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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

1º Ciclo (Licenciatura) em Ciências do Desporto

Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão


Deficiente Mental de Vila Real - Sabrosa

Atividade Física Adaptada

José Saavedra, 80147

Turma 4

Vila Real, 2023


Trabalho realizado no âmbito da Unidade
Curricular de Atividade Física Adaptada, 1º ano
2º semestre do 1º Ciclo (licenciatura) em
Ciências do Desporto, da Universidade de Trás-
os-Montes e Alto Douro, ministrada pelo Dr.
Vitor Manuel Teixeira Queirós Monteiro.
Agradecimentos

A realização deste trabalho não teria sido possível sem a colaboração, auxílio e dedicação
de várias pessoas. Por esta razão, não queremos deixar passar a oportunidade para
agradecer àqueles que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste
estudo.

Agradecemos, em primeiro lugar, ao professor Vitor Monteiro que despertou em nós o


interesse e a curiosidade, assim como, a construção de saberes e conhecimento sobre a
temática da atividade física e do desporto adaptado.

À Associação de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental de Vila Real - Sabrosa


(APPACDM – Sabrosa), que nos acolheu. Particularmente ao Diretor Pedagógico do
Centro de Formação Profissional, Dr. Nuno Lopes, e ao responsável pela área de
Educação Física, Prof. Hélder Ferreira, reconhecemos a disponibilidade demonstrada e a
forma como nos acompanharam e conduziram ao longo das várias visitas que realizámos
à APPACDM – Sabrosa, fazendo-nos sempre sentir em casa.

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Índice
Agradecimentos ...........................................................................................................................................iii
Introdução..................................................................................................................................................... 5
A Deficiência Intelectual .............................................................................................................................. 7
O Desporto Adaptado em Portugal ............................................................................................................... 9
O Desporto Adaptado na APPACDM - Sabrosa ......................................................................................... 11
Boccia .................................................................................................................................................... 11
Polybat ................................................................................................................................................... 12
Natação Adaptada ................................................................................................................................. 14
Conclusão ................................................................................................................................................... 15

iv
Introdução

As Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), desenvolvem atividades de


solidariedade social, em domínios como a segurança social, saúde e educação. Através de
uma relação de proximidade à população e de cooperação com o Estado, as IPSS
procuram dar resposta a situações de emergência social e apoiar os cidadãos mais
vulneráveis. Mas a sua atuação não se limita, apenas, ao setor social e solidário. Estas
instituições assumem uma especial importância na dinamização das economias locais,
desde logo na criação de emprego.

Em termos jurídicos, as IPSS são “...entidades sem finalidade lucrativa, constituídas


exclusivamente por iniciativa de particulares, com o propósito de dar expressão
organizada ao dever moral de justiça e de solidariedade, contribuindo para a efetivação
dos direitos sociais dos cidadãos, desde que não sejam administradas pelo Estado ou por
outro organismo público...” (Decreto-Lei nº 172-A/2014, de 14 de novembro).

A missão das IPSS concretiza-se através de concessão de bens, prestação de serviços e


outras iniciativas de promoção do bem-estar e da qualidade de vida das pessoas, famílias
e comunidades. Entre as diversas ações desenvolvidas peças IPSS, destacamos: (i) apoio
às pessoas com deficiência e incapacidade e (ii) apoio à integração social e comunitária.

A inclusão das pessoas com deficiência deverá ser um objetivo estratégico para a
valorização de todos os cidadãos. Só uma sociedade que inclui todas as pessoas pode
concretizar o seu verdadeiro potencial.

A inclusão das pessoas com deficiência tem implicações transversais em todas as áreas
da sociedade, devendo ser definidos objetivos prioritários que orientem a ação. Um
primeiro elemento fundamental é o de reconhecer que estamos perante cidadãos com
características e realidades muito diversas, com graus diferenciados de autonomia e
funcionalidade, que carecem de apoios distintos, tendo em conta que os desafios que se
colocam à suas inclusões são de natureza muito diversificada. Essa diversidade de partida
deve ser tida em conta no desenho das medidas de inserção e interação social.

O desporto para pessoas com deficiência desenvolveu-se tendo por base o modelo/clinico.
Contribuíram para isso as crenças existentes sobre as capacidades das pessoas com
deficiência, e o conhecimento científico da primeira metade do século XX. Devido ao
elevado número de veteranos de guerra com deficiências adquiridas em combate nas

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grandes guerras mundiais, e a necessidade de os reabilitar, as sociedades ocidentais
viram-se forçadas a rever as suas conceções e atitudes face à deficiência. A prática
desportiva passa então a ser vista e aceite como a melhor forma de intervenção, com o
objetivo de promover a sua reintegração na sociedade.

Nos nossos dias, a atividade física adaptada deverá ser idealizada e concebida com o
objetivo de implementar modalidades desportivas para pessoas com e sem deficiência,
permitindo a igualdade de oportunidades no que diz respeito ao livre acesso ao desporto
e, de igual modo, promover a interação e integração de pessoas com deficiência na
comunidade. Esta valência consiste na intervenção especializada em pessoas com
deficiência, com vista à reabilitação, treino de capacidades, desenvolvimento de hábitos
de vida saudáveis e integração social.

Pretende-se que os praticantes realizem alguma modalidade desportiva de acordo com as


suas capacidades, visto que o desporto é um veículo promotor para a inclusão da pessoa
com deficiência na sociedade. Mais ainda, desporto tem o mérito de dar visibilidade às
capacidades dos indivíduos e não às suas dificuldades.

O nosso trabalho teve como objetivo melhor conhecer o trabalho realizado no terreno no
domínio da atividade física para populações com deficiência no nosso local de origem.
Sendo natural da cidade de Vila Real, escolhi uma instituição que presta este tipo de
serviço no concelho vizinho de Sabrosa. A escolha da Associação de Pais e Amigos do
Cidadão Deficiente Mental de Vila Real - Sabrosa (APPACDM – Sabrosa) deveu-se ao
facto da proximidade que temos com alguns dos membros integrantes desta instituição,
nomeadamente o Diretor Pedagógico do Centro de Formação Profissional, e o
responsável pelo departamento de Educação Física.

A APPACDM – Sabrosa
A APPACDM – Sabrosa, fundada em 1987, é uma IPSS sem fins lucrativos que atende
população com deficiência intelectual. A sua missão prende-se com a prestação de apoio
especializado sustentado numa procura permanente de inovação e parceria privilegiando
a relação, a individualidade e a continuidade de serviço nos domínios da educação,
formação, ocupação, acolhimento, saúde e inserção social.

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Esta IPSS procura e tem definida como a visão estratégica para a sua ação “...caminhar
no sentido da excelência, definindo e consolidando redes de parcerias, em busca de uma
sociedade mais inclusiva”. A associação tem definidos os seus valores dentro da
Cidadania (Direitos, Individualidade, Privacidade), Humanismo (Igualdade,
Solidariedade), Transparência (Boa Gestão, Comunicação), Ética (Lealdade,
Confidencialidade, Envolvimento), Integridade (Honestidade, Princípios) e Excelência
(Responsabilidade, profissionalismo, Inovação).

A APPACDM – Sabrosa, conta com diversas valências, das quais tivemos a oportunidade
de conhecer de perto a Escola de Ensino Especial, Centro de Formação Profissional - nas
suas três vertentes de Construção Civil, Jardinagem (2 cursos) e Empregadas de Andares
- e ainda o Centro de Atividades Ocupacionais.

Como modalidades desportivas praticadas nesta associação destacamos o Boccia,


Natação Adaptada e Polybat, modalidades que serão melhor desenvolvidas e
apresentadas, mais à frente neste trabalho.

A Associação atende cerca de 100 utentes com deficiência mental, divididos nas 3 grandes
valências oferecidas: Escola de Ensino Especial, Centro de Formação Profissional e
Centro de Atividades Ocupacionais. A APPACDM - Sabrosa disponibiliza aos seus
utentes, através do Centro de Formação Profissional, a possibilidade de formação ao nível
da Construção Civil, Jardinagem (onde oferece 2 cursos) e ainda o curso de Empregadas
de Andar.

Todos os utentes têm a possibilidade de prática de atividade física adaptada,


nomeadamente Boccia, Natação Adaptada, Polybat e ainda aulas de ginástica rítmica,
onde os alunos criaram o grupo “Zumbasticos”. Existem ainda todas as semanas
atividades relacionada com aulas de Educação Física.

Durante o ano são inúmeras as atividades desenvolvidas na Associação tendo em vista o


bem-estar dos seus utentes, desde caminhadas a acampamentos.

A Deficiência Intelectual
A deficiência intelectual é considerada um distúrbio do desenvolvimento neurológico.
Distúrbios de neuro desenvolvimento são condições neurológicas que aparecem
precocemente na infância, geralmente antes da idade escolar, e prejudicam o

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desenvolvimento do funcionamento pessoal, social, académico ou profissional.
Normalmente envolvem dificuldades na aquisição, retenção ou aplicação de habilidades
ou conjuntos de informações específicas. Transtornos no desenvolvimento neurológico
podem envolver disfunções em um ou mais dos seguintes: atenção, memória, perceção,
linguagem, resolução de problemas ou interação social.

A deficiência intelectual pode ser analisada e entendida dentro de 3 grandes perspetivas:

➢ Psicológica – O deficiente intelectual é alguém que apresenta uma diminuição das


suas capacidades intelectuais, avaliadas através de testes ao seu Quociente
Intelectual (QI);
➢ Sociológica – O cidadão deficiente intelectual apresenta dificuldades em
desenvolver-se de forma independente e adaptar-se ao ambiente social onde se
encontra inserido;
➢ Médica - De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a deficiência
intelectual é enquadrada como “um funcionamento intelectual inferior ao normal,
com perturbações na aprendizagem, maturação e ajuste social, constituindo um
estado no qual o desenvolvimento da mente é incompleto”.

A deficiência intelectual começa a manifestar-se no início da vida de uma criança, sendo


possível diagnosticá-la até aos 18 anos de idade, através de um teste ao QI cujo resultado
seja inferior a 70-75 e a manifestação de limitações intelectuais em duas ou mais áreas do
comportamento adaptativo (comunicação, cuidados pessoais, comportamentos sociais,
autonomia, participação em sociedade, saúde e segurança…).

De acordo com o diagnóstico realizado é possível entender qual o perfil e a intensidade


dos apoios a prestar à pessoa com deficiência. Alguns objetivos básicos que devem ser
abordados num programa de recreação para indivíduos deficientes mentais são:

➢ Desenvolver aptidões físicas e destrezas básicas (manipulação, agilidade,


motoras, sensoriais…);
➢ Criar hábitos de comportamento que asseguram alguma autonomia e
independência;
➢ Desenvolver atitudes que facilitem a integração social;
➢ Fortalecer as relações de grupo, quer entre indivíduos com problemas similares,
quer com a restante população;

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➢ Alcançar uma adaptação positiva na realidade, assumindo a deficiência tal como
ela é.

É importante salientar que a deficiência não é um estado fixo, mas sim fluido e contínuo,
dependendo sempre das limitações funcionais da pessoa e dos apoios que lhe são
disponibilizados. É possível, claro está, intervir de forma a procurar diminuir as
limitações funcionais e melhorar o envolvimento da pessoa com a comunidade em seu
redor, trabalho que a APPACDM – Sabrosa elabora. A evolução da deficiência é entendida
como a redução das limitações funcionais e pelo aumento de comportamentos adaptativos
da pessoa com o meio que a rodeia.

O Desporto Adaptado em Portugal


O Desporto Adaptado representa, por um lado, um dos mais importantes fatores
promotores do sucesso educativo, inclusão e desenvolvimento psicossocial, e por outro
lado, o combate ao abandono escolar e discriminação das pessoas com deficiência.

A Constituição da República Portuguesa de 1976 consagra, no seu Artigo 79º, o direito à


cultura física e ao desporto para todos, aspeto este que é reforçado pelo assumir que o
desporto é um fator indispensável na formação da pessoa e no desenvolvimento da
sociedade, não deixando de parte especialmente a prática desportiva do cidadão portador
de deficiência, fazendo deste modo referência ao valor da prática desportiva para os
cidadãos portadores de deficiência, nomeadamente no que diz respeito ao desporto e à
recreação como medidas para a habilitação e reabilitação. Além disso, é estabelecido que
“...cabe ao Estado adotar medidas específicas necessárias para assegurar o acesso da
pessoa com deficiência à prática do desporto e à fruição dos tempos livres”, incluindo o
acesso à prática desportiva de alta competição.

O desporto tem o mérito de dar visibilidade às capacidades dos indivíduos, e não às suas
dificuldades, pois ninguém pratica uma atividade desportiva e recreativa em que não
tenha oportunidade de colocar em evidência as suas potencialidades.

Em Portugal, o desporto adaptado é gerido pela Federação Portuguesa para Pessoas com
Deficiência (FPDD), fundada em 1988. Até à criação do Comité Paraolímpico de
Portugal, em 2009, fazia parte do Comité Paraolímpico Internacional. Para além da
organização de competições desportivas a nível nacional, a FPDD tem também a seu

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cargo a coordenação, preparação e participação de atletas paralímpicos em eventos
internacionais.

A oportunidade da prática desportiva para pessoas com deficiência é de extrema eficácia


para a promoção da sua qualidade de vida, assumindo-se como uma oportunidade de
testar os limites e capacidades, prevenir enfermidades secundárias e promover a
integração social. Assim, através do desporto adaptado, proporcionam-se condições para
que essas populações se reconheçam como seres humanos e busquem o seu
desenvolvimento de forma lúdica e prazerosa, sendo-lhe reconhecidos benefícios
evidentes a vários níveis, nomeadamente físicos, psicológicos e sociais, como ganhos de
independência e autoconfiança para a realização de atividades diárias, além de melhorias
significativas da autoestima e do autoconceito dos seus praticantes

No caso específico da atividade física no cidadão deficiente mental, esta serve


essencialmente para:

➢ Diminuir as diferenças no contexto social, conseguindo através do exercício físico


uma melhor adaptação à sua deficiência;

➢ Fisioterapia e reabilitação que, quando bem aplicada é capaz de:


o Desenvolver autodisciplina;
o Desenvolver autorrespeito;
o Desenvolver espírito combativo;
o Desenvolver camaradagem;
o Desenvolver atitudes de superação;
o Aperfeiçoamento de atividades motoras;
o E o mais importante: Ajudar a pessoa a sentir-se importante.

Neste enquadramento, a organização da prática desportiva revela-se um instrumento


privilegiado de intervenção com portadores de deficiência, uma vez que o desporto
assume um conjunto alargado de vertentes, nomeadamente: educativa, recreativa,
terapêutica e competitiva, todas elas, aplicáveis às populações especiais, e também todas
elas promotoras de integração social.

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O Desporto Adaptado na APPACDM - Sabrosa
A APPACDM – Sabrosa disponibiliza aos seus utentes a possibilidade de prática de
atividade física adaptada. Nesta secção do trabalho apresentamos o conjunto de
modalidades praticadas na Associação.

Boccia
O Boccia é uma modalidade para atletas com paralisia cerebral ou outras disfunções
neurológicas no sistema nervoso central e disfunções neuromusculares severas de origem
não cerebral que afetem os 4 membros.

Tem influências do jogo tradicional grego da Petanca, bem como do Bowling, tendo sido
inserido no contexto de modalidade Paraolímpica nos Jogos Paralímpicos de Nova
Iorque, em 1984.

É um desporto praticado num espaço interior, de precisão, onde são arremessadas bolas
de couro (6 azuis e 6 vermelhas) com o objetivo de as colocar o mais próximo possível
da bola alvo (jack). Para o arremesso é permitido o uso de mãos, pés ou instrumentos de
auxílio para atletas com grande afetação tanto nos membros superiores como inferiores.
Uma partida de Boccia pode ser disputada individualmente (todas as classes), em pares
(BC2 e BC4) ou por equipas (BC1 e BC2), dependendo da classe onde os atletas se
enquadram.

Classes:
➢ BC1: Os atletas podem competir com o auxílio de assistentes que podem apenas
estabilizar ou ajustar a cadeira do jogador e entregar a bola, quando pedido e que
devem permanecer fora da área de jogo do atleta;
➢ BC2: Os jogadores não podem receber assistência;
➢ BC3: Jogadores com características funcionais mais limitadas, já que não
conseguem arremessar as bolas, utilizando, portanto, dispositivos auxiliares,
calhas, capacetes com ponteiros. Os atletas são sempre auxiliados por um
acompanhante, que deve manter-se de costas para a área de jogo;
➢ BC4: Jogadores com outras deficiências locomotoras, mas que são totalmente
autónomos quanto às funcionalidades exigidas pelo jogo, não podendo receber
auxílio.

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O campo de Boccia tem a configuração apresentada na figura 1.

Figura 1 – Campo de Boccia.

Na APPACDM – Sabrosa, o Boccia é praticado todas as semanas 1 vez por semana, sobre
a orientação de um professor de Educação Física. Uma vez que não existem atletas
federados nesta modalidade na Associação, não foi feito o levantamento da classe a que
cada um pertence, não sendo, portanto, possível aqui discriminá-las.

Polybat
O Polybat, ou ténis de mesa lateral, como também é conhecido, foi criado em Inglaterra
em meados dos anos oitenta do século passado. A atividade surgiu como uma alternativa
recreativa para aqueles que não possuíam o perfil do Boccia e não conseguiam praticar o
Ténis de Mesa convencional.

O perfil característico do praticante de Polybat corresponde a um sujeito que tem distrofia


muscular, paralisia cerebral, lesões vertebro medularas, traumatismo craniano e
deficiência intelectual.

É jogado numa mesa de 1,2 metros por 2,4 metros, com proteção nas laterais com 10
centímetros de altura, para que a bola não saia pelos lados da mesa. Cada jogador usa um
bastão para rebater a bola ao longo da superfície da mesa, contra o seu oponente. O
objetivo é rebatê-la a fim de lançá-la para fora do lado adversário ou forçar falta e ganhar
o ponto.

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O jogo é disputado até aos 11 pontos (jogo curto), ou 21 pontos (jogo longo). A cada 2
pontos os jogadores trocam de serviço. Na marcação do serviço, a bola deve tocar pelo
menos uma vez numa parede lateral antes de o adversário rebater a bola. O bastão deve
manter contato com a mesa (é arrastado) e a bola deve ser lançada diretamente, ou de
encontro, às bordas laterais. O Polybat pode ser jogado em pares. A divisão é feita por
classe, de acordo com a funcionalidade do praticante, e não por sexo.

Tal como acontecia no Boccia, também no Polybat os atletas estão divididos em classes
de acordo com as classificações desportivas ou por área da deficiência.

Classes no Polybat:

➢ Divisão 1: Jogadores em cadeira de rodas com amplitude de movimento muito


reduzida, dificuldade em recuperar a posição vertical após batimento na bola.
Dificuldade em cobrir toda a largura da mesa, antecipar o movimento da bola e
orientar o bastão relativamente à mesa. Jogadores essencialmente defensivos, com
necessidade de controlarem a bola, com um ou dois toques, antes de a devolverem
ao adversário;

➢ Divisão 2: Jogadores em cadeira de rodas ou que necessitem apenas de auxiliares


de locomoção, como andarilhos ou muletas. Com amplitude de movimentos
suficiente para cobrir toda a largura da mesa. Capazes de anteciparem o
movimento e recuperarem a posição vertical. Controlam a orientação do bastão
relativamente à mesa. Jogadores capazes de executar ações defensivas e
ofensivas;

➢ Divisão 3: Jogadores com a possibilidade de jogar em pé, caso a funcionalidade


lhes permita. Amplitude de movimentos para cobrir toda a largura da mesa, bem
como a parte da frente da mesa. Capazes de antecipar o movimento da bola e
recuperar a posição vertical, poderão ter de usar a mesa como apoio. Jogadores
capazes de executar gestos rápidos na devolução da bola. Possibilidade de jogar
em pé ou sentados;

➢ Divisão 4: Apenas jogadores ambulantes sem necessidade de dispositivos de


ajuda de marcha, com algumas dificuldades no equilíbrio, podendo ter de utilizar
a mesa como apoio. Poderão apresentar algumas limitações no controlo de
movimento do braço, mas sem afetar a capacidade de apreensão. Capazes de
antecipar e de realizar movimentos rápidos com mudanças intencionais de

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direção. Nesta classe encontram-se sobretudo crianças e jovens com Necessidades
Educativas Especiais e deficiência intelectual.

Na APPACDM – Sabrosa, o Polybat não é praticado com muita frequência, mas quando
existe a possibilidade da sua prática gera sempre momentos de diversão e boa disposição
entre os utentes, bem como alguma competição. Uma vez que não existem atletas
federados nesta modalidade na Associação, não foi feito o levantamento da classe a que
cada um pertence, não sendo, portanto, possível aqui discriminá-las.

Natação Adaptada
A natação adaptada é modalidade Paraolímpica desde o início. É uma modalidade
direcionada para todas as áreas da deficiência, fazendo também parte dos Jogos
Surdolímpicos desde os primeiros Jogos, realizados em Paris em 1924.

Realizam-se provas nas diversas distâncias (de 50 a 1500 m), nos vários estilos que são
alvo de adaptações nas partidas, viragens e chegadas, tendo em conta o regulamento da
Federação Internacional de Natação (FINA), como é o caso dos atletas com deficiência
visual, que recebem um aviso do tapper, por meio de um bastão com uma ponta de
espuma. A partida também pode ser feita na água, no caso de atletas de classes mais
baixas, que não conseguem sair do bloco.

A Natação também é praticada por atletas com Síndrome de Down, que competem no
âmbito do Special Olympics e da Down Syndrome International Swimming Organisation
(DSISO).

Tal como no Boccia e Polybat, também na Natação Adaptada existem diferentes classes
de acordo com uma análise aos resíduos musculares através de testes de força muscular,
mobilidade articular e testes motores (realizados dentro de água). A denominação das
classes começa com a letra S e o atleta pode ter diferentes classificações para os diferentes
estilos: S para estilo Livre, Mariposa e Costas e SB para Bruços. Já os atletas que
competem nas provas de estafetas têm o prefixo SM, que se trata de uma média das classes
com o número de estilos que se realizam nas provas de estafetas. Assim sendo, na natação
adaptada os atletas encontram-se divididos em 3 grandes grupos:

➢ S1 a S10/ SB1 a SB9: Nadadores com comprometimento motor;

➢ S11 a S13/ SB11 a SB13: Nadadores com deficiência visual;

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➢ SB14: Nadadores com deficiência intelectual.

Na APPACDM – Sabrosa, os utentes praticam esta modalidade todas as semanas, 1 vez


por semana. Tal como acontecia no Boccia e Polybat, também na Natação Adaptada não
existem atletas federados na Associação, não tendo sido feito o levantamento da classe a
que cada um pertence, não sendo, portanto, possível aqui discriminá-las.

Conclusão
Depois de apresentados os resultados do presente trabalho, julgamos importante elencar
algumas ilações que decorrem de uma reflexão crítica sobre a atividade física e o desporto
adaptado em Portugal e, particularmente na APPACDM – Saborosa.

Como consagrado na Constituição da República Portuguesa, a qualidade de vida, o bem-


estar e o desenvolvimento pessoal e social de todas as pessoas passa necessariamente,
pela prática de desporto e atividade física, sempre como opção e de livre escolha das
pessoas com deficiência e suas famílias. Em Portugal, o desporto adaptado é gerido pela
FPDD, que assume a organização de competições desportivas a nível nacional, tendo,
também, a responsabilidade de coordenação, preparação e participação de atletas
paralímpicos em eventos internacionais.

A APPACDM – Sabrosa tem como missão a prestação de apoio especializado nos


domínios da educação, formação, ocupação, acolhimento, saúde e inserção social,
visando promover a autonomia e inclusão dos seus utentes. Como modalidades
desportivas praticadas nesta associação destacamos o Boccia, Natação Adaptada e
Polybat.

Os benefícios da participação desportiva de pessoas com deficiência são significativos.


Entre outros, impede problemas de saúde, reduzindo o risco de desenvolver doenças
cardíacas, controle de peso, e prevenção da osteoporose. Além da prevenção de condições
secundárias e promoção da saúde geral e bem-estar; a prática desportiva pode ser
importante na vida do dia-a-dia, ao compensar o decréscimo da funcionalidade física que
decorre, não só do processo de envelhecimento natural, mas também das mudanças
relacionadas à sua condição (mobilidade reduzida, espasticidade, contraturas, dor).

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A elevação da condição física das pessoas com deficiência, contribui para manter um alto
nível de independência, aumentando a capacidade de ir para a escola, de trabalho, e
participar de uma forma mais ativa em todos os aspetos da vida da comunidade.

Com as várias visitas à Associação foi possível perceber o impacto positivo que a prática
de atividade física tem no dia a dia dos seus utentes. Foram notórios a felicidade e o prazer
que estas pessoas demonstram durante a prática desportiva e a forma calorosa como nos
acolheram e nos fizeram participar com eles nas atividades desenvolvidas.

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