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CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
MARINGÁ
2023
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MARINGÁ
2023
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1 INTRODUÇÃO
Os pisos mistos convencionais podem ser formados por tipos diversos de perfis de aço
e de lajes. Quanto aos perfis, podem ser de alma cheia (simétricos ou assimétricos) ou com
aberturas na alma (também conhecidos como perfis alveolares). Dentre essas possibilidades,
no caso dos pisos convencionais, o uso de perfis com aberturas na alma é bastante recente e
inovador com origem na Europa (início do século XX).
Estes perfis são formados a partir de um corte longitudinal da alma de um perfil
comum, seguindo um desenho específico para formar os diferentes padrões de aberturas, com
posterior deslocamento e soldagem de forma a aumentar sua altura (SONCK; BELIS, 2015),
como é apresentado na Figura 1.1.
seções celulares, e as de abertura hexagonais (Figura 1.2b), estas sendo chamadas de seções
casteladas.
(a) (b)
Fonte: Autor
Os perfis alveolares são mais resistentes em comparação com perfis comuns, visto o
aumento significativo da relação entre inércia e peso, além de promover uma utilidade prática,
como por exemplo a passagem de tubulação através de seus alvéolos, e promover uma boa
estética arquitetônica (NSEIR et al., 2012).
Por outro lado, a presença das aberturas diminui a capacidade do perfil de resistir à
esforços cortantes, além de facilitar a ocorrência de instabilidades locais, por isso, são mais
indicados para grandes vãos submetidos a pequenas cargas (BADKE-NETO et al., 2013).
Segundo a norma NBR 8800:2008, vigas apoiadas submetidas à momento fletor
devem considerar em seu cálculo três tipos de instabilidades, sendo elas a flambagem lateral
com torção (FLT), a flambagem local da mesa comprimida (FLM) e a flambagem local da
alma (FLA), podendo ocorrer simultaneamente. Estes são efeitos que são intensificados
quando o elemento sofre a associação de compressão e flexão, situação conhecida como
flexo-compressão.
Desta forma, este trabalho buscou avaliar estabilidade de vigas alveolares submetidas
à flexo-compressão, em torno do eixo de menor e maior inércia, de seções casteladas e
celulares, variando o tamanho dos alvéolos, além do comprimento da viga e a excentricidade
da carga aplicada, por meio de análises numéricas.
Existe certa carência de estudos acerca desses tipos de perfis e um certo receio no seu
uso devido atribuído a sua não padronização por procedimentos analíticos normatizados.
Portanto, há necessidade de se conhecer o comportamento desses perfis com relação a
instabilidades, para então se determinar a influência dos parâmetros geométricos e apoiar a
difusão desta tecnologia no mercado.
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2 IMPERFEIÇÕES INICIAIS
50𝑏𝑏𝑓𝑓 𝑡𝑡𝑓𝑓
𝜎𝜎𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟,𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎 = (2.1)
(𝑑𝑑 − 𝑡𝑡𝑓𝑓 − 𝑎𝑎0 )𝑡𝑡𝑤𝑤
Onde:
σres,alma : tensão residual na alma;
bf : largura da mesa do perfil;
tf : espessura da mesa do perfil;
d : altura final do perfil alveolar;
a : altura da abertura dos alvéolos;
tw : espessura da alma do perfil.
(a) (b)
Fonte: Carvalho, Rossi e Martins (2022)
As imperfeições geométricas por sua vez, retratam uma possível curvatura inicial da
estrutura ao fim de seu processo de fabricação (Figura 2.5). A ABNT NBR 8800:2008
recomenda que a adoção um deslocamento equivalente a milésimo do comprimento livre do
perfil (L/1000).
3 ESTUDO PARAMÉTRICO
Fonte: Autor
Fonte: Autor
Já para avaliar as diferenças entre os padrões de abertura, foi feito uma variação da
relação entre o tamanho da abertura (a) e a altura inicial do perfil (d0), sendo esta variação
entre 0,8 e 1,0, com incremento de 0,1 a cada nova análise. Além disso, foi feito uma variação
no comprimento (L) de cada perfil entre 4 metros e 8 metros, com incremento de 2 metros
entre cada análise e uma variação na excentricidade (e) de aplicação da carga de 20 mm e 40
mm.
Foi considerado uma distância mínima entre a borda apoiada e o primeiro alvéolo (S0)
de 200 mm, a fim de evitar instabilidades locais neste trecho devido a presença de alvéolos. A
Figura 3.2 mostra um fluxograma com os modelos analisados.
Fonte: Autor
𝑎𝑎
𝑑𝑑 = 𝑑𝑑0 + (3.1)
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Já em relação aos perfis castelados, no processo de fabricação ocorre uma certa perca
de material nos alvéolos, por isto a altura da seção final deve levar em consideração estes
fatores. Segundo Sonck (2016), a altura final do perfil celular é calculada através da Equação
3.2.
Onde:
rb: é a largura de corte;
w: espaçamento entre os alvéolos.
A largura de corte rb tem um valor fixado de 8 mm e o espaçamento w é calculado a
partir da diferença entre o espaçamento S e o diâmetro do alvéolo a, sendo que S por sua vez
foi fixado como sendo 1,6 vezes o diâmetro da abertura para que o espaçamento entre os
alvéolos (w) fosse aproximadamente igual o espaçamento dos alvéolos castelados,
possibilitando a comparação direta entre as duas geometrias.
Para aplicação de restrições de contorno, foram definidos apoios rígidos para que estes
não influenciassem na distribuição de cargas e deformações dos perfis. Este tipo de apoio
exige um ponto de referência que é utilizado para aplicação de cargas e condição de contorno,
definindo o comportamento do elemento rígido.
As restrições foram aplicadas apenas nos pontos de referência 1 e 2 (RP-1 e RP-2,
Figura 2.1), simulando uma viga bi apoiada, de forma a restringir os três possíveis
deslocamentos em um dos apoios e suas rotações. Exceto em torno do eixo analisado para
evitar situação de engaste, o que se repete no outro apoio, com a diferença de que neste será
liberado o deslocamento longitudinal.
Fonte: Autor
A segunda etapa consistiu em analisar a estabilidade em torno do eixo de maior
inércia, para isto, foram mantidos o carregamento e as restrições aplicados na primeira etapa,
alterando apenas o eixo de rotação que será liberado, que neste caso foi em torno do eixo de
maior inércia. Além disso foi bloqueado o deslocamento e a rotação na direção e em torno,
respectivamente, do eixo de menor inércia ao longo dos eixos longitudinais das mesas
superior e inferior, a fim de garantir que a instabilidade aconteça em torno do eixo de maior
inércia e permitindo a ocorrência de instabilidades locais nas mesas e na alma, como mostra a
Figura 2.2.
Fonte: Autor
Com relação as imperfeições iniciais, foram aplicadas tensões residuais seguindo o
modelo de Sonck, Van Impe e Belis (2014), além de uma imperfeição geométrica com valor
de L/1000, sendo L o comprimento do vão analisado.
O aço utilizado para as vigas é o aço carbono S355, cuja tensão de escoamento é de
355 MPa. O módulo de elasticidade adotado para realização das análises foi de 210 GPa.
Para proposta de relação entre tensão-deformação foi adotado o diagrama elasto-
plástico perfeito, em que se considera apenas a tensão de escoamento do material para
obtenção da carga última visto que não é suficientemente seguro dimensionar perfis se
baseando na tensão última do aço (Figura 3.3).
A malha adotada foi de 10 mm, valor escolhido baseado em estudos de Ferreira, Rossi
e Martins (2019), onde os autores inferiram que malhas menores que 10 mm não geravam
diferenças significativas nos resultados.
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O material utilizado nas validações foi o aço carbono S355, com tensão de escoamento
de 355 MPa e módulo de elasticidade de 200 GPa.
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
8
6
6
4
4
Experimental Experimental
2 2
Abaqus Abaqus
0 0
0 5 10 15 20 25 0 5 10 15 20
Deslocamento (mm) Deslocamento (mm)
8
Carga (tf)
2 Experimental
Abaqus
0
0 5 10 15 20
Deslocamento (mm)
(c) CC80-60
Fonte: Autor
13
10
Carga (tf)
10 8
6
5 Experimental 4 Experimental
Abaqus 2
0 Abaqus
0
0 2 4 6 8 10
0 2 4 6 8 10
Deslocamento (mm)
Deslocamento (mm)
12
10
8
Carga (tf)
6
4
Experimental
2
Abaqus
0
0 5 10 15
Deslocamento (mm)
(c) CC100-60
Fonte: Autor
Por meio das análises realizadas é possível perceber uma boa adequação do modelo de tensões
residuais de Sonck, Van Impe e Belis (2014) e da imperfeição geométrica definida em L/1000. A
Tabela 4.1 apresenta os valores de carga última do modelo experimental (Pu,exp) e as cargas últimas
obtidas por modelo numérico (Pu,num), além da relação entre as cargas do modelo numérico com o
modelo experimental.
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Tabela 4.1 – Cargas ultimas do modelo experimental e obtidas pelo modelo numérico
REFERÊNCIAS
Grünbauer, J. What are castellated beams?, Grünbauer BV, 2018. Disponível em:
http://www.grunbauer.nl/eng/wat.htm. Acesso em: 13 out. 2022.
NSEIR, Joanna et al. Lateral torsional buckling of cellular steel beams. In: Proceedings of
the Annual Stability Conference Structural Stability Research Council. 2012. p. 18-21.
SONCK, Delphine; BELIS, Jan. Weak-axis flexural buckling of cellular and castellated
columns. Journal of Constructional Steel Research, v. 124, p. 91-100, 2016.
SONCK, D.; VAN IMPE, R.; BELIS, J. Experimental investigation of residual stresses in
steel cellular and castellated members. Construction and Building Materials, v. 54, p. 512–
519, 2014.