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Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN

Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais – FAFIC

Departamento de História – DHI

Componente Formativo: História do Rio Grande do Norte I

Docente: Leonardo Cândido Rolim

Discente: Rafael Pereira Maia

ARAÚJO, Avohanne Isabelle Costa de. Limpar, sanear e construir:


intervenções de salubridade no espaço público da cidade do Natal. In id.
Curar, fiscalizar e sanear: as ações médico-sanitárias no espaço público da
cidade de Natal (1850-1889). Dissertação (Mestrado em História). Programa de
Pós-graduação em História. Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
2015. p. 88-119.

“Por sua vez, o bairro conhecido por Ribeira tornou-se um lugar definido
basicamente pelas atividades comerciais e alfandegárias, devido às atividades
portuárias [...]. O terreno era quase todo ensopado, pantanoso, enlodado.
Apenas alguns trechos ficavam a descoberto nas marés altas de janeiro.”
Devido a essa característica, a Ribeira sofria reiteradas vezes com as
enfermidades endêmicas e epidêmicas, em grande parte propagadas através
do cotidiano do porto e das péssimas condições sanitárias do lugar. (89 – 90)

“[...]a Cidade do Natal passou por medidas que contemplavam desde a


limpeza pública até a construção de obras que visavam distanciar o “mal” da
cidade, afastando dela o cemitério e o Hospital de Caridade. Deslocamentos
que dizem respeito à dimensão do saneamento e que, por sua vez, vai produzir
transformações na paisagem da cidade. Todas essas medidas fazem parte do
arsenal do pensamento higienista dos Oitocentos.” (p.93)
“Essas Posturas demonstram o que as autoridades municipais consideravam
como práticas que iam contra os ideais de higiene pública, principalmente a
conduta dos moradores que costumavam criar os animais soltos, pois os
animais, ao fazerem as suas necessidades fisiológicas nas vias públicas,
sujavam a cidade. Essa não era uma realidade vivida somente na Cidade do
Natal.” (p.98)

“a situação da Cidade do Natal se agravava devido à população migrante que


fugia da seca que ocorria no interior da Província do Rio Grande do Norte. No
dizer desta autora, isso justifica “o surgimento de medidas que passaram a
ordenar e regulamentar as ações do poder público, introduzindo normas
restritivas e punitivas de controle sanitário. (p.102)

“Os saberes e ações empreendidos, tanto pelos médicos quanto pelas


autoridades provinciais e municipais, no que diz respeito à limpeza pública da
cidade, fornecem elementos para que seja pensada uma nova forma de vida
saudável, mudando o ordenamento da cidade. Com o intuito de constituir uma
cidade higienizada, seria necessário erradicar antigos hábitos e “reorganizar os
espaços em função da técnica, da higiene e da norma”.” (p.108)

“Além da questão econômica, a Igreja se recusava a aceitar as regras de


enterramento fora dos templos, porque se considerava a concepção simbólica,
segundo a qual o templo “representava a salvação e a vida eterna, ao contrário
dos espaços não sagrados, que significavam trevas, ausências de luz.” (p.110)

“[...]a associação entre pobreza, sujeira e doença era comum entre as


autoridades provinciais. Os Presidentes de Província do Rio Grande do Norte
acusavam a falta de higiene como principal característica da população pobre.
Por dedução, os pobres eram vetores de doenças. Daí, serem alvos dos
internamentos hospitalares, até como forma de acautelamento estatal, de modo
a preservar o restante da sociedade.” (p.115)
“As duas obras ligadas à saúde pública, o hospital e o cemitério, e a tentativa
de manter a higiene e salubridade da cidade de maneira ordenada mostram os
limites estatais de intervenção urbana. A concepção de espaço terapêutico, ou
seja, destinado ao tratamento da população, influenciou na maneira de separar
o que representava perigo, e, consequentemente, ia de encontro ao discurso
higienista de manter a limpeza e o ordenamento urbano da Cidade do Natal.”
(p.119)

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