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3 3433 02005535 0
12 30-57 14038
T
QUI ABI
CUR
MANTAVIT
C
Belle Kermit Roosevelt
Luer Reruns her
2 914
HISTO
RIA
DA
IGREJA DO JAPAŎ ,
EM QUE SE CONTINUAM OS PROGRESSOS
da Religiao Catholica , e vários fucceffos , e perfegui.
ções da mefma Igreja naquelle Imperio.
ESCREVEO- A
EM FRANCEZ
14038
JOAO CRASSET
P.
Da Companhia de JESUS.
TOMO SEGUNDO.
A
FRA
NCI
S. SCO
XAVIER
,
Primeiro Apoftolo daquelle Gentilismo,
E VERTIDA EM PORTUGUEZ
POR
D. MARIA ANTONIA
DE S. BOAVENTURA E MENEZES.
LISBO
A :
Na Officina de MANOEL DA SYLVA ,
M. D.C.C. LI
Com as licenças neceſſarias..
@
LICEN
ÇAS .
DO SANTO OFFICIO..
$ 2 giaōo
giad Catholica o trabalho defte livro : áquel-
le por ordenar , e pôr em fórma Hiftoria
de tanta importancia para augmento da San-
ta Madre Igreja ; e a efta por fazer publica
na noffa lingua huma liçao tao proveitofa ,
de que muitos Portuguezes ficariao privados,
por ignorarem a estranha.
A' utilidade ajunta eſta Hiftoria o
deleitavel ; porque nao fey, que virtude ma
gnetica occulta , que attrahe o animo de
quem a lê , com tao cuftofa fadiga, que eu
confeffo me cufta apartar della os ólhos : e
fe Plutarco desejava , fe imprimiffe nos feus
livros a propriedade dos Amethyſtos , pedras
preciofas , que no fentir de Plinio tem por
virtude huma poderofa efficácia nas vonta-
des , fó afim , de que attrahindo com efte
iman os Leitores , foffem panegyriſtas dos
feus efcritos : efta obra tem effa ventura ;
pois experimento , que com huma occulta
magnetica virtude me attrahe de tal forte
o gofto na fua liçao , que me nao deixa re-
folver, fe foy do Amethyſto a idéa, de quem
b de quem
a compoz , fe de Iman a penna ,
་
a traduzio. O que fey_he , que tanto para
attrahir o agrado aos Fieis , camo para ne-
ceffitar aos que o nao forem a huma pia
affeição á Santa Fé , he obra muito digna de
fahir a luz , muito mais , nao tendo couza ,
que encontre a meſma Fé , ou bons coftumes.
Nao fallo em outro motivo , que de-
ve facilitar a licença , que de VV. Illuftriffi-
mas fe pertende para efta impreffao , que he
a gloria immortal , que della refulta á Sa-
grada
grada Familia da Illuftre , e mil vezes Efcla-
recida Companhia de JESUS , que no luzi-
do theatro defte livro faz especial papel ,
fecunda May das primicias da Chriftandade
do Japao , como das virtudes , e artes libe-
raes em todos os do Mundo ; porque o ef-
crupulo me tira da mao a penna , parecen-
do me ficar em reftituîçað ao bem publico
de todos os inftantes , que demóro nao fe
dar á luz do prélo. Este o meu parecer ,
VV. Illuftriffimas mandaráó o que forem fer-
vidos . Convento de S. Domingos de Lisboa
12 de Janeiro de 1751 .
Fr. R. de Alancaftre.
Sylva.
Abreu. Trigozo.
$ 3 DO
DO ORDINARIO.
CENSURA DO M. R. P. M. PAULO
Amaro , da Companhia de Jefus , Lente
de Theologia no Real Collegio de Santo
Antao , Confultor do Santo Officio , &c.
1751 .
Paulo Amaro.
a " le o
livro , de que trata a petiçao ; e de
pois de impreffo , tornará conferido para fe
dar licença para correr. Lisboa 21 de Janei-
ro de 1751 .
D. J. A. de Lacedemonia.
DO
DO PAC O.
CENSURA DO M. R. P. M. Fr.JOSEPH
Pereira de Santa Anna , Religiofo de Nof-
fa Senhora do Carmo em Lisboa , Jubilado
na Sagrada Theologia , e na mesma Facul
dade Doutor pela Universidade de Coin-
bra , Confultor do Santo Officio , Ex Pro-
vincial , e Chronifta Geral da fua Ordem
nefte Reyno , e feus dominios.
SENHOR.
Vaz de Carvalho .
M. Prefidente.
Almeida. Mourao.
DO
DO SANTO OFFICIO.
Almeida.
Trigozo.
DO ORDINARIO.
D. J. A. de Lacedemonia.
DO PAGO.
Almeida. Mourao.
ERRA-
ERRATAS.
ERROS. EMENDAS .
HISTO-
I
HISTORIA
DA
IGREJA
DO JAPA Ŏ.
LIVRO VI.
ARGUMENTO.
Japaó .
Havia dez_annos , que fe nao tinha
vifit Cabral
P.aFaca ta , prégado a Fé em Facata , e vinte em Aman-
gloria.
O marido attonito da fua refolu-
çao procurou diffuadila defte projecto ; mas
forao em vao todas as fuas perfuafoes : e
nao fabendo a quem entregaffe as caixas re-
feridas , a fabia , e virtuofa Senhora lhe dif
fe as fiaffe de huma das fuas camariſtas , que
fendo doze , podia escolher a que lhe pare-
ceffe mais a propofito para o intento . Eraó
ellas todas Chriftás , e tanto que ouvirać
fallar,
60 Hiftoria da Igreja
fallar , em que haviao ficar em cafa , refpon-
dêrao todas unifórmemente , que nao ha-
viaō deixar fua Senhora ; porque na vida , e
na morte lhe queriao fazer fiel companhia .
Nefta perplexidade occorreo a ambos faze-
rem fiel do depofito a feu cunhado , que
ainda que idólatra , era prudente , e muito
attendido do Rey , e da Raînha .
D. Sebaſtiao Em quanto os Padres Cabral , e Fróes,
m-
vem ierocodos
panheir que fao os que referem efta hiftoria, eftavao
tyrio. T
Entrada já a noite , eftando todos
os Chriſtaðs em fervorofa oraçao na Igre-
ja , ouvirao bater com grande força na por-
ta: entendendo , que erao os foldados do
Principe , que vinhaó a fazer o cruel eftra-
go ,
161
do Japao. Liv . VI.
go , fe proftrárao com grande goſto diante
dos altares a esperar a morte ; mas hindo
os Padres abrir a porta , fe acháraó com hum
grande numero de Senhoras Chriflás , gran-
des , e pequenas , que goftozas vinhao of-
ferecer as vidas pela defenfa da Fé no ul-
gar , em que fabiaō eſtavaō para tao herói-
co facrificio feus maridos , pays , e irmaos .
Era couza digna de grande admiraçao ver
Senhoras das primeiras jerarquias , que pe-
lo ufo do paîz ſe naõ deixavað ver nunca ,
nem dos feus mefmos parentes , e as pou
cas vezes , que fahiaó de cafa , erao acom-
panhadas de grandiffimo numero de peffoas
a cavallo , e a pé , virem agora fem nenhu
ma deftas pompas a pé , e em huma noite
etcura bufcar a morte com tal gofto , que
nao o trocariaō pelo mayor defta vida ! Tan-
to comoifto fe abrazavao no amor de Deos,
fendo baptizadas de tao pouco , para confu-
fao dos que nafcemos , e nos ciramos no gré-
mio da Igreja !
Entre eftas vinha aquella virtuoſa
Senhora , a quem feu marido queria fazer
a
depofitári dos ornament os , a qual vendo ,
que os vifinhos tinhao cercado a porta, pa-
ra que nao fahiffe de cafa , fez com as fuas
criadas com incrivel agilidade , bem difficul-
tofa para as fuas forças , huma abertura na
parede , ou muro do jardim , e fugio parat
a Igreja com pafmo grande de todos.
O P. Cabral empenhou todo o feu
esforço para perfuadir à efte efquadraó il-
luftre
-62 Hiftoria da Igreja
luftre voltaffe para fuas cafas ; mas de mo-
do nenhum pode confeguilo. Eſtavao to-
das eftas Senhoras ricamente adornadas , co-
mo he coftume no Japao ; porêm debaixo
dos vestidos escondiao algumas armas , naõ
para fe defenderem , mas para provocar a
ira os foldados , que attendendo á fua qua-
lidade , e féxo quizéffem falvar-lhes as vi-
das. A noite fe paffou quiéta , e em ora-
çao continua : ao rayar da Auróra chegou
outra Senhora , mulher do irmao de Chica-
cata , author defta tragédia . Tinha eſta Se-
nhora ainda de berço hum filho unico , e
deixando- o com incrivel refolução , e a to-
da fua familia , veyo com feu marido , que
era Chriſtao , e o mayor amigo dos Padres ,
offerecer-fe ao martyrio. O P. Fróes , que
tambem eſtava com os outros , encarece mui-
to nas fuas Cartas o valor deſta Senhora ,
fegurando excede toda a imaginação ; e que
o feu exemplo excitaria o mais humilde, e
fraco de todos os homens a fofrer a mor-
te pela Fé de Chrifto.
Vifita "occul- No tempo , em que fuccediao eftas
ta,que D Se eftava ainda prezo no palacio D. Si-
baftiaó fez a couzas ,
D. Simaó. mao , nao fó da liberdade , mas tambem da-
quelles meyos , que defejava ter de comu-
nicar-se com D. Sebaftiao , filho do Rey de
Bungo , com quem tinha particular amifa-
de , por ferem em tudo iguaes , tanto na
Religiao , que feguiao , como na idade ; e
álem difto , concorrer a circumftancia do
novo parenteſco , que haviaõ de contrahir
com
do Japao. Liv. VI. 63
com o casamento da Princeza fua irmã. Por
eſta razao pois era tað grande o ciûme , que
Chicacata tinha defte trato , que vindo hum
dia certo Págem de D. Sebaftiao com huma
Carta para D. Simao , lhe embaraçou a paf-
fagem , e entrada no Paço; irritando de modo
o Principe , que logo procurou meyo de fal-
lar ao prezo mancebo a todo cufto : e af
fim o logrou , fahindo occultamente ao cam-
po , mas acompanhado de alguns feus con-
fidentes bem armados , e ſe aviftou com D.
Simao , que vinha acompanhado fó de dous
Págens . Abraçárao-fe com as demonstrações
da mais fina , e fincéra amifade , e eftivérað
•
largo tempo fem pronunciar palavra , fuffo-
cando as expreffoes da lingua as lagrimas ,
e dor do coraçao : quando eſta ſe moderou
algum tanto , D. Simao rompeo o filencio ,
declarando ao Principe feu primo a dura
contumácia de feu pay , que estava inflexi-
vel em defterrálo , quando nao pudéfle ti-
rar-lhe a vida ; e como elle fó a delejava
para fervir a Deos , e confervar-ſe na ſua
fiel amifade , lhe pedia por efta , e pela fi-
delidade , que fe tinhao jurado , pelos vin-
culos do parentefco , e principalmente pe-
lo bem commum da Religiao toda , que
com tanto gofto ambos haviao abraçado ,
The aconfelhaffe , o que devia obrar no efta-
do miferavel , a que eftava reduzido ?
D. Sebaftiao lhe refpondeo, que nun-
ca faltaria ás obrigações , em que o confti.
tuîaó a amifade , o parentefco , e fobre tu.
do
64 Hiftoria da Igreja
do a Religiao , que profeffavao : que por to
dos eftes motivos podia entender , nao ha
via peffoa alguma no Mundo , que tanto, co-
mo elle, le intereffaffe no feu focego ; pois
queria ter tanta parte nelle , que o feguiria
até no defterro , fe para este feu pay inten-
taffe mandálo; pois profeffando a mefina Ley,
eſtava prompto a derramar até a ultima
gotta de fangue pela defenfa da fua caufa.
Obrigado D. Simao de novo por eftas ex-
prefloes de amigo fiel, fe lhe deitou aos pés,
agradecendo do modo , que lhe era poffi-
vel , os favores, com que novamente o em-
penhava , e fegurando- lhe depunha já to-
do o temor , confiado na fua boa amifade ,
e efficáz protecçao : e paffando a outras bre-
ves períodos , dirigidos ao meſmo fim , ſe
defpedirao com a mesma ternura , retiran-
do-fe cada hum a fua cafa.
Furia grande A vifita deftes dous Principes nao po-
da Rainha de fer tao fecréta , que nao fofle á noticia da
contra feu fi- Raînha , que concebeo tal ira contra D. Se-
lho.
baftiao , que nao quiz mais fallar -lhe , nem
que a nomeaffe por may. Chicacata , que
media as proprias acções pelas de fua ir-
má , fe poz tambem em difcórdia com o
Principe feu fobrinho ; o qual efcandalizad
o
do injufto procedimento do tio , fobre o
máo trato , que tinha feito a hum feu Pá-
gem , lhe mandou dizer por hum dos feus .
Gentis homens : Que nao podia deixar de ef-
tranhar muito , que elle maltrataſſe a D. Si-
mao , por fe ter feito Chriftao ; moftrando
por
65
do Japao. Liv. VI.
por efte modo , que nao eftimava a Ley ,
que elle abraçára com beneplácito do Rey
leu pay , que até lhe tinha affiſtido ao feu
igualmente viftozas.
O Principe feu filho
o acompanhou fó até á fronteira do Reyno;
porque feu pay lhe nao permittio paffar
adiante : mas na defpedida lhe encómendou
muito , favoreceffe os Padres de Funay, e de
Vozuqui , e que nao emprendeffe couza al-
guma grande fem o feu confelho ; o que el
le lhe prometteo executar pontualmente. O
P. Cabral , e os Irmaos Luiz de Almeida , e
Joao Japonez acompanháraó o Rey até a
nova Cidade de Cuximuchi , aonde eſtabe-
lecêrao huma Reſidencia.
Chriſtaos.
Alguns idólatras colhendo os peda• Saõ caſtiga-
ços das Cruzes quebradas os levárao para dos os profa-
cafa , e hum delles fez huma pequena tina nadores
Cruzes. das
para lavar os pés : mas Deos permittio, que
tao grande , e enorme facrilegio foffe cafti .
gado ; porque duas mulheres , que o comet-
têrao , cahirao em hum poço , onde em bre-
ves inftantes perdêrao a vida. Dous homens,
que as imitáraó , ſe enchêrao de tao aſque-
rofas chagas , que hum morreo em poucos
dias , e o outro, conhecendo o feu erro, pe-
dio perdao a Deos , e ficou fao das chagas ;
mas coxo de huma perna , para nao perder
a memoria da fua eulpa , que lhe durou to-
da a vida.
O novo Rey de Arima tendo prohi- Converfao de
hum grande
bido o ufo da Religiao Chriftá em todos inimigo da
feus Eftados , ( erro , que reparará algum Fé.
dia com heróicas acções ) obrigou os Pa-
dres , que fe retiraffem das fuas terras . O
P.Cabral mandou o P.Joao Francifco a Mea-
dou degollar.
O P. Alexandre Valignano vendo o Seminario
animo defte Principe tao bem difpofto para deAnzuquia-
os Prégadores do Evangelho , depois de ha ma.
ver encomendado muito a Deos o negocio,
The pedio , fe goftaria S. Mageftade , que le
eftabeleceffe na Cidade Real de Anzuquiama
hum Seminario femelhante ao de Arima para
educar os meninos nobres no eftudo das
letras , e exercicio das virtudes ? Exceffivo
gofto moftrou Nobunanga deſta propófta , e
The deo logo o mais bello fitio da Cidade
para fe fabricar : quiz que fem demóra fe
principiafle , e concorreo com as defpezas
todas , que erao neceffarias para obra tao
grande.
O Padre tendo-lhe agradecido , quan-
to pode , favor tao finalado , foy logo para
Anzuquiama começar o edificio , no qual fe
trabalhou com tanta diligencia , que voltan-
do de Meaco Nobunanga , o achou muy adi-
antado : approvou o defenho , e quiz fe aca-
baffe com toda a preffa ; de fórte , que an-
tes de partir o Padre , recebeo vinte e cinco
ހ
meninos nobres para Porcioniſtas , nomean-
do para Superior defte Seminario o P. Organ-
tino , que levou de Meaco , e mandou o P.
feguinte.
FIM
DO LIVRO SEXTO.
HISTO-
159
HISTORIA
DA
IGREJA
DO JA PA Ŏ.
LIVRO VII.
ARGUMENTO.
da Igreja .
Os Embàxadores lhe refpondêrao
que elles nao eftavao menos fatisfeitos de
ver em Italia hum Principe , de quem os Pa-
dres da Companhia lhes tinhao contado no
Japao tantas , e tao grandes couzas . E aca-
badas eftas primeiras ceremonias , tomou o
Duque pela mao a D. Manfio , e o condu-
zio junto com os outros ao quarto da Du-
queza , que os recebeo com ternura de máy.
Levou fempre D. Manfio à fua mao direita ,
e quando fe fentavao , lhe dava o primeiro
lugar , tomando para fi o fegundo ; feguiao-
fe depois os outros Embàxadores , e ultima
mente o irmao do mefmo Grao Duque. Paf-
farao
188
Hiftoria da Igreja
farao o Carnaval em Piza, rogados com gran-
de empenho do Duque ; e na quarta feira
de Cinza foraó á Igreja de Santo Estevao ,
onde virao a ceremonia dos Cavalleiros , que
tomàrao a cinza , jurando ao mesmo tempo
obediencia , e fidelidade ao Grao Duque , co-
mo Mestre , e Cabeça da Ordem. Na quin-
ta feira partirao para Florença , e dallî a
Senna , fendo recebidos em todos os luga
res com honras , e magnificeneia Real por
ordem do Grao Duque , que havia mandado
hum Gentilhomem pelá pófta a pôr prom-
pto tudo , o que era preciſo ao feu trato
e efplendor em todas as terras dos feus EL-
tados.
Butrao nos
Ertados da I- Nefte tempo já o P.Nuno Rodrigues,
greja. que tinha partido antes , chegára a Roma ,
e tinha avifado o Papa , que era naquelle
tempo Gregorio XIII , da vinda dos Embá-
xadores. Nao fe póde facilmente exprimir
a alegria , que recebeo S. Santidade , vendo
tao perto da fua presença as primicias da
Christandade do Japao , e talvez com algum
prefágio da ſua morte lhes mandou pedir ,
apreffaffem , quanto pudéflem , as jornadas ;
ordenando tambem ao Vice Legado de Viter-
bo Orazio Celfo , que logo que entraffem nos
Eftados da Igreja , os mandaffe acompanhar
com toda a pompa , e lhes tivéffe prompto
em toda a parte tudo , o que foffe neceffa-
rio , e util para o feu bom cómodo . Nao ti-
nhao menor delejo os Principes de chegar
ao fim gloriofo , para que fe expuzéraó a
tantos
do Japao. Liv. VII. 189
tantos trabalhos ; mas demoráraó- fe algum¸
tempo , por adoccer D. Juliao de grande fé-
bre.
Melhorado o doente , ainda que лаб
Chegao a
convalecido , le difpuzérao a partir ; e quan- Roma.
to mais fe avançárao no caminho, mayor de-
fejo tinhao de abbreviálo . Era tanta a gen-
te , que concorria de todas as partes para
os ver, e cumprimentar , que com difficul
dade podiao romper pelas eftradas ; mas quan-
do chegarao em diftancia de Roma duas jor-
nadas , mandou o Papa duas Companhias de
cavallo ; e o Duque Bomcompagno , Lugar-
Tenente das fuas tropas , ajuntou outras mais,
que fizérao todas huma luzida eſquadra .
Entràrao em Roma com eſta eſcolta
Cartas dos
CART А tres Reys do
Japaō , lidas
DE publicamente
no Côfiftorios
D. FRANCISCO
REY DE BUNGO ,
CARTA
DE
D. PROTASIO
REY DE ARIMA,
N 4 CAR-
200 Hiftoria da Igreja
CARTA
DE
D. BARTHOLOMEU
REY DE OMURA,
Depois
202 Hiftoria da Igreja
Depois de fe lerem todas eftas Car
tas , fez hum difcurfo em Latim o P. Gaf-
par Gonçalves , Portuguez , da Companhia
de JESUS , na prefença de todo o Confifto
rio em nome dos Embáxadores , e dos Reys,
que os tinhao mandado quafi pelos termos
feguintes.
1
DISCURSO
D'O
P. GASPAR GONÇALVES,
DITO EM CONSISTORIO
FIM DO DISCURSO.
04 Com
216
Hiftoria da Igreja
Com geral applaufo daquelle luzidif
fimo Congreffo , e lagrimas de muitos dos
circumftantes finalizou o Difcurfo o P. Gaf-
par Gonçalves : feguio- te a Repoſta tambem
em Latim em nome de S. Santidade aos Em-
báxadores na forma feguinte-
REPOSTA,
ANTONIO BOCAPADULI
EM NOME
DO PAPA
Aos Embáxadores.
FIM DA REPOSTA.
Dada
218 Hiftoria da Igreja
Dada efta repofta , tornárao os Em-
báxadores a beijar o pé fegunda vez ao Pa-
pa , que os recebeo , e abraçou com muita
ternura e quiz , que lhe fuftentaffeni a vef-
1
te Pontificia , cujo favor fe nao concede ,
fenao a Principes, e Senhores grandes. Hum
famofo Hiftoriador accrefcenta , que quiz lhe
levaffem da cauda ; regalia, que pertence ao
Embáxador do Imperador , quando eſtá pre-
fente.
Conduzido o Santiffimo Padre ao feu
Honras , que
baxadores palacio , o Cardeal de S. Xifto fobrinho do
Le fizeraó
Papa os convidou a jantar, como S. Santidade
The havia ordenado , e com elles o Cardeal
Gaſtavillani , e o Senhor Jacobo Bomcompa-
gni , General das tropas da Santa Igreja.
Na mefa fe portárao com muita civilidade
e modeftia. C Acabada ella , quiz o Papa con-
verfar com os Principes em particular : fez-
lhes muitas perguntas ácerca da fua viagem,
dos coftumes do Japao , da fua converſaó >
quantos erao os Chriſtaos nas fuas terras , é
outras couzas femelhantes ; a que refpondê-
rao com tanta prudencia , viveza , e difcri-
çao , que o Papa ficou em extremo fatisfei-
to. Depois de hum largo difcurfo , quiz que
foffem á Igreja de S. Pedro vifitar o Princi-
pe dos Apoftolos , para lhe render as graças
de os trazer felizmente a Roma.
No dia feguinte , que era o da An-
nunciação de Noffa Senhora , vay o Papa, fe-
gundo o coftume inveterado , á Igreja de Nof- 1
fa Senhora de Minerva : quiz tambem , que
OS
do Japao. Liv. VII. 219
o's Embá xado res Japõ es o acom panh afle m ,
dando- lhes pelo caminho , e dentro na Igreja
o lugar mais diftinto, que he o que fica mais
vifinho ao Santo Padre. Neſte dia ainda ap .
parecêrao veftidos à Japoneza ; mas logo no
outro fe veftirao á Italiana. O Papa lhes deo
tres vestidos ; hum curto , e dous compridos
de veludo negro , guarnecidos de paffama-
nes de ouro a cada hum , e huma yéfte de
camara tambem de veludo . ་
Veftidos nefta fórma , recebêrao vi- Recebem vi-
fitas dos Em .
fitas dos Embáxadores do Imperador , do báxadores dos
FI M
DO LIVRO SETIMO.
To
212 &
Dab 6.
35A0
HISTO .
239
HISTORIA
DA
IGREJA
DO JAPA Ŏ.
LIVRO VIII.
ARGUMENTO.
NO
do Japao. Liv. VIII. 241
lifongeavao o gosto.
Vendo- fe Faxita pacifico poffuîdor
Motra mui
to afecto aos da Tenfa , e de todos os Reynos de Nobu-
Christaós, nanga , para dar fundamento ao feu domi-
nio , affectou huma tal docilidade , e brandu-
ra no governo , que attrahio o coração de
todos . Sómente os Chriſtaós eftavao duvi-
dozos , fe feria para elles favoravel , e beni-
gno , mas pouco tempo lhes durou efte cui-
nhor deAma .
ftaos do Japao. Quando fe fentio perigofa- cufa.
mente enfermo , juntou Tua mulher , filhos
e parentes e lhes fez hum difcurfo muy
receberem o Baptifmo.
Acabada efta prática , fe levantou ,
e mandou a Jufto Ucondono moftraffe aos Pa-
dres a riqueza , e magnificencia do feu pala-
cio : e em quanto elles andavao de huma e
FIM
DO LIVRO OITAVO.
HISTO .
317
HISTORIA
DA
IGREJA
DO JAPA Ŏ.
LIVRO IX.
ARGUMENTO .
algumas
gunta per-
s ao P. fem mediar tempo de hum a outro, ao P. Pro-
Provincial. vincial , que repouzava em huma pequena
barca ; e o primeiro , depois de difpertar o
Padre , lhe diffe: Que vinha da parte de Cam-
bacundono faber delle , porque razao os Pa-
dres da Companhia perfuadiao , e obrigavao
os Japões a fer Chriftaos? Porque arruînavao
os templos do Cami, e Fotoqui ? Porque per-
feguiao os Bonzos , e nao fe uniao com elles?
Porque comiao vaca , e outros animaes , que
erað tað neceffarios ao bem publico ? Por-
que davao licença aos Portuguezes para com-
prarem os Japões , e leválos para a India a
ferem efcravos ?
Exceffivamente admirado ficou o Pa-
dre de huma mudança tao inopinada , fem
alegria,
do Japao. Liv. IX. 347
alegria, e os animou tanto , que nao deſejavao
outra couza mais , que chegar á hora de dar
a vida por JESU Chrifto. Muitos Cavalhei
ros deixárao os feus empregos e as rique-
zas , que poffuîao , para ſe retirar á Ilha de
Jonogima , em que vivia D. Jufto ; devendo
ter lugar entre eftas acções heróicas as de
algumas Damas , e Senhoras Chriftas , dig-
nas verdadeiramente de eterna memoria. En-
pudéffem .
Nefte chegáraó a Ozaca as He baptiza-
tempo
novas de eftar declarada a perſeguiçao con- da por huma
tra os Chriſtaos , e do Edicto para expulfar de luas Da-
mas.
os Padres do Japao. Efte terrivel golpe po-
dendo intimidar as Damas Chriſtás , as ani-
mou tanto , que com hum milagre da Divi-
na graça ficárao mais firmes , e conftantes
na Fé : de modo , que fe preparárao todas
para morrer antes que renunciála . Afflicta
a Rainha com eſta infaufta noticia, temendo
que os Padres fe foffem fem lhe conferir o
Baptifmo , mandou huma das fuas Damas
chamada D. Maria pedir com fupplicas mais
fórtes The miniftraffem aquelle Sacramento,
antes de partirem , para falvaçao da fua al-
ma. Os Padres attendendo ao fervor deſta
Princeza , e nao podendo de modo algum
hir a palacio , nem ella vir á Igreja , enfi-
náraó a D. Maria a fórma do Baptifmo , e
The ordenárað o adminiftrafle á Rainha : com
cata ,
do Japao. Liv. IX. 359
cata , inimigo declarado dos Chriſtaos , nao
obrava couza alguma fem o feu confelho.
Depois da publicação do Edicto repreſentou
efte infeliz Politico a feu fobrinho , que ten-
do Chriftao , como era , e tendo comfigo
cinco Religiofos da Companhia , Cambacun-
dono, que os tinha defterrado , e queria ex-
terminar os Chriftaos , o privaria a elle do
Reyno , e o daria a outro Principe, que fe.
guille a religiao do paíz : que era precifo
prevenir efte golpe , mandando fahir os Pa-
dres das fuas terras , e obrigando os seus
vaſſallos a adorarem o Cami , e o Fotoqui.
O Rey , que naturalmente era volu- o Rey perfe-
vel, e inconftante, ouvindo o difcurfo de feu gue os Chri
ftaōs.
tio , temendo perder a Coroa , defpedio os
Padres , que tinha comfigo, dous dos quaes
fe retirárão a Sucumi bufcando o amparo
da Rainha D. Julia , viuva do Rey D. Fran-
cifco , e os outros forao valer-fe de D. Pau-
lo de Bungo, e do Principe D.Pantaleaó, que
eftava retirado da Corte , vendo que o Rey
foy
do Japão. Liv. IX. 367
foy logo beijar a mao ao Imperador , levan- O o Rey he a
do o idolo ao pescoço , final demonftrativo da frontado pe-
fua deteftavel apoftafia ; mas achou tao pouca lo Imperador
a
aceitação no Soberano, que o recebeo muy pe- I
zadamente , reprehendendo-o por confentir
nos feus Eftados o Senhor Gentio , de que
temos fallado. O defgraçado Rey lhe fegu-
rou déra ordem para o matarem em obfer-
vancia da que delle reçebêra ; e com efta
noticia ficou o Imperador mais fatisfeito.
Aceitou o feu cumprimento , que foy cheyo
de refpeito , fubmifloes, e protéftos de gran-
de fidelidade ; mas quando para realçar eſta
chegou a dizer mal de D. Paulo , condenan-
do as fuas acções , Cambacundono fe enfu-
receo tanto , que o tratou de louco e ho-
cuida-
do Japao. Liv. IX. 379
cuidavao muito de os perverter , forao obrî-
gados a abandonar o paîz , e retirarem-se a
outro lugar , no qual nao eftivérað muito
tempo aufentes, que o tyranno nao cahifle no
feu erro ; porque as terras ficáraó defertas ,
fem haver peffoas, que a cultivaffem , de mo-
do , que fe determinou chamálos , e diffimu-
lar com elles , ainda que fempre lhes prohi
bia o exercicio publico da Religiao . Pafla-
dos dezefeis annos , voltando áquelle Reyno
os Padres com permiffao do Governador pa-
ra affiftir a alguns Portuguezes , que tinhao
dado fundo naquella Ilha , acháraó os Chri-
ftaos muito augmentados , ainda que por to-
do aquelle tempo eftivérao fem Paftor , e fem
os foccorros ordinarios da Igreja.
Havia huma devota mulher chama- Martyrio de
da Martha , que nao obftante a perfeguiçao, huna devota
Christa.
hia todos os dias fazer oraçao no lugar, em
que efteve a Cruz , que lançáraó em terra ;
e fendo allí encontrada de alguns idólatras ,
a ameaçáraó com a morte , le a viffem mais
naquelle lugar. Ella tao Chriftá , como ani-
moza , refpondeo : Matarme-beis em boa bo-
ra , com tanto , que feja pelo amor de Deos;
e como ella eftava no mefmo lugar de joe-
lhos com as maos levantadas ao Ceo , a
atraveffáraó com huma efpada , comprando
com hum momento de martyrio huma eter-
nidade de gloria. Já que fallamos de Cruzes ,
nao quero omittir hum cafo affás memo-
ravel , que fuccedeo a hum Chriſtað China ,
morador nefta Ilha. Depois que o tyranno
mandou
380 Hiftoria da Igreja
mandou abater as Cruzes, fez o mesmo Chri-
ftao huma , e quiz collocála no lugar , em
que tinha estado a outra e porque os Gen
tios fe oppunhao ao feu intento , dizendo
que o Tono prohibira as Cruzes ; reſpon
deo-lhes Luiz ( que efte era o feu nome ) que
elle por forasteiro nao eſtava obrigado á Ley,
do paîz ; mas que para evitar contendas re-
folvia erigila em hum monte vifinho á cafa,
em que vivia. Eftando já para levantála, fe
lembrou, que coftumavao ter as Cruzes hum
remate com caractéres Latinos , os quaes ter-
cáz.
384 Hiftoria da Igreja
cáz para conseguir o feu defejo , pois nao
fe fatisfazendo o feu fervor de perder a fa-
zenda , queria tambem perder a vida . Pedio
licença aos feus amigos , e bemfeitores , e
partio para Meaco, que nao he muito diftan-
te de Ozaca , onde eſtava a Corte.
Tanto que chegou Ucondono , cor-
reo a voz , que o Imperador o chamára para
lhe dar hum emprego confideravel no Rey-
no de Canga , com permiffao de poder tra-
zer para allí a fua familia. Algum funda-
mento houve para efte difcurfo ; porque fa-
bendo Cambacundono , que D. Jufto eſtava
tao perto , lhe ordenou foffe para o Reyno
de Canga com esperança de muita fortuna ;
pois ſempre temeo , que os defcontentes do
feu governo , que erao em grande numero
unidos aos Chriftaós , elegeffem a D. Jufto
por fua Cabeça , e lhe moveffem guerra. A
fua rebelliao contra Nobunanga The podia
fervir de exemplo , apoyado com os interef-
fes da Religiao , para elegerem hum Capitao
guerreiro o mais amante della , tao valero-
fo , e experimentado , como Ucondono : e
por esta razao o mandou para Canga enga-
nado das fuas promeffas ; porque fecrétamen-
te paflou ordem ao Governador , que tanto
que elle chegaffe , o tivéffe como em prizao
com guardas á vifta. Todos os feus amigos
tivérao por certa a fua morte ; mas Deos ,
que he Senhor da vontade dos homens , e
levanta os pobres , quando he fervido , a
honras , e abundancias , depois de ter pro-
vado
do Japao. Liv. IX. 385
vado a virtude defte Senhor Chriſtað , o ref-
tabeleceo nos feus relevantes empregos , e
joelhos,
do Japão. Liv. IX. 199
joelhos , derramando muitas lagrimas , o ado-
rou com grande devoçao , e depois mandou
fazer huma caixa de prata para a mesma Sa
grada Cruz com huma abertura, e nefta hum
criftal para te poder ver , e a collocou com
toda a decencia em Arima. Efte milagrofo
fucceffo fez tao grande impreffad nos animos
dos idólatras, que forao teftemunhas daquel-
la maravilha , que mais de onze mil fe ba
ptizáraó no meimo anno em Arima , e nove
mil em outras terras de Ximo.
FIM
DO LIVRO NONO.
HISTORIA
03
DA
IGREJ
A
DO JAPA Ŏ.
LIVRO X.
ARGUMENTO.
I
do Japao. Liv. X. 449-
a que fe tinhao expofto , tratando-os com
Regia magnificencia. Paffado efte dia , foy
o Padre vifitar a D. Sancho Rey de Omura ,
e a D. Conſtantino Rey de Bungo , dando-
lhes os prefentes do Papa com a mesma fo-
lenidade , e dallî foy vifitar o Collegio de
Cancuza , onde eftavao quarenta Religiofos
da Companhia promptos a facrificar a vida
pela Fé. Teve grande contentamento de fe
ver entre tao grande numero de Irmaos feus
na extremidade do Mundo , e a todos exhor-
tou á conſtancia , e valor para defprezar os
goſtos momentaneos , e terrenos , trocando os
pelos Celeſtiaes , e eternos .
Eftando pois os Chriftaós na efperan- Nova perfe
ça de fe poder reftabelecer a Igreja , fobre- guiçao
tada con
exci-
tra
veyo huma nova tempeftade , que os apar- os Chriftaós.
tou muito do porto , a que lhes parecia ti-
nhao chegado . Já diffémos , que o Impera-
dor tirára a Cidade de Nangazaqui a D. Pro-
tafio Rey de Arima , e lhe puzéra dous Go-
vernadores idólatras ; huin chamado Ivonoca-
mi , e outro Ganconocami : porêm erao de
tao raras condições , que nao faziaó infulto
algum aos Chriftaos ; antes ordenáraó a to-
dos os officiaes do feu governo obedeceſſem
ao P. Valignano , e lhe fizeffem todas as hon-
ras poffiveis, fervindo-o na fua viagem para
a Corte. Vendo porêm que ſe nao tinha valido
delles para a Embáxada , conceberaō tal ira ,
que determináraõ deftruîlo , e a todos os Chri-
ftaos ; nas fabendo efta refoluçao o P. Or-
gantino , lhes reprefentou por alguns Senho
Tom. II. Ff res
450 Hiftoria da Igreja 1
pois
464 Hiftoria da Igreja
pois todo o Japao a refpeito daquelle vaftif-
fimo Imperio he como hum pequeno braço
de terra. Antes que declaraffe efta guerra ,
escreveo ao Imperador huma Carta femelhan-
te á do Governador das Filipinas , na qual
tambem ordenava fe fizéffe feu tributario. O
China , que estava defapercebido , e pouco
capaz para fe defender , lhe mandou huma
Embáxada para ganhar tempo , e chegou
efte a Meaco antes do P. Valignano : mas
Cambacundono nao ficou fatisfeito della , e
tomou logo a refoluçao de lhe fazer cruel
guerra. Manifeftou este projecto a todos os
Principes , e Grandes do feu Imperio , quan-
do forao render-lhe vaffallagem no princi-
pio do anno de 1592 , e jurou , que incor-
reria em pena de morte todo o que contra-
difféfle a fua vontade, fem excepção de pef-
foa , ainda que foffe feu proprio filho , fe
vivêra entao.
que
476 Hiftoria da Igreja
que fem refi tencia fe lhe rendeo : entrou den.
tro, arvorou os feus eftandartes fobre os mu-
ros , e deixou defcaníar a fua gente fatigada
da peleja , e muito mais atormentada da fome .
Despachou logo hum Correyo com o avifo
para Taycofama , o qual exceffivamente ale-
gre de ver conquistar hum Reyno em vinte e
cinco dias fó com as tropas de D.Agostinho ,
The fez muitos elogios , e ordenou a tres Se
nhores dos de mayor refpeito da Corte follem
dar- lhe em feu nome os parabens da vitoria ,
e lhe escreveo huma Carta cheya de louvores
por tao grandes acções , promettendo remu-
nerar os feus ferviços com mercês relevan-
tes : e por final da eftimaçao , que fazia del-
le , lhe mandou hum cavallo , e huma efpa-
da de grande preço ; prefente o mais hon-
rozo , que póde , e coftuma fazer o Impera-
dor aos feus vaffallos. Depois que chegou á
Corte a noticia defta grande vitoria , nao
ſe fallava em outra couza em todo o Japaó ,
mais que no valor de D. Agoſtinho , andan-
do á porfia huns com outros nos feus louvo-
res. Os Cortezaós , que nem fempre fazem
justiça á virtude , e ordinariamente bufcao
motivos para deftruirem aquelles, a quem o
proprio merecimento tem levantado ao au-
ge fuperior , querendo condefcer com o ge-
nio do Soberano , mudáraó de fyftema , en-
grandecendo na prefença de Taycofama as
acções de. D. Agostinho , e buscando todos
os motivos , que podiaó conduzir para lhe
dar gloria , competindo á porfia em elogiar
huns
do Japao. Liv. X. 477
hum
;
480 Hiftoria da Igreja
hum Hefpanhol , que era muy contrario aos
Portuguezes , porque lhe tinhao embargado
as fuas mercadorias por certa quantia , de que
lhes era devedor. Já fe tinha queixado a Tay-
cofama , que mandou logo Cómiffarios para
tomar noticia , e informaçao do negocio , os
quaes , tendo ouvido as partes , julgáraó, que
os Portuguezes tinhao jufta caufa em reter
os effeitos , até que os Juizes feus naturaes
ordenaffem o contrario ; pois fe lhe tinhao
voluntariamente fugeitado .
Exafperado o Caftelhano com eſta
•
refoluçao , foy valer- fe do P. Valignano , e
dos feus companheiros , pedindo - lhes , qui-
zélfem obrigar os Portuguezes , a que lhe
reftituiffem os feus effeitos. Os Padres vendo
a injuftiça da fua dependencia , nao fe em-
penhárao nella com o ardor , que elle defe-
java ; ou porque eftava condenado pelo Co-
miffario , ou porque nao achavao fundamen-
to algum para o favorecer ; de que . reful-
tou o Caſtelhano determinar vingar- fe delles,
e de todos os Portuguezes. Embarcou logo
para fe queixar outra vez ao Imperador ; e
encontrando na Ilha de Saxuma o Agente do
Governador das Filipinas com o Religiofo ,
de que temos fallado , le defafogou contra
os Portuguezes , e Jefuitas , dizendo , que hia
informar o Imperador de quanto le fazia em
Nangazaqui em materia de contratos.
Chegando juntos em conferva do por +
to de Nangoya , tivérao audiencia de Tayco-
fama , e o Embáxador aprefentando a Car-
ta
do Japão. Liv. X. 481
ta de feu Amo , lhe offereceo os feus prefen-
antaes
xandre Valignano para voltar para a India , epara India,
de
e apresentar ao Vice- Rey os prefentes , que partir bapti
Taycofama lhe mandava. Tendo os Chri za o Rey de
ſtaos eſta noticia , foraŏ a Nangazaqui vifi. Junga.
tálo, e rogar a Deos lhe felicitaffe a viagem,
entre os quaes foy Caminondono genro de
Nobunanga , que havia recebido o Baptifmo
pouco antes da perſeguiçao ; e vendo elle
deftruîda a Igreja , teve grande defprazer :
e diffe ao Padre, que eftivéra prefente, quan-
do o Embáxador das Filipinas teve audien-
cia de Taycofama , e ficára admirado ouvin-
do, que os Chriſtaos accufavao feus Irmaōs
a hum Principe Gentio. He certo , que efte
efcandalo , que excitou a perfidia daquelle
máo homem, faria vacillar a Fé daquelle Se-
nhor , fe nao eftivéffe radicada com a graça
de Deos.
Veyo tambem cumprimentar ao Pa-
dre o Rey de Junga , trazendo em fua com-
panhia D. Manfio : a converfaçao deste Prin-
cipe o tinha demaneira alentado , que tomou
a refolução de fe baptizar ; mas quiz primei-
ro, que lhe explicaffem algumas duvidas , que
fe lhe reprefentavao ; e inftruîdo em tudo
perfeitamente pelo P. Valigno , o baptizou
antes de partir . Converfao maravilhofa na-
quelle tempo infeliz , em que o fogo da per-
feguiçaó começava a acender-fe ; o que mol-
tra bem a força da graça , e poder de JESU
Chrifto !
Hh 2 Depois
484 Hiftoria da Igreja
Depois de huma tao bella conquif-
ta , fe defpedio o Padre de todos os Reli-
giofos, que tinha achado em Nangazaqui , e
embarcou para a India , deixando em feu lu-
gar para Provincial do Japao o P. Pedro Go-
mes , e cento e trinta Religiofos da Compa-
nhia , que tinhao cuidado de cento e cinco-
enta Igrejas , nas quaes haviao baptizado vin-
te mil peffoas neftes dous ultimos annos.
Deixou tambem no Seminario cento e feten-
ma , e outra parte.
-
de que fe nao
envergonhaō no Japao ; couza bem rara em
huns
te
$ 10 Hiftoria da Igreja
hum Principe moço : amava as boas letras ,
e em tratar as pelloas , que as profeffavao ,
era o feu mayor gofto : ettimava muito con-
verfar com os homens doutos ; e porque a
noffa Religiao enfina as virtudes , e bons
coftumes , fazia della hum grande apreço.
Mas todas eftas boas qualidades eſcu-
recia com o vicio mais extravagante , e ex-
traordinario , que póde entrar no coraçao
humano. Era efte huma barbara inclinaçao
de matar homens , fazendo o mayor diver-
timento deſta crueldade : de forte , que len-
ue
e que o obrigavao com efte favor a deixar
o certo pelo duvidozo ; huma fortuna , de
que já tinha a poffe , por hum governo ,
ed
que nao era feguro : e ainda que a guerra de
Corea nao tivéffe o fucceflo , que o Impera-
dor havia propofto , Cambacundono conhe-
er
ብ cia muito bem, que o intento de feu tio era
D defterrálo do Japaó.
Porêm o que finalmente rompeo os
10
vinculos da uniaổ , que havia entre eftes
nho
do Japaō. Liv. X. 527
nho nefta fórma : Eftou inteirado do voljo pro
cedimento , e dos defignios , que tendes for.
mado contra mim : ordeno vos , que logo ve-
nhais a Fuximi acompanhado Jó de quatro
to
era Chriſtao , e fobrinho do Governador de tao.
Meaco. Preparando- fe outros para morrer
On
juntos com leu Senhor fegundo o coſtume
do Japao , elle fe achou muito embaraçado
21
no que devîa tazer ; pois via , que naõ imi-
tando os outros , feria avaliado por vil , e
ve
to fugeito a eterna infamia. Se eu à mim mes-
mo tiro a vida , ( dizia ) offendo a Deos , e
Serey condenado : Se nao me mato , tambem
perco o credito. Ainda que foffe muito pode-
rofa a razao humana , refolveo- fe atropellá-
0:
la pelo refpeito Divino , e para fe livrar de
alguma tentaçao , que o fizélle mudar de pro-
.pofito , le privou das fuas armas , e as deo
a guardar a hum dos feus criados , enco-
mendando muito o negocio a Deos.
A fua oraçao foy ouvida ; porque
depois de tres dias chegou huma ordem da
parte de Taycofama , mandando hir cinco
LI 2 Págens
532 Hiftoria da Igreja
Págens dos que eftavao com Cambacundono
para os feus parentes . D. Miguel foy o pri-
meiro nomeado . Os valerofos Gentis homens
foffo,
538 Hiftoria da Igreja
toffo , mandando por fobre elle huma pe-
dra com efta infcripçao : Tumba dos trai
dores.
Quem nao diria , que a crueldade
deſte tyranno ficaria fatisfeita ? Mas nab foy
aflim ; porque a dureza do feu coração era
mais que barbara. Hum dos Senhores , que
mandou matar , tinha deixado fua mulher
com tres filhos , huma femea, e dous varões,
aos quaes mandou , que logo fe lhes tiraffe
a vida : a menina , que era a mais velha ,
tinha doze annos ; porêm fua máy nao po
dendo tolerar o ignominiofo objecto de le-
varem feus filhos ao fupplicio publico , ex-
citada deſta afronta , e efquecida da natural
ternura , fem compaixao matou os filhos pe-
las fuas maõs ; e depois de executar efte hor-
rorozo caftigo , meteo o punhal no peito , e
cahio morta fobre elles. Quando Taycofa-
ma ſe havia de mover a laftima , vendo que
era caufa de tantos máles , 16 moftrou, que
fentia teren - lhe escapado eftas victimas ao feu
furor , ordenando, que fe lhes cortaffem as ca-
beças , e fe puzéffem em hum lugar publico ,
para que todos as injuriaffem .
( Nao havendo já peffoa , em quem
executaffe a fua raiva , fe vingou até nos
edificios , mandando arruinar o Caftello , e a
Cidade até os fundamentos , que Cambacun-
dono mandára edificar : era compofta de pa-
lacios de grandes Senhores em numero de
trezentos , os mais fumptuofos , e perfeitos,
que fe tinhao vifto , e fe desfizérao de mo-
do ,
do Japao. Liv. X. 539
do, que nao ficou delles veftigio algum. Os
thefouros , e móveis de Cambacundono fo
rao transferidos para a Cidade de Fuximi com
os materiaes dos palacios arruinados : tal foy
o fim defta tragédia , a mais fanguinolenta ,
que fe tem vifto nas Hiftorias. Taycofama
contente de ter derramado o fangue dos feus
parentes , e vaffallos idólatras , voltou a ira
contra os Chriſtaos , como veremos no Tom.
IH. Liv. XI .
Porêm agora devemos hir vifitar as Eftado daRe-
Igrejas de Ximo para ver o eftado , em que ligiao em O-
D
eltava a Religiao no anno deftas turbulen- outras
mura ,terras.
e em
ર
cia , que foy o de 1595. Os Chriftaos do
Reyno de Omura pela mayor parte fe reti-
ráraó a Nangazaqui ; porque os Padres , que
ficáraó em refens pelo Embáxador da India ,
Dr
alli faziaó a ſua refidencia , e exercitavao os
feus minifterios, ainda que em ſegredo , pré-
gando, confeffando, e dizendo todos os dias
Miffa em lugares diverfos da Cidade : porque
ainda que era grande o horror , que tinha in-
troduzido nos animos a crueldade de Tayco-
fama , nao embaraçou , que neſtes dous annos
mais de mil e fetecentas peffoas recebeflem o
Baptifmo , entre as quaes a de mayor diftin-
çao foy Terazaba Governador de Nangaza-
qui , e favorecido do Imperador. Era efte
Senhor de idade de vinte e oito annos , de
grande juizo , e prudencia confummada : ef-
tando na Corte , ouvia , que fe empenhavao
todos a dizer mal dos Chriftaos , e eftimula-
do de hum nobre impulfo , quiz informar- fe
da
540 Hiftoria da Igreja .
da fua doutrina , e coftumes ; e porque no
feu Governo le achava hum grande numero ,
0
che , os quaes eftavao tao fequiozos da pa-
effeito . ſem
do Salvador , e raivozo das almas , que lhe gotinho
1. haviao tirado , intentou arruinar a D.Agoſti-
nho , que era a gloria , e apoyo da Religiao
08 Chriſta , ſervindo- fe para efte fim de Toro-
nofuco , o mayor inimigo , que elle tinha.
A paixao, que fempre teve de ver a D. Agol-
tinho comandar o exercito , e a invéja do ap-
Si
plaufo , que havia adquirido naquellas felices
expedições , o obrigáraó a escrever a Tayco-
fama , dizendolhe , que contra o Edicto de S.
Mageftade mantinha elle os Padres Europêos,
0 e permittia , que prégaffem , e baptizaffem
os feus vaffallos. D. Agoftinho tendo esta
S noticia , mandou logo o P. Cefpedes , e feu
companheiro para Nangazaqui , porque fe o
Imperador mandaffe devaçar por alguns Co-
millarios , nao os achaffem exercitando as
funções da fua Religiao ; mas a caufa era
tao notoria , que nao era poffivel efconder-
fe , e o Almirante tinha toda a razao de te-
mer , vendo -fe perfeguido de hum inimigo
tao poderoso , e em negocio tao delicado :
porêm Deos Senhor Noffo , que fempre mife-
ricordiofo acode , a quem devéras o ama ,
difpoz , que em quanto os feus inimigos ef
peravao tempo opportuno para accuíálo
Taycofama o`chamou ao Japao para concluir
a paz com os Coreanos. Porque o Impera-
dor o amava muito , e ſe ſervia delle para
os mais importantes negocios , ninguem fe
atreveo a formar contra elle queixa alguma,
Mm 2 e mui-
548 Hiftoria da Igreja
e muito menos Toronofuco , que fe fabia era
feu mortal inimigo , cuja invéja bem noto-
ria o haveria julgado fufpeito de calumnia , e
falfidade. Aflim livrou Deos o feu Servo
FIM
DO TOMO SEGUNDO.
INDEX
549
er
INDEX
ا
0.
DAS COUZAS MAIS NOTAVEIS , QUE
p. 138.
Aquexi. Governador , que fe rebel-
la contra Nobunanga . p . 245. Mata- o. 247.
Saquêa a Cidade de Anzuquiama . 248. Liga
formada contra Aquexi. 250. Morre Aque-
xi. 251 .
Tom. II. Mm 3 Ari-
550 Index
C
e
zo. 324.
Congregaçao. Huma de mancebos
Chriſtaos . 33.
Ꭰ 1
Papa
das couzas mais notävers. 255
Papa Gregorio XIII , e Xifto V. The moftra
o mefmo afecto, 220 , 21 , e 22. Pedem li-
cença para partirem para os feus Reynos . 223.
Paffao por Mantua. 229. Chegao a Genova ,
e partem para Barcelona. 232. Pedem licença
om ao Rey de Helpanha , e partem de Lisboa
para Goa. 233. Frutos , que tirárao os. Em-
báxadores da fua viagem. 234. e leg. Che-
gao ao Japao , e fão chamados à Corte . 401
D. Manfio fe efcula de entrar no ferviço do
ES
Imperador. 438. Entrao na Companhia. 452 .
S. Elena. Ilha, é fua defcripçao . 173.
Embaxada. A do Vice Rey da Indra
D. Duarte de Menezes. Vide Valignano . Em-
1 báxada do Governador das Filippinas com
quatro Religiofos de S.Francifco . 498:
2 Eftado : da Religiao no Japao. 154,
416 , e 539.
em e o que
fe refolve na Conferencia. 338 , e 340.
Partem alguns para Macáo. 343. Efcondem-
fe por algum tempo. 375.
Irman-
das couzas mais notaveis 557
Irmandade. A da Mifericordia. 406 .
D. Jufto Ucondono. Suas anguftias ,
fua refoluçao , e fidelidade. 120 , e 122. Seu
zelo.274. Perfegue aos Bonzos . 276. He man-
dado renunciar a Fé , e fua repoſta. 326. Sua
virtude. 330. D. Agoftinho o recebe nas fuas
Rej
terras. 336. Volta á Corte. 382. Entra na
graça do Imperador . 473-
L
ide
CO
Rmaỡ Luiz de Almeida da Companhia de
e
m
EU
Tango
Index
560
LAUS DEO ,
Padres
Miffionarios. 337. Seu effeito. 341 .
Embáxada: ao Papa de tres Reys
do Japao. 160. Os Embáxadores fe embar
cao em Nangazaqui. 163. Viagem de Ma-
cáo para Malaca , e perigo , que tiverao.
165. Chegao a Goa. 168. Sua viagem de Goa
para Portugal. 172. Vêm hum genero de pei-
xes exquifitos. 176. Chegao a Lisboa , e co-
mo forao recebidos . 178. Partem para Evo-
ra , e lao recebidos pelo Arcebispo. 180. O
Duque de Bragança os recebe em Villa - Vi
çofa. 181. Chegao á Corte de Madrid , e tem
audiencia do Rey . 182 , e183 . Paffao a Ita
lia , e chegao aos Eftados do Papa. 186.
Chegao a Roma , e faz o Papa Confiftorio .
189. Dao entrada em Roma , e fao conduzi-
dos á audiencia do Papa. 191. As Cartas dos
tres Reys do Japao fao lidas em Confiftorio
195. Difcurfo do P. Gafpar Gonçalves em
Confiftorio. 202. Repofta do Senhor Boca-
paduli em nome do Papa. 216. Honras, que
fe fizeraá aos Embáxadores. 218. Morre o
Papa
das couzas mais notavers. 255
F
0
Axiba. Declara -fe Governador do Im-
F perio. 253. Moftra muito affecto aos Pa-
dres. 256. Siti o terceiro filho de Nobunan-
ga, e feu tio Micabadono. 275. Poder , e ame
biçao de Faxiba . 277. Toma o nome de Cam-
bacundono. 277. Recebe com benevolencia
os Padres da Companhia , e lhe def cobre os
feus intentos . 279 , e 280. Concedelhe pa-
1 tentes ampliffimas para a Religiao . 283. No-
vos favores do Rey, e Rainha . 284. Apode-
e ra fe dos Reynos de Ximo . 301 .
Fervor. O dos Chriſtaos no tempo
da
Index
556
da perſeguiçao . 376. O de D. Pantaleaó , fi-
lho do Rey de Bungo. 269. Ę o dos Chri-
ftaos de Arima . 542 .
Fidelidade. A de huma Chriſtá , a
quem baptizou S. Francifco Xavier. 268. Fi-
H nha de Bungo . 35 .
e o que
fe refolve na Conferencia. 338 , e 340.
Partem alguns para Macáo. 343. Efcondem-
fe por algum tempo . 375 .
Irman-
das couzas mais notaveis 557
Irmandade. A da Mifericordia. 406 .
D. Jufto Ucondono. Suas anguftias
fua refoluçao , e fidelidade. 120, e 122. Seu
1 zelo.274 . Perfegue aos Bonzos.276 . He man-
dado renunciar a Fé , e fua repoſta. 326. Sua
virtude. 330. D. Agoftinho o recebe nas fuas
terras. 336. Volta á Corte. 382. Entra na
graça do Imperador . 473 .
SEE
EU
CO
Rmao Luiz de Almeida da Companhia de
IJESUS : fuas acções , e fua morte. 271 .
Lourenço , Irmao da Companhia, Ja
em
M
Om
Dom Pantaleao , filho terceiro do Rey
de Bungo : fervor. 269.
Papa. O Papa Gregorio XIII . rece-
be os Embáxadores de tres Revs do Japao .
191. Morte do Papa Gregorio XIII , e elei-
çaố
das couzas mais notáveis. 549
R Zozogi
e de .Faz guerra He
aos Reys
mortodena
Arima,
lha. 262 .
D. Rodrigo. Sua morte. 497.
Tango
560 Index
LAUS DEO ,
a
MAD 1 7