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EUA agiram para frear tentativas de

Bolsonaro de não respeitar resultado das


urnas, diz jornal
História por Tácio Lorran • Ontem 12:38

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BRASÍLIA - O governo dos Estados Unidos capitaneou uma campanha


silenciosa junto a líderes políticos e militares brasileiros para frear a
tentativa de um golpe de Estado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A
missão envolveu membros da CIA, do Departamento de Estado, do
Pentágono, da Casa Branca e das Forças Armadas norte-americanas,
segundo reportagem publicada nesta quarta-feira, 21, pelo jornal
britânico Financial Times.

Na prática, tratou-se de uma campanha de mensagens “bastante


incomum”, segundo descreveu um ex-integrante da alta cúpula do
Departamento de Estado ao jornal. A ação foi endossada por pessoas
próximas a Bolsonaro, como o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL),
o então ministro da Infraestrutura e atual governador de São
Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), e o então vice-presidente e
atual senador, Hamilton Mourão (Republicanos-RS).
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o presidente Lula; petista visitou os EUA em maio Foto:
RICARDO STUCKERT© Fornecido por Estadão

Vídeo relacionado: EUA teriam se envolvido nas eleições do Brasil


em 2022, diz jornal; Amanda Klein e Beraldo analisam (Dailymotion)

De acordo com a publicação, os esforços começaram a partir da visita ao


Brasil de Jake Sullivan, conselheiro de segurança nacional do presidente
dos Estados Unidos, Joe Biden, em agosto de 2021. A autoridade ouviu
do então presidente Jair Bolsonaro contestações de fraudes às eleições
norte-americanas de 2020, em que Donald Trump saiu derrotado. A
missão ganhou força após a reunião de Bolsonaro com embaixadores, em
julho de 2022, vésperas do pleito eleitoral no País. Na ocasião, o
presidente voltou a desacreditar as urnas eletrônicas aos diplomatas e
reiterou a necessidade de eleições “limpas” e “transparentes”.

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Em nota após o encontro com os embaixadores, que hoje está na mira do
Tribunal Superior Eleitoral (TSE), os EUA afirmaram estar confiante que o
sistema eleitoral brasileiro vai refletir a vontade do povo. “As eleições
brasileiras servem como modelo para as nações do hemisfério e do
mundo”, disseram.

Jair Bolsonaro durante reunião com embaixadores no Palácio da Alvorada, em junho de 2022; ex-
presidente entrou na mira do TSE e pode ficar inelegível Foto: Clauber Cleber Caetano/PR© Fornecido por
Estadão

Outros reforços foram feitos, de acordo com o Financial Times, pelo


secretário de defesa Lloyd Austin, que disse em visita ao Brasil que as
forças militares e de segurança precisam estar sob “forte controle civil”;
pelo chefe da CIA, William Burns, que disse ao governo Bolsonaro para
não mexer com as eleições; e pelo general Laura Richardson, chefe do
Comando Sul dos EUA.

Havia muita preocupação, por exemplo, com o então comandante da


Marinha, o almirante Almir Garnier Santos, um dos militares mais aliados
a Bolsonaro. Os Estados Unidos ameaçaram romper todos os acordos
militares com o Brasil caso as Forças Armadas embarcassem na tentativa
de golpe.

Com o resultado das eleições favorável ao presidente Lula, o silêncio de


Bolsonaro e a sua viagem aos Estados Unidos, no fim de dezembro, os
ânimos se arrefeceram. Em 8 de janeiro, quando apoiadores bolsonaristas
invadiram a Praça dos Três Poderes e depredaram prédios públicos
clamando por um golpe de Estado, foi dada a última cartada: o presidente
dos Estados Unidos, Joe Biden, ligou para Lula e, em seguida, intermediou
uma nota conjunta com o México e o Canadá a favor do Brasil.

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