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Brasil sustentável
Perspectivas do Brasil na agroindústria
2 BRASIL SUSTENTÁVEL PERSPECTIVAS DO BRASIL NA AGROINDÚSTRIA
Índice
Apresentação 3
A trajetória do Brasil 13
O mercado em 2030 17
Apresentação
Esta é a quinta* de uma série de Potencialidades do mercado
publicações que analisam os horizontes habitacional;
da economia brasileira para as próximas Crescimento econômico e potencial
duas décadas, com atenção especial de consumo;
para os seus setores estratégicos, Desafios do mercado de energia;
assim considerados tanto pela sua Horizontes da competitividade
importância na criação de riqueza industrial;
como pelas oportunidades que Perspectivas do Brasil na
representam ao longo do tempo. agroindústria.
Nesse contexto, as perspectivas do
Brasil na agroindústria, tema desta Este trabalho, um esforço conjunto
publicação, ocupam um posto da Ernst & Young Terco e da Fundação
privilegiado tanto por sua participação Getulio Vargas, procura também
na geração de renda e de empregos qualificar a concepção de desenvolvimento
como por seu papel na inserção do para o Brasil nas próximas décadas.
País no comércio mundial. Assim, este estudo considera tendências
de longo prazo em que os efeitos da crise
A abordagem leva em conta as econômica desencadeada no mercado
potencialidades do Brasil em sua imobiliário norte-americano e que
interação com o mercado mundial, ganhou dimensões mundiais representam
a fim de delinear cenários até o ano desvios passageiros que historicamente
de 2030. Uma visão aprofundada do são compensados no horizonte de
comportamento dos principais fatores tempo considerado.
condicionantes do cenário global é
requisito para projeções válidas do Porém, mais importante do que
crescimento brasileiro. Trata-se de um questionar se o País crescerá muito
conjunto de dados que abrange um ou pouco é indagar se crescerá bem,
universo de cem países, analisados ou seja, explorando ao máximo suas
não apenas em seu aspecto econômico, possibilidades, rumo a uma trajetória de
mas também em sua dinâmica expansão sustentável. As condições para
demográfica, de qualidade de vida isso estão dadas, e esta publicação traz
* Esta publicação foi produzida e de recursos humanos e naturais. elementos valiosos tanto para o debate
em 2009. Desde então, Os temas abordados nas publicações das perspectivas da economia brasileira
a série Brasil Sustentável conta
com seis publicações. A última
são os seguintes: como para o planejamento das empresas.
delas, intitulada Brasil Sustentável -
Impactos Socioeconômicos
da Copa do Mundo 2014,
foi lançada em 2010.
4 BRASIL SUSTENTÁVEL PERSPECTIVAS DO BRASIL NA AGROINDÚSTRIA
O que esperar do
agronegócio
0,6
(%) de despesas com alimentação
Nigéria
0,5
Índia
0,4
Bolívia
Peru
BRASIL Espanha
0,3
Chile
Itália
0,2 Japão
França
Estados Unidos
Alemanha
0,1
0 10.000 20.000 30.000 40.000 50.000
1,8
1,5
1,5 1,5
1,3
1,2 1,2
1,0
1,1
1,0
0,9 0,9
0,8 0,8 0,8
0,7
0,5
0
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Fonte: FGV
7
sustentada e lucrativa, em uma ótica Considerando os principais players e de pressões crescentes por
de resultados observados em relação nos mercados de alimentos e escolhas ambientalmente corretas.
aos competidores e às taxas de matérias-primas agrícolas, o Brasil A conjunção desses fatores permite
expansão da demanda. é o país em que foram observados supor uma maior abertura comercial,
os maiores ganhos de produtividade com avanços lentos e graduais nas
No período entre 1995 e 2005, no setor agropecuário entre 1960 e próximas décadas.
por exemplo, o Brasil conquistou a 2005. Nesse período, a produtividade
liderança nas exportações mundiais elevou-se a uma taxa de mais de 2% Como será visto mais detalhadamente
de álcool e de carne de frango e se ao ano, marca superior à verificada no último capítulo, as exportações
manteve à frente nos mercados em países como a China (1,8%), agroindustriais brasileiras crescerão
de açúcar, café e suco de laranja. a Índia e a Argentina (1,5%), os a uma taxa anual média de 1,3% ao
No caso da carne bovina, o Brasil Estados Unidos e o Canadá (0,8%). ano até 2030, sendo 1% ao ano no
avançou de forma significativa, Em anos recentes, especialmente caso de alimentos beneficiados e 2%
chegando à segunda maior a partir da década de 1990, ao ano no caso de matérias-primas.
participação nas exportações esses ganhos de produtividade se Esses percentuais são superiores às
mundiais em 2005 – ao mesmo expressaram na busca deliberada médias anuais de crescimento das
tempo, o País perdeu a primeira de inserção exportadora – como é importações mundiais de alimentos
posição no caso do óleo de soja. o caso da celulose –, no aumento (0,9%) e de matérias-primas
da importância das atividades de agrícolas (1,2%), o que acarretará
O Brasil obteve avanços significativos processamento de alimentos e no a continuidade do aumento de
em mercados que, em 1995, eram esforço de inovação. participação de mercado do Brasil.
considerados não tradicionais para o Estima-se que o consumo doméstico
segmento exportador agroindustrial. Os ganhos de produtividade em deverá expandir a uma taxa de
É o caso dos alimentos processados, toda a cadeia da agroindústria 3,8% ao ano até 2030. Levando em
que possuíam uma base de continuarão a sustentar a conquista consideração que a demanda por
exportação pequena e obtiveram um de novas fatias de mercado, tanto alimentos responde de forma menos
rápido avanço no mercado externo. de produtos processados quanto expressiva à elevação da renda das
Simultaneamente, os segmentos de matérias-primas de origem famílias, o seu consumo deverá se
menos dinâmicos correspondem a agrícola. Assim, a sustentação da elevar 2,9% ao ano, com destaque
itens tradicionais da pauta brasileira competitividade no setor repousa, para a demanda por produtos
de exportação, como suco de laranja, primordialmente, na capacidade de proteicos e processados.
óleo de soja e café, cujas taxas de responder aos desafios do mercado
crescimento anuais foram pouco internacional, o que exige esforços
expressivas ou negativas. de inovação e obtenção de
diferenciais tecnológicos.
Desafios
para o setor
com 11,9% em 2005. A análise tanto na agroindústria quanto em tendência verificada em grande
da evolução do consumo das outras atividades de sua cadeia. parte dos países exportadores de
famílias brasileiras, desenvolvida produtos agrícolas. Na Austrália e na
na segunda publicação desta série, Tendo como referência o PIB Irlanda, importantes competidores
projeta a redução desse percentual agrícola por trabalhador, o Brasil do Brasil na produção de carne
para 9,7% em 2030. está no grupo de países com níveis bovina, houve redução da área
médios de produtividade, de acordo agricultável a taxas de 0,46% e
com dados da Organização das 0,85% ao ano, respectivamente,
Busca de Nações Unidas para Agricultura e entre 2000 e 2005. Na Colômbia,
produtividade Alimentação (FAO). Isso significa concorrente direto na cafeicultura,
que o País está muito distante dos essa redução superou 1% anual no
O crescimento da produção e do líderes mundiais em produtividade mesmo período. Em contrapartida,
consumo de produtos de base agrícola, como os Estados Unidos, a área agricultável brasileira
agrícola nas próximas décadas o Canadá, a França e a Austrália, expandiu 0,17% ao ano em média,
A cadeia
será do agronegócio
condicionado por uma no Brasil, % do
mas à frente PIB (2005)
de outros importantes passando de 261,4 milhões de
dinâmica relacionada à elevação players, como a Rússia, a Ucrânia, a hectares, em 2000, para 263,6
da eficiência nas atividades Colômbia e a China. milhões, em 2005. Dos principais
de produção e à manutenção players do mercado mundial de
do dinamismo nas atividades Um fator fundamental a ser produtos agroindustriais, somente a
de processamento. Para que a considerado na questão é o fato China apresentou aumento da área
agroindústria brasileira seja de o Brasil, que já se configura como agricultável superior ao brasileiro,
capaz de se posicionar nesse o país de maior área agricultável do com 0,28% ao ano, chegando a
2,9%
processo de forma sustentada,
13,3%
mundo, continuar a expandir sua 556,34,4% 3,2% em
milhões de hectares
é indispensável que esteja fronteira agrícola. Se de um lado 2005. No entanto, o nível da
engajada na busca contínua de essa característica configura-se produtividade agrícola naquele país
Fornecedores de Produção agropecuária e Agroindústria Distribuição
competitividade,
matérias-primas
o que implica como uma vantagem competitiva,
extrativa vegetal
é extremamente baixo, equivalente
e consumo
um esforço inovador ainda maior, de outro vai na contramão de uma a apenas 15% do observado no
Comércio 18,1%
Europa
5,1
Gastos em P&D em relação ao Estados Unidos
faturamento, 2005 (%)
3,6
Brasil
0,6
Setores
Indústria de transformação
As empresas inovadoras
Perfil das empresas inovadoras (%)
0,1 0,7 1,5
Bebidas 0,1 0,5
0,7*
Fumo 0,2 0,9
Celulose e papel 0,2 n.d. 0,5 11
As empresas inovadoras
Perfil das empresas inovadoras (%) que são responsáveis
nos segmentos de alimentos e Uma segunda resposta para o com P&D. Existem atividades
produtos de madeira, por exemplo, sucesso recente da agroindústria complementares tão ou mais
correspondem a 0,7% e 0,8%, nacional pode ser encontrada importantes para a inovação que,
respectivamente. no próprio conceito de inovação, no caso da agroindústria brasileira,
negligenciado em diversas análises. mostram-se de grande relevância
Com investimentos relativamente Segundo o Manual de Oslo (OCDE, para a geração e a sustentação da
baixos em P&D, de que forma 1995), referência internacional competitividade.
o Brasil obteve a liderança em no tema, a inovação consiste
diversos mercados internacionais no “lançamento de produtos Em 2005, segundo dados do
de produtos agroindustriais? (bens e serviços) ou na adoção IBGE, mais de 92% das empresas
Em primeiro lugar, os níveis de processos tecnologicamente da agroindústria que adotaram
reduzidos de gastos nesse item novos ou significativamente inovações em processos
escondem grandes diferenças aprimorados”. Essa definição, ao declararam que o principal
em cada segmento – na indústria mesmo tempo ampla e precisa, responsável pelo desenvolvimento
de alimentos, por exemplo, as deixa claro que o conceito não está da inovação foi outra empresa ou
empresas inovadoras responderam apenas vinculado às atividades instituto, e apenas 5% o atribuíram
por 80,6% da geração de valor de P&D realizadas no interior das a si mesmas. Logo, a agroindústria
no setor e por 68% do emprego. empresas. Do mesmo modo, o brasileira se caracteriza pela
A concentração das atividades termo “processos” não se restringe terceirização de atividades de P&D,
inovadoras nas grandes aos processos produtivos, mas prática comum em segmentos
empresas é observada como abrange todas as atividades-meio industriais para os quais estão
regra na agroindústria nacional. das empresas, incluindo estratégias disponíveis diversas alternativas
A disparidade na propensão a de marketing, distribuição, técnicas de produção.
inovar também é clara quando o acordos de cooperação técnica,
critério de análise é a inserção certificação, entre outras. Das empresas que inovaram
exportadora ou a nacionalidade do em processos, 96% declararam
capital: a típica empresa inovadora Em resumo, a avaliação do esforço adotar soluções já existentes
na agroindústria brasileira é inovador de empresas ou de no País – pouco mais de 61%
exportadora e estrangeira. segmentos industriais não deve afirmaram que essa adoção
se limitar à análise dos gastos consistiu em aprimoramento
12 BRASIL SUSTENTÁVEL PERSPECTIVAS DO BRASIL NA AGROINDÚSTRIA
A trajetória
do Brasil
O mercado
em 2030
Nafta
América
Central
2007 2030 e Caribe
País
US$
milhões* País
US$
milhões* 2,0%
1º Estados Unidos 3.815,7 1º Estados Unidos 5.377,4 2,1%
2º Bélgica** 1.729,4 2º China 2.145,7 0,2%
3º Rússia 1.325,3 3º Bélgica** 2.067,9
4º Itália 1.303,0 4º Itália 1.842,8
5º França 1.172,9 5º Rússia 1.554,8
6º Alemanha 915,7 6º França 1.498,4
7º China 900,6 7º Alemanha 1.070,0
8º Grã-Bretanha 819,8 8º Grã-Bretanha 1.033,6
9º Irã 787,7 9º Irã 944,1
10º Japão 674,1 10º Japão 814,6
11º Coreia do Sul 413,2 11º Coreia do Sul 644,1 América
12º Espanha 400,4 12º Malásia 516,0 do Sul
13º África do Sul 369,1 13º Indonésia 492,8 1,2%
14º Canadá 361,6 14º Espanha 492,7
15º Nigéria 356,9 15º África do Sul 455,3 1,3%
16º Malásia 347,4 16º Nigéria 454,3 1,0%
17º Argentina 305,3 17º Canadá 431,0
18º Indonésia 304,9 18º Tailândia 414,1
19º Suíça 273,9 19º Argentina 389,9
País
20º Tailândia 245,2 20º Suíça 373,1
Argentina 1,1% 1,0% 1,4%
Chile 1,3% 1,4% 0,5%
Fonte: FGV
Venezuela 1,2% 1,2% 0,8%
(*) A preços de 2007.
(**) Entreposto para a União Europeia.
Crescimento médio anual até 2030*
Mundo
1,3% Crescimento das exportações da agroindústria
* A preços de 2005
País
Grã-Bretanha 1,0% 1,0% 0,8%
França 1,1% 1,2% 0,8%
Portugal 0,5% 0,5% 0,4%
Europa Espanha 0,9% 1,1% 0,7%
1,0% Alemanha 0,7% 0,7% 0,6%
Rússia 0,7% 0,7% 0,4%
0,8%
1,3%
País
Japão 0,8% 0,8% 0,9%
China 3,8% 0,8% 5,1%
Coreia do Sul 1,9% 1,5% 2,7% Ásia e Oceania
Índia
Austrália
0,6%
1,6%
0,3%
1,6%
2,8%
2,1%
2,2%
Oriente Médio e 1,1%
norte da África 3,8%
0,8%
0,8%
0,8%
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Fonte: FGV
20 BRASIL SUSTENTÁVEL PERSPECTIVAS DO BRASIL NA AGROINDÚSTRIA
Os 20 maiores importadores
em 2007 e em 2030
De alimentos
2007 2030
País US$ bi País US$ bi
1º Estados Unidos 537,4 1º Estados Unidos 720,3
2º Japão 475,1 2º Japão 467,7
3º Grã-Bretanha 191,4 3º Grã-Bretanha 222,5
4º Alemanha 183,9 4º França 192,3
5º França 168,2 5º Alemanha 187,9
6º Itália 151,9 6º Itália 160,8
7º Rússia 126,2 7º China 154,4
8º Espanha 107,5 8º Rússia 135,7
9º China 80,4 9º Espanha 125,0
10º Canadá 64,5 10º Canadá 82,6
11º Holanda 61,8 11º México 74,4
12º México 48,2 12º Brasil 67,0
13º Brasil 42,3 13º Holanda 66,9
14º Coreia do Sul 36,4 14º Austrália 49,9
15º Austrália 35,8 15º Índia 47,8
16º Dinamarca 29,8 16º Coreia do Sul 45,9
17º Índia 28,8 17º Indonésia 36,0
18º Bélgica 28,6 18º Dinamarca 33,5
19º Suécia 26,9 19º Egito 33,3
20º Grécia 26,4 20º Grécia 32,8
2007 2030
País US$ bi País US$ bi
1º Estados Unidos 169,1 1º Estados Unidos 226,6
2º Japão 91,1 2º China 168,7
3º China 87,8 3º Japão 89,7
4º Itália 46,3 4º Itália 49,0
5º Alemanha 39,8 5º Alemanha 40,7
6º França 31,5 6º França 36,1
7º Grã-Bretanha 30,0 7º Grã-Bretanha 34,9
8º Índia 17,5 8º Índia 29,0
9º Coreia do Sul 15,9 9º Brasil 22,6
10º Espanha 15,8 10º Coreia do Sul 20,1
11º Brasil 14,2 11º Espanha 18,3
12º Canadá 14,0 12º Canadá 17,9
13º México 11,3 13º México 17,5
14º Turquia 10,7 14º Turquia 16,8
15º Holanda 10,4 15º Indonésia 15,5
16º Indonésia 10,3 16º Holanda 11,3
17º Rússia 7,8 17º Bangladesh 10,6
18º Austrália 6,8 18º Austrália 9,5
19º Áustria 6,8 19º Paquistão 8,8
20º Dinamarca 5,8 20º Rússia 8,4
Fonte: FGV
O consumo das famílias deverá crescer em
média 2,8% ao ano em todo o mundo até
2030, em contraposição a um aumento de
0,9% ao ano nas importações de alimentos.
30%
25% 29,0%
26,9%
25,7%
20%
21,7% 21,6%
19,6%
15%
5%
6,7% 6,8% 1,3%
0,3%
2,4%
Renda até De R$ 1.000 De R$ 2.000 De R$ 4.000 De R$ 8.000 De R$ 16.000 Mais de
R$ 1.000 a R$ 2.000 a R$ 4.000 a R$ 8.000 a R$ 16.000 a R$ 32.000 R$ 32.000
alimentos responde aos incrementos (2,9% anuais), as importações de No cenário de referência, estima-se
da renda de forma cada vez menos alimentos crescerão a taxas menores que as faixas de renda familiar mais
intensa, na medida em que as (2,0% ao ano), resultado do bom baixas (até R$ 1 mil e entre R$ 1 mil e
famílias elevam seu padrão de vida. desempenho da produção interna da R$ 2 mil, em valores de 2007)
Esse processo gera menos impactos agropecuária e da agroindústria. ingressarão paulatinamente nos
sobre a demanda por alimentos do estratos médios de consumo total
que sobre os níveis de consumo no País, em razão da progressiva
em geral. Como resultado dessa A demanda interna elevação na renda das famílias.
tendência, o consumo das famílias As taxas expressivas de crescimento
deverá crescer em todo o mundo A tendência de a demanda por do consumo nas faixas intermediárias,
2,8% ao ano no período 2007-2030, alimentos responder em menor projetadas até 2030, deverão
mas as importações de alimentos proporção aos aumentos de renda é impulsionar um padrão de consumo
deverão crescer na faixa de 1% verificada em menor escala no Brasil, de alimentos mais concentrado em
ao ano. No Brasil, a despeito da pois existem no País estratos de produtos proteicos, em detrimento de
elevação projetada do PIB (4,0% renda em que o consumo alimentar carboidratos e gorduras. A demanda
anuais) e do consumo de alimentos não satisfaz adequadamente as interna por alimentos proteicos
23
crescerá a taxas maiores. que priorizam a distribuição desse açúcar, 1,2%. Como foi visto na
Entre eles, destaca-se o item, quanto porque as famílias segunda publicação desta série,
crescimento do consumo per mais pobres e numerosas têm o aperfeiçoamentos institucionais e
capita de itens como presunto hábito de diluir o produto. de qualificação do desenvolvimento
(2,8% de crescimento médio anual Assim, o consumo de leite em pó humano possibilitam um
até 2030), queijos (2,3%) e terá baixo dinamismo no Brasil nos desenvolvimento sustentado
carne bovina de primeira (2,1%). próximos anos. Em contrapartida, com níveis mais elevados de
Considerando o crescimento médio o consumo per capita de leite crescimento econômico.
da população no período (0,9% pasteurizado deverá crescer 1,8% No denominado cenário com
ao ano), chega-se às taxas de ao ano até 2030. Considerando avanços, está implícita uma taxa
crescimento da demanda total o aumento da população, a de crescimento médio do PIB de
de 3,7% para presunto, 3,3% demanda total por esse item 4,6% ao ano no período de 2008 a
para queijos e 3,1% para deverá crescer à taxa de 2,8% 2030. Esse ritmo mais acentuado
carne bovina. ao ano. de expansão econômica implica
um crescimento do consumo de
Um cuidado especial deve ser O consumo per capita de alimentos e bebidas de 3,2% ao ano.
tomado em relação à análise do alimentos energéticos – isto é,
consumo de leite. No Brasil, o ricos em carboidratos – deverá ter A taxa ligeiramente superior à da
leite em pó é considerado um desempenho discreto, com taxas projeção do cenário de referência
bem inferior, isto é, seu consumo de crescimento anuais de 0,8% resulta em consumo adicional de
relaciona-se inversamente com as para a farinha de trigo, 0,7% para R$ 6 bilhões em 2030. O efeito
variações na renda. Isso se explica as massas, 0,5% para o arroz e de um crescimento maior de
pelo fato de as famílias mais pobres 0,2% para o açúcar. A demanda renda será notado de forma mais
serem as maiores consumidoras de total de arroz crescerá 1,6% ao intensa no mercado de alimentos
leite em pó. Isso ocorre tanto como ano; a de farinha de trigo, processados.
resultado das políticas assistenciais, 1,8%; a de massas, 1,7%; e a de
2007 a 2030
Cenário de Cenário com
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