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DESENVOLVIMENTO DE UM RADIÔMETRO DE BAIXO CUSTO

JÉSSICA MARIA BARTNIKOWSKY, MARIANA MATTEVI YUCCIOLINO,

LAUREN FONTOURA, EDUARDO BECK

Instituto Federal de Santa Catarina, Avenida Mauro Ramos, 950 - Centro, Florianópolis - SC,

88020-300

jessibart2@hotmail.com, lauren.bf@hotmail.com, marianayucciolino@hotmail.com,

ebeck@ifsc.edu.br

RESUMO

Neste trabalho desenvolvemos um sensor de baixo custo, capaz de medir a radiação solar

global. Fizemos diferentes testes, variando a intensidade e o ângulo da fonte de radiação

luminosa, com o sensor proposto em comparação com piranômetros comerciais. De acordo com

os resultados obtidos, o sensor desenvolvido mostrou-se eficiente, apresentando uma boa

correlação com o instrumento de referência em baixa intensidade de radiação, mas devendo ser

corrigido quando sob radiação mais elevadas.

Palavras-chave: Piranômetro, sensor, radiação.

ABSTRACT : DEVELOPMENT OF A LOW COST RADIOMETER

In this work we have developed a low-cost sensor, capable of measuring the global solar

radiation. We made different tests varying the intensity and angle of the light radiation source,

with the proposed sensor compared to commercial piranometer. According to the results

obtained, the sensor developed proved to be efficient, showing a good correlation with the

reference instrument in low radiation level, but should be fixed at higher intensities.

Keywords: Piranometer, sensors, radition.


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1. INTRODUÇÃO

A radiação solar é uma importante variável meteorológica a ser medida em estações

automáticas. De acordo com o Departamento de Física da UFPR, em torno de 25% da radiação

solar total acaba penetrando na superfície terrestre sem a influência da atmosfera. Como

exemplos de que a radiação solar interfere diretamente nas atividades econômicas, temos as

fontes de energia renováveis, empresas de engenharia, geração de energia, a agricultura, entre

outros. Com o aumento do buraco na camada de ozônio, a incidência de radiações solares já

apresenta efeitos negativos sobre a agricultura, por exemplo. Radiômetros auxiliam na maior

disponibilidade de dados e informações para a tomada de decisões estratégicas, como a

minimização de perdas agrícolas e a segurança da saúde das populações, que sofrem impactos

diretos da radiação solar (RuralNews,2014).

O radiômetro é um dispositivo capaz de fazer a leitura do fluxo de radiação solar que

chega na terra. Existe diversos tipos de radiômetros capazes de medir a radiação solar, para

finalidades diferentes, como por exemplo: pireliômetros (mede radiação solar direta),

heliógrafos (medem radiação de forma continua), actinógrafos (mede radiação global) e

piranômetros (medem radiação global). O primeiro radiômetro foi inventado pelo químico

inglês Sr. William Crookes em 1873 (Explicatorium,2014) e, desde então, a tecnologia tem

evoluído muito, proporcionando de forma mais eficaz instrumentos capazes de medir a radiação

global direta que chega na terra. Infelizmente, o custo destes aparelhos costuma ser elevado,

variando entre R$ 1.000,00 e R$ 5.000,00, dificultando sua utilização em maior escala.

Procurando adquirir conhecimento e desenvolver uma forma eficaz e barata para a

criação de um piranômetro de baixo custo, já que seu principal componente consiste em um

sensor de fotodiodo que custa apenas alguns reais, desenvolvemos diversos testes comparativos

com diferentes piranômetros. Obtendo resultados eficazes para o protótipo desenvolvido,

credenciando a solução proposta como possível substituto aos piranômetros comerciais.


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2. MATERIAL E MÉTODOS

O elemento sensível escolhido para a confecção do piranômetro foi o fotodiodo 5003MD,

fabricado pela Infrared. O desempenho do sensor foi comparado com diferentes modelos de

radiômetros profissionais, como o Sp Lite, da marca Kipp E Zonen, e o ML-01, da marca Eko.

Testes foram realizados em laboratório para representar a variação de intensidade e ângulo de

incidência. Para simular o movimento angular do sol, utilizou-se um arco metálico com 50 cm

de diâmetro (Figura 1), onde foi acoplada uma lâmpada de luz branca (60w), fixada em um

suporte móvel capaz de se locomover por toda a extensão do arco. A variação da intensidade

luminosa foi obtida com o auxílio de um dimmer (modelo Fd31 Analógico Tor. Bivolt da marca

FLC).

Os testes foram realizados, primeiramente, sem a interferência da luz solar (sala escura),

e com o sensor exposto diretamente à radiação (sem encapsulamento), variando a intensidade do

nível 1 (brilho mínimo) ao 10 (brilho máximo), e os ângulos (de 0° a 90°). Em uma segunda

etapa, o sensor foi encapsulado para testes em ambiente externo, sob exposição de luz solar

durante um período de 5 dias, utilizando sistema automático de aquisição de leituras (datalogger

CR1000, da Campbell). O encapsulamento do sensor tem a finalidade de proteção às

intempéries, bem como de produzir uma dispersão da radiação solar, procurando reduzir o efeito

do ângulo de incidência.

Os dados foram agrupados em função das diferentes intensidades e ângulos utilizados.

Foram elaborados gráficos de dispersão para fins de verificação do desempenho do sensor

proposto em comparação ao padrão dos radiômetros profissionais, propiciando a devida

propagação do novo sensor no datalogger.


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Figura 1. Arco metálico usado para simular o movimento angular do sol.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1. Testes em laboratório

Nos testes em laboratório o sensor proposto, ainda sem o encapsulamento, for exposto a fonte

de radiação (lâmpada) juntamente com piranômetro Kipp E Zonen, onde o ângulo e a

intensidade foram variados, conforme as Figuras 2 e 3 respectivamente.

Figura 2. Variação da tensão de acordo com a intensidade da lâmpada.


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Figura 3. Variação da tensão de acordo com a diminuição do ângulo.

Analisando a Figura 2, é perceptível que o sensor proposto possui uma variação de

tensão mais lenta com a diminuição da intensidade, ou seja, possui uma sensibilidade a variação

de intensidade luminosa menor que o piranômetro Kipp E Zonen. Na Figura 3, nota-se que, a

partir do angulo de 80°, a tensão cai bruscamente, possivelmente por falta de um artifício que

melhor direcione o foco da luz.

3.2. Testes em campo

Para os testes em campo, foi realizado um encapsulamento do sensor proposto para viabilizar

sua instalação externa. Colocamos os piranômetros PN (piranômetro desenvolvido) e EKO, que

foi utilizado para determinação dos parâmetro para do novo radiômetro.

Para análise inicial, foi escolhido um multiplicador (5,053) capaz de fazer uma primeira

correção dos valores medidos no sensor PN. Observamos que em dias de baixa radiação, houve

uma aproximação bastante elevada entre os radiômetros (Figura 4), e em dias com maior

intensidade de radiação (dia sem nuvens) a relação não é linear (Figura 5).
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Figura 4. Variação da radiação ao longo de um dia nublado.

Figura 5. Variação da radiação ao longo de um dia sol.

Considerando tais resultados, verificamos a necessidade de corrigir a medição por meio

da aplicação de um polinômio obtido através da relação da medição dos piranômetros (gráfico

de dispersão), conforme Figura 6.


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Figura 6. Curva que relaciona os piranômetros para definição do polinômio.

As figuras 7 e 8 apresentam as curvas dos sensores corrigidos com o polinômio,

observando-se uma excelente correlação entre as medições. Com a correção da medição, os

piranômetros estarão com valores mais aproximados, desse modo observamos na Figura 7 que

em dias nublados o pirômetro PN mantem-se próximo ao padrão de radiação do piranômetro

EKO, apesar de se distanciar nas horas de radiação máxima e mínima desse dia. Na Figura 8,

verificamos que em dias ensolarados a correção proposta apresenta uma boa relação entre as

medições dos dois piranômetros. Nota-se, no entanto, que o sensor PN não acompanha, em

determinados momentos, bruscas variações de intensidade.


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Figura 7. Comparação da variação da radiação ao longo de um dia nublado.

Figura 8. Comparação da variação da radiação ao longo de um dia de sol.

4. CONCLUSÃO

Este trabalho propõe a construção de um piranômetro de baixo custo. Neste sentido, o protótipo

desenvolvido apresentou resultados satisfatórios para sua utilização em situações do dia-a-dia.

Tais resultados, no entanto, foram obtidos a partir da utilização de uma equação de correlação,
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um polinômio de quinta ordem, para alcançar uma relação linear entre os valores dos diferentes

piranômetros. Após a aplicação do polinômio, os resultados já mostraram um bom grau de

correlação entre as curvas do piranômetro proposto e o piranômetro de referência, desde níveis

mais baixos até níveis máximos de radiação solar.

Para continuidade dos trabalhos, segue-se o aperfeiçoamento do encapsulamento do

sensor, enfatizando a melhoria do desempenho, principalmente com a variação do ângulo de

incidência.

AGRADECIMENTOS

Gostaríamos de agradecer pelo financiamento do projeto concedido pelo Instituto Federal de

Ciência e Tecnologia de Santa Catarina(IFSC) e por todo o apoio que recebemos de todos os

docentes. Agradecemos às nossas Famílias por sempre nos darem o amparo necessário para que

pudéssemos concluir este trabalho.

Agradecemos aos nossos colegas por nos darem apoio moral e especialmente aos alunos

Diná B. Ribeiro, João Vitor Fischer Bez e Paulo Victor Souza, que nos presentearam com suas

ilustres ideias e nos auxiliaram a desenvolver a parte prática do projeto.

5. REFERÊNCIAS

GONÇALVES FERREIRA, Artur. Meteorologia Pratica. Oficina de textos, 2006, São Paulo.

RADIAÇÃO SOLAR INCIDENTE. Departamento de Física da UFPR. Disponível em:


< http://fisica.ufpr.br/grimm/aposmeteo/cap2/cap2-7.html> Acesso em: 14/08/2014

AGROMETEOROLOGIA. Rural News. Disponível em: <


http://www.ruralnews.com.br/visualiza.php?id=564> Acesso me: 14/08/2014

EXPLICATORIUM. William Crookes (1789 – 1854). Disponível em:


<http://www.explicatorium.com/William-Crookes.php> Acesso em: 14/08/2014

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