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HOSPITAL DE CLÍNICAS
SUPLEMENTAÇÃO ENTERAL DE
POLIVITAMÍNICOS E OLIGOELEMENTOS
NO RECÉM-NASCIDO PRÉ-TERMO
SUMÁRIO
1. SIGLAS ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 2
2. OBJETIVOS-------------------------------------------------------------------------------------------------------- 3
3. JUSTIFICATIVAS ------------------------------------------------------------------------------------------------- 3
4. CRITÉRIOS DE INCLUSÃO ..........................---------------------------------------------------------------- 3
5. ATRIBUIÇÕES, COMPETÊNCIAS, RESPONSABILIDADES ------------------------------------------------ 3
6. INDICAÇÕES DE SUPLEMENTAÇÃO -------------------------------------------------------------------------3
6.1. Ferro ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------3
6.2. Polivitamínicos -------------------------------------------------------------------------------------------------- 4
6.3. Vitamina K -------------------------------------------------------------------------------------------------------- 7
6.4. Zinco --------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 7
7. REFERÊNCIAS -----------------------------------------------------------------------------------------------------8
8. HISTÓRICO DE ELABORAÇÃO/REVISÃO ------------------------------------------------------------------- 9
1. SIGLAS
AAP – Academia Americana de Pediatria
DMED – Divisão Médica
ESPGHAN – The European Society for Paediatric Gastroenterology Hepatology and Nutrition
Fe – Ferro
g – grama
HC-UFTM – Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro
IG – Idade Gestacional
mg – miligrama
PRORN - Programa de atualização em neonatologia
PRT – Protocolo
RN – Recém-nascido
RNPT – Recém-nascido pré-termo
RNT – Recém-nascido a termo
SBP – Sociedade Brasileira de Pediatria
STGQ – Setor de Gestão da Qualidade
UI – Unidades Internacionais
2. OBJETIVOS
Orientar quanto à suplementação enteral de vitaminas e oligoelementos nos recém-nascidos
prematuros (RNPT) e uniformizar as condutas em todos os setores do Hospital de Clínicas da
Universidade Federal do Triângulo Mineiro (HC-UFTM) que atendem aos pacientes neonatos.
3. JUSTIFICATIVAS
Os RNPT apresentam de forma geral, deficiência de micronutrientes. Este fato se justifica
devido aos baixos estoques, dieta insuficiente e necessidades metabólicas aumentadas.
Em um primeiro momento, muitos desses RNPT vão necessitar desses nutrientes por via
parenteral, em decorrência de sua imaturidade e de adaptações fisiológica, cardiovascular,
respiratória e metabólica nas primeiras horas. É essencial, no entanto, a introdução precoce e
adequada da nutrição enteral para favorecer o desenvolvimento das funções digestivas e
metabólicas.
Assim, a suplementação é indicada para suprir as necessidades recomendadas de ingestão
diária e prevenir deficiências.
4. CRITÉRIOS DE INCLUSÃO
Estão incluídos todos os RNPT atendidos no HC-UFTM.
6. INDICAÇÕES DE SUPLEMENTAÇÃO
6.1. Ferro
Durante o período fetal, o Ferro (Fe) é crítico para o desenvolvimento dos órgãos,
particularmente do cérebro. O suprimento de Fe durante a gestação é essencial para que o feto
possa garantir a formação de estoques adequados, que sustentem o seu crescimento nos primeiros
6 meses de vida. Aproximadamente 80% do Fe é transferido ao feto durante o terceiro trimestre de
gestação. Assim, enquanto a maior parte dos recém-nascidos a termo (RNT) possui ao nascimento
concentrações aumentadas de hemoglobina (15–17g/dL) e estoques adequados de Fe durante os
primeiros 6 meses de vida, os RNPTs contam com estoques insuficientes, apesar das demandas
aumentadas devido ao rápido crescimento. Outro fator que influencia os estoques de Fe no RN é o
tempo de clampeamento do cordão umbilical. Há fortes evidências de que o clampeamento tardio
do cordão umbilical, quando possível, melhora significativamente os estoques corporais de Fe do
RN, o que faz com que essa prática seja amplamente recomendada.
A Sociedade Brasileira de Pediatria orienta a suplementação de Fe da seguinte forma:
6.2. Polivitamínicos
Vitamina A
A Vitamina A tem importante papel na resposta imune, função visual, crescimento e
diferenciação celular pulmonar, bem como na integridade do epitélio pulmonar. Sua
deficiência está associada a infecções recorrentes e displasia broncopulmonar. A dose
Vitamina D
A saúde óssea é uma preocupação crítica no manejo de bebês prematuros. Embora
o leite humano seja fundamental para a saúde de bebês prematuros, é baixo seu teor de
cálcio, vitamina D e fósforo, em relação às necessidades dos bebês prematuros durante o
crescimento. Idealmente deve-se fortificar o leite humano para RNPT com peso de nascimento
<1.800 a 2.000 g e garantir ingestão de minerais durante a internação e após a alta hospitalar. A
suplementação da vitamina D deve ser feita para todos os RN. Recomenda-se administrar 400 UI/dia
de vitamina D aos lactentes a termo desde a primeira semana até 12 meses, e 600 UI/dia dos 12 aos
24 meses, independentemente de estarem em aleitamento materno exclusivo, frmula infantil ou
leite de vaca. Para os RNPT, especialmente os muito pré-termo (menores que 33 semanas de idade
gestacional), as necessidades de vitamina D são de 800 a 1000 UI/dia, durante a internação.
Vitamina C
A vitamina C é um antioxidante que tem importante papel na síntese de colágeno e modula
a absorção e estoque de Fe. A maioria dos prematuros recebe vitamina C nos multivitamínicos. A
dose enteral recomendada para o RNPT é 11-46mg/kg/d ou 10 a 42 mg/100Kcal.
Vitaminas do complexo B
Quanto às vitaminas do Complexo B, em geral suas deficiências são mais raras e a quantidade
oferecida pelo leite humano varia muito conforme a dieta materna. As quantidades recomendadas
por via enteral para os RNPT são: Tiamina (Vitamina B1): 140-300 µg/Kg/dia ou 125-275 µg/100Kcal;
Riboflavina (B2): 200 a 400 µg/Kg/dia ou 180 a 365 µg/100Kcal; Niacina (B3): 380 a 5500 µg/Kg/dia
ou de 345 a 5000 µg/100Kcal; Ácido pantotênico (B5): 330 a 2100 µg/Kg/dia ou 300 a 1900
µg/100Kcal; Piridoxina (B6): 180 µg/Kg/dia, e no mínimo 35 µg/100Kcal; Biotina (B7): 1,7 a 16,5
µg/Kg/dia ou 1,5 a 15 µg/100 Kcal; Ácido fólico (folato ou B90: 35 a 100 µg/Kg/dia ou 32 a 90
µg/100Kcal; cobalamina (B12): 0,1 a 0,77 180 µg/Kg/dia ou 0,08 a 0,7 µg/100Kcal.
Vitamina E
O sômr ms tv d vtmn E é α-tocoferol, um antioxidante que impede a
propagação de radicais livres nas lipoproteínas das membranas plasmáticas, protegendo, assim, do
estresse oxidativo. É importante para o desenvolvimento do sistema nervoso, do músculo
esquelético e da retina. A dose enteral de vitamina E recomendada para o RNPT, em equivalentes a
α-tfrl (α-TE), vr d 2,2 11 mg α-TE/Kg/d u d 2 10 α-TE/100Kcal.
Diante do exposto, nos RNPT, o Polivitamínico enteral deve ser iniciado quando o RN receber
ao menos 100 ml/Kg/dia de dieta enteral, de acordo com as necessidades nutricionais.
DOSES RECOMENDADAS:
DURANTE INTERNAÇÃO E ATÉ ATINGIR 40 SEMANAS DE IDADE CORRIGIDA:
RNPT com nascimento IG entre 33-36 semanas e 6 dias:
Polivitamínico - 12 gotas
RNPT com nascimento IG < 33 semanas:
Polivitamínico - 12 gotas + solução de vitamina D - 2 gotas
APÓS A ALTA HOSPITALAR E APÓS ATINGIR 40 SEMANAS DE IDADE CORRIGIDA, ATÉ 12 MESES
DE IDADE CRONOLÓGICA:
Polivitamínico - 12 gotas
Observação: caso houver alteração nas apresentações de Polivitamínicos e/ou Vitamina D, adequar a dose
às necessidades diárias da criança.
6.3. Vitamina K
Segundo a Academia Americana de Pediatria (AAP), para profilaxia da Doença Hemorrágica
do RN, deve-se administrar uma dose intramuscular de 1 mg de Vitamina K para lactentes com peso
acima de 1.000g, nas seis primeiras horas após o nascimento. Para prematuros com menos peso, a
associação recomenda uma dose intramuscular de 0,3 a 0,5 mg/kg.
A administração oral de vitamina K1 na profilaxia da Doença Hemorrágica do RN é menos
eficaz e não é recomendada.
Em pacientes que não estejam com dieta plena, fornecer a Vitamina K intramuscular uma
vez por semana, até que a dieta enteral atinja pelo menos 100ml/kg/dia, caso a solução de vitaminas
da nutrição parenteral não contenha vitamina K.
6.4. Zinco
O zinco participa de várias funções corporais, principalmente durante os períodos de
aumento do metabolismo: visão, neurotransmissão, absorção intestinal de íons, divisão celular e
crescimento e na função de células T e B (imunológica). Nos prematuros, inicialmente, o zinco é
oferecido por via parenteral (400 mcg/kg/dia) e, depois, no leite humano, fórmulas de pré-termo
ou nos suplementos contendo zinco.
A recomendação é iniciar a suplementação de zinco quando o RNPT atinge as 36 semanas
de idade corrigida, na dose de 1,5 a 2,5 mg/kg/dia (máximo de 5 mg/dia) por via oral. Esse
suplemento é mantido até o 6º mês de idade corrigida.
Os pacientes enterostomizados, com intestino curto, com perda significativa de líquido e
absorção diminuída de zinco apresentam alto risco de deficiência de zinco, e a suplementação deve
ser levada em consideração.
7. REFERÊNCIAS
1. Silva RPGVC, Venzon PS. Uso de oligoelementos em recém-nascidos pré-termo. In: Sociedade
Brasileira de Pediatria; Procianoy RS, Leone CR, organizadores. PRORN Programa de Atualização em
Neonatologia: Ciclo 18. Porto Alegre: Artmed Panamericana; 2021. p. 33–89. (Sistema de Educação
Continuada a Distância, v. 3).
2. Ferreira DMLM, Moura MRS. Necessidades vitamínicas no recém-nascido de muito baixo
peso. In: Sociedade Brasileira de Pediatria; Procianoy RS, Leone CR, organizadores. PRORN Programa
de Atualização em Neonatologia: Ciclo 19. Porto Alegre: Artmed Panamericana; 2022. p. 101-133.
(Sistema de Educação Continuada a Distância, v. 4).
3. Sociedade Brasileira de Pediatria, Departamento Cientifico de Nutrologia e Hematologia-
Hemoterapia. Consenso sobre anemia ferropriva: mais que uma doença, uma urgência médica!
Sociedade Brasileira de Pediatria 2018.
4. Sociedade Brasileira de Pediatria, Departamento Cientifico de Nutrologia e Hematologia-
Hemoterapia. Consenso sobre anemia ferropriva: Atualização: destaques 2021. Sociedade Brasileira
de Pediatria; agosto, 2021.
5. Sociedade Brasileira de Pediatria, Departamento Cientifico de Neonatologia. Seguimento
ambulatorial do prematuro de risco. Sao Paulo: Sociedade Brasileira de Pediatria; 2012.
6. Villela LD; Moreira MEL. Protocolo Nutricional da Unidade Neonatal. Rio de Janeiro:
Fiocruz/IFF, 2020. 39 p.
7. Sociedade Brasileira de Pediatria. Hipovitaminose D em pediatria: recomendações para o
diagnóstico, tratamento e prevenção. Departamento Científico de Endocrinologia e Metabologia.
Guia Prático de Atualização. v. 1, p. 11, 2016.
8. Sociedade Brasileira de Pediatria. Guia prático de alimentação da criança de 0 a 5 anos -
Departamentos Científicos de Nutrologia e Pediatria Ambulatorial. São Paulo: SBP, 2021. 74 f.
9. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações
Programáticas e Estratégicas. Atenção à saúde do recém-nascido: guia para os profissionais de
saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas
e Estratégicas. – Brasília: Ministério da Saúde, 2011. 4 v.
10. Sociedade de Pediatria de São Paulo. Departamento de Pediatria da Associação Paulista de
Medicina. Março lilás – Suplementação de vitaminas e oligoelementos para o prematuro. São Paulo:
Sociedade de Pediatria de São Paulo; 2020. Disponível em:
https://www.spsp.org.br/2020/03/09/suplementacao-de-vitaminas-e-oligoelementos-para-o-
prematuro/
11. Moreira, MEL. Principais questões sobre Cuidados com a Nutrição Parenteral Prolongada no
Recém-nascido. Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente. Atenção ao Recém-nascido. Rio de
Janeiro: Fiocruz/IFF,2019.
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HOSPITAL DE CLÍNICAS
12. Vittorazzi DR; Sulz CP; Soares LP. Suplementação de vitaminas e minerais em recém-nascidos
prematuros: uma revisão integrativa da literatura. Resid pediatr. 2020;0(0):
13. Darlow BA; Graham PJ; Rojas-Reyes MX. Vitamin A supplementation to prevent mortality
and short- and long-term morbidity in very low birth weight infants. Cochrane Database Syst Rev
2016;
14. Agostoni C; Buonocore G. et al. Enteral Nutrient Supply for Preterm Infants: Commentary
from the European Society of Paediatric Gastroenterology, Hepatology and Nutrition Committee on
Nutrition. J. Pediatr. Gastroenterol. Nutr. 2010;50:85–91.
15. Abrams SA; Bhatia, JJS; Corkins M, De Ferranti D; Golden NH; Silverstein .; Grummer-Strawn
L; Hubbard V; Marchand V; The Committee on Nutrition .et al. Calcium and Vitamin D Requirements
of Enterally Fed Preterm Infants. Pediatrics. 2013;131:e1676–e1683.
16. Staub E; Evers K, Askie LM. Enteral zinc supplementation for prevention of morbidity and
mortality in preterm neonates. Cochrane Database of Systematic Reviews 2021, Issue 3.
8. HISTÓRICO DE ELABORAÇÃO/REVISÃO
VERSÃO DATA DESCRIÇÃO DA AÇÃO/ALTERAÇÃO
1 23/11/2022 Elaboração do protocolo (PRT)