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HOSPITAL DE CLÍNICAS
SUMÁRIO
1 – CONCEITO/DEFINIÇÃO.............................................................................................................. 3
2 – OBJETIVOS................................................................................................................................ 3
3 – PÚBLICO-ALVO.......................................................................................................................... 3
4 – ÂMBITO DE APLICAÇÃO............................................................................................................ 3
5 – RESPONSABILIDADES................................................................................................................ 3
6 – CONSIDERAÇÕES ESPECIAIS/NORMAS INSTITUCIONAIS........................................................... 3
7 - REFERÊNCIAS............................................................................................................................. 9
8 - HISTÓRICO DE ELABORAÇÃO/REVISÃO ..................................................................................... 10
APÊNDICES..................................................................................................................................... 11
ANEXOS.......................................................................................................................................... 13
SIGLÁRIO
AINES - Anti-inflamatórios não esteroidais
amp – Ampola
BPS - Escala comportamental de dor (Behavioral Pain Scale)
CAM-ICU - Confusion Assessment Method for the Intensive Care Unit
CPAM – Comissão de Protocolos Assistenciais Multiprofissionais
EN – Enteral
EV - Endovenoso
HC-UFTM – Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triangulo Mineiro
IM – Intramuscular
IRA - Insuficiência renal aguda
IV – Intravenoso
PRT – Protocolo
RASS - Richmond Agitation-Sedation Scale
SC – Subcutâneo
SNC - Sistema nervoso central
SNE - Sonda nasoenteral
STGQ – Setor de Gestão da Qualidade
UTI – Unidade de Terapia Intensiva
VM - Ventilação mecânica
VO – Via oral
1. CONCEITO/DEFINIÇÃO
Analgesia e sedação são pilares da terapia intensiva. Dor, ansiedade, agitação,
desconforto e insônia são disfunções frequentemente apresentadas pelos pacientes internados nas
Unidades de Terapia Intensiva (UTI) de todo o mundo. Logo, viabilizar o conforto e o bem-estar do
paciente grave é um dever da equipe multiprofissional. Definições:
● Dor: experiência sensorial ou emocional desagradável, associada a um dano real ou potencial
a um tecido;
● Analgesia: abolição da sensibilidade à dor sem supressão das outras propriedades sensitivas
e sem perda de consciência;
● Sedação: alívio da ansiedade, agitação e indução de um estado de calma e tranquilidade;
pode envolver hipnose; o nível de sedação pode ser mínimo, moderado (sedação consciente) e
profundo.
2. OBJETIVOS
Este protocolo tem como finalidade revisar e padronizar condutas em sedação e manejo
da dor e do delirium em pacientes adultos internados nas UTIs ou em quaisquer outros setores do
Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triangulo Mineiro (HC-UFTM).
3. PÚBLICO-ALVO
O público alvo deste protocolo é toda a equipe multiprofissional, incluindo médicos,
enfermeiros, técnicos de enfermagem, farmacêuticos, fisioterapeutas, psicólogos, terapeutas
ocupacionais, entre outros que, de maneira direta ou indireta, estão em contato com pacientes que
necessitem de analgesia e/ou sedação.
4. ÂMBITO DE APLICAÇÃO
● UTI adulta, perfil geral e coronariano;
● Sala de Recuperação Pós-Anestésica;
● Enfermaria de Cuidados Semi-Intensivos;
● Sala de Urgência;
● Outras unidades de internação.
● Unidades de Pronto-Atendimento.
5. RESPONSABILIDADES
Os responsáveis pela aplicação deste protocolo são todos os colaboradores da equipe
multiprofissional que trabalham com pacientes em uso de analgesia e/ou sedação ou que
apresentem delirium, nas diversas unidades hospitalares em que estes se encontrarem.
6.1 Dor
Os pacientes críticos rotineiramente têm dor, tanto em repouso quanto durante a
execução dos cuidados/procedimentos. O tratamento adequado depende de ferramentas
Cópia eletrônica não controlada
Permitida a reprodução parcial ou total, desde que indicada a fonte e sem fins lucrativos.
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO
HOSPITAL DE CLÍNICAS
Manejo da dor
Os opioides são as primeiras escolhas no manejo da dor em UTI, sendo que seu uso deve
ser individualizado para cada paciente. Outros analgésicos podem ser usados de forma adjuvante
e para reduzir a necessidade dos opioides, como paracetamol, anti-inflamatórios não esteroidais
(AINES), anticonvulsivantes e anestesias locorregionais, mas não há estudos que comprovem sua
eficácia e segurança quando usados isoladamente. O quadro 1 descreve os principais opioides
utilizados em UTI, com discriminação de meia vida, vias de infusão e doses adotadas. O quadro 2
(vide seção “apêndices”) apresenta as equivalências de doses entre diferentes medicações
opioides e deve ser utilizado para realizar as conversões medicamentosas.
Recomendações:
● Recomenda-se analgesia profilática e/ou medidas não farmacológicas para aliviar a dor
relacionada a procedimentos invasivos e potencialmente dolorosos e à remoção do tubo
orotraqueal, como aplicação de técnicas de relaxamento, musicoterapia e psicoterapia;
● Analgésicos não opioides devem ser usados para reduzir a necessidade de opioides e seus
efeitos colaterais;
● Carbamazepina ou gabapentina via sonda nasoenteral (SNE) ou sonda oroenteral podem ser
utilizadas em associação com opioides endovenosos (EV) para tratamento de dor neuropática.
● Pelo rápido metabolismo, deve ser usado em pacientes que precisam ser reavaliados
neurologicamente com frequência;
● Dependendo da dose, pode causar depressão respiratória e hipotensão sistêmica (o que
pode ser potencializado se associado a opioides);
● Tem potencial efeito cardiodepressor (inotrópico negativo);
● É apresentado em solução lipídica a 10%, podendo causar hipertrigliceridemia, pancreatite
aguda e mioclonias;
● A síndrome da infusão do propofol é caracterizada por acidose metabólica, arritmias, IRA,
hipotensão, hipercalemia, rabdomiólise, disfunção hepática (raramente), e ocorre em infusões
prolongadas com dose superior a 70 mcg/kg/min; tem incidência de 1%, com mortalidade de
33%.
Observações:
O uso de diazepam instramuscular NÃO é permitido.
É recomendada a não utilização de clorpromazina, pelo elevado risco de alterações
hidroeletrolíticas e de levomepromazina, devido ao elevado risco de sedação.
7. REFERÊNCIAS
Flôres, D. G.; Capone Neto, A. (Ed) Delirium no paciente grave. São Paulo, Ed.Atheneu, 2013
Barr J, Fraser GL, Puntillo K, Ely EW, Gélinas C, Dasta JF, Davidson JE, Devlin JW, Kress JP, Joffe AM,
Coursin DB, Herr DL, Tung A, Robinson BR, Fontaine DK, Ramsay MA, Riker RR, Sessler CN, Pun B,
Skrobik Y, Jaeschke R; American College of Critical Care Medicine.
Clinical practice guidelines for the management of pain, agitation, and delirium in adult patients in
the intensive care unit. Crit Care Med 2013
Mart MF, Williams Roberson S, Salas B, Pandharipande PP, Ely EW. Prevention and Management of
Delirium in the Intensive Care Unit. Semin Respir Crit Care Med 2021
Korenoski A, Li A, Kane-Gill SL, Seybert AL, Smithburger PL. Pharmacologic Management of Delirium
in the ICU: A Review of the Literature. J Intensive Care Med 2020
Devlin JW, Skrobik Y, Gélinas C, Needham DM, Slooter AJC, Pandharipande PP, Watson PL,
Weinhouse GL, Nunnally ME, Rochwerg B, Balas MC, van den Boogaard M, Bosma KJ, Brummel NE,
Chanques G, Denehy L, Drouot X, Fraser GL, Harris JE, Joffe AM, Kho ME, Kress JP, Lanphere JA,
McKinley S, Neufeld KJ, Pisani MA, Payen JF, Pun BT, Puntillo KA, Riker RR, Robinson BRH, Shehabi
Y, Szumita PM, Winkelman C, Centofanti JE, Price C, Nikayin S, Misak CJ, Flood PD, Kiedrowski K,
Alhazzani W. Clinical Practice Guidelines for the Prevention and Management of Pain,
Agitation/Sedation, Delirium, Immobility, and Sleep Disruption in Adult Patients in the ICU. Crit Care
Med 2018
Stollings JL, Balas MC, Chanques G. Evolution of sedation management in the intensive care unit
(ICU). Intensive Care Med 2022
Sessler CN, Gosnell MS, Grap MJ, Brophy GM, O'Neal PV, Keane KA, Tesoro EP, Elswick RK. The
Richmond Agitation-Sedation Scale: validity and reliability in adult intensive care unit patients. Am
J Respir Crit Care Med. 2002
Azevedo, L.C.P.; Oliveira, A.R.; Ladeira, J.P.; Velasco, I.T. Medicina intensiva baseada em evidências.
São Paulo: Editora Atheneu, 2009
8. HISTÓRICO DE ELABORAÇÃO/REVISÃO
VERSÃO DATA DESCRIÇÃO DA AÇÃO/ALTERAÇÃO
3 10/2/2023 Revisão e atualização do protocolo (PRT)
APÊNDICES
Quadro 1: Principais opioides utilizados em UTI
OPIOIDES
Drogas Meia Vida Vias e Doses Solução Padrão
Efeitos
Morfina 2-4h Intravenosa (IV), 1 amp + NaCL 0,9%
Analgesia +++
(10mg) subcutânea (SC) 8m Sedação +
Amp 2ml 2 a 10mg/bolus (1mg/ml)
Depr.Resp +
Morfina 2-4h IV, SC Sem diluição
Analgesia ++
(2mg) 2mg/bolus Sedação +
Amp 2ml Depr.Resp +
Fentanil 30-60 min IV 2 Frascos + NaCl Analgesia +++
(50mcg/ml) 25 a 100mcg/ 0,9% 80ml Sedação +
Frasco 10ml bolus (10mcg/ml) Depr.Resp +++
*Contexto-
sensitivo
Remifentanil Equivalente IV 1 frasco + SG 5% Analgesia +++
(2mg/5ml) ao momento 0,2-0,7mcg/kg/h 95ml Sedação +
de infusão (4mcg/ml) Depr.Resp +++
Tramadol 6-8h IV, intramuscular 1 amp + 100ml NaCl Analgesia +++
(IM) 0,9% Sedação +
50-100mg a cada Depr.Resp +
6 ou 8h
Nalbufina IV/SC/IM Sem diluição Analgesia +++
5 horas 10mg de 3-6 Sedação +
horas Depr.Resp +
Metadona Via Oral VO Não se aplica Analgesia +++
(VO): 24 a 48 8/8 horas ou Sedação +
horas 12/12 horas Depr.Resp +
*contexto-sensitivo = quanto maior o tempo de infusão contínua, maior a meia vida. Fonte: própria.
ANEXOS
I – Escala Comportamental de Dor - BPS (Behavioral Pain Scale)
Escala comportamental de dor Descrição Pontuação
Expressão Facial Relaxada 1
Pouco tensa 2
Muito tensa 3
Fáceis de dor 4
Extremidades superiores Sem movimento 1
Parcialmente fletidas 2
Completamente fletidas, incluindo dedos 3
Permanentemente retraídas 4
Interação com o ventilador Tolera os movimentos 1
Tosse ocasionalmente, mas tolerando a 2
VM na maior parte do tempo
Briga com o ventilador 3
Incapaz de permanecer em ventilação 4
controlada
Teste do comando
Mostre dois dedos ao paciente por alguns segundos e peça para ele repetir.
Após isto, peça para que ele faça com a outra mão.
Caso o paciente esteja impossibilitado de utilizar uma das mãos, peça que ele adicione um dedo a
mão inicialmente testada.
MENOS QUE 2 ERROS 2 OU MAIS ERROS
Não há delirium Há delirium
Observação: o Delirium é diagnosticado quando as características 1 e 2 são positivas e as
características 3 ou 4 estão presentes
Fonte dos anexos I a III: própria