Resenha Descritiva: A preeminência da mão direita: um estudo sobre a polaridade religiosa.
Robert Hertz (1881-1915) foi um antropólogo e sociólogo francês, membro da
escola sociológica francesa, debruçou seus estudos acerca da antropologia e sociologia da religião, especialmente em relação aos rituais e simbolismo religioso. Em A preeminência da mão direita: um estudo sobre a polaridade religiosa, Hertz explora a partir da simbologia associada à mão direita e à mão esquerda, a oposição entre o sagrado e o profano. O autor aprofunda sua análise na preferência pela mão direita em diferentes contextos religiosos e culturais em torno do mundo, e, examina a importância dicotômica entre a mão direita e a mão esquerda, passando por crenças, rituais e tabus associados à mesma. Começa explorando as origens históricas dessa polaridade religiosa, remontando às civilizações antigas, como o Egito Antigo, onde a mão direita era considerada sagrada e a esquerda impura, também analisa a Grécia e Roma, onde a mão direita era associada ao poder e à virtude, enquanto a mão esquerda era vista como inferior. Ele examina as tradições religiosas indianas, nas quais a mão direita é usada para rituais sagrados, e o mundo islâmico, onde a mão direita é valorizada para orações e atividades importantes. Ele discute os gestos de cumprimento, nos quais a mão direita é estendida para demonstrar respeito e amizade, enquanto a mão esquerda é considerada inadequada ou até mesmo ofensiva em algumas culturas. O autor então, aborda a ampla gama de práticas e rituais em que a preferência pela mão direita é, evidentemente, quase universal. O autor também explora como a mão direita é privilegiada em atividades cotidianas, como comer, beber, escrever e realizar tarefas consideradas importantes. Além disso, Hertz investiga as possíveis explicações para essa preeminência da mão direita. Ele examina interpretações psicológicas que associam a preferência pela mão direita à dominância cerebral e à lateralização do cérebro. O autor também considera interpretações simbólicas, nas quais a mão direita representa o bem, o divino e o ordenado, enquanto a mão esquerda representa o mal, o profano e o caos. Outro aspecto abordado por Hertz é a questão de gênero relacionada à preferência pela mão direita. Em muitas sociedades, espera-se que as mulheres usem a mão direita em tarefas domésticas, enquanto os homens têm mais liberdade para usar a mão esquerda. O autor examina as implicações culturais e sociais dessa divisão de gênero, destacando como ela reflete e reforça as hierarquias de poder e status. Em "Corpo e corporalidade nas culturas contemporâneas", Sonia Maluf chama atenção para a reflexão dada pelo o autor acerca do comportamento corporal e representações coletivas, por não haver nenhuma evidência de determinação natural da proeminência da mão direita. O autor argumenta, portanto, que a explicação está nas representações coletivas e nas formas que elas atuam sobre os corpos.
REFERÊNCIAS:
HERTZ, Robert. A preeminência da mão direita: um estudo sobre a
polaridade religiosa. Religião e Sociedade, n. 6, 1980. MALUF, Sônia. Corpo e corporalidade nas culturas contemporâneas.