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Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

Unidade Curricular:
Introdução à Antropologia Cultural
Ano letivo: 2019/2020

Relatório crítico de Introdução à Antropologia Cultural


Parte A- 1

Minorias étnicas em Portugal no século XVI

No século XVI, o “outro interior” era tido como o “outro” enquanto minoria cultural e
eram essencialmente os judeus e os mouros. A religiosidade faz parte da cultura, portanto,
pode dizer-se que a distinção cultural que era feita, assentava na religiosidade. Existiram
várias tentativas de conversão para a religião do “eu”, e caso essa conversão não acontecesse,
procedia-se à expulsão do individuo. Quando se fala de conversão religiosa, trata-se da
adoção de uma nova identidade religiosa (converter de uma religião para outra). A conversão
forçada é uma noção que se deve aproximar da prática da perseguição religiosa. Na Península
Ibérica, no seculo XIV, verificou-se um grande desenvolvimento económico-social e a
economia dinamiza-se, tendo sido este o seculo de ouro para a europa.

Em Portugal, as conversões forçadas foram ao catolicismo. Segundo um decreto de


1496 publicado por D. Manuel I, estabelece-se um prazo para que os judeus e mouros se
convertam ao catolicismo (a data limite seria até 31 de outubro do ano seguinte). Este decreto
pretendia que as pessoas se convertessem para permanecerem no reino, ou seja, o reino não
queria expulsá-los, mas como as pessoas não tinham escolha, ou se convertiam ou fugiam do
reino. Sendo assim, de forma evitar a saída do reino, o rei manda fechar todos os portões
exceto o de Lisboa (o porto de Lisboa não tinha barcos para que os judeus e mouros não
pudessem fugir). Porém, em abril de 1497, 20 mil judeus juntam-se e saem do país. Muitas
crianças judias foram sequestradas e criadas por famílias cristãs (para converterem as
crianças ao cristianismo). Em outubro de 1497, os judeus que não se converterem por livre
vontade, foram arrastados até à pia batismal e foram batizados à força, contudo, mantiveram-
se praticantes do judaísmo em segredo. Depois desta conversão forçada aos judeus e mouros,
o nome que lhes foi dado foi de Cristãos Novos. Os judeus e os mouros não comiam carne de
porco, então uma forma de se verificar se se tinham convertido ou não era ver se comiam a
carne, sendo assim, estes Cristãos Novos começaram a criar os seus próprios enchidos com
carne de aves.

Para além disso, outra característica desta época foi o uso de distintivos, isto é, era
obrigatório as pessoas usarem sinais distintivos, o que é, em termos culturais um processo de
construção de identidade distintiva do outro. Um sinal distintivo seria uma marca que desse
para identificar os judeus e os mouros. Estes sinais distintivos tinham o objetivo de evitar a
mistura. Na europa, todos os judeus foram obrigados a usar distintivos e estes deviam estar

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costurados na roupa ou chapéu. Em Portugal, D. Afonso IV, determinou o uso do sinal
amarelo no chapéu e, mais tarde, D. João I, determinou que os judeus usassem uma estrela
vermelha com 6 pontas, costurada no vestuário (deveria ser colocada na altura do peito,
acima do estomago). Para além disso, havia diferenças entre homens e mulheres: os homens
deveriam usar chapéu triangular de cor vermelha ou amarela e as mulheres usavam lenço
amarelo ou vermelho na cabeça. Já para os Mouros (os Árabes já tinham o seu próprio
vestuário), então, no tempo de D. Afonso IV, determina o uso de túnica que cobria o
vestuário que eles usavam (Almeshia) e tinham de usar um sinal branco no barrete. Mais
tarde, D. João I, determina o uso de uma lua vermelha no braço.

Outra característica desta época é que os Judeus e Mouros deveriam viver em espaços
controlados: no caso dos Mouros, viviam em mourarias e os Judeus, em judiarias. O “outro”
devia ser afastado porque é portador de uma identidade religiosa distinta. Melhor dizendo, os
Cristãos permitiam que eles vivessem no mesmo país que eles, mas ao mesmo tempo
afastados deles. Nas mourarias (local onde habitavam os Árabes), os Cristãos eram proibidos
de entrar, e caso uma mulher entrasse sozinha numa mouraria era aplicada pena de morte.
Nas judiarias (habitação dos judeus), se a maior parte da população (de um determinado
local) fosse judaica estaríamos perante uma judiaria, no entanto podia haver lá cristãos.
Porém, as judiarias vão se aproximado das mourarias e vão se isolando dos Cristãos. As
primeiras judiarias surgiram em Coimbra, Santarém e Lisboa; na Tunísia os bairros judeus
chamam-se Hara; em Marrocos chamava-se de Mellah e por fim, na Europa Central e
Oriental era denominado de Gueto.

Como já foi dito anteriormente, a expulsão do “outro” era de acordo com a religiosidade.
Caso alguém não se convertesse, seria expulso do país. Em 1496, é formado um decreto com
o objetivo de os Judeus permanecerem no reino como cristãos convertidos. Este decreto fez
com que muitos se mantivessem no reino e poucos foram aqueles que foram expulsos. Já a
expulsão dos Mouros deu-se no próprio processo de reconquista cristã e estes mantiveram-se
na Península Ibérica por muito tempo.

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Parte B- 1

Iluminismo, viagens filosóficas e conhecimento científico da diversidade cultural no


século XVIII

Iluminismo, ou também como é conhecido século das luzes ou idade das luzes, foi um
movimento filosófico que incidiu nas ideias da razão, conhecimento, discernimento. Foi um
conjunto de intelectuais (filósofos), como John Locke, Descartes, Montesquieu etc., que se
dedicam às mais diversas áreas e que se apoiaram na informação que chegou acerca do
alargamento do mundo. Foi Descartes o precursor do conhecimento científico.

Através das pesquisas que foram feitas, foi trazido um maior conhecimento como uma
imagem mais completa do globo, os animais etc. que permitiram classificar, seriar e ordenar
esta informação e então é aqui que começa a haver a classificação e categorização de animais
e plantas entre outros, e começamos a pô-las em categorias.

Passamos então para as viagens filosóficas, e aqui temos as viagens filosóficas


interiores e viagens filosóficas exteriores. São estas viagens exteriores que vão motivar a
viagens interiores. Como exemplo para estas viagens, temos a viagem de Alexandre Ferreira
ao Norte do Brasil e a de James Cook, que é conhecido pelas suas viagens no Oceano
Pacífico. Posteriormente, começa a surgir o gosto pelo colecionismo e gabinetes de
curiosidades (estes gabinetes são gabinetes de estudo, de organização destas coleções etc., e
simultaneamente, chegam do novo mundo os Jardins Botânicos e Jardins Zoológicos (em
representação dos animais exóticos).

Relativamente à explicação da diferença, em que esta é basicamente o confronto com


o “outro” exótico, seria então o clima que explicaria estas diferenças. O Conde de Abbeville e
Montesquieu, são dois senhores que vão afirmar isto mesmo: em 1614, o Conde de Abbeville
publica a “História da missão dos padres capuchinhos na ilha do Maranhão” em que na sua
obra refere que diferentes climas produziriam diferentes costumes, diferentes estados de
espírito etc., e Montesquieu também vem confirmar o clima é o responsável pelas diferenças,
dizendo: “são as diferentes necessidades nos diferentes climas que constituíram as diferentes
maneiras de viver, e estas diferentes maneiras de viver formaram as diferentes espécies de
leis”. Para além disso, refere que o tempo não é repetitivo, mas sim um tempo unilinear,

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surgindo a ideia de progresso em que a humanidade evolui em 3 fases: selvagem, barbárie e
civilização.

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