Você está na página 1de 1

Universidade Federal do Tocantins

Aluno: Isabela Enumo Gottardi


Disciplina: Sociologia e Jornalismo Professor: Antônio Pedroso
Texto: Religião e Sociedade Autor: Robert Hertz

Nesta cuidadosa análise do texto em questão, encontramos um tema


verdadeiramente cativante, que perpassa uma ampla gama de aspectos da nossa
sociedade, desde a linguagem até a religião. O cerne desta análise reside na
exploração da maneira como percebemos as mãos direita e esquerda de forma
dicotômica, desvelando significados culturais e simbólicos de profunda importância.

Com grande perspicácia, o autor distingue claramente entre essas duas


partes do nosso corpo. A mão direita é imbuída de atributos nobres, sagrados e
positivos. Qualidades como força física, destreza, retidão intelectual, honradez e
discernimento a transformam num emblema de poder, associado ao domínio
celestial, ao princípio masculino e ao divino. Em contraste, a mão esquerda é
relegada a um papel considerado profano, associado a conceitos como medo,
fragilidade e impureza, sendo frequentemente marginalizada na narrativa cultural.

A exploração do autor se estende à linguagem, onde a palavra para a mão


direita é constante e amplamente utilizada, enquanto uma variedade de termos
menos frequentes e sujeitos a constante substituição são associados à mão
esquerda. Isso reflete a aversão social a este último.

A dicotomia entre direita e esquerda é habilmente transferida para o contexto


religioso, onde a mão direita desempenha um papel essencial em cerimônias e
rituais. Ela é vista como intrinsecamente apta para estabelecer conexões
benevolentes com as entidades divinas. Os deuses são posicionados à direita, e
oferendas sagradas são apresentadas com a mão direita, enfatizando a sua
natureza sagrada.

O autor também investiga a relação entre o sagrado e o profano, enfatizando


como essa polaridade se reflete no céu e na terra, no mundo celestial e no
subterrâneo. O sagrado está intimamente associado com conceitos de vida, virtude
e poder benéfico, enquanto o profano é visto como o oposto, ligado a atributos
negativos e perigosos.

Na seção final da análise, destaca-se o papel da sociedade na criação e na


perpetuação dessas distinções. A sociedade impõe normas e valores que atribuem
significados diferentes às mãos, influenciando a forma como são percebidas e
usadas. Hierarquias e divisões sociais se refletem na distinção entre a mão direita e
a mão esquerda, sublinhando como essa dualidade permeia a organização social.

Vale ressaltar que o autor não critica diretamente a religião, mas sim analisa
minuciosamente como a polaridade entre a mão direita e a mão esquerda,
associada ao sagrado e ao profano, impacta as estruturas sociais e as práticas
rituais. O texto enfatiza como essa diferenciação é inerente ao pensamento primitivo
e à organização social, e, nesse contexto, a abordagem do autor se revela mais
descritiva e analítica do que crítica em relação à religião.

Você também pode gostar