nulo,

Carla Cristina Marques Santos


Costa Gonçalves Conservadora 82
 A descrição não pode ser cancelada – v.g.
Mouteira Guerreiro em “Urbanismo e Registo: o
caso específico dos loteamentos urbanos –
porque “nenhum prédio se extingue” pelo que a
descrição não pode ser completamente apagada
do sistema v.g. artigo 87.º n.º 1 CRPredial – pelo
que dando necessariamente (exceção feita ao
loteamento emitido no âmbito da Lei das AUGI –
caso absolutamente excepcional) a inscrição do
alvará de loteamento à abertura das descrições,
elas não desaparecem pura e simplesmente do
sistema.

Carla Cristina Marques Santos


Costa Gonçalves Conservadora 83
 Em 27 de agosto de 2015 foi publicada a Lei
n.º 111/2015, que estabelece o Regime
Jurídico da Estruturação Fundiária, altera o
Código Civil, e revoga os Decretos-Leis n.ºs
384/88, de 25 de outubro, e 103/90, de 22
de março.

Carla Cristina Marques Santos Costa Gonçalves


Conservadora 84
Observar o estabelecido na lei supra indicada
(designadamente, nos artigos 48º. 49º e 59º, chamando-
se a atenção para o disposto nos artigos 1376º a 1381º do
Código Civil atualizado).

 Respeitar as Unidades de Cultura definidas no Anexo II


Portaria nº 219/2016, de 9 de agosto:

 ​Respeitar o preceituado no artº 27º do Decreto-Lei nº


73/2009 de 31 de março, alterado e republicado
pelo Decreto-Lei nº 199/2015, de 16 de setembro, caso
o(s) prédio(s) rustico(s) se localize(m) em Reserva Agrícola
Nacional (quando o terreno está em RAN, para efeitos de
fracionamento, os limites da Unidade de Cultura são
o triplo dos indicados no quadro anterior).

Carla Cristina Marques Santos Costa Gonçalves


Conservadora 85
 Desde a publicação da lei a sanção
correspondente à violação da mesma e das
disposições do Código Civil (1376.º e 1378.º)
relativas ao fracionamento de prédios rústicos é
a NULIDADE.

 Pelo que há sempre que ter muito cuidado com


este fracionamento.
 Antes da publicação desta lei e caso do
fracionamento pudesse resultar uma área inferior
à unidade de cultura era pedido um parecer à
Direção Regional de Agricultura correspondente,
o qual sendo positivo permitia o fracionamento.
 Todavia as violações destes artigos geravam
apenas a anulabilidade, pelo que eram muitas
vezes incumpridas as disposições legais

Carla Cristina Marques Santos Costa Gonçalves


Conservadora 86
 Com esta lei, as Direções Regionais deixaram de
emitir os pareceres prévios que acompanhavam
os requerimentos aos serviços de finanças.

 Assim, os requerimentos de
fracionamento\divisão de prédios rústicos devem
ser apresentados nos serviços de
finanças acompanhados de cópia do título
aquisitivo (compra e venda, divisão de coisa
comum, partilha, etc), planta de cadastro à escala
1:2000 ou 1:5000 com a divisão pretendida e
planta de localização (esta informação não
dispensa a consulta das entidades competentes).

Carla Cristina Marques Santos Costa Gonçalves


Conservadora 87
Façamos agora uma leitura atenta dos
normativos aplicáveis, dada a interação entre os
vários diplomas.
Atentemos à proibição de justificação de
parcelas rústicas que possam provocar o
fracionamento;
A que os terrenos em zonas de RAN têm a
unidade de cultura triplicada.
Que para efeitos de saber a exata localização do
prédio se deve pedir junto do Município a
certificação se o mesmo está total ou
parcialmente inserido em zona RAN

Carla Cristina Marques Santos


Costa Gonçalves Conservadora 88
CAPÍTULO V
Fracionamento
Artigo 48.º
Regime
 1 - Ao fracionamento e à troca de parcelas aplicam-se, além das regras dos
artigos 1376.º a 1381.º do Código Civil, as disposições da presente lei.

2 - A posse de terrenos aptos para cultura não faculta ao seu possuidor a
justificação do direito a que esta diz respeito, ao abrigo do regime da usucapião,
sempre que a sua aquisição resulte de atos contrários ao disposto no artigo
1376.º do Código Civil.

3 - São nulos os atos de justificação de direitos a que se refere o número anterior.

4 - Quando todos os interessados estiverem de acordo, as situações de indivisão
podem ser alteradas no âmbito do emparcelamento rural ou da valorização
fundiária, pela junção da área correspondente de alguma ou de todas as partes
alíquotas, a prédios rústicos que sejam propriedade de um ou de alguns
comproprietários.

5 - Da aplicação do disposto nos números anteriores não podem resultar prédios
com menos de 20 m de largura, prédios onerados com servidão ou prédios com
estremas mais irregulares do que as do prédio original.

Carla Cristina Marques Santos Costa Gonçalves


Conservadora 89
Artigo 49.º
Unidade de cultura
 1 - Entende-se por unidade de cultura a superfície mínima de um terreno rústico
para que este possa ser gerido de uma forma sustentável, utilizando os meios e
recursos normais e adequados à obtenção de um resultado satisfatório,
atendendo às características desse terreno e às características geográficas,
agrícolas e florestais da zona onde o mesmo se integra.

2 - Para efeitos da determinação da unidade de cultura releva a distinção entre
terrenos de regadio, de sequeiro e de floresta, categorias reconhecidas a partir
das espécies vegetais desenvolvidas, bem como das características pedológicas,
edáficas, hídricas, económico-agrárias e silvícolas dos terrenos, aferidas com
recurso às cartas de capacidade de uso do solo.

3 - Sempre que não seja possível o reconhecimento do tipo de terreno, nos
termos do número anterior, deve ser atribuída a categoria de terreno de sequeiro.

4 - A unidade de cultura é fixada por portaria do membro do Governo responsável
pela área do desenvolvimento rural e deve ser atualizada com um intervalo
máximo de 10 anos.

 5 - As transmissões e a transferência de direitos que se verifiquem no âmbito da


execução dos projetos de emparcelamento integral efetivam-se
independentemente dos limites da unidade de cultura.

Carla Cristina Marques Santos Costa Gonçalves


Conservadora 90
Artigo 50.º
Anexação de prédios contíguos
 1 - Todos os prédios rústicos contíguos com uma área global inferior à
unidade de cultura e pertencentes ao mesmo proprietário,
independentemente da sua origem, devem ser anexados oficiosamente
pelo serviço de finanças, ou a requerimento do proprietário, com
inscrição do novo prédio sob um único artigo e menção da
correspondência aos artigos antigos.

2 - No caso de iniciativa do serviço de finanças, o proprietário deve ser
notificado para se opor, querendo, no prazo de 30 dias.

3 - Após a anexação, o serviço de finanças deve enviar à conservatória
do registo predial certidão do teor das matrizes, com a indicação da
correspondência matricial.

4 - Feita a anotação da apresentação, o conservador efetua, oficiosa e
gratuitamente, a anexação das descrições, salvo quando a existência de
registos em vigor sobre os prédios a ela obste.

Carla Cristina Marques Santos Costa Gonçalves


Conservadora 91
 Para os efeitos de determinação da unidade de
cultura há que verificar a Portaria nº 219/2016
de 9/8

Artigo 27.º
Fracionamento
 Para efeitos de fracionamento, nas áreas RAN, a
unidade de cultura corresponde ao triplo da área
fixada pela lei geral para os respetivos terrenos e
região.

Carla Cristina Marques Santos Costa Gonçalves


Conservadora 92
 Artigo 26.º
Direito de preferência
 1 - Sem prejuízo dos direitos de preferência estabelecidos no
Código Civil e em legislação complementar, os proprietários de
prédios rústicos ou mistos incluídos numa área da RAN gozam
do direito de preferência na alienação ou dação em cumprimento
de prédios rústicos ou mistos confinantes.

2 - Os proprietários dos prédios rústicos ou mistos inseridos na
RAN que os pretendam vender, comunicam por escrito a sua
intenção aos confinantes que podem exercer o seu direito nos
termos dos artigos 416.º a 418.º do Código Civil.

3 - No caso de violação do prescrito nos números anteriores é
aplicável o disposto no artigo 1410.º do Código Civil, exceto se a
alienação ou dação em cumprimento tiver sido efetuada a favor
de um dos preferentes.

Carla Cristina Marques Santos Costa Gonçalves


Conservadora 93
 Com exceção das situações que são disciplinadas por
normas especiais, como por exemplo, no caso de prédios
em RAN (reserva agrícola nacional), REN (reserva ecológica
nacional) ou emparcelados (regime jurídico da
estruturação fundiária), a divisão física de prédio rústico,
ou a troca (permuta) de parcelas de prédios, em que se
pretenda manter o destino rústico do prédio, só pode
acontecer:
◦ Com respeito pelo valor da área estabelecida como unidade de
cultura para cada zona do território continental, atualmente
fixada pela Portaria nº 219/2016, de 9 de agosto, na redação da
Portaria nº 19/2019, de 15 de janeiro;
◦ Se os novos prédios não ficarem:
 Com largura inferior a 20 metros;
 Encravados ou onerados com servidão;
 Com estremas mais irregulares do que as do prédio original.

Carla Cristina Marques Santos Costa Gonçalves


Conservadora 94
 Artigo 1376.º
(Fracionamento)
 1. Os terrenos aptos para cultura não podem fracionar-se em
parcelas de área inferior a determinada superfície mínima,
correspondente à unidade de cultura fixada para cada zona do
País; importa fracionamento, para este efeito, a constituição de
usufruto sobre uma parcela do terreno.

2. Também não é admitido o fracionamento, quando dele possa
resultar o encrave de qualquer das parcelas, ainda que seja
respeitada a área fixada para a unidade de cultura.

3. O preceituado neste artigo abrange todo o terreno contíguo
pertencente ao mesmo proprietário, embora seja composto por
prédios distintos.

Carla Cristina Marques Santos Costa Gonçalves


Conservadora 95
 Artigo 1377.º
(Possibilidade do fracionamento)

 A proibição do fracionamento não é aplicável:



a) A terrenos que constituam partes componentes de prédios
urbanos ou se destinem a algum fim que não seja a cultura;

b) Se o adquirente da parcela resultante do fracionamento for
proprietário de terreno contíguo ao adquirido, desde que a área
da parte restante do terreno fracionado corresponda, pelo
menos, a uma unidade de cultura;

c) Se o fracionamento tiver por fim a desintegração de terrenos
para construção ou retificação de estremas.

Carla Cristina Marques Santos Costa Gonçalves


96
Conservadora
Artigo 1378.º
(Troca de terrenos)
 A troca de terrenos aptos para cultura só é admissível:
a) Quando ambos os terrenos tenham área igual ou
superior à unidade de cultura fixada para a respetiva zona;

b) Quando, tendo qualquer dos terrenos área inferior à
unidade de cultura, da permuta resulte adquirir um dos
proprietários terreno contíguo a outro que lhe pertença,
em termos que lhe permitam constituir um novo prédio
com área igual ou superior àquela unidade;

c) Quando, independentemente da área dos terrenos,


ambos os permutantes adquiram terreno confinante com
prédio seu.

Carla Cristina Marques Santos Costa Gonçalves


Conservadora 97
 Artigo 1379.º
(Sanções)
 1 - São nulos os atos de fracionamento ou troca contrários
ao disposto nos artigos 1376.º e 1378.º

2 - São anuláveis os atos de fracionamento efetuado ao
abrigo da alínea c) do artigo 1377.º se a construção não
for iniciada no prazo de três anos.

3 - Tem legitimidade para a ação de anulação o Ministério
Público ou qualquer proprietário que goze do direito de
preferência nos termos do artigo seguinte.

4 - A ação de anulação caduca no fim de três anos, a
contar do termo do prazo referido no n.º 2.

Carla Cristina Marques Santos Costa Gonçalves


Conservadora 98
 Artigo 1380.º
(Direito de preferência)

 1. Os proprietários de terrenos confinantes, de área inferior à unidade de cultura,


gozam reciprocamente do direito de preferência nos casos de venda, dação em
cumprimento ou aforamento de qualquer dos prédios a quem não seja
proprietário confinante.

2. Sendo vários os proprietários com direito de preferência, cabe este direito:
a) No caso de alienação de prédio encravado, ao proprietário que estiver onerado
com a servidão de passagem;

b) Nos outros casos, ao proprietário que, pela preferência, obtenha a área que
mais se aproxime da unidade de cultura fixada para a respetiva zona.
3. Estando os preferentes em igualdade de circunstâncias, abrir-se-á licitação
entre eles, revertendo o excesso para o alienante.

4. É aplicável ao direito de preferência conferido neste artigo o disposto nos
artigos 416.º a 418.º e 1410.º, com as necessárias adaptações.

Carla Cristina Marques Santos Costa Gonçalves


Conservadora 99
Artigo 1381.º

(Casos em que não existe o direito de preferência)

 Não gozam do direito de preferência os proprietários de


terrenos confinantes:

a) Quando algum dos terrenos constitua parte componente
de um prédio urbano ou se destine a algum fim que não
seja a cultura;

b) Quando a alienação abranja um conjunto de prédios
que, embora dispersos, formem uma exploração agrícola
de tipo familiar.

Carla Cristina Marques Santos Costa Gonçalves 10


Conservadora 0
 Relacionado com a proibição de fracionamento
ou loteamento sem a correspondente legalidade
é proibido em prédios rústicos estabelecer a
compropriedade (de propriedade individual
passar para propriedade plural ou
compropriedade) ou aumentar o número de
compartes.

 O espelho legislativo desta premissa encontra-se


consagrado no artigo 54.º da lei 91/95

Carla Cristina Marques Santos Costa Gonçalves 10


Conservadora 1
Artigo 54.º
Medidas preventivas

 1 - A celebração de quaisquer atos ou negócios jurídicos entre vivos de que


resulte ou possa vir a resultar a constituição de compropriedade ou a
ampliação do número de compartes de prédios rústicos carece de parecer
favorável da câmara municipal do local da situação dos prédios.

2 - O parecer previsto no número anterior só pode ser desfavorável com
fundamento em que o ato ou negócio visa ou dele resulta parcelamento
físico em violação ao regime legal dos loteamentos urbanos, nomeadamente
pela exiguidade da quota ideal a transmitir para qualquer rendibilidade
económica não urbana.

3 - O parecer é emitido no prazo de 45 dias, entendendo-se a sua omissão
como parecer favorável.

4 - São nulos os atos ou negócios jurídicos celebrados em violação do
disposto no n.º 1 do presente artigo, tendo também a câmara municipal
legitimidade para promover a respetiva declaração judicial.

Carla Cristina Marques Santos Costa Gonçalves 10


Conservadora 2
 Esta proibição do aumento de compartes abrange
não apenas prédios rústicos na sua íntegra como
as partes rústicas de prédios mistos ;

 Aplica-se a qualquer compropriedade e portanto


quer a aquisição de duas pessoas solteiras,
divorciadas ou casadas em separação de bens,
visto que neste último caso inexiste comunhão
conjugal pelo que o regime de aquisição do casal
de um mesmo bem é o da compropriedade.

Carla Cristina Marques Santos Costa Gonçalves 10


Conservadora 3
 Para este efeito deve ser sempre apresentada
certidão camarária a autorizar o aumento de
compartes, específica para o negócio em
questão, partilha, venda, doação, sendo
entendimento maioritário do IRN, IP que a
certidão deve preceder o título, discordando a
maioria da eventual convalidação da nulidade
mediante exibição de certidão posterior.

 Para o efeito pode e deve ser consultado o


parecer proferido no processo RP 57/2019
STJSR-CC e respetivas remissões e declarações
de voto.

Carla Cristina Marques Santos Costa Gonçalves 10


Conservadora 4
Regulada pelo Decreto- Lei 281/99 de 24/7
 O que é a Autorização de Utilização de um
imóvel?
A autorização de Utilização é um documento
emitido pela Câmara municipal da área de
localização do imóvel que define o tipo de
utilização permitida para determinado edifício ou
fração: habitação, ou fins não habitacionais
(comércio, serviços ou indústria).
No caso de prédios em propriedade horizontal a
autorização pode ser emitida para o prédio todo
ou apenas para uma ou algumas frações,
situação que deve ser mencionada no respetivo
título.

Carla Cristina Marques Santos Costa Gonçalves 10


Conservadora 5
 1 - Não podem ser realizados atos que envolvam
a transmissão da propriedade de prédios
urbanos ou de suas frações autónomas sem que
se faça prova da existência da correspondente
autorização de utilização, perante a entidade que
celebrar a escritura ou autenticar o documento
particular.
 2 - Nos atos de transmissão de imóveis é feita
sempre menção do alvará da autorização de
utilização, com a indicação do respetivo número
e data de emissão, ou da sua isenção.

Carla Cristina Marques Santos Costa Gonçalves 10


Conservadora 6
 Foi só com a aprovação do Regulamento Geral das Edificações
Urbanas, pelo DL n.º 38.382, de 7 de agosto de 1951, que se
consagrou a necessidade de obtenção de aprovação
administrativa, máxime municipal, de utilização dos edifícios
(cfr. art. 8.º).
 Pelo que há que atender quer à idade do imóvel, quer à data da
entrada em vigor do referido diploma nos vários concelhos, bem
como fora dos aglomerados urbanos dos concelhos requerendo
certidão da câmara municipal que refira a mencionada dispensa
por a construção ser anterior à referida data.
 Todavia há que atentar também à inalterabilidade do edifício
deste essa data ou eventualmente à inexistência de obras
sujeitas a licenciamento no mesmo o que importará como se
sabe a emissão de licenciamento da construção e
concomitantemente de licenciamento da utilização.

Carla Cristina Marques Santos Costa Gonçalves 10


Conservadora 7
Parafraseando o parecer do conselho consultivo proferido no
processo
P. C.N. 13/2015 STJSR-CC
“A autorização de utilização, enquanto figura jurídico-
administrativa, tem por fim assegurar que o prédio ou as frações
autónomas está conforme o projeto de construção (arquitetura,
e outros) as condições impostas com a sua aprovação, e
quaisquer outras prescrições legais e regulamentares de ordem
pública que o promotor haja de observar, assim como a
conformidade da utilização prevista com as regras, legais ou
regulamentares, que fixam os usos e utilizações permitidas.
É à satisfação destes interesses, claramente de ordem pública,
que o regime estatuído no art. 1.º do DL n.º 281/99,
primacialmente parece ir ordenado, ao impedir a transmissão
dos edifícios (ou suas frações autónomas) quando deles se não
comprove estarem “habilitados” com autorização de utilização.”

Carla Cristina Marques Santos 10


Costa Gonçalves Conservadora 8
RJUE
 SUBSECÇÃO IV
Utilização de edifícios ou suas frações
Artigo 62.º
Âmbito

 1 - A autorização de utilização de edifícios ou suas frações autónomas na


sequência de realização de obra sujeita a controlo prévio destina-se a verificar a
conclusão da operação urbanística, no todo ou em parte, e a conformidade da
obra com o projeto de arquitetura e arranjos exteriores aprovados e com as
condições do respetivo procedimento de controlo prévio, assim como a
conformidade da utilização prevista com as normas legais e regulamentares que
fixam os usos e utilizações admissíveis, podendo contemplar utilizações mistas.

2 - No caso dos pedidos de autorização de utilização, de alteração de utilização
ou de alguma informação constante de licença de utilização que já tenha sido
emitida, que não sejam precedidos de operações urbanísticas sujeitas a controlo
prévio, a autorização de utilização de edifícios ou suas frações autónomas
destina-se a verificar a conformidade da utilização prevista com as normas legais
e regulamentares que fixam os usos e utilizações admissíveis, bem como a
idoneidade do edifício ou sua fração autónoma para o fim pretendido, podendo
contemplar utilizações mistas.

Carla Cristina Marques Santos Costa Gonçalves 10


Conservadora 9
 Atendendo aos normativos ora analisados temos que
em qualquer transmissão de prédio urbano deve ser
apresentada a autorização de utilização do mesmo.
 Estão dispensados de apresentação de licença as
operações de partilha e bem assim as de divisão de
coisa comum (não são consideradas verdadeiras
transmissões);
 Já a justificação de prédios urbanos, apesar de a
usucapião ser considerada uma forma de aquisição
originária carece de licenciamento pois é um acto que
visa substituir um título aquisitivo/translativo.
 Estão também dispensados os edifícios ou frações
autónomas de que se faça prova de que o mesmo foi
construído anteriormente a 7 de agosto de 1951.

Carla Cristina Marques Santos Costa Gonçalves 11


Conservadora 0
 Relativamente ao documento comprovativo para
efeitos do disposto no parágrafo anterior o mais
idóneo será pedir certidão da câmara que o ateste;

 Todavia fazendo prova da inscrição matricial do


edifício em data anterior e sem alterações à sua
configuração sujeitas a licenciamento também
configura prova de que a construção do mesmo
ocorreu em data anterior, mas neste caso deve ter-se
o cuidado de verificar se de facto inexistiu alteração à
composição, área, implantação do prédio e que a
alteração matricial eventualmente existente se deu
por encerramento de matrizes ou mudança de
freguesia.

Carla Cristina Marques Santos Costa Gonçalves 11


Conservadora 1
 Transmissão de prédios urbanos ou de frações autónomas construídas
pelo Estado ou por Institutos públicos.
 o artigo 50.º do DL n.º 280/2007 – fora da aplicação deste diploma
ficam necessariamente os bens das autarquias e das regiões autónomas,
cfr artigo 1.º

Artigo 1.º
Objecto e âmbito
 1 - O presente decreto-lei estabelece:
a) As disposições gerais e comuns sobre a gestão dos bens imóveis dos
domínios públicos do Estado, das Regiões Autónomas e das autarquias
locais;
b) O regime jurídico da gestão dos bens imóveis do domínio privado do
Estado e dos institutos públicos.

2 - O presente decreto-lei estabelece ainda os deveres de coordenação


de gestão patrimonial e de informação sobre bens imóveis dos
sectores públicos administrativo e empresarial, designadamente para
efeitos de inventário.

Carla Cristina Marques Santos Costa Gonçalves 11


Conservadora 2
Artigo 50.º
Isenção de licenciamento ou de autorização administrativa

 1 - A titulação de atos que envolvam a transmissão da propriedade de


imóveis cuja construção ou utilização estejam isentas de licenciamento ou de
autorização administrativa, por as obras terem sido promovidas pelo Estado
ou por institutos públicos, nos termos da legislação em vigor no momento
da edificação, efetua-se sem a apresentação de licença ou de autorização
administrativa.
 2 - O disposto no número anterior é aplicável à transmissão e à constituição
de outros direitos reais e de outras situações jurídicas relativamente às quais
a apresentação de licença ou de autorização administrativa seja legalmente
exigida.
3 - Para os efeitos previstos nos números anteriores, a isenção de
licenciamento ou de autorização administrativa está sujeita a registo, por
averbamento à descrição.

4 - No caso de bens imóveis do Estado ou de institutos públicos cuja
regularização registral se verifique em termos diversos dos previstos no
artigo anterior, a isenção de licenciamento ou de autorização administrativa
é registada a requerimento do adquirente do imóvel ao Estado ou a instituto
público, com base em documento emitido pela Direcção-Geral do Tesouro e
Finanças ou pelo instituto público que certifique tal facto.

Carla Cristina Marques Santos Costa Gonçalves 11
Conservadora 3
 5 - O disposto nos números anteriores é aplicável, com as devidas
adaptações, à titulação de atos que envolvam a transmissão e a
constituição de direitos reais ou outras situações jurídicas sobre bens
imóveis que:

a) Pertencendo ao património de empresas privatizadas ou
reprivatizadas, não dispunham, à data da privatização ou reprivatização,
de licenciamento e de autorização administrativa, nos termos da
legislação aplicável;

b) Tendo ingressado, por qualquer via, no património do Estado ou de
instituto público, não dispunham, à data do ingresso, de licenciamento e
de autorização administrativa, nos termos da legislação aplicável.

6 - A titulação de atos que envolvam uma transmissão da propriedade
de imóveis posterior à transmissão efetuada pelo Estado, pelos
institutos públicos ou pelas empresas privatizadas ou reprivatizadas
efetua-se igualmente sem apresentação de licença ou autorização
administrativa até que ocorra operação urbanística que, nos termos
gerais, careça de licenciamento ou de autorização administrativa.

Carla Cristina Marques Santos Costa Gonçalves 11


Conservadora 4
Artigo 51.º

Operações urbanísticas posteriores

 1 - O regime jurídico da urbanização e da edificação e as disposições


que exijam a apresentação de licença ou de autorização administrativa
são aplicáveis a operações urbanísticas posteriores que, nos termos
gerais, careçam de licenciamento ou de autorização administrativa.

2 - No caso previsto no número anterior, o registo a que se refere o n.º
3 do artigo anterior deve ser cancelado, mediante requerimento do
adquirente do imóvel ao Estado, ao instituto público ou à empresa
privatizada ou reprivatizada, ou por estes últimos, caso a operação
urbanística que determina o cancelamento seja promovida pelos
mesmos.

3 - O cancelamento do registo deve ser requerido no prazo de 30 dias
após a emissão de alvará que titule a licença ou a autorização ou, em
qualquer caso, sobre o início efectivo da operação urbanística em causa
e é efectuado oficiosamente sempre que os órgãos competentes
tenham conhecimento, no exercício das suas funções e por causa delas,
das operações urbanísticas que o determinam.

Carla Cristina Marques Santos Costa Gonçalves 11


Conservadora 5
 1) Estão dispensados de autorização de utilização os
prédios urbanos (e suas frações autónomas) cuja
construção seja promovida pelos municípios ou entidades
públicas, nos termos previstos nas als. a) e c) do n.º 1 do
art. 7.º do DL n.º 555/99, de 16-12 (RJUE), pelo que não
será aplicável à titulação da transmissão de tais prédios o
regime imperativo que resulta do disposto no art. 1.º do
DL n.º 281/99, de 26-7.

 2) A desaplicação do disposto no art. 1.º do DL n.º


281/99, relativamente aos imóveis referidos na conclusão
anterior, estende-se às transmissões posteriores à
transmissão que deles façam os municípios e entidades
públicas.

Carla Cristina Marques Santos Costa Gonçalves 11


Conservadora 6
 Alterações supervenientes e o seu licenciamento

 Estão sujeitas ao pedido de licenciamento as


"obras de conservação, reconstrução, ampliação,
alteração ou demolição de imóveis classificados
ou em vias de classificação, bem como de
imóveis integrados em conjuntos ou sítios
classificados ou em vias de classificação" (artº4,
nº2, alínea d) do RJUE).

 Daí a importância de verificar o histórico do


imóvel, designadamente a área coberta e se
houve ou não alterações suscetíveis de
licenciamento urbano a fim de evitar uma
nulidade.

Carla Cristina Marques Santos Costa Gonçalves 11


Conservadora 7
Documentos para comprovar a existência de
Autorização de utilização
 A própria autorização (inicial) (alvará antigo)
 Certidão da Câmara a comprovar a existência
de autorização de utilização;
 Documento autêntico onde conste ter sido
exibida uma das duas anteriores;

Carla Cristina Marques Santos 11


Costa Gonçalves Conservadora 8
 Certidão da câmara que comprove que o prédio é de
construção anterior à entrada em vigor do DL n.º 38.382,
de 7 de agosto de 1951 no concelho em que se localiza o
imóvel;
 Caderneta predial que comprove que aquele prédio se
encontra inscrito na matriz em data anterior à entrada em
vigor no concelho do DL n.º 38.382, de 7 de agosto de
1951 no concelho em que se localiza o imóvel;
 Prédios ou frações autónomas construídas pelo Estado,
Institutos Públicos ou Municípios.
 Em todos os casos se deve consignar no título a
declaração do transmitente de que o imóvel não sofreu
alterações sujeitas a licenciamento urbano.
 Está dispensada na aquisição em processo de execução ou
de insolvência nos termos do disposto no artigo 833.º do
CPC

Carla Cristina Marques Santos Costa Gonçalves 11


Conservadora 9
 Lei n.º 111/2015, de 27 de Agosto - REGIME JURÍDICO DA
ESTRUTURAÇÃO FUNDIÁRIA
 Portaria nº 219/2016 – Diário da República nº 152/2016,
Série I, de 2016-08-09
 DL n.º 73/2009, de 31 de Março - REGIME JURÍDICO DA
RESERVA AGRÍCOLA NACIONAL
 DL – 555/99 de 16 de dezembro
 DL n.º 280/2007, de 07 de Agosto REGIME JURÍDICO DO
PATRIMÓNIO IMOBILIÁRIO PÚBLICO;
 pelo Decreto- Lei 281/99 de 24/7
 Decreto-Lei 68/2004 de 25 de março
 Código Civil
 Código do Registo Predial
 Regulamento emolumentar dos Registos e do Notariado
 Bem como outra de que se foi falando

Carla Cristina Marques Santos Costa Gonçalves 12


Conservadora 0
 Pareceres do IRN, IP :
 CP 55/2012;
 CP 40/99
 RP 58/2008
 Proc. 13- RP/95
 CP 1/97
 RP 52/2013
 RP 167/2004 DSJ-CT

 Acórdão de 9/3/2022

Carla Cristina Marques Santos 12


Costa Gonçalves Conservadora 1
 Obrigado pela vossa atenção!

 Contactos .
 carla.c.goncalves@irn.mj.pt

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Conservadora 2

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