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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - FACULDADE DE MEDICINA

DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA, FONOAUDIOLOGIA E TERAPIA


OCUPACIONAL

MFT0921 - Práticas Supervisionadas em Terapia Ocupacional I - 2ºS/2023

Aluno/NºUSP: Isabela Oliveira Lima/13827243

População: Trabalhadores

Sendo o imaginário, de forma sintetizada, aquilo que se pensa sobre


determinada coisa, pode-se afirmar que a construção dele é cultural, socioeconômica e,
de certa forma, pessoal, pois carrega a experiência de cada um em si. Dessa maneira,
sendo a população em questão a de trabalhadores, logo me veio referências que adquiri
ao longo da vida que, certamente, contribuíram com a minha visão sobre o assunto e,
agora, utilizarei para guiar o pensamento do meu imaginário.

TEMPOS MODERNOS – Charlie Chaplin


Filme de 1936
Essa produção audiovisual se tornou atemporal ao registrar a realidade de
trabalho que ocorria na época que foi produzido, inserido num contexto de
desenvolvimento tecnológico importante.
Talvez uma das minhas primeiras referências da vida, já que na escola foi um
filme muito utilizado como recurso didático. Ele demonstra a grande cobrança por
produtividade e desempenho, além de deixar explicito que a preocupação dos donos
dos meios de produção estava em lucrar explorando trabalhadores. Também me chama
atenção que o trabalho não tem um significado para quem o faz, é simplesmente
repetitivo.
Sendo assim, para mim, a construção inicial do imaginário dos trabalhadores se
deu como uma atividade difícil e tortuosa. A constante sensação de que ser trabalhador
é se encaixar nos padrões de serviço pelo dinheiro, que é necessário para sobreviver
nessa sociedade, e por isso, muitas vezes as pessoas se submetem a condições
desumanizantes e/ou realizam ocupações que não são significativas para elas.
TORTO ARADO – Itamar Vieira Junior
Livro de 2019
Publicado recentemente, esse livro fictício retrata a história de duas irmãs cujo
espaço em que vivem, apesar de ser cuidado e habitado pelas pequenas povoações,
não lhes pertencem, pois, os donos da fazenda foram lhes concedendo espaço somente
de moradia, gerando uma espécie de escravidão moderna em que estão sujeitos aos
donos das terras, dando uma parte de tudo aquilo que colhiam em troca de um pedaço
de chão para morar.
É uma leitura ótima e me fez refletir sobre outras realidades de trabalho que, não
estão permeando a todo momento meu cotidiano, mas que existem atualmente. É uma
amostra das lutas sociais em busca de direitos e dignidade, que são frequentes quando
se pensa em questões trabalhistas. Além disso, causa a revolta das injustiças sofridas
pelos personagens e agrega ao meu imaginário por demonstrar a força diária, muitas
vezes necessária, dos diversos tipos de trabalhadores.

UM HOMEM QUE NÃO TINHA NADA – Projota


Música de 2014
A música que fez muito sucesso e ainda é lembrada pela sua mensagem e clipe
fortes, por retratar em sua letra a história de um homem de classe social baixa, que
trabalhava para tentar manter sua família e ainda passava por dificuldades. Também
me chama atenção a relação com a fé, citada como fonte de força as adversidades
diárias.

“O homem que não tinha nada, tinha um


problema/Um dia antes mesmo foi cortada a sua
luz/ Subiu no poste, experiente fez o seu esquema/
E mais à noite reforçou o pedido pra Jesus”

Em suas passagens descreve um cotidiano de acordar antes do Sol nascer,


enfrentar um trem lotado a caminho do trabalho como auxiliar de limpeza e ainda sofrer
desrespeito nesse ambiente.

“O homem que não tinha nada, tinha um


trabalho/Com um esfregão limpando aquele chão
sem fim/Mesmo que alguém sujasse de propósito
o assoalho/Ele sorria alegremente, e dizia assim:
O ser humano é falho”.
No fim da letra, foi vítima de violência e morreu a caminho de mais um dia de trabalho:

“O homem que não tinha nada/Encontrou outro


homem que não tinha nada/Mas esse tinha uma
faca/O homem que não tinha nada, agora já não
tinha vida/Deixou pra trás três filhos e sua
mulher/O povo queimou pneu, fechou avenida/E
escreveu no asfalto: Saudade do Josué.”

Sendo assim, esta contribui para meu imaginário do tema como algo árduo e
que, não traz segurança financeira em muitas realidades. É um esforço enorme para
manter-se em uma ocupação que não é suficiente para uma vida digna e que ainda
causa questões de saúde física e mental para quem realiza.

UM SENHOR ESTAGIÁRIO – Nancy Meyers

Filme de 2015

Essa produção hollywoodiana mostra a tentativa de um viúvo aposentado de 70


anos em sua volta ao mercado de trabalho, que consegue a oportunidade de se tornar
um estagiário sênior em um site de moda.
Feito esse apontamento, é retratado o gosto e saudades do personagem pela
atividade do trabalho, demonstrando que é significativo e faz bem para ele. Apesar
disso, ainda pode-se observar as dificuldades que ele enfrenta com as novas
tecnologias e como elas são enfrentadas ao longo do filme.
Além disso, um ponto extremamente importante é o de como a empresa em
questão se preocupa com a saúde dos trabalhadores, desposando de salas de
massagem e descanso, por exemplo. Ademais, também fornece uma grande autonomia
aos funcionários, gerando um ambiente harmonioso e contribuindo para que os
colaboradores não adoeçam.
Tudo isso somado, também coopera para o meu imaginário, de modo
que me dá a sensação de que é possível a existência de um ambiente de trabalho mais
saudável e de que, esta seja uma ocupação de valor para quem a faz. Esse filme traz
uma visão geracional interessante, mas ao mesmo tempo, uma condição
socioeconômica diferente das outras referências citadas, já que, por escolha, o
protagonista resolve trabalhar, não por necessidade financeira. Por isso, em minha
visão, faz um recorte econômico de quem pode escolher ser um trabalhador satisfeito.

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