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1. Dos Ritos Procedimentais


Vamos destacar inicialmente que, em razão da diferença entre um e outro rito
procedimental, a resposta à acusação pode sofrer grandes alterações. Por essa razão,
antes mesmo de adentrar ao objeto de nosso estudo nesse módulo, vamos relembrar
um pouco sobre os ritos procedimentais. Sobretudo, o ordinário e o especial do
tribunal do Júri.
A depender do rito procedimental, a resposta à acusação, pode se esvaziada
de conteúdo jurídico, já que às vezes, por uma questão estratégica, o mérito do
processo deva ser enfrentado somente nas alegações finais, como é o caso do rito do
tribunal do júri.
De outro lado, a resposta à acusação no rito ordinário ganhou uma enorme
relevância, sobretudo, com o advento da Lei 11.719/2008 que, alterando os
procedimentos no processo penal brasileiro, inseriu a possibilidade da absolvição
sumária em alguns ritos, que deve ocorrer após a resposta à acusação. A doutrina
afirma que tal instituto equipara-se ao julgamento antecipado da lide no processo
penal.
Assim, a resposta à acusação, no rito ordinário, por exemplo, passou a ser
vista como uma peça de defesa que deve ser elaborada com muito zelo em razão da
possibilidade de se encerrar o processo, antes mesmo de ter uma audiência de
instrução. Dada essa importância, a FGV cobrou no recente XXI exame, sem contar a
quantidade de vezes que detalhes dessa peça foram cobrados em questões abertas.
A fim de que possamos entender exatamente a importância da resposta à
acusação, façamos uma breve retrospectiva sobre o rito ordinário. Eis:

Juiz Recebe Resposta à Acusação Absolvição


Denúncia a Denúncia Cita o Réu Sumária (Art. 397)
(art.396, 396-A)

Memoriais Audiência de
Sentença Instrução (Art.400)
Finais

O ponto de destaque de nosso trabalho aqui é justamente entender o papel


da resposta à acusação no contexto do procedimento. Ou seja, fica claro que a
depender do que for alegado nessa peça, o processo poderá acabar na próxima etapa,
absolvendo o réu.

2. Da Resposta à Acusação (Artigo 396-A)

2.1 – Identificação da peça


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O que pra muito é um pavor, você verá que não dificuldades. Identificar a
peça é uma questão de entender o procedimento e memorizá-lo. A questão
certamente não terá seu foco em prisões. Isso porque a peça de liberdade, como as
que já vimos tem características bem peculiares. Se a sua peça for resposta à acusação,
certamente a questão irá mencionar que alguém foi denunciado, que o juiz recebeu a
denúncia e que o réu foi citado.
O detalhe a ser observado é que, embora você perceba que alguém está
sendo processado, a audiência de instrução ainda não ocorreu. BINGO! Esse detalhe é
a senha para você identificar que a peça é uma resposta à acusação.
Cuidado! É possível que a peça não traga nenhuma informação sobre
oferecimento e recebimento de denúncia. Mas se falar que o réu foi citado e nada
mencionar sobre a realização de uma audiência, é o que basta para você saber que é
uma resposta à acusação.
Uma vez identificada a peça, vamos entender o conteúdo jurídico dela. Assim
começamos a entender o que vamos precisar para construir essa peça.

2.2 – Da estrutura jurídica da resposta à acusação

A resposta à acusação tem como estrutura básica, o endereçamento, a


qualificação, os fatos, os fundamentos jurídicos (Direito), os pedidos.

2.2.1 – Do Endereçamento
O endereçamento tem relação direta com a competência para julgamento do
processo no qual você está apresentando a reposta à acusação. Portanto, fique atento!
Se a questão nada disser sobre o juízo onde fora distribuída a denúncia, o examinador
vai exigir de você o conhecimento sobre competência. Mas, em regra, a questão
informa o juízo e, se assim o fizer, observe se não será o caso de alegar incompetência.

2.2.2 – Da Qualificação
No que se refere à qualificação, observe se a questão lhe informou os dados
do réu. Caso não tenha informado, não invente.

2.2.3 – Dos Fatos


Os fatos, embora devam sempre ser resumidos, como já explicamos, você não
pode deixar de mencionar aqueles importantes para a construção de suas teses.
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Lembre-se que após a apresentação dessa peça, seu cliente poderá ser absolvido, nos
termos do artigo 397, CPP.

2.2.4 – Dos Fundamentos Jurídicos – Direito

Nos fundamentos jurídicos, você deverá dividir seus argumentos no que eu


costumo chamar de dois blocos de argumentação. Esses blocos são “AS
PRELIMINARES” o “MÉRITO”.
Precisamos entender isso muito bem, sob pena de termos sérios problemas
em todas as peças que vamos trabalhar daqui pra frente.
Todas as vezes que a matéria que você estiver discutindo em sua peça tiver
fundamentação no código de processo penal, você está tratando da forma do
processo, ou seja, das preliminares. Já quando a sua fundamentação estiver nas regras
do código penal, você está falando de direito material e, portanto, refere-se ao mérito.
As preliminares referem-se às matérias ligadas ao processo penal, ou seja, às
regras de “como fazer” o processo. Tudo que disser respeito à forma de se fazer o
processo e que tiver errado deve ser alegado nesse bloco. Vamos pontuar as questões
mais comuns de se alegar como preliminares.
I – Erro na citação. (Ver artigos 351 e seguintes, CPP). Qualquer
irregularidade na citação deve ser alegada como preliminar a
fim de que se possa sustentar a nulidade do processo. Exemplo
disso, é que no processo penal a citação, em regra, é pessoal.
Não sendo citado pessoalmente o réu, estamos diante de uma
irregularidade.
II – Presença de prova ilícita produzida no inquérito policial.
(Ver artigo 5º, LVI, CF e Artigo 157, CPP). Qualquer prova ilícita
que existir no processo, deve ser desentranhada. O momento
para se pleitear o desentranhamento é esse. Aqui você deve
demonstrar a ilicitude da prova, como por exemplo, um
reconhecimento de pessoa de forma contrária à lei (artigo 226,
CPP).
III – Ausência de Justa Causa. Ver artigo 395, III, CPP. A justa
causa, como uma condição da ação é a existência de um lastro
mínimo probatório que autorize a denúncia do réu. Esse
mínimo de provas significa os indícios suficientes de autoria
que somados à prova da materialidade formam os
pressupostos básicos para se denunciar alguém (MAT+ISA). É
muito comum uma denúncia ser recebida sem que haja nos
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autos os indícios mínimos de autoria. Se a questão lhe trouxer


elementos suficientes para essa alegação, não deixe de fazê-la.
IV – Incompetência Absoluta. Embora as questões relativas à
incompetência do juízo devam ser alegadas na exceção de
incompetência, é possível que a questão lhe traga informações
suficientes para que você possa sustentar na sua resposta à
acusação que aquele juízo é incompetente para julgar o feito.
Mesmo que a sua peça não seja uma exceção de
incompetência, você poderá alegar essa incompetência como
preliminar.
V – Suspensão Condicional do Processo. (Ver artigo 89 da Lei
9.099/95). Essa matéria tem sido cobrada praticamente em
todos os exames da OAB. Às vezes em questões abertas, às
vezes na peça processual. Trata-se de uma formalidade muito
comum de ser violada na prática e, por isso, a FGV tem cobrado
tanto. É que o artigo de lei citado acima estabelece que o MP
ao oferecer a denúncia, deve oferecer a suspensão condicional
do processo, desde que o crime tenha pena mínima menor ou
igual a 01 ano, independente do rito procedimental. A própria
lei menciona que essa regra se aplica a todos os crimes, mesmo
que não sejam de competência dos juizados especiais. Isso
significa que, o promotor, antes ao denunciar o réu, deve
oferecer essa suspensão que consiste em suspender o processo
por um determinado lapso de tempo, mediante algumas
condições que deverão ser cumpridas pelo réu. Trata-se de
medida de política criminal extremamente benéfica aos que
respondem processos criminais. São exemplos de crimes que
comportam essa medida, todos de competência dos juizados
especiais e ainda, furto (artigo 155), estelionato (artigo 171),
falsidade ideológica (artigo 299), falsificação de documento
particular (artigo 298), associação criminosa (artigo 288),
receptação (artigo 180), posse de arma (artigo 12 da Lei
10.826/2003), aborto (artigo 124), homicídio culposo (artigo
121, §3º), etc. Não se esqueça de conferir a pena em abstrato
do crime que o promotor denunciou seu cliente. Em sendo a
pena mínima <= a 01 ano, alegue preliminarmente a
suspensão condicional do processo.

Observe que, conforme dito acima, todas essas questões abordadas tem sua
fundamentação em matéria relacionadas às formalidades do processo penal.
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As teses de mérito, como já dito anteriormente, estão no artigo 397 do


Código de Processo Penal. Mas antes de adentrar a elas precisamos tratar se uma
excepcionalidade que envolve as teses de mérito e as preliminares.
É porque a prescrição enquanto causa extintiva da punibilidade é matéria de
mérito, já que prevista no código penal, em seu artigo 107.
Embora seja matéria afeta ao mérito, em havendo a presença de tese de
prescrição em sua peça, ela deverá ser trazida como preliminar de mérito. É a única
exceção em que discutiremos o mérito como matéria preliminar. Por que isso? Porque
em sendo reconhecida essa tese preliminar, o juiz fica impedido de apreciar as demais
teses, ou seja, se o crime está prescrito, não há porque continuar com o processo.
Portanto, atenção! Se a questão lhe trouxe matérias relacionadas à prescrição, alegue
como preliminar de mérito.
A partir daí deveremos analisar todas as questões de mérito possíveis de se
pleitear nessa fase do processo.
O artigo 397 do código de processo penal traz a seguinte redação:

Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos,


deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando
verificar:
I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato;
II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente,
salvo inimputabilidade;
III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou
IV - extinta a punibilidade do agente.

Passemos, pois, a analisar cada um desses incisos a fim de lhe possibilitar


debater com segurança essas teses em sua peça.

• Causa Excludente de Ilicitude


Essas causas estão previstas no artigo 23 do Código Penal. Nos artigos
seguintes o legislador cuidou de explicar cada um delas, a legítima defesa, o estado de
necessidade, o exercício regular de um direito e o estrito cumprimento do dever legal.
Caso você tenha dúvidas de como identificar cada uma dessas circunstâncias, sugiro
consultar uma obra de direito penal, seja esquematizado, simplificado, resumido, não
importa. A ideia é apenas relembrar os detalhes de cada circunstância dessas. Na
narrativa dos fatos que a questão lhe trouxer, você precisará identificar a presença de
uma dessas causas para alegar como matéria de mérito e pedir a absolvição sumária
de seu cliente.
Fique atento a uma hipótese de exclusão da ilicitude que, embora não
prevista em lei, tem aparecido com frequência em provas de concurso e também nas
provas da OAB. É a causa supra legal denominada consentimento do ofendido. Essa
causa não está prevista na lei, mas em razão da construção doutrinária ela vem, a cada
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dia, ganhando mais espaço e pode, perfeitamente ser utilizada por você para pedir a
absolvição sumária de seu cliente. Para que se configure essa causa, há necessidade de
se preencher vários requisitos, mas, o mais importante deles é a disponibilidade dos
bem. Não se pode, por exemplo, invocar consentimento do ofendido, em um crime de
homicídio. De outro lado é perfeitamente admissível essa causa de exclusão nos casos
de lesão corporal, desde que, não tenha ela o intuito de fraudar seguros, por exemplo.
Uma situação que tem se tornado comum nos dias atuais é, a mulher aceitar a
presença do ex-marido em sua casa, quando estava em vigor uma decisão judicial de
medida protetiva que o proibia de frequentar a referida casa. Já há julgados no sentido
de que esse marido não responde por crime de desobediência em razão do
consentimento da ofendida.

• Causa Excludente de Culpabilidade


O próprio legislador excluiu desse rol a inimputabilidade. Por óbvio que para
se decidir se o réu é inimputável ou não, deverá ele ser submetido a perícias que,
como meio de prova que é, somente se faz na instrução processual, fase ainda não
inaugurada na resposta à acusação.
Superada essa questão, as demais são de compreensão tranquila. Isso porque
as excludentes de culpabilidade encontram previstas na própria lei. São exemplos:
- Inimputabilidade pela embriaguez completa acidental (artigo 28, §1º, CP)
- Erro sobre a ilicitude do fato (artigo 21, CP)
- Inexigibilidade de conduta diversa nos casos de coação moral irresistível e
obediência à ordem hierárquica não manifestamente ilegal (artigo 22, CP).

• Causa Excludente de Tipicidade


Ou seja, o fato não é crime, porque não é típico. Nesse caso, não há como
prever um rol taxativo dessas possibilidades. Mas é possível destacar algumas muito
comuns. São elas:
- O dano culposo. Isso porque o artigo 163 do código penal que tipifica o
crime de dano exige o dolo para sua configuração. O dano culposo tem
repercussão apenas na esfera cível. Na penal, ele é atípico.
- Súmula Vinculante nº 241. Ou seja, nos casos de sonegação de tributo, antes
de haver um procedimento administrativo para apuração do crédito tributário
e de ser lançado em definitivo esse crédito na receita, não se tipifica o crime.
- Erro de tipo essencial (artigo 20, CP). Ocorre quando o agente comete um
erro sobre uma das elementares do tipo penal. A OAB tem cobrado sucessivas

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Não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no artigo 1º incisos I a IV da lei 8.137/90, antes do
lançamento definitivo do tributo.
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vezes essa questão, sobretudo, no estupro de vulnerável. Ou seja, aquela


situação em que o agente tem todos os motivos para acreditar que a moça
tem mais de 14 anos, quando mantém relação sexual com ela.
- Princípio da insignificância. Esse princípio tem configurado como causa
supralegal de exclusão da tipicidade. Isso porque o fato é típico quando ele se
amolda à letra da lei, sendo, dessa forma verificada a tipicidade formal, já que
o fato assume a forma prevista na lei. Porém, com a evolução do direito, para
que um fato seja crime é preciso que fique demonstrada a capacidade desse
fato ofender ao bem jurídico tutelado, surgindo aí a tipicidade material. No
caso da insignificância, fica evidente que a depender do valor do bem jurídico
tutelado ele não atenderá a essa tipicidade material, como é o caso dos furtos
de pequeno valor, como picolé, vidros de xampu, cremes, etc. nas drogarias e
supermercados, dentre várias outras situações. O certo é que se a questão
trouxer para você qualquer informação em relação a valores de bens, é
provável que a questão vá cobrar de você a sustentação dessa tese, ou seja, a
insignificância como causa de absolvição sumária.
- Também é fato atípico, os casos de crimes impossíveis conforme prevê o
artigo 17 do Código Penal.

• Causa Extintiva da Punibilidade


Aqui estamos a falar das hipóteses previstas no artigo 1072 do código penal.
Ganha destaque nessas hipóteses os casos de prescrição como já abordado
anteriormente. Isso porque ela se refere à matéria de mérito, mas você deverá alegar
como preliminar, já que o seu reconhecimento impede o seguimento da ação penal.
Nada impede que você construa a discussão duas vezes, como preliminar e como
mérito. Sobretudo, porque nas preliminares você poderá discutir a prescrição como
causa que afasta o interesse de agir que é uma das condições da ação.
Existem outras causa de extinção da punibilidade que estão soltas pelo
código. É o caso do ressarcimento nos casos de peculato culposo (artigo 312, §3º, CP).
Ocorre também nos casos de pagamento integral do débito tributário. Também nos
casos de ressarcimento integral no crime de estelionato mediante emissão de cheque

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Art.107. - Extingue-se a punibilidade:
I - pela morte do agente;
II - pela anistia, graça ou indulto;
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;
IV - pela prescrição, decadência ou perempção;
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada;
VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite;
VII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
VIII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.
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sem fundos, antes do recebimento da denúncia. (artigo 171, §2º, VI, CP e Súmula 554,
STF3). Nesse caso, fique atento às remissões.
Antes de adentrar aos pedidos, você deverá abrir um tópico para manifestar
sobre as provas que você deseja produzir. Observe se os dados da questão lhe deram
elementos suficientes para você pleitear a produção de provas. Assim fique atento à
eventual citação de nomes como testemunhas, de documento que devessem ser
submetidos à perícia, etc.

2.2.5 – Do Pedido

Superadas as questões relativas ao mérito e às formalidades da peça de


resposta, resta-nos, pois, lhe orientar de como confeccionar os pedidos. Lembre-se
sempre que essa peça tem como objetivo principal a absolvição sumária do seu
cliente. Assim, veja a sequência em que devem ser feitos os pedidos:
I – Reconhecer a incompetência. (Somente se você alegou isso
como preliminar)
II – A absolvição Sumária com base no Artigo 397, caso seja
essa sua tese de mérito.
III – O reconhecimento da prescrição.
IV – A rejeição da denúncia. (Se você alegou em preliminar a
ausência de condições da ação)
V – A produção de provas, se superadas as questões anteriores.
Embora não haja previsão legal, sempre faço questão de sugerir que você
observe a ordem de seus pedidos, de forma a pleitear o que for melhor para seu
cliente em primeiro lugar. Embora na peça, as teses preliminares venham antes das
teses de mérito, no pedido, as teses de absolvição, mesmo sendo mérito, devem vir
em primeiro lugar. Vamos explicar. Imagine que você tenha discutido a tese preliminar
de rejeição da denúncia por ausência de uma condição da ação e no mérito, pleiteado
absolvição sumária com base numa excludente de ilicitude (legítima defesa). No
pedido, você deverá pedir primeiro a absolvição. Caso o Juiz não entenda pela
presença da legítima defesa para absolver, subsidiariamente você deverá pedir para o
Juiz rejeitar a denúncia, já que não está presente uma determinada condição da ação.
É óbvio que absolver seu cliente é muito melhor do que rejeitar a denúncia, já que a
rejeição autoriza o MP a denunciar novamente assim que corrigir a irregularidade
identificada.

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Súmula 554, STF. O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após o recebimento da denúncia, não obsta ao
prosseguimento da ação penal.
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2.2.6 – Do Local e Data.


Muito cuidado com o local, porque define competência a depender das
informações fornecidas pela questão e, sobretudo, a data. A banca sempre pede para
que você faça a peça no último dia do prazo. No caso de resposta à acusação nesse
rito, o prazo, segundo o artigo 396-A, é de 10 dias. Portanto, muito cuidado ao contar
esse prazo. Ele sempre começa no dia seguinte ao dia da citação, conta-se em dias
corridos, e encerra-se sempre em dia útil, de forma que se o 10º dia der no sábado, o
prazo se encerra no dia útil seguinte.

3. Da Resposta à Acusação no rito do Júri – Artigo 406, CPP


Como dito anteriormente, a resposta à acusação no rito do júri ficou
esvaziada de conteúdo jurídico diante da impossibilidade de se absolver
sumariamente o réu nessa fase. No rito do júri a absolvição sumária ocorre depois da
audiência de instrução.
Conquanto seja praticamente impossível a banca cobrar de você uma
resposta à acusação no rito do júri, esteja certo de que se isso ocorrer, você deverá
enfrentar as questões preliminares (nulidades) e especificar quais as provas deseja
produzir, já que você não poderá enfrentar o mérito nesse momento.

4. Da Defesa Preliminar – Rito da Lei de Drogas e Dos Crimes de


Responsabilidade dos Servidores Públicos
Existem dois ritos procedimentais em que o Juiz não recebe a denúncia e
determina a citação do réu. Ao contrário, o Juiz determina a notificação do denunciado
para apresentar defesa preliminar e, depois, o juiz irá decidir se recebe ou não a
denúncia.
Portanto, fique atento. O objetivo seu nessa peça é convencer o Juiz a
rejeitar a denúncia.
Isso ocorre no rito da lei de drogas, conforme artigo 55 da Lei 11.343/2006 e
também no artigo 514 do Código de Processo Penal.

5. Do Modelo de Peça
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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ...VARA CRIMINAL DA


COMARCA ....

Autos nº.:

FILISBINO DE TAL, já devidamente qualificado nos autos, vem


diante de Vossa Excelência, nos termos do artigo 396-A, apresentar RESPOSTA À
ACUSAÇÃO, com base nos seguintes argumentos.
DOS FATOS
PRELIMINARMENTE
1. Da Nulidade 1 (incompetência absoluta)
2. Da nulidade 2 (por exemplo, da prova ilícita).
3. Da Nulidade 3 (da rejeição da denúncia por ausência de
justa causa – artigo 395, CPP).
4. Da Prescrição – Artigo 109.

DO MÉRITO
1. Da absolvição sumária com base no artigo 397, CPP.

DAS PROVAS A PRODUZIR


1. Indicar as provas com as quais você irá instruir o processo.

DOS PEDIDOS
1. Da incompetência.
2. Da Absolvição
3. Da nulidade
4. Das Provas
Nestes termos, pede deferimento.

Local, data
Advogado – OAB...

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