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O encantamento da leitura:

motivador para a reflexão crítica

Danilo Passos Santos


Faculdades Integradas Teresa D’Ávila - FATEA

Clara Araújo de Miranda Alves


Faculdades Integradas Teresa D’Ávila - FATEA

Luciani Vieira Gomes Alvareli


Faculdades Integradas Teresa D’Ávila - FATEA
RESUMO

A presente pesquisa em desenvolvimento tem por objetivos despertar nos educandos o


interesse pela leitura, conscientizar os mesmos sobre o desenvolvimento do pensamento
por intermédio da reflexão crítica e contribuir para o aprimoramento cultural, redacio-
nal e vocabular. Em suas primeiras etapas de desenvolvimento, o despertar pela leitura
aconteceu de maneira efetiva, a julgar, pela livre escolha dos educandos sobre as obras,
observando as opiniões pessoais e contribuições externas que influenciaram neste proces-
so. Por meio da seleção de literatura modernista e contemporânea, busca-se estabelecer
uma intertextualidade com os clássicos da literatura para a formação crítica e reflexiva
conforme a teoria da complexidade de Morin (2002). Para o desenvolvimento da leitura
são elaboradas atividades de desenvolvimento da habilidade cognitiva e de confronto de
ideias. Com o auxílio da tecnologia educacional preconizado por Alvareli (2012) e dos
contextos universais da literatura defendidos por Candido (2006), como estratégias de
capacitação cultural e intelectual dos educandos analisados por esta pesquisa, o uso de
enredos e a compreensão de contextos temáticos e históricos da literatura serão os maiores
aliados no aprimoramento da reflexão crítica.

PALAVRAS-CHAVE:
Educação; Leitura; Língua Portuguesa; Literatura.
ABSTRACT

This research in development aims to awaken in students interest in reading, educate


them about the development of thinking by means of critical reflection and contribute
for cultural, editorial and vocabulary enhancement. In its early stages of development,
the awakening for reading has happened in an effective way, judging by the free choice
of the students on the works, observing the personal opinions and external contributions
that influenced in this process. By means of selection of modernist and contemporary
literature, one seeks to establish an intertextuality with literary classics for critical and
reflective training as complexity theory of Morin (2002). For the reading development it is
elaborated development activities of cognitive ability and ideas confrontation. With edu-
cational technology help professed by Alvareli (2012) and universal contexts of literature
defended by Candido (2006), as cultural and intellectual capacity strategies of students
analyzed by this research, the use of plots and understanding of thematic and historical
contexts of literature will be the greatest allies in improvement of critical reflection.

KEY-WORDS:
Education; Reading; Portuguese Language; Literature.
INTRODUÇÃO

O hábito de ler é uma das realidades mais discutidas frequentemente em todos os


âmbitos sociais e educacionais. Por este motivo a presente pesquisa busca compreender
quais as bases preliminares para a construção do leitor crítico a partir da valorização na
leitura deste indivíduo em estudo com ferramentas e metodologias pedagógicas, o uso
pertinente da crítica literária e a literatura.
Neste primeiro momento, a pesquisa voltou-se à investigação do perfil do leitor
licenciando em Letras com habilitação em Língua Inglesa, de uma instituição particular
de ensino superior com duas metodologias, sendo uma voltada à prática e interação; e a
outra ao uso da tecnologia e a crítica literária, para a compreensão crítica da literatura. O
título em discussão proporciona diversas alusões à formação leitora, porém, como objetivos
específicos, a pesquisa busca: a) apresentar metodologias interacionais para o estímulo à
leitura; b) discutir o perfil do indivíduo leitor, bem como, o aluno leitor de nível médio e
graduação; c) usufruir da crítica literária para a formação crítica do leitor e d) apresentar
metodologias inovadoras para o ensino de literatura aos professores preocupados em
despertar o interesse efetivo dos seus alunos à disciplina.
Em conformidade com preconiza Freire (1981, p. 09), a leitura é importante para a
formação do indivíduo, pois o mesmo terá uma leitura do mundo a partir de sua leitura
pela palavra de modo que a “linguagem e a realidade se prendem dinamicamente”. A
partir da leitura, o indivíduo conquistará o seu olhar mundano e com a efetiva prática
da mesma, construirá o seu olhar crítico. A formação crítica precede a formação leitora,
porém, instituir a criticidade no leitor implica o desenvolvimento de diversas metodologias
práticas e interacionistas, para se alcançar o objetivo.
A formação leitora precede os primeiros anos iniciais do indivíduo, e o auxílio da
família é de grande impacto nesta formação. Os primeiros sinais de fala se conectam no
olhar que o mesmo tem do seu mundo inicial e o surgimento das letras, acompanhado
das figuras, auxilia no processo de fala e aprendizagem. Acertamos que a literatura infantil
agrega diversas ferramentas psicopedagógicas para o desenvolvimento motor e intelectual
das crianças em seus primeiros anos de vida. Abranger este aspecto pedagógico retraria
discussões específicas que não se encaixam no objetivo geral desta pesquisa, haja vista
que a mesma está sendo desenvolvida com indivíduos da educação básica de nível médio
e da educação superior.
O despertar pela leitura provém de ações pedagógicas que envolvam os indivíduos
em uma mesma linha de pensamento, por exemplo: mobilizações interacionais em sala
de aula, pautadas em temas atuais para discussão. O que encontramos em grande parte
das aulas de professores de Língua Portuguesa é o uso dos recursos midiáticos (crônicas,
artigos de opinião, etc.) para despertar nos educandos um interesse informativo e promover
uma discussão que, na maioria dos casos, se encerra na produção textual. Nesse caso, um
método tradicional de ensino deve ser utilizado com o auxílio das metodologias inovadoras
de ensino e com o recurso da tecnologia, além de, incluir a literatura – bem como a sua
crítica literária – para elevar a formação leitora e crítica dos educandos.
Como mencionado anteriormente, o artigo apresentará duas metodologias acerca do
despertar literário, bem como a sua análise de resultados que abrange o sociointeracionismo
vygotskyano, a didática, a crítica literária e a tecnologia, esta última como elemento
principal na construção do leitor na atualidade, uma vez que, a nova geração de leitores
se apodera dos recursos tecnológicos como aliados às suas rotinas.

EMBASAMENTO TEÓRICO

Por se tratar de um tema que evoca os princípios do encantamento da leitura, bem


como a sua motivação voltadas à formação de uma aptidão literária, esta pesquisa toma
respaldo na teoria sociointeracionista de Lev Vygotsky, uma vez que se entende que a
cognição do aluno se desenvolve pela sua interação com o meio social e com o outro,
possibilitando a geração de novas experiências e de compartilhamento de conhecimento.
O professor media a aprendizagem com estratégias que levem o aluno a se tornar
independente, estimulando o seu conhecimento potencial.
No que diz respeito ao papel da escola e do professor, Coelho e Pisoni (2012, p. 148)
dissertam que:

A escola deve estar atenta ao aluno, valorizar seus conhecimentos prévios, trabalhar
a partir deles, estimular as potencialidades dando a possibilidade deste aluno
superar suas capacidades e ir além do seu desenvolvimento e aprendizado. Para
que o professor possa fazer um bom trabalho ele precisa conhecer seu aluno, suas
descobertas, hipóteses, crenças, opiniões desenvolvendo diálogo criando situações
onde o aluno possa expor aquilo que sabe. Assim, os registros, as observações são
fundamentais tanto para o planejamento e objetivos quanto para a avaliação.

Torna-se, portanto, um fator primordial para a pesquisa aqui apresentada, que o


professor ou mediador da construção de leitura nos indivíduos tenha um conhecimento
pessoal prévio em relação aos seus alunos, principalmente para compreender um possível
decift de leitura, para que possa ajudá-lo a criar aptidão/competência para a mesma.
Para o embasamento do objetivo da pesquisa, vale ressaltar a compreensão do texto
literário como função humanizadora, defendida por Cândido (1972), na qual, realça as

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emoções do homem para a compreensão do texto literário. Nesse aspecto, o autor destaca
outras funções do texto literário, tais como, psicológica, formadora e social. Sobre a
importância do texto literário o autor disserta (CÂNDIDO, 1972, p. 804):

Tanto quanto a estrutura ele nos dizem de perto, porque somos levados a eles
pela preocupação com a nossa identidade e o nosso destino, sem contar que a
inteligência da estrutura depende em grande parte saber como o texto se forma a
partir do ontexto, até construir uma independência dependente (se for permitido
o jogo de palavras). Mesmo que isto nos afaste de uma visão científica, é difícil pôr
de lado os problemas individuais e sociais que dão lastro às obras e as amarram
ao mundo onde vivemos.

As perspectivas pessoais para uma análise literária foi um dos pontos fortes no
desenvolvimento dessa pesquisa.
Sobre as perspectivas de comunicação oral e escrita, tendo em vista, o uso das mesmas
para a formação do leitor crítico, Morin (2002, p.274) adverte:

O ensino contínuo da língua e a compreensão dos belos textos, os exercícios e


os ensaios de expressão escrita e oral sob diversas formas, podem arrancar os
estudantes, para o resto da vida, da atonia da linguagem e podem fazer com que
eles utilizem com certa facilidade sua própria língua.

Para o autor, o ensino de literatura também se interliga com as capacidades de


expressão por parte dos alunos, para acarretar uma efetiva interpretação em cima do
objeto estudado: o livro em si.
Esta pesquisa aborda o uso da tecnologia na compreensão da Literatura. Para tal,
utiliza a plataforma Moodle. O Moodle consiste em uma plataforma de aprendizagem
desenhada para fornecer a educadores, administradores e aprendizes um sistema resistente,
seguro e integrado, possibilitando um ambiente de aprendizagem personalizado. Tal
ferramenta foi desenhada pelo australiano Martin Dougiamas, a fim de viabilizar o
oferecimento de cursos pela internet (ALVARELI, 2012).
O uso da plataforma Moodle foi imprescindível para o desenvolvimento da presente
pesquisa, pois todos os conteúdos e discussões foram realizados pelo ambiente virtual,
servindo como apoio tecnológico e educacional na formação leitora e aprendizagem
literária.

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METODOLOGIA

Na pesquisa em desenvolvimento e realizada com alunos graduandos em licenciatura


em Letras, de uma instituição particular de ensino superior, em um primeiro momento,
houve a preocupação com o “gosto pessoal de leitura” destes alunos que também são
pesquisadores participantes do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência
(PIBID), haja vista que o encantamento e o hábito do leitor é também construído através
dos seus traços personalíticos. Deste modo foi realizado um “piquenique literário” para
buscar respostas pertinentes ao estilo pessoal de leitura dos alunos e para designar uma
metodologia prática de despertamento literário que será detalhada nas páginas seguintes.
Este piquenique foi realizado em três etapas, sendo a primeira, a divulgação do dia em
que seria realizado o piquenique para que os indivíduos escolhessem os seus respectivos
livros de leitura; em um segundo momento, um prazo para a leitura dos livros escolhidos;
e após, o debate das obras por intermédio do entretenimento, no caso o piquenique, no
qual cada aluno traria um alimento ou bebida e compartilhariam suas experiências leitoras
acerca do livro escolhido.
A realização deste “entretenimento literário” é, sem sombra de dúvidas, uma
ferramenta de conhecer e impulsionar o gosto pela leitura dos alunos, neste caso, de nível
superior e atuantes como pesquisadores nas escolas estaduais, pelo programa mencionado
anteriormente.
Dada a importância da leitura, compreende-se que o estudo da literatura abrange
mais do que a leitura superficial de um texto, exigindo do leitor uma análise crítica dos
elementos constituintes da obra e dos significados encontrados por detrás de cada escrito,
eis o que corroboramos com a expressão: “criticidade literária”. O conhecimento, neste
aspecto, é adquirido por meio da compreensão da história da literatura brasileira, a qual
se divide em diferentes períodos, cada qual com suas características históricas, sociais,
autorais e biográficas.
A partir deste contexto o segundo objetivo específico desta pesquisa em
desenvolvimento, conforme destacado na introdução, é a discussão de uma metodologia
inversa para a aprendizagem da literatura brasileira, partindo dos princípios
contemporâneos da comunicação e do design editorial, criando uma intertextualidade
com o mensário de arte moderna klaxon, publicado em 1922 e 1923 no auge da Semana
de Arte Moderna de 1922, marco inicial da era moderna na literatura brasileira.
Para a realização desta metodologia, o uso da plataforma moodle (ambiente
virtual de aprendizagem utilizado por diversas instituições superiores de ensino) foi de
suma importância na coleta de dados e transmissão específica da literatura por um viés
contemporâneo e crítico, pertinentes ao início da segunda década do século XX, ou seja,

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ao modernismo brasileiro. Em um primeiro momento foi distribuído um questionário
quantitativo (anexo 01) para conhecer as bases preliminares dos alunos em relação à
história da literatura, bem como os seus hábitos por leitura. Na plataforma moodle, uma
oficina virtual sobre a “Literatura modernista – fase I” foi instaurada a fim de motivar os
alunos aos conhecimentos crítico-literários do período modernista e para conhecer, além
do piquenique literário, os gostos pessoais relacionados à literatura contemporânea. Cinco
edições do Mensário de Arte Moderna Klaxon foram publicadas no ambiente virtual para
leitura, e, após, cada aluno escolheu – livremente - um livro para leitura com autoria de
diversos autores modernistas.
Com a leitura das edições da revista Klaxon e do livro pessoal, materiais de
cunho crítico-literário foram apresentados por intermédio do design editorial, através
de um e-book (livro virtual) (anexo 02) no mesmo ambiente moodle. Com as leituras
foi proposto um debate virtual acerca dos conteúdos apresentados anteriormente e
compreendido o entendimento dos leitores e das obras em estudo, como uma influência
externa na construção crítica do leitor, que será abordada detalhadamente nos “resultados
preliminares” desta pesquisa.
Um segundo momento prático consiste em desenvolver um material literário nos
moldes do Mensário de Arte Moderna, adaptado para temas da atualidade e construído
com materiais autorais dos alunos em estudo.

RESULTADOS PRELIMINARES
METODOLOGIA PRÁTICA COMO UM DESPERTAR LITERÁRIO

Conforme explanado anteriormente foi sugerido aos alunos-pesquisadores a leitura


de um livro para a promoção de um debate literário em um piquenique. Observou-se que
a escolha de leitura foi diversa, na qual, a maioria optou pela literatura estrangeira e livros
do topo da lista dos mais vendidos em revistas informativas de circulação midiática. Esta
escolha de leitura não interferiu no entendimento do contexto da obra por parte dos alunos
e demonstrou que para conhecer o aluno-leitor em estudo, as obras contemporâneas são
um elo primordial na construção leitora e o uso do entretenimento é uma ferramenta
enriquecedora na formação literária deste indivíduo, pois o diferencial é um ponto chave
e didático no interacionismo do leitor vs. obra. O piquenique literário é um exemplo
de metodologia em um ambiente estudantil. Quando os alunos foram impulsionados
a escolherem um livro, cientes do debate interacional sobre suas leituras, a maioria dos
mesmos se sentiram motivados a ler.

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A construção da leitura requer a prática pedagógica em situações como esta, ou
criando situações interacionais, tendo em vista que o indivíduo aprende em conjunto,
como discutido pela teoria vigotskiana. A partir deste modelo didático, torna-se possível
conhecer o tipo de leitor, com o qual nos defrontamos no nosso cotidiano. Conhecer os
estilos de leitores que rondeiam o ambiente estudantil é a base para a construção pedagógica
do ensino de literatura, seja ele em níveis do fundamental, médio ou graduação.
Em continuidade e como profundidade à pesquisa, um questionário (anexo 01)
acerca dos conhecimentos literários foi aplicado para descobrir o real entendimento
de literatura e crítica literária nos alunos, com perguntas voltadas ao conhecimento de
obras literárias, autores e nível pessoal de leitura. A partir das respostas coletadas e do
desenvolvimento da oficina virtual de literatura modernista fase I, foi possível identificar
que fatores personalíticos influenciam na formação leitora do indivíduo e que métodos
de ensino literário também são um elo para a motivação dos mesmos, haja vista que
muitos alunos neste questionário disseram que aprenderam as disciplinas de literatura
brasileira e literatura portuguesa por métodos tradicionais de aula, ou seja, os em que o
professor desenvolve o conceito em sala e o avalia por intermédio de testes sem consulta,
abdicando-se do sociointeraconismo.

TRAÇOS DA PERSONALIDADE, SOCIEDADE E VOCABULÁRIO


INFLUENCIAM NA ESCOLHA DA LEITURA

Após a aplicação do questionário, foi proposta a leitura de cinco edições da revista


klaxon, mensário artístico e literário publicado antes e durante a semana de arte moderna,
em 1922 que culminou no movimento modernista brasileiro e em seguida foi aplicada
uma nova proposta de leitura, na qual, a escolha das obras seria de autores pertencentes
ao modernismo brasileiro. Logo, um novo debate literário foi proposto para analisar o
real entendimento entre autor e obra. No piquenique literário, acontecido meses antes
do desenvolvimento da oficina virtual, a maioria dos alunos escolheram títulos de livros
conducentes à literatura estrangeira e de mídia e no debate. Destacaram que a escolha fora
por indicações – informais e de veículos de imprensa – e pelo vocabulário. Títulos como
“A culpa é das estrelas” (John Green), “Querido John” (Nicholas Sparks), “Harry Potter (J.
K. Rowling) e “O lado bom da vida” (Mathew Quick) foram os mais discutidos no debate.
Em segundo plano, leitores destacaram suas escolhas clássicas da literatura brasileira,
tais como “Dom Casmurro” (Machado de Assis) e “Capitães da Areia” (Jorge Amado),
induzidos por indicações, temas e vocabulário, novamente.

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A partir dessas escolhas citadas anteriormente, percebe-se que a construção leitora
se obtém a partir da atualialidade a qual as obras são similares aos leitores, ou seja, o amor
juvenil melancólico e trágico pautado por John Green é um mesmo gosto pessoal do leitor
que escolhera Nicholas Sparks e a escolha de Machado de Assis parte pelo mesmo tema,
porém, ciente de que a obra machadiana é um clássico literário e que o vocabulário pode
não estar próximo da realidade juvenil. Baseando-se nestes contextos, há de se compreender
que a modernidade é um fator primordial na construção leitora e que o uso das tecnologias
na literatura é uma ferramenta didática para esta construção.
Em termos literários, o modernismo brasileiro se aproxima da literatura
contemporânea com o qual os indivíduos estão acostumados ou que são de fácil
entendimento para os mesmos. Por este motivo, a inclusão da oficina virtual acerca do
modernismo brasileiro – fase I serviu para motivar os alunos à criticidade literária. A
revista Klaxon foi um apoio para a compreensão crítica do período literário estudado,
assim como a leitura de materiais teóricos e críticos acerca das passagens que antecipam
e fomentam o movimento modernista brasileiro foi de suma importância para a formação
crítica dos alunos-pesquisadores. Como produto final de pesquisa os alunos desenvolverão
uma revista literária digital com a mesma construção crítica e contextual da revista Klaxon,
porém com materiais literários de cunho pessoal para uma análise criativa e reflexiva
acerca da formação literária.
A partir deste desenvolvimento e baseando-se no debate virtual incluído na
oficina da plataforma moodle, é possível destacar que a motivação pela leitura perpassa
por fatores da personalidade, uma vez que, a escolha de leitura passa pelo consciente de
cada indivíduo. A exemplo foi a escolha de leitura de “Os Sertões” (Euclides da Cunha)
em que uma leitora disse que o seu gosto pessoal pelo nordeste, a levou ao livro.

CONCLUSÃO

“Encantar-se” é uma tarefa com a qual nos confrontamos constantemente durante


a nossa trajetória de vida. Todos se encantam por diversos fatores, motivos ou ações e
encantar-se é se sentir surpreendido com o que julga ser novo. O encantamento pela leitura
é a surpresa de se criar um hábito pela mesma, este o melhor hábito (e mais saudável) de
todos, pois a construção do mesmo fomenta a formação crítica e sensorial do ser humano.
Este encantamento aguça a formação intelectual de todos e deve ser constantemente
cultivado. Ler, é um verbo que agrega conhecimento e crítica em uma única ação e ao
longo da caminhada educacional. Os educandos são mediados no processo de aquisição
leitora. Estes mediadores são os professores, em geral, independentemente da disciplina,
porém mais especificamente os educadores de Língua Portuguesa e Literatura.

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A prática leitora se adquire após a alfabetização e o auxílio da família é primordial
para a formação da criança que começa a ler o mundo através do seu próprio olhar. E o
seu olhar será construído através dos anos, perpassando pela infância motora, infância
e adolescência. Nesta última fase, o aluno encontra-se no ensino médio frente à uma
disciplina, antes não aprofundada durante o seu percurso educacional: a literatura.
Sabemos que a “palavra” é a base da literatura, logo, há de se concluir que o ensino da
disciplina de literatura pode ser ministrado a partir dos anos iniciais do ensino fundamental
II, conhecido como “leitura e produção de texto”, haja vista que há professores que
mediaram a alfabetização dos alunos durante o primeiro ciclo do ensino fundamental. É
imprescindivelmente necessária a continuação deste processo de alfabetização no segundo
ciclo do ensino fundamental, desta vez compactada à leitura, ou como citei anteriormente,
literatura. Por que não discutir literatura nos anos iniciais do fundamental II?, de modo a
construir uma abordagem sistemática, de modo que o aluno aguce o seu gosto pela leitura
para no ensino médio, rebuscá-lo com a, enfim, disciplina de literatura.
Porém a construção crítica se dará a partir do ensino médio, uma vez que diversas
disciplinas se tornarão mais complicadas e complexas, as disciplinas de linguagens, códigos
e suas tecnologias passarão pelo mesmo processo de amadurecimento, mas lidarão com
um público de alunos que – em prática – deverão estar amadurecidos intelectualmente
para o envolvimento e desenvolvimento nas disciplinas. A realidade nem sempre será
esta. No momento em que os professores lidarão com alunos alfabetizados e precisamente
aptos aos vestibulares em geral para o crescimento profissional, a crítica literária se fará
presente para construir uma nova visão individual, o aprimoramento cultural e o auxílio
na produção textual.
Estes três últimos itens são os objetivos das disciplinas de Língua Portuguesa e
Literatura no ensino médio, mas que se confrontarão com o desinteresse dos discentes e
estarão sujeitos a outras prioridades, por exemplo, o aluno que sonha em ser engenheiro,
demonstrará mais facilidade para as disciplinas de exatas do que para as humanas. O
encantamento pela leitura será notoriamente efetivado quando estes discentes perceberem
que o hábito leitor é de suma construção cultural e crítica e o papel do docente é integrar
este encantamento a metodologias inovadoras que saem dos métodos tradicionais de
ensino e se integram à tecnologia, além de, acima de tudo, à intertextualidade. Uma
das bases primordiais para o ensino de literatura é a intertextualidade. Por intermédio
da intertextualidade, a literatura automaticamente agregará a contemporaneidade e a
modernidade para atrair o leitor dependente das tecnologias em sua rotina.
O leitor crítico, em consequência do seu gosto pela leitura, um aspirante a escritor,
tendo em vista que a leitura aprimora a produção textual. Eis a necessidade de agregar a
crítica literária às discussões literárias pautadas em sala ou no cotidiano, pois as opiniões
de estudiosos no assunto, fomentarão novas visões acerca dos temas em estudo. E estes
estudiosos, são, acima de tudo, leitores críticos encantados pela leitura.

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REFERÊNCIAS

ALVARELI, L V. G. Auto-heteroecoformação tecnológica experienciada por um professor


atuante na plataforma Moodle sob a perspectiva da Complexidade. 2012. 240 f. Tese de
Doutorado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem. Pontifícia Universidade de São
Paulo, São Paulo, 2012.
CÂNDIDO, A. A literatura e a formação do homem. Ciência e cultura, São Paulo, v. 4, p. 803 –
809, set. 1972.
COELHO, Luana e PISONI, Sileno. Vygotsky: sua teoria e influência na educação. Revista
Modelos – FACOS/CNE C Osório. Ano 02 – Vol. 02 – Nº 02 – AGO / 2012. Disponível em http://
facos.edu.br/publicacoes/revistas/eed/agosto_2012/pdf/vygotsky_sua_teoria_e_a_influencia_na_
educacao.pdf. Acesso em 01/abr/2014.
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. Em três artigos que se completam. 1ª ed. São Paulo:
Cortez, 1981.
MORIN, E. A religião dos Saberes. 3. Ed. São Paulo: Bertrand Brasil, 2002

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