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FP080 - RESOLUÇÃO E TRANSFORMAÇÃO DE CONFLITOS NO ÂMBITO ESCOLAR

ATIVIDADE PRÁTICA

SITUAÇÃO HIPOTÉTICA DE MEDIAÇÃO

Código: FP080

Curso: Mestrado em Educação

Nome e sobrenome do estudante: José Antonino Canani e Maria Rodrigues Gomes.

Grupo: 2021-02

Data: 10/09/2021

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SUMÁRIO

1 Situação de mediação..................................................................................................... 3
a) Descrição do caso.................................................................................................. 3
b) Mediação dos conflitos........................................................................................... 3
c) Análise da situação................................................................................................ 4
d) Transformação dos conflitos.................................................................................. 4
2 Princípios presentes na situação de mediação.............................................................. 5
3 Frases de alerta para a RTC no âmbito escolar............................................................. 5
4 Referências..................................................................................................................... 6

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1 Situação de mediação
A mediação é uma técnica usada na resolução de conflitos, especialmente no
âmbito escolar guiada por princípios de suma relevância como a neutralidade,
voluntariedade e confidencialidade das partes envolvidas no processo (FUNIBER, 2021).

a) Descrição do caso
O caso apresentado se refere a diversos conflitos ocorridos no âmbito escolar,
pontualmente na turma do 1° ano do ensino fundamental de uma escola pública
municipal, onde encontramos como ator comum uma discente de apenas 06 (seis) anos
de idade que chamaremos de “Malala”. Após apresentar mudança súbita e inexplicada
em seu comportamento, Malala porta-se desapropriadamente perante professores e
colegas.
A conduta conflituosa apresentada pela discente diante da professora é de
indisciplina, externando desmotivação, contrariedade e resistência na realização das
atividades escolares.
Em relação aos colegas o conflito se faz presente na ocorrência de agressividade,
chegando por vezes a demonstração de violência. Os atos agressivos ocorrem
cotidianamente, tal como xingamentos e o uso de palavrões.

b) Mediação dos conflitos


Numa resolução de conflitos não existem procedimentos pré-estabelecidos, pois
as características que marcam o contexto obrigatoriamente devem ser observadas.
Destarte, a escuta ativa de todos os envolvidos no conflito é pressuposto fundamental na
compreensão da história e na valoração do poder de fala das partes (FUNIBER, 2021).
Introduzindo a mediação na identificação dos conflitos e investigação das
posições assumidas, ouviu-se primeiramente Malala e os colegas envolvidos nas
contendas. A princípio explicou-se o que se esperava com a conversa (papel do
mediador) de forma a gerar confiança e apaziguar ânimos.
Com a escuta intercalada na mediação ficou congruente a opinião dos colegas ao
destacarem que Malala havia mudado seu comportamento. Que em períodos anteriores
quando os amigos se aproximavam para brincar havia reciprocidade, diferente do
momento atual, onde ocorre desinteresse, repulsa e por vezes violência. Já Malala falou
que não gostava mais de brincar com seus colegas, que não achava as brincadeiras mais
engraçadas e que preferia ficar sozinha, sendo que pela insistência dos colegas acabava
ficando irritada e brigava com eles.
Na conversa com a professora regente da turma de Malala, houve maior
esclarecimento quanto a mudança de comportamento ocorrida. A professora citou que a

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discente sempre realizava suas atividades, estava comprometida e participativa, sendo
que há cerca de um mês houve essa mudança comportamental abrupta, externando:
dificuldade na concentração e aprendizagem, desinteresse pelas atividades escolares,
queda na frequência escolar, preferência ao isolamento e silêncio que ao diálogo e
interação.

c) Análise da situação
Ao realizar a escuta ativa ficou evidenciado que os conflitos tiveram origem a
partir de uma mudança comportamental de Malala, mudança tal que carece ser
investigada para uma melhor compreensão do caso. No geral, como bem diz FUNIBER
(2021, p.20), “os conflitos que se apresentam no âmbito escolar podem ter sua origem
fora dos muros da escola”, e nesse caso fica evidente a intromissão de fatores externos
que tiveram reflexo no âmbito escolar.
Posto isto, a decisão tomada foi inserir outros atores do entorno na cooperação do
processo de mediação. Ato contínuo, a família de Malala foi acionada para uma conversa,
pois como sabemos o primeiro contato social é o familiar, o qual se reproduz na vida
escolar e social da criança.
A família ficou ciente que toda a conversa realizada seria mantida em sigilo, pois
como citado em Morgado e Oliveira (2009) qualquer processo de mediação deve
desenrolar-se de acordo com uma série de princípios, dentre eles o da confidencialidade
que garante maior disponibilidade na manifestação acerca do conflito, tornando as partes
mais aptas a propor alternativas para a resolução.

d) Transformação dos conflitos


A conversa com a família trouxe à tona a situação de abuso sexual que a Malala
havia sofrido. O caso foi vivenciado no seio familiar, mais precisamente ao lado da
residência da família e praticada por um vizinho. A mãe flagrou o ato e acionou a polícia,
que conduziu para a realização do exame de conjunção carnal, o qual deu negativo.
Cabe aqui destacar que não houve mais relatos sobre procedimentos posteriores
tomados.
É previsto na prospecção da situação que nem tudo pode ser resolvido pelo
mediador, por vezes é importante ter conhecimento básico da Legislação Nacional e
recorrer a especialistas e entidades que são capazes de auxiliar no andamento do
processo a obter um melhor resultado.
Percebe-se que Malala não recebeu apoio psicológico para enfrentar a situação
de abuso. Isso não significa que a família não tenha tentado, mas em situação como

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essa, muitas famílias não sabem como agir para que isso não traga impactos na vida da
criança ou perpassem para a vida adulta.
Restou então requerer junto a equipe multiprofissional da rede municipal de
ensino o atendimento assistencial e psicológico a Malala como forma de prover apoio
profissional especializado.
Em meio ao andamento da resolução e transformação de conflitos ocorrida no
educandário, procedeu-se a comunicação do Conselho Tutelar, conforme previsto no art.
56 do Estatuto da Criança e Adolescente.
O Centro de Referência Especializado da Assistência Social (CREAS) foi
acionado para dar assistência também a família, visto que é com ela que a discente
passará a maior parte do tempo e poderá observar outros comportamentos que caberá
investigar para fins de uma resposta mais adequada.
No estabelecimento escolar diversas atividades foram desenvolvidas para
estimular uma cultura de paz além de tornar o ambiente mais propício a facilitar
naturalmente a revelação de abuso sexual que porventura algum outro estudante possa
estar sofrendo. Da mesma maneira os profissionais da educação foram capacitados para
identificar os sinais externados por vítimas de abuso sexual.
Tendo em vista todos os aspectos observados percebe-se que o poder de quem
faz a mediação é limitado, pois existem conflitos que por sua complexidade precisam de
uma resolução em outras instâncias (FUNIBER, 2021).
Por outro lado, o mediador ao estimular e expressar diferentes formas de solução
aos problemas também deve instigar a presença da paz, pois como dito por Dupret
(2002) a violência já está bastante denunciada e é hora de começarmos a convocar a
presença da paz em nós, entre nós, entre nações, entre povos.

2 Princípios presentes na situação de mediação


Na mediação da situação descrita foram utilizados os seguintes princípios que são
imprescindíveis para o desenvolver da função da pessoa ou equipe mediadora:
● Sensibilidade;
● Conhecimento básico da Legislação Nacional e do Ministério da Educação;
● Capacidade comunicativa;
● Capacidade de escuta;
● Capacidade de manter sigilo;

3 Frases de alerta para a RTC no âmbito escolar


“O conflito é inerente às relações humanas, no entanto, ele não deve sobrepor o
diálogo e o respeito!”

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“A violência é demonstração de ressentimentos e amargura sofridos, o diálogo e a
restauração produzem a paz que o coração necessita!”

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4 Referências

Dupret, Leila (2002). Cultura de paz e ações sócio-educativas: Desafios para a escola
contemporânea. Psicol. Esc. Educ., 6 (1), 91-96.
https://doi.org/10.1590/S1413-85572002000100013

FUNIBER (2021). Resolução e transformação de conflitos no âmbito escolar. Barcelona.


Espanha.

Morgado, Catarina & Oliveira, Isabel (2009). Mediação em contexto escolar: transformar o
conflito em oportunidade. Exedra: Revista Científica, 1646-9526 (1), 43-56.

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