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TRIÂNGULO MINEIRO
HOSPITAL DE CLÍNICAS
Tipo do PRT.UNUT.006 - Página 1/9
PROTOCOLO
Documento
Título do CUIDADO NUTRICIONAL EM PESSOAS VIVENDO Emissão: 3/1/2023 Próxima revisão:
Documento COM HIV/AIDS Versão: 1 3/1/2025
1. SUMÁRIO ..................................................................................................................................................2
2. SIGLAS E CONCEITOS .............................................................................................................................2
3. OBJETIVOS .............................................................................................................................................2
4. JUSTIFICATIVAS .....................................................................................................................................3
5. CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E DE EXCLUSÃO.............................................................................................3
6. ATRIBUIÇÕES, COMPETÊNCIAS, RESPONSABILIDADES .........................................................................3
7. HIV/AIDS ................................................................................................................................................4
8. CUIDADO NUTRICIONAL........................................................................................................................4
8.1 Necessidades nutricionais ...................................................................................................................5
8.2 Recomendações para atenuar sintomas clínicos dos efeitos colaterais do antirretroviral ...............6
9. FLUXOGRAMA .......................................................................................................................................7
10. REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................7
11. HISTÓRICO DE ELABORAÇÃO/REVISÃO ..............................................................................................9
2. SIGLAS E CONCEITOS
AIDS - Acquired Immunodeficiency Syndrome
CDC – Centro de Controle e Prevenção de Doenças
CFN - Conselho Federal de Nutrição
DRIS - Dietary Reference Intakes
EMTN - Equipe Multiprofissional de Terapia Nutricional
HC-UFTM – Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro
HIV - Human Immunodeficiency Virus
IO - Infecções Oportunistas
OPAS - Organização Pan-Americana de Saúde
PRT – Protocolo
PVAH - Pessoas Vivendo com HIV/AIDS
TARV - Terapia Antirretroviral
UNUT - Unidade de Nutrição Clínica
UPLAG - Unidade de Planejamento, Gestão de Riscos e Controles Internos
3. OBJETIVOS
a. Sistematizar o atendimento nutricional nas unidades assistenciais para pacientes com diagnóstico
de HIV/AIDS.
b. Recuperar e/ou manter o estado nutricional dos pacientes adultos e idosos para pacientes com
diagnóstico de HIV/AIDS.
c. Promover educação nutricional junto ao paciente e seus familiares.
4. JUSTIFICATIVAS
A infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) é atualmente considerada uma
doença crônica devido aos avanços da terapia antirretroviral (TARV) dos últimos anos (TRICKEY et al.,
2017). Com isso, houve diminuição na incidência de doenças oportunistas, complicações inerentes da
AIDS e aumento da prevalência de doenças crônicas, como doenças cardiovasculares, e outras
comorbidades, incluindo complicações tipicamente associadas ao envelhecimento (GALLANT et al.,
2017).
Os avanços farmacológicos refletem também no estado nutricional das pessoas vivendo
com HIV/AIDS (PVHA) levando a um aumento na prevalência de eutrofia e excesso de peso, naqueles
pacientes em uso da TARV, com alteração do perfil lipídico e distribuição de gordura corporal, e à
desnutrição, principalmente naqueles não aderidos ao tratamento e hospitalizados (BATISTA et al.,
2021; MOURA et al., 2018).
Dessa forma, avaliar o estado nutricional de PVHA é imprescindível para o sucesso do
tratamento dietoterápico. O diagnóstico nutricional deve ser realizado de forma abrangente,
considerado não somente o estado nutricional atual, mas também conhecer os fatores associados ao
desenvolvimento de outras doenças, possibilitando uma intervenção precoce, preservando, dentre
outros aspectos, melhorar a qualidade de vida desses pacientes (SILVEIRA; FALCO, 2020).
7. HIV/AIDS
O HIV é um vírus causador de uma infecção que ataca as células do sistema imunológico,
principalmente os linfócitos T CD4+ (LT-CD4+), ocasionando o seu enfraquecimento. Se a infecção não
é tratada pode causar a AIDS (CDC – Centro de Controle e Prevenção de Doenças, 2021).
Na AIDS – Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, tem-se o aparecimento de Infecções
Oportunistas (IO) e neoplasia. As IO mais frequentes são: pneumocistose, neurotoxoplasmose,
tuberculose pulmonar atípica ou disseminada, meningite criptocócica e retinite por citomegalovírus.
As neoplasias mais comuns são sarcoma de Kaposi (SK), linfoma não Hodgkin e câncer de colo uterino,
em mulheres jovens. Nessas situações, a contagem de LT-CD4+ situa-se abaixo de 200 cels/mm3, na
maioria das vezes. Além das infecções e das manifestações não infecciosas, o HIV pode causar doenças
por dano direto a certos órgãos ou por processos inflamatórios, tais como miocardiopatia, nefropatia
e neuropatias, que podem estar presentes durante toda a evolução da infecção pelo HIV (BRASIL,
2018).
O HIV/AIDS continua sendo um grande problema de saúde pública mundial, com uma carga
de mais de 33 milhões de mortes até o momento (OPAS, 2021). No Brasil em 2020, foram
diagnosticados 32.701 novos casos de HIV e 29.917 casos de AIDS notificados no Sistema de
Informação de Agravos de Notificação. Foram registrados nesse mesmo ano no Brasil um total de
10.417 óbitos por causa básica AIDS, com uma taxa de mortalidade padronizada de 4,0/100 mil
habitantes (BRASIL, 2021).
Diante disso, a gestão do cuidado nutricional é parte integrante do tratamento e cuidados
abrangentes do HIV. Sendo que melhoria do estado nutricional e o ganho de peso podem aumentar a
recuperação e a força em PVHA, melhorar a diversidade alimentar, a ingestão calórica e a qualidade
de vida. A abordagem que inclua intervenções nutricionais provavelmente maximizará o benefício da
terapia antirretroviral na prevenção da progressão da doença pelo HIV e outros resultados adversos
(MEHTA; FINKELSTEIN, 2018).
8. CUIDADO NUTRICIONAL
Sabe-se que PVHA ainda apresentam grandes riscos de desnutrição e inanição. Tanto a
desnutrição quanto o HIV afetam o sistema imunológico. Quando combinados, os efeitos deletérios
são ampliados. As taxas de mortalidade são maiores em PVHA, sendo as manifestações mais comuns
de desnutrição a desnutrição energético-proteica, anemia e deficiências de micronutrientes. Por outro
lado, as PVHA bem nutrida e com carga viral controlada tem maior probabilidade de resistir aos efeitos
da infecção pelo HIV e retardar a progressão da doença (SHARMA et al., 2015). Considerando o risco
nutricional das PVHA, assim como as associações entre a desnutrição e piora clínica e mortalidade,
além de fatores de vulnerabilidade e segurança alimentar, realizar o cuidado nutricional dessa
população é fundamental (WILLIG et al. 2018, BATISTA et al., 2021).
O processo de cuidado nutricional inclui avaliação nutricional, diagnóstico, intervenção e
monitoramento.
O processo de avaliação do risco nutricional é essencial nessa população, contudo, poucas
ferramentas foram validadas para PVHA, a Avaliação Subjetiva Global é uma delas (BOWERS; DOLS,
1996).
Para a realização da avaliação nutricional e do diagnóstico nutricional, deve ser realizada
uma análise da história clínica, do consumo alimentar, de dados antropométricos, de composição
corporal, além de exame físico e bioquímicos (SILVEIRA; FALCO, 2020).
Lactobacillus em pacientes com contagem de células T CD4+ <200 ou uma porcentagem de células
T CD4+ dos linfócitos totais <15%.
8.2 Recomendações para atenuar sintomas clínicos dos efeitos colaterais do antirretroviral
O Uso da TARV pode provocar alguns efeitos colaterais, bem como algumas doenças
oportunistas podem dificultar a alimentação, por isso, estratégias nutricionais devem ser realizadas
para minimizar esses desconfortos (BRASIL, 2006):
Náuseas/vômitos: preferir alimentos secos como biscoitos, tipo cream cracker ou água e sal,
ingeridos assim que acordar, sem o acompanhamento de líquidos. Fazer pequenas refeições, várias
vezes ao dia. Evitar a ingestão de líquidos durante as refeições. Evitar alimentos quentes; dar
preferência aos alimentos frios ou a temperatura ambiente. Evitar alimentos gordurosos, bebidas
gasosas (tipo refrigerante), leite, café e excesso de condimentos. Evitar ingerir alimentos muito
doces.
Empachamento: evitar alimentos gordurosos, especialmente os de origem animal. Fracionar
as refeições. Evitar a ingestão de líquidos durante as refeições.
Pirose: evitar condimentos, pimenta de todos os tipos e alimentos gordurosos. Se possível
evitar deitar após a refeição.
Diarreia: realizar dieta obstipante, em pequenas quantidades e fracionada. Otimizar a
hidratação. Verificar a indicação de reposição de eletrólitos e probióticos.
Constipação Intestinal: realizar dieta laxativa, rica em fibras, otimizar hidratação. Verificar a
indicação de probióticos e laxantes.
Gases intestinais: evitar a ingestão de alimentos que causem gases, tais como: bebidas
gasosas, doces, brócolis, couve-flor, couve, feijão, batata-doce, por exemplo. Reduzir o consumo de
alimentos ricos em fibras insolúveis, como grãos e cereais (milho e grão de bico), casca de frutas e
verduras como alface, couve, por exemplo.
Dificuldade de deglutição, inflamação na boca e/ou esôfago por candidíase ou outras
infecções: ingerir alimentos líquidos, pastosos ou de consistência macia, em temperatura ambiente
ou frios, de acordo com a tolerância. Indicar os alimentos preferidos para estimular o apetite. Evitar
alimentos ácidos, condimentados e picantes. Evitar o uso de muito sal e alimentos irritantes.
Realizar pequenas refeições, várias vezes ao dia.
9. FLUXOGRAMA
Triagem
Avaliação e diagnóstico
nutricional
Intervenção de nutrição/
Terapia nutricional
Acompanhamento
Orientação de alta
10. REFERÊNCIAS
BOWERS, J. M.; DOLS, C. L. Subjective global assessment in HIV-Infected patients. Journal of the
Association of Nurses in AIDS Care, v. 7, n. 4, p. 83–89, 1 jul. 1996.
COPPINI LZC, JESUS RP. Terapia Nutricional na Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (HIV/AIDS).
Projeto Diretrizes Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina, v.1, p.1-12. 2011.
CENTER FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. About HIV. Disponível em:
<https://www.cdc.gov/hiv/basics/whatishiv.html>. Acesso em 10 jan. 2022.
CONSELHO FEDERAL DE NUTRIÇÃO. Resolução CFN nº 600, de 25 de fevereiro, 2018. Disponível em <
https://www.in.gov.br/materia//asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/11253722/do1-2018-
04-20-resolucao-n>. Acesso em: 03 ago. 2021.
GALLANT, J. et al. Comorbidities Among US Patients With Prevalent HIV Infection—A Trend Analysis.
The Journal of Infectious Diseases, v. 216, n. 12, p. 1525–1533, 19 dez. 2017.
MEHTA, S.; FINKELSTEIN, J. L. (EDS.). Nutrition and HIV: Epidemiological Evidence to Public Health.
New York (NY): CRC Press, 2018.
BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Manual clínico de alimentação oletim
epidemiologico de HIV/Aids. 2006. Disponível em: <
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_alimentacao_nutricao.pdf>. Acesso em: 20 dez.
2021
MOURA, I. S. C. et al. Indicadores nutricionais em pacientes portadores de HIV/SIDA. Nutr. clín. diet.
hosp, p. 122–127, 2018.
SHARMA, A. HOOVER, D.R.; QIUHU, S. et al. Relationship between Body Mass Index and Mortality in
HIV-Infected HAART Users in the Women’s Interagency HIV Study. PLOS ONE, v. 10, n. 12, p. e0143740,
23 dez. 2015.
SILVEIRA, E. A.; FALCO, M. O. Diagnóstico nutricional de pessoas que vivem com HIV/AIDS: revisão de
protocolos nacionais e internacionais. Ciência & Saúde Coletiva, v. 25, p. 5003–5016, 4 dez. 2020.
TRICKEY, A. et al. Survival of HIV-positive patients starting antiretroviral therapy between 1996 and
2013: a collaborative analysis of cohort studies. The Lancet HIV, v. 4, n. 8, p. e349–e356, 1 ago. 2017.
WILLING A. et al. Academy of Nutrition and Dietetics.Practice Paper of the Academy of Nutrition and
Dietetics: Nutrition Intervention and Human Immunodeficiency Virus Infection. Journal of the
Academy of Nutrition and Dietetics, v.3, p-486-498. 2018.