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INSTITUTO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DO ESTADO DO ESPIRITO SANTO

WAGNER GONÇALVES DA SILVA

TEXTO:
FORMAÇÃO DO PROFESSOR DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E
TECNOLÓGICA

CARIACICA
2015
WAGNER GONÇALVES DA SILVA

TEXTO:
FORMAÇÃO DO PROFESSOR DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
E TECNOLÓGICA

Trabalho apresentado ao Instituto de


Educação Superior do Estado do Espirito
para obtenção do Certificado de
Licenciatura Plena em Física.

CARIACICA
2015
1. FORMAÇÃO DO PROFESSOR DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E
TECNOLÓGICA.

O tema da formação de professores para a Educação Profissional (EP) no


Brasil nos remete à história dessa modalidade de ensino, na sua relação com o
processo de constituição do sistema educacional no país. É corrente na
literatura a constatação de que o ensino técnico foi criado com o intuito de
atender aos interesses e às necessidades produtivas do mundo empresarial. A
desarticulação entre a educação regular e a rede de formação profissional
paralela gerenciada pelas próprias indústrias – Sistema S – permitiu a essas
instituições de formação profissional desenvolver uma mentalidade nitidamente
empresarial e incorporar, em sua estrutura e organização, procedimentos
eminentemente utilitários (PETEROSSI, 1994).
Compreendendo que os fundamentos da sociedade capitalista permanecem,
considera-se que a formação de professores também é perpassada pelo
entendimento desses fundamentos, de modo que a posse dos meios de
produção ou da força de trabalho também a impacta. Assim é que essa divisão
social se reflete nas propostas de formação de professores mediante a
distinção entre aqueles que vão pensar os processos pedagógicos de formação
acadêmica e aqueles que vão ensinar o trabalho. Como no taylorismo/fordismo
geralmente quem ensinava o trabalho era um trabalhador que se qualificava
pela sua experiência, é compreensível a pouca relevância atribuída à
formulação de propostas de formação de professores de educação profissional.
Atualmente, anunciam-se diversas medidas orientadas à expansão quantitativa
da oferta desta modalidade educativa no país, incluindo-se a reorganização
das instituições federais de educação profissional e tecnológica. Por outro lado,
ampliou-se o entendimento de que essa modalidade educacional contempla
processos educativos e investigativos de geração e adaptação de soluções
técnicas e tecnológicas de fundamental importância para o desenvolvimento
nacional e o atendimento de demandas sociais e regionais, o que requer o
provimento de quadros de formadores com padrões de qualificação adequados
à atual complexidade do mundo do trabalho.
Na verdade, a mudança mais ampla e que incorporaria todas as ações parciais
na perspectiva de uma política de estado para a educação nacional seria a
revisão da própria Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB, cujo
caráter minimalista está viabilizando o aprofundamento do processo de
mercantilização da educação (FRIGOTTO, 2001).
Entretanto, a atual correlação de forças instaladas no centro do poder político
do país (assim como as perspectivas de curto e médio prazo) não nos permite
vislumbrar que a (re)discussão ampla da LDB nos conduziria a uma lei
comprometida com a educação pública, gratuita, igualitária, laica, de qualidade
e para todos, independentemente das diferenças de ordem socioeconômica,
étnico-racial, sexual, geracional, religiosa etc.
Assim como em vários cursos de formação profissional, o que se observa é
que a formação acontece para uma sociedade (escola) idealizada, segundo o
ideário liberal. Daí a razão por que em nossa sociedade a expressão “na
prática a teoria é outra” ter uma conotação de desmerecimento da teoria e não
de entendimento de que a teoria não pode ser sinônimo de prática, uma vez
que sua complexidade se deixa apreender apenas parcialmente pelo
pensamento humano.
Assim, o círculo vicioso da falta de formação revela outra característica da ação
docente: a compreensão de que Educação não é apenas uma ciência
subordinada a outras Ciências Humanas, mas, sim, uma ciência que explica e
problematiza o processo humano de aprendizagem tal como processo social,
constituído por meio de múltiplas determinações sociais.
Sendo assim, cabe-nos o imenso desafio de construir esse novo caminho nas
brechas que cavamos no tecido social, político e econômico vigente no País.

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