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Brasil sustentável
Perspectivas do Brasil na agroindústria
2 BRASIL SUSTENTÁVEL PERSPECTIVAS DO BRASIL NA AGROINDÚSTRIA

Índice
Apresentação 3

O que esperar do agronegócio 4

Desafios para o setor 8

A trajetória do Brasil 13

O mercado em 2030 17
Apresentação
Esta é a quinta* de uma série de Potencialidades do mercado
publicações que analisam os horizontes habitacional;
da economia brasileira para as próximas Crescimento econômico e potencial
duas décadas, com atenção especial de consumo;
para os seus setores estratégicos, Desafios do mercado de energia;
assim considerados tanto pela sua Horizontes da competitividade
importância na criação de riqueza industrial;
como pelas oportunidades que Perspectivas do Brasil na
representam ao longo do tempo. agroindústria.
Nesse contexto, as perspectivas do
Brasil na agroindústria, tema desta Este trabalho, um esforço conjunto
publicação, ocupam um posto da Ernst & Young Terco e da Fundação
privilegiado tanto por sua participação Getulio Vargas, procura também
na geração de renda e de empregos qualificar a concepção de desenvolvimento
como por seu papel na inserção do para o Brasil nas próximas décadas.
País no comércio mundial. Assim, este estudo considera tendências
de longo prazo em que os efeitos da crise
A abordagem leva em conta as econômica desencadeada no mercado
potencialidades do Brasil em sua imobiliário norte-americano e que
interação com o mercado mundial, ganhou dimensões mundiais representam
a fim de delinear cenários até o ano desvios passageiros que historicamente
de 2030. Uma visão aprofundada do são compensados no horizonte de
comportamento dos principais fatores tempo considerado.
condicionantes do cenário global é
requisito para projeções válidas do Porém, mais importante do que
crescimento brasileiro. Trata-se de um questionar se o País crescerá muito
conjunto de dados que abrange um ou pouco é indagar se crescerá bem,
universo de cem países, analisados ou seja, explorando ao máximo suas
não apenas em seu aspecto econômico, possibilidades, rumo a uma trajetória de
mas também em sua dinâmica expansão sustentável. As condições para
demográfica, de qualidade de vida isso estão dadas, e esta publicação traz
* Esta publicação foi produzida e de recursos humanos e naturais. elementos valiosos tanto para o debate
em 2009. Desde então, Os temas abordados nas publicações das perspectivas da economia brasileira
a série Brasil Sustentável conta
com seis publicações. A última
são os seguintes: como para o planejamento das empresas.
delas, intitulada Brasil Sustentável -
Impactos Socioeconômicos
da Copa do Mundo 2014,
foi lançada em 2010.
4 BRASIL SUSTENTÁVEL PERSPECTIVAS DO BRASIL NA AGROINDÚSTRIA

O que esperar do
agronegócio

Tendências hábitos de consumo, com


exigências crescentes quanto à
rumo a 2030 segurança alimentar e ao uso
sustentado dos recursos naturais –
A compreensão das relações fato observado notadamente
entre crescimento industrial e nos países desenvolvidos.
desenvolvimento vem se alterando Nas economias emergentes,
de forma significativa nas últimas o rápido crescimento da renda
décadas. Até os anos 1970, média da população tem gerado
progresso era sinônimo da presença pressões adicionais sobre a
de setores como o automobilístico demanda por alimentos.
e de máquinas e equipamentos, Disso decorre que o mercado
e a produção agroindustrial era de produtos da agroindústria
tida como típica de países em não está apenas em expansão,
estágios iniciais do processo de mas também vem assumindo
desenvolvimento. Os imperativos um perfil qualitativo diferente
ambientais e de combate à do observado no passado.
desigualdade social pouco a Ao mesmo tempo, produtos
pouco erodiram essa visão. que se situam nas cadeias da
indústria alimentícia passaram
Fatos importantes ocorridos nos a ser também fontes alternativas
últimos anos – como o esgotamento de energia, caso das matérias-
da fronteira agrícola em diversas primas dos biocombustíveis,
regiões, as mudanças na dinâmica o que potencializa o seu
demográfica, as preocupações de papel estratégico.
natureza ambiental e a busca de
fontes alternativas de energia – O segundo movimento ocorre na
colocaram as atividades do oferta de bens agroindustriais.
agronegócio em posição estratégica Observam-se processos de
na definição dos rumos das mudança tecnológica para
economias nacionais e no fluxo atender às novas condições
internacional de comércio. da demanda, na escala e nos
Essa dinâmica é observada em padrões exigidos pelo mercado
escala global e se desdobra em dois internacional. A biotecnologia,
grandes movimentos. a tecnologia da informação, os
métodos de gestão empresarial
Do ponto de vista da demanda, e das cadeias de suprimento são
nota-se o surgimento de novos hoje as fontes mais relevantes
O aumento progressivo da renda das
famílias, mais elevado nos países mais
pobres, permitirá o ingresso de milhões
de novos consumidores no mercado.

de inputs tecnológicos para a às alterações no perfil da médios (como México e Brasil).


agroindústria. Esse é o caso demanda. No caso brasileiro, Isso aponta para um cenário de
típico da carne bovina, cujo é crucial identificar a atual crescimento intenso do consumo,
ingresso em países mais ricos dinâmica da produtividade pois o aumento progressivo da
tem exigências de minuciosa agroindustrial e suas tendências renda das famílias, mais elevado
identificação de procedência para as próximas décadas. nos países mais pobres, permitirá
do gado. o ingresso de milhões de novos
Como foi visto na segunda consumidores no mercado.
Em face da crescente escassez de publicação desta série, o perfil de A relação entre o consumo de
áreas agricultáveis, uma questão crescimento mundial nas próximas alimentos e a evolução da renda
fundamental para o cenário das décadas será convergente, ou seja, tem, no entanto, outro efeito a ser
próximas décadas é a capacidade as maiores taxas de expansão do considerado. A parcela do gasto
de o avanço tecnológico permitir PIB serão observadas em países total das famílias com alimentos
que a agroindústria responda de que têm hoje níveis de renda mais tende a cair na medida em que a
forma adequada ao crescimento e baixos (como China e Índia) ou renda se eleva. Em países ricos, o

Despesas com alimentação* e renda per capita 2007

0,6
(%) de despesas com alimentação

Nigéria
0,5

Índia

0,4
Bolívia

Peru
BRASIL Espanha
0,3

Chile

Itália
0,2 Japão
França
Estados Unidos

Alemanha
0,1
0 10.000 20.000 30.000 40.000 50.000

Renda per capita (US$ constantes)

Fonte: FGV, com base em dados do FAOStat.


* Os dados com despesas com alimentação referem-se a 2005
6 BRASIL SUSTENTÁVEL PERSPECTIVAS DO BRASIL NA AGROINDÚSTRIA

consumo desses produtos é Em 2005, o PIB do agronegócio na produção de biocombustíveis


pouco sensível aos acréscimos brasileiro atingiu R$ 438 bilhões, ou serão mais bem-sucedidas quanto
de rendimento das famílias. 23,8% da renda nacional. Em países mais premente for a questão
mais ricos, como os Estados Unidos, climática e quanto menos intensas
Em linhas gerais, espera-se essa fatia é de 16,7%. Na análise forem as práticas protecionistas.
um crescimento significativo dos fatores condicionantes rumo Do mesmo modo, a expansão da fatia
no comércio internacional de a 2030, dois aspectos adicionais do Brasil no mercado mundial de
alimentos e de matérias-primas merecem destaque em razão de seu carnes não depende exclusivamente do
de origem agrícola no horizonte impacto nas condições do comércio esforço local de adequar as condições
até 2030. Mas essa evolução internacional. O primeiro deles sanitárias do rebanho nacional, mas
deve ser inferior à verificada na refere-se às negociações relativas também da abertura de mercados de
renda e no consumo total, o que às barreiras comerciais impostas grande interesse, como o japonês.
ressalta a importância do correto a produtos da agroindústria em
mapeamento das oportunidades diferentes mercados. O segundo, à Os indicadores de participação
de negócio nesse segmento nas evolução das alterações climáticas. de mercado permitem uma primeira
próximas décadas. avaliação do desempenho atual
As políticas governamentais e as da agroindústria brasileira.
Especialidade estratégias empresariais voltadas A competitividade de uma
ao aumento da produtividade da empresa ou de todo um segmento
brasileira agroindústria certamente terão produtivo, especialmente no caso
resultados determinados por esses da agroindústria, pode ser definida
A cadeia do agronegócio aumentará dois fatores. No caso brasileiro, como a capacidade de conquistar e
significativamente no Brasil. políticas direcionadas para o avanço manter fatias de mercado, de forma

Aumento da produtividade agropecuária entre 1960 e 2005


Em %
2,0
2,0

1,8
1,5
1,5 1,5

1,3
1,2 1,2
1,0
1,1
1,0
0,9 0,9
0,8 0,8 0,8
0,7
0,5

0
a
IL

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t
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Tu

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do

Es
BR

at
ng
Ar

In
Gu
Ba

Fonte: FGV
7

sustentada e lucrativa, em uma ótica Considerando os principais players e de pressões crescentes por
de resultados observados em relação nos mercados de alimentos e escolhas ambientalmente corretas.
aos competidores e às taxas de matérias-primas agrícolas, o Brasil A conjunção desses fatores permite
expansão da demanda. é o país em que foram observados supor uma maior abertura comercial,
os maiores ganhos de produtividade com avanços lentos e graduais nas
No período entre 1995 e 2005, no setor agropecuário entre 1960 e próximas décadas.
por exemplo, o Brasil conquistou a 2005. Nesse período, a produtividade
liderança nas exportações mundiais elevou-se a uma taxa de mais de 2% Como será visto mais detalhadamente
de álcool e de carne de frango e se ao ano, marca superior à verificada no último capítulo, as exportações
manteve à frente nos mercados em países como a China (1,8%), agroindustriais brasileiras crescerão
de açúcar, café e suco de laranja. a Índia e a Argentina (1,5%), os a uma taxa anual média de 1,3% ao
No caso da carne bovina, o Brasil Estados Unidos e o Canadá (0,8%). ano até 2030, sendo 1% ao ano no
avançou de forma significativa, Em anos recentes, especialmente caso de alimentos beneficiados e 2%
chegando à segunda maior a partir da década de 1990, ao ano no caso de matérias-primas.
participação nas exportações esses ganhos de produtividade se Esses percentuais são superiores às
mundiais em 2005 – ao mesmo expressaram na busca deliberada médias anuais de crescimento das
tempo, o País perdeu a primeira de inserção exportadora – como é importações mundiais de alimentos
posição no caso do óleo de soja. o caso da celulose –, no aumento (0,9%) e de matérias-primas
da importância das atividades de agrícolas (1,2%), o que acarretará
O Brasil obteve avanços significativos processamento de alimentos e no a continuidade do aumento de
em mercados que, em 1995, eram esforço de inovação. participação de mercado do Brasil.
considerados não tradicionais para o Estima-se que o consumo doméstico
segmento exportador agroindustrial. Os ganhos de produtividade em deverá expandir a uma taxa de
É o caso dos alimentos processados, toda a cadeia da agroindústria 3,8% ao ano até 2030. Levando em
que possuíam uma base de continuarão a sustentar a conquista consideração que a demanda por
exportação pequena e obtiveram um de novas fatias de mercado, tanto alimentos responde de forma menos
rápido avanço no mercado externo. de produtos processados quanto expressiva à elevação da renda das
Simultaneamente, os segmentos de matérias-primas de origem famílias, o seu consumo deverá se
menos dinâmicos correspondem a agrícola. Assim, a sustentação da elevar 2,9% ao ano, com destaque
itens tradicionais da pauta brasileira competitividade no setor repousa, para a demanda por produtos
de exportação, como suco de laranja, primordialmente, na capacidade de proteicos e processados.
óleo de soja e café, cujas taxas de responder aos desafios do mercado
crescimento anuais foram pouco internacional, o que exige esforços
expressivas ou negativas. de inovação e obtenção de
diferenciais tecnológicos.

Fatias promissoras Um fator crítico para um bom


do mercado desempenho agroindustrial é o grau
elevado de protecionismo praticado
Para o planejamento de políticas em mercados importantes, mas há
governamentais do setor, é necessário razões para otimismo em relação
responder a duas questões decisivas a avanços. Conforme discutido na
sobre o cenário para a agroindústria segunda publicação desta série, o
brasileira. O desempenho dos últimos cenário de referência deste estudo
dez anos se manterá nas próximas projeta um crescimento médio de 4%
décadas? Quais são as oportunidades ao ano do PIB brasileiro e de 3,5% ao
e os desafios para o segmento no ano do PIB mundial, em um contexto
contexto mundial? de aumento de fluxos comerciais
8 BRASIL SUSTENTÁVEL PERSPECTIVAS DO BRASIL NA AGROINDÚSTRIA

Desafios
para o setor

Cadeia de produção campo e a transformação industrial


e termina na distribuição para o
do consumo de alimentos fora
de casa, de pré-preparados e de
O diagnóstico das perspectivas consumo final. Nesse último estágio, congelados. Nos Estados Unidos,
da agroindústria envolve estão os setores de alimentação por exemplo, o percentual dos
necessariamente a avaliação e de comércio de alimentos. gastos familiares com alimentos
de seu desempenho recente. A agroindústria, objeto principal consumidos em casa caiu de 14,1%,
Neste capítulo são discutidas deste estudo, compõe um dos em 1970, para 7,5% em 2003 – na
as principais questões de elos dessa cadeia, contemplando média dos países ricos, diminuiu de
interesse para o setor, a fim as atividades de processamento 22% para 13% no período.
de dar fundamento aos cenários e transformação dos produtos de
e de orientar o planejamento origem agropecuária e agroflorestal Trata-se de uma situação distinta
das empresas. – atividades primárias que vêm da que se verifica ainda hoje nos
perdendo terreno na geração de países em desenvolvimento.
O termo agronegócio valor em relação ao segmento Na Venezuela e na Tailândia, por
(agrobusiness) surgiu pela primeira agroindustrial no País. exemplo, o percentual de despesas
vez no final dos anos 1950, cunhado com alimentação em casa girava
pelos economistas norte-americanos A participação da agroindústria em torno de 30% em 2003, o que
John H. Davis e Ray A. Goldberg, no PIB brasileiro passou de 3,8%, mostra a existência de um grande
e se refere a todas as atividades em 2000, para 4,4% em 2005, mercado potencial para o consumo
relacionadas à agropecuária e seus segundo estimativas feitas com de alimentos processados.
produtos – em um encadeamento base nas Contas Nacionais. Trata- No Brasil, o percentual de despesas
que começa na produção de insumos se de uma tendência relacionada com alimentação em casa é
agrícolas, envolve as atividades no em grande medida ao crescimento relativamente baixo atualmente,

A cadeia do agronegócio no Brasil, % do PIB (2005)

2,9% 13,3% 4,4% 3,2%

Fornecedores de Produção agropecuária e Agroindústria Distribuição


matérias-primas extrativa vegetal e consumo

Principais fornecedores da agropecuária brasileira, % do total em 2005


9

com 11,9% em 2005. A análise tanto na agroindústria quanto em tendência verificada em grande
da evolução do consumo das outras atividades de sua cadeia. parte dos países exportadores de
famílias brasileiras, desenvolvida produtos agrícolas. Na Austrália e na
na segunda publicação desta série, Tendo como referência o PIB Irlanda, importantes competidores
projeta a redução desse percentual agrícola por trabalhador, o Brasil do Brasil na produção de carne
para 9,7% em 2030. está no grupo de países com níveis bovina, houve redução da área
médios de produtividade, de acordo agricultável a taxas de 0,46% e
com dados da Organização das 0,85% ao ano, respectivamente,
Busca de Nações Unidas para Agricultura e entre 2000 e 2005. Na Colômbia,
produtividade Alimentação (FAO). Isso significa concorrente direto na cafeicultura,
que o País está muito distante dos essa redução superou 1% anual no
O crescimento da produção e do líderes mundiais em produtividade mesmo período. Em contrapartida,
consumo de produtos de base agrícola, como os Estados Unidos, a área agricultável brasileira
agrícola nas próximas décadas o Canadá, a França e a Austrália, expandiu 0,17% ao ano em média,
A cadeia
será do agronegócio
condicionado por uma no Brasil, % do
mas à frente PIB (2005)
de outros importantes passando de 261,4 milhões de
dinâmica relacionada à elevação players, como a Rússia, a Ucrânia, a hectares, em 2000, para 263,6
da eficiência nas atividades Colômbia e a China. milhões, em 2005. Dos principais
de produção e à manutenção players do mercado mundial de
do dinamismo nas atividades Um fator fundamental a ser produtos agroindustriais, somente a
de processamento. Para que a considerado na questão é o fato China apresentou aumento da área
agroindústria brasileira seja de o Brasil, que já se configura como agricultável superior ao brasileiro,
capaz de se posicionar nesse o país de maior área agricultável do com 0,28% ao ano, chegando a
2,9%
processo de forma sustentada,
13,3%
mundo, continuar a expandir sua 556,34,4% 3,2% em
milhões de hectares
é indispensável que esteja fronteira agrícola. Se de um lado 2005. No entanto, o nível da
engajada na busca contínua de essa característica configura-se produtividade agrícola naquele país
Fornecedores de Produção agropecuária e Agroindústria Distribuição
competitividade,
matérias-primas
o que implica como uma vantagem competitiva,
extrativa vegetal
é extremamente baixo, equivalente
e consumo
um esforço inovador ainda maior, de outro vai na contramão de uma a apenas 15% do observado no

Principais fornecedores da agropecuária brasileira, % do total em 2005

Serviços de informação 3,3%

Defensivos agrícolas 3,9%


Serviços prestados 4,6%
às empresas
Eletricidade 5,9%

Petróleo e gás natural 6,0%

Alimentos e bebidas 7,6%

Produtos químicos 8,1%

Intermediação financeira 8,5%

Transporte e armazenagem 10,5%

Comércio 18,1%

Fonte: FGV 2% 4% 6% 8% 10% 12% 14% 16% 18%


10 BRASIL SUSTENTÁVEL PERSPECTIVAS DO BRASIL NA AGROINDÚSTRIA

Brasil. Na Argentina e nos Estados


Unidos, a expansão da área
Chave do futuro Segundo dados da Pesquisa
Industrial de Inovação Tecnológica
agricultável não atingiu 0,1% anual. A inovação tecnológica (Pintec-IBGE/2005), somente um
é o principal alicerce da terço das indústrias do segmento
Ressalte-se também a crescente competitividade sustentável de alimentos implementaram
utilização de maquinário e em todos os ramos de atividade inovações em produtos e processos
fertilizantes na agropecuária industrial, e o desempenho entre 2003 e 2005. Neste último
brasileira, o que denota uma recente da agroindústria brasileira ano, os gastos dessas empresas
mudança significativa na forma comprova essa afirmação. em atividades inovadoras foram da
de produzir. Por exemplo, entre Os segmentos mais bem-sucedidos ordem de 1,7% de seu faturamento
2000 e 2005, o uso de fertilizantes e mais promissores são os que líquido e, especificamente nas
nitrogenados no País passou de interagem melhor com o ambiente atividades de P&D internas, os
6,7 toneladas para 7,8 toneladas competitivo internacional, com a gastos foram pouco superiores
por mil hectares, um crescimento busca de um padrão tecnológico de a 0,1% do faturamento – nível
anual de 5,2%. Mas o Brasil ainda ponta, seja em relação a produtos, que corresponde a um sexto do
está distante da intensidade de uso a processos produtivos ou a percentual observado na indústria
observada em países produtores técnicas de gestão. brasileira de transformação em
como a Alemanha, a França e a seu conjunto. Nos Estados Unidos,
Irlanda – e a diferença se acentua No entanto, a agroindústria os gastos com P&D para o total da
na comparação com a China e os brasileira não é vista como uma indústria de transformação são de
Estados Unidos. grande geradora de inovações. 3,6% do valor líquido das vendas –

Europa

5,1
Gastos em P&D em relação ao Estados Unidos
faturamento, 2005 (%)
3,6

Brasil

0,6
Setores

Indústria de transformação

Alimentos 0,1 0,7 1,5


Bebidas 0,1 0,5
0,7*
Fumo 0,2 0,9
Celulose e papel 0,2 n.d. 0,5
Produtos de madeira 0,1 0,8 n.d.
Fonte: Pintec (2005), Eurostat e National Science Foundation, Division of Science Resources Statistics (2007). (*) Bebidas e fumo somados.

As empresas inovadoras
Perfil das empresas inovadoras (%)
0,1 0,7 1,5
Bebidas 0,1 0,5
0,7*
Fumo 0,2 0,9
Celulose e papel 0,2 n.d. 0,5 11

Produtos de madeira 0,1 0,8 n.d.


Fonte: Pintec (2005), Eurostat e National Science Foundation, Division of Science Resources Statistics (2007). (*) Bebidas e fumo somados.

As empresas inovadoras
Perfil das empresas inovadoras (%) que são responsáveis

Parcela das empresas que inovam

No Entre as Entre as não- Entre as Entre as por % do por % do PIB


Setores total exportadoras exportadoras nacionais estrangeiras emprego do setor

Indústria de transformação 33,6 59,0 30,4 32,9 67,2 62,1 82,8


Alimentos 31,9 66,2 29,2 31,4 82,4 68,0 80,6
Bebidas 42,1 77,4 38,1 41,3 85,2 74,0 89,0
Fumo 25,2 39,5 8,3 17,0 68,3 55,4 76,1
Produtos de madeira 28,3 38,4 26,4 28,1 60,7 43,4 57,0
Celulose 51,7 83,3 43,5 48,1 100,0 84,2 89,1
Papel e produtos de papel 31,4 61,4 28,5 30,7 70,3 61,1 84,9
Fonte: Pintec (2005).

nos segmentos de alimentos e Uma segunda resposta para o com P&D. Existem atividades
produtos de madeira, por exemplo, sucesso recente da agroindústria complementares tão ou mais
correspondem a 0,7% e 0,8%, nacional pode ser encontrada importantes para a inovação que,
respectivamente. no próprio conceito de inovação, no caso da agroindústria brasileira,
negligenciado em diversas análises. mostram-se de grande relevância
Com investimentos relativamente Segundo o Manual de Oslo (OCDE, para a geração e a sustentação da
baixos em P&D, de que forma 1995), referência internacional competitividade.
o Brasil obteve a liderança em no tema, a inovação consiste
diversos mercados internacionais no “lançamento de produtos Em 2005, segundo dados do
de produtos agroindustriais? (bens e serviços) ou na adoção IBGE, mais de 92% das empresas
Em primeiro lugar, os níveis de processos tecnologicamente da agroindústria que adotaram
reduzidos de gastos nesse item novos ou significativamente inovações em processos
escondem grandes diferenças aprimorados”. Essa definição, ao declararam que o principal
em cada segmento – na indústria mesmo tempo ampla e precisa, responsável pelo desenvolvimento
de alimentos, por exemplo, as deixa claro que o conceito não está da inovação foi outra empresa ou
empresas inovadoras responderam apenas vinculado às atividades instituto, e apenas 5% o atribuíram
por 80,6% da geração de valor de P&D realizadas no interior das a si mesmas. Logo, a agroindústria
no setor e por 68% do emprego. empresas. Do mesmo modo, o brasileira se caracteriza pela
A concentração das atividades termo “processos” não se restringe terceirização de atividades de P&D,
inovadoras nas grandes aos processos produtivos, mas prática comum em segmentos
empresas é observada como abrange todas as atividades-meio industriais para os quais estão
regra na agroindústria nacional. das empresas, incluindo estratégias disponíveis diversas alternativas
A disparidade na propensão a de marketing, distribuição, técnicas de produção.
inovar também é clara quando o acordos de cooperação técnica,
critério de análise é a inserção certificação, entre outras. Das empresas que inovaram
exportadora ou a nacionalidade do em processos, 96% declararam
capital: a típica empresa inovadora Em resumo, a avaliação do esforço adotar soluções já existentes
na agroindústria brasileira é inovador de empresas ou de no País – pouco mais de 61%
exportadora e estrangeira. segmentos industriais não deve afirmaram que essa adoção
se limitar à análise dos gastos consistiu em aprimoramento
12 BRASIL SUSTENTÁVEL PERSPECTIVAS DO BRASIL NA AGROINDÚSTRIA

de processos já existentes. Brasil tem sido eficiente ao se Resultados colhidos desde os


Esse padrão permite caracterizar adaptar a um contexto de economia anos 1980 mostram que o País tem
a agroindústria brasileira em desenvolvimento, mas o capacidade para isso – e soluções
como inovadora, mas centrada sucesso no horizonte das próximas competitivas continuarão sendo
em processos e na prática de décadas envolve avanços maiores propostas tanto pelas instituições
outsourcing tecnológico. em produtividade e inovação. de pesquisa como pelas empresas.
Os gastos com P&D interno
visam em grande medida
capacitar as empresas para
absorver as inovações geradas Parcela das empresas que inovaram entre 2003 e 2005
externamente. Por sua vez, essa
capacitação tem como objetivo Produtos e processos
formar um conjunto de ativos Apenas mudanças organizacionais
60%
complementares, muitas vezes
52
intangíveis, mas essenciais para
o incremento da produtividade. 50%
42
Esse é o caso típico do capital 41 39
37 38
humano, alvo de atenção 40% 36
34
crescente em diversas cadeias da 32 33 33 32 31
28
agroindústria nos últimos anos. 30%
25

A correta compreensão do 20%


14
sucesso do Brasil no setor exige
a ruptura com a visão tradicional 10%
de que a tecnologia, como fator
de geração e sustentação de
vantagens competitivas, é algo Indústria Alimentos Bebidas Fumo Couro Madeira Celulose Papel
exclusivamente produzido nos
Fonte: Pintec (2005).
centros de P&D das próprias
empresas. Dessa forma, pode-se
afirmar que há um processo de Gastos em P&D sobre o total do faturamento em 2005
inovação adaptado às condições
de produção no País, que não pode Dispêndio em inovação
P&D interno
ser comparado diretamente com o
6%
existente em grandes produtores
5,1
do Primeiro Mundo. Ressalte-se 5%
que o desempenho exportador
da agroindústria brasileira 4%
demonstra o sucesso desse tipo
2,8 2,8
de processo inovador. 3% 2,6
2,1
1,7 1,8
2%
O diagnóstico preciso dessa 1,4
situação é fundamental para o
1% 0,6
direcionamento dos esforços de 0,3 0,4
0,1 0,1 0,2 0,1 0,2
pesquisas do setor, bem como
para as políticas de fomento Indústria Alimentos Bebidas Fumo Couro Madeira Celulose Papel
científico e tecnológico.
Fonte: Pintec (2005).
O modelo trilhado pelo
13

A trajetória
do Brasil

Avanços notáveis Em 2005, ano com os últimos dados


completos, o share brasileiro havia
Essa foi a maior taxa de crescimento
dentre os principais players do
As exportações agroindustriais passado para 4,8%, colocando o mercado, mais do que o dobro da
do País avançaram de forma País na quarta posição. média mundial, de 4,4%.
vertiginosa no mercado mundial
nos anos recentes. Em 1995, o Brasil Esse desempenho foi sustentado Mas o avanço permite caracterizar
ocupava a nona posição no ranking por uma taxa de crescimento das a agroindústria nacional como
global, respondendo por menos de exportações da agroindústria de competitiva? Esse nível de
3% das exportações mundiais. 10,2% na média anual do período. competitividade é sustentável?

Os 20 maiores exportadores agrícolas:


participação de mercado e crescimento anual 1995-2005

(%) no mercado mundial

País 1995 2005 Crescimento médio anual (%)


Estados Unidos 1º 14,0% 1º 10,2% 1,2%
França 2º 8,0% 2º 7,4% 3,5%
Holanda 3º 6,9% 3º 6,8% 4,3%
Brasil 9º 2,8% 4º 4,8% 10,2%
Espanha 8º 2,9% 5º 3,9% 7,3%
Itália 5º 3,4% 6º 3,9% 5,7%
Canadá 6º 3,2% 7º 3,7% 6,0%
Austrália 7º 3,0% 8º 3,3% 5,5%
China 4º 3,6% 9º 3,0% 2,8%
Argentina 10º 2,3% 10º 2,5% 5,0%
México 12º 1,4% 11º 1,8% 7,0%
Irlanda 11º 1,9% 12º 1,6% 2,9%
Índia 13º 1,1% 13º 1,2% 5,3%
Turquia 14º 1,1% 14º 1,1% 4,7%
Ucrânia 19º 0,5% 15º 0,7% 8,8%
Chile 18º 0,5% 16º 0,7% 8,5%
África do Sul 17º 0,7% 17º 0,7% 4,2%
Rússia 20º 0,5% 18º 0,6% 7,6%
Grécia 16º 0,8% 19º 0,6% 1,4%
Colômbia 15º 0,8% 20º 0,6% 0,9%
Fonte: FAOStat
14 BRASIL SUSTENTÁVEL PERSPECTIVAS DO BRASIL NA AGROINDÚSTRIA

Na literatura econômica, a discussão aspectos nutricionais e da maior


acerca de uma definição precisa conscientização dos consumidores
de competitividade é vasta e, quanto ao uso sustentado dos
por vezes, pouco conclusiva. recursos naturais, é o motor
Recentemente, tem-se adotado desse mercado nos países
uma abordagem prática para a desenvolvidos. Nos países mais
questão, definindo competitividade, pobres, o movimento é outro.
tanto setorialmente quanto de cada O rápido crescimento da renda
empresa individualmente, como a média das famílias em economias
capacidade de conquistar e manter com grandes populações, como
de forma sustentada e lucrativa fatias China e Índia, faz ingressar no
de mercado. Nesse sentido, nota-se mercado contingentes expressivos
que o desempenho da agroindústria de novos consumidores, processo
brasileira revela, claramente, uma que também se observa no
presença marcante nos mercados Brasil, tanto em regiões mais
internacionais. pobres, como o Nordeste,
quanto nas periferias das
Nos últimos anos, a performance não grandes metrópoles do Sudeste.
se vinculou a políticas econômicas Esses novos consumidores
específicas, como ocorreu na década muitas vezes ingressam no
de 1980, com as maxidesvalorizações mercado demandando produtos
da moeda nacional e a oferta alimentares com maior grau de
abundante de créditos oficiais. processamento, em detrimento
No período 1995-2005, houve dos itens in natura. Em conse-
importantes alterações no regime de quência desse processo, o
política econômica e, especialmente mercado de produtos da
depois de 2003, convive-se com um agroindústria não está apenas
processo de valorização cambial sem em expansão, mas também
que o movimento de ampliação do vem assumindo um perfil
share brasileiro fosse interrompido. qualitativo diferente do
verificado no passado.

Oportunidades No que se refere à oferta, é


e barreiras estratégico o aumento dos
esforços em busca de eficiência
A dinâmica dos mercados e competitividade sustentadas
internacionais de alimentos e pela tecnologia. Essa tem
matérias-primas agrícolas é sido a resposta das empresas
marcada por um duplo movimento, agroindustriais para atender às
condicionado tanto pelas novas condições da demanda,
necessidades de consumidores do na escala e nos padrões exigidos
mundo desenvolvido como pela pelo mercado internacional.
grande ampliação do consumo nos A tecnologia tem ingressado
países em desenvolvimento. na cadeia da agroindústria em
diferentes segmentos, desde
O surgimento de novos hábitos de a biotecnologia – geradora de
consumo de alimentos, decorrente insumos estratégicos como
da crescente preocupação quanto a sementes modificadas – até
15

a tecnologia da informação e os forma de biocombustíveis, fato que


métodos de gestão empresarial e altera seu papel estratégico tanto
das cadeias de suprimentos – para países produtores quanto
essenciais para gerar eficiência na para os consumidores – e a questão
distribuição. Em diversas situações, energética ganha peso na medida
a adoção de inovações técnicas é em que avança a consciência sobre o
requisito explícito para o ingresso em problema ambiental.
diversos mercados de alimentos e
matérias-primas agrícolas. A elevação de preços dos produtos
agrícolas verificada recentemente
Do ponto de vista da agroindústria mostra o quão polêmico é o tema.
brasileira e dos países em O emprego de áreas tradicionalmente
desenvolvimento em geral, soma-se dedicadas à produção de alimentos
a esse duplo movimento um terceiro pode, sim, influenciar a oferta
fator: as barreiras protecionistas. mundial de comida. Mas a pressão
Diversos produtos da agroindústria, por alternativas de energia limpa
da carne bovina ao álcool combustível, e renovável se configura como um
defrontam-se com as mais variadas fator determinante no combate ao
barreiras em mercados de grande protecionismo agrícola dos países
importância, como os Estados Unidos, desenvolvidos – o que pode abrir
o Japão e a Europa. mercados para produtos primários
de economias do Terceiro Mundo.
A resposta das empresas brasileiras Nesse contexto, a posição brasileira
aos desafios e à dinâmica atual do é bastante favorável, pois o País
mercado de alimentos e matérias- possui níveis médios de produtividade
primas agrícolas tem sido adequada – agrícola e intensidade no uso de
o avanço nos mercados internacionais fertilizantes. Assim, a ampliação
é prova disso. Contudo, a política da oferta de biocombustíveis não
protecionista dos países desenvolvidos representa necessariamente uma
pode representar um empecilho para ameaça à produção de alimentos,
a livre concorrência nas próximas pois a produtividade da terra pode ser
décadas. O estabelecimento de mais aumentada com relativa facilidade.
obstáculos ao comércio de produtos
agroindustriais, por exemplo,
significaria um retrocesso em relação
Premissas
às metas gerais de um comércio de referência
mundial equilibrado, que possibilite
aos países subdesenvolvidos e em Como visto, a questão da
desenvolvimento uma inserção em competitividade sustentada do
melhores condições no cenário global. agronegócio nacional repousa
sobre dois pilares fundamentais
Novos elementos surgem no debate para a elaboração dos cenários: a
internacional sobre os fluxos de continuidade dos ganhos de eficiência
bens oriundos do agronegócio. em toda a cadeia e a ampliação do
Produtos que antes se situavam acesso aos mercados consumidores
nas cadeias da indústria alimentícia dinâmicos e de grande dimensão
passam a ser vistos como fontes absoluta. Quanto ao primeiro aspecto,
de energia limpa e renovável, na a agropecuária brasileira estará
16 BRASIL SUSTENTÁVEL PERSPECTIVAS DO BRASIL NA AGROINDÚSTRIA

engajada no processo de elevação Em contrapartida, o protecionismo


progressiva da taxa de investimento merece ser tratado com relativo
de toda a economia no rumo a conservadorismo. A hipótese de
2030, aprofundando seu grau de referência é que o grau atual de
mecanização, uso de tecnologia da barreiras comerciais, explícitas ou
informação e melhoria dos métodos não, será reduzido de forma lenta
de produção e distribuição. no horizonte de projeção. Não há
elementos na dinâmica atual das
Por sua vez, a agroindústria, mantida negociações internacionais que
sua característica, continuará permitam ser mais otimista.
avançando na sua participação
no valor agregado da cadeia do Nas projeções apresentadas adiante,
agronegócio, respondendo de forma a sustentação da competitividade
satisfatória tanto às crescentes agroindustrial brasileira nos mercados
exigências ambientais e nutricionais internacionais deverá resultar muito
dos consumidores dos países mais do avanço da produtividade
desenvolvidos quanto aos crescentes em toda a cadeia do que de maiores
volumes de alimentos demandados facilidades de acesso aos mercados.
pelos países em desenvolvimento. E, ainda que a hipótese conservadora
A progressiva conscientização da sobre o grau de protecionismo não
dinâmica ambiental manterá em se verifique em razão de um ritmo
destaque a importância de fontes maior de abertura, é razoável supor
alternativas de energia e da produção que o acesso a esses mercados acabe
não-predatória de alimentos. beneficiando os grandes players de
O dinamismo revelado pela posição forma mais ou menos homogênea.
da agroindústria nacional nos
mercados internacionais na última
década fundamenta essas afirmações.
17

O mercado
em 2030

Grandes as importações mundiais caíram


1,4% ao ano. Países como a China
mais favorável em termos da
renda per capita, incorporando
importadores e a Índia apresentaram movimento grandes contingentes de novos
inverso, com crescimento consumidores ao mercado.
No período 1990-2007, as anual de 1,5% e 1% no período, Porém, em termos absolutos,
importações mundiais de alimentos respectivamente. A concentração mercados de países ricos, como
tiveram crescimento acumulado no mercado internacional é ainda os Estados Unidos e o Japão,
de 7,8%, ou 0,4% ao ano. A mais expressiva do que no caso continuarão em posição de
evolução foi bem mais expressiva dos alimentos. Somados, os destaque. O crescimento chinês
nos países populosos e de rápido Estados Unidos, o Japão e a China no período 2007-2030, apesar
crescimento econômico, como a responderam por quase 50% das de expressivo, não permitirá ao
Índia (5,9%) e a China (3,4%). importações de matérias-primas país ultrapassar, por exemplo,
Em termos absolutos, no entanto, agrícolas em 2007. a Itália, mantendo a China na
esses países respondem por sétima posição no ranking dos
shares relativamente baixos das De acordo com o cenário de maiores importadores.
importações totais de alimentos: referência, essas fatias de mercado
1,2% e 3,6%, respectivamente, devem se alterar nas próximas  No mercado de bens e matérias-
em 2007. Atualmente, os grandes décadas. Os Estados Unidos devem primas agrícolas, embora
importadores são Estados Unidos manter sua participação atual de o desempenho dos países
(18,7%) e Japão (16,5%), 23%. Por sua vez, o Japão deverá mais pobres seja ainda mais
seguidos a distância por Reino reduzir sua parcela de 12,5% para favorável, os Estados Unidos
Unido (6,7%), Alemanha (6,4%) e 9,5%, movimento característico manterão um share de quase
França (5,8%). da maioria dos países ricos. A um quarto das importações
fatia chinesa crescerá de forma mundiais. A China, porém,
No horizonte até 2030, as projeções expressiva, passando de 12% para atingirá a segunda colocação
para as importações mundiais 17,4% das importações mundiais de no ranking, respondendo por
de alimentos e matérias-primas matérias-primas agrícolas. 17,5% da demanda no mercado
agrícolas, condicionadas ao cenário internacional.
de referência contemplado neste As linhas gerais de movimento do
estudo, apontam uma perda de mercado internacional de produtos Dessa maneira, as empresas que
participação relativa da maioria agroindustriais destacam duas atuam no mercado precisam
dos países ricos, com exceção dos grandes tendências: estar preparadas para suprir a
Estados Unidos, acompanhada do demanda dos países emergentes,
avanço de países como a China, a As importações de alimentos mas sem negligenciar a dimensão
Índia e o Brasil. deverão crescer mais nos países absoluta dos mercados dos países
emergentes e populosos – ricos, que se manterão como
O mercado de matérias-primas notadamente a China e a Índia – importadores importantes, em
agrícolas revela um perfil distinto do que, no horizonte até 2030, especial de produtos com maior
de alimentos. Entre 1990 e 2007, apresentarão um desempenho valor agregado.
Mapa-múndi das
EXPORTAÇÕES DA
AGROINDÚSTRIA BRASILEIRA
País
Estados Unidos 1,5% 1,1% 1,8%
México 1,9% 1,6% 2,2%

Nafta

Os maiores importadores da agroindústria


1,5%
1,1%
brasileira em 2007 e em 2030, em US$ milhões 1,8%

América
Central
2007 2030 e Caribe
País
US$
milhões* País
US$
milhões* 2,0%
1º Estados Unidos 3.815,7 1º Estados Unidos 5.377,4 2,1%
2º Bélgica** 1.729,4 2º China 2.145,7 0,2%
3º Rússia 1.325,3 3º Bélgica** 2.067,9
4º Itália 1.303,0 4º Itália 1.842,8
5º França 1.172,9 5º Rússia 1.554,8
6º Alemanha 915,7 6º França 1.498,4
7º China 900,6 7º Alemanha 1.070,0
8º Grã-Bretanha 819,8 8º Grã-Bretanha 1.033,6
9º Irã 787,7 9º Irã 944,1
10º Japão 674,1 10º Japão 814,6
11º Coreia do Sul 413,2 11º Coreia do Sul 644,1 América
12º Espanha 400,4 12º Malásia 516,0 do Sul
13º África do Sul 369,1 13º Indonésia 492,8 1,2%
14º Canadá 361,6 14º Espanha 492,7
15º Nigéria 356,9 15º África do Sul 455,3 1,3%
16º Malásia 347,4 16º Nigéria 454,3 1,0%
17º Argentina 305,3 17º Canadá 431,0
18º Indonésia 304,9 18º Tailândia 414,1
19º Suíça 273,9 19º Argentina 389,9
País
20º Tailândia 245,2 20º Suíça 373,1
Argentina 1,1% 1,0% 1,4%
Chile 1,3% 1,4% 0,5%
Fonte: FGV
Venezuela 1,2% 1,2% 0,8%
(*) A preços de 2007.
(**) Entreposto para a União Europeia.
Crescimento médio anual até 2030*
Mundo
1,3% Crescimento das exportações da agroindústria

1,0% Crescimento das exportações de alimentos

2,0% Crescimento das exportações de matérias-primas agrícolas

* A preços de 2005

País
Grã-Bretanha 1,0% 1,0% 0,8%
França 1,1% 1,2% 0,8%
Portugal 0,5% 0,5% 0,4%
Europa Espanha 0,9% 1,1% 0,7%
1,0% Alemanha 0,7% 0,7% 0,6%
Rússia 0,7% 0,7% 0,4%
0,8%
1,3%
País
Japão 0,8% 0,8% 0,9%
China 3,8% 0,8% 5,1%
Coreia do Sul 1,9% 1,5% 2,7% Ásia e Oceania
Índia
Austrália
0,6%
1,6%
0,3%
1,6%
2,8%
2,1%
2,2%
Oriente Médio e 1,1%
norte da África 3,8%
0,8%
0,8%
0,8%

Crescimento % anual das exportações


3,3
da agroindústria brasileira 2007-2030
2,4
África
2,1 2,0
Subsaariana
1,0% 1,6
1,2
1,0 1,0
1,0% 0,8 0,8 0,7
0,6
1,9% 0,4
0,2 0,2
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Al


A

Pr

Fonte: FGV
20 BRASIL SUSTENTÁVEL PERSPECTIVAS DO BRASIL NA AGROINDÚSTRIA

Os 20 maiores importadores
em 2007 e em 2030
De alimentos

2007 2030
País US$ bi País US$ bi
1º Estados Unidos 537,4 1º Estados Unidos 720,3
2º Japão 475,1 2º Japão 467,7
3º Grã-Bretanha 191,4 3º Grã-Bretanha 222,5
4º Alemanha 183,9 4º França 192,3
5º França 168,2 5º Alemanha 187,9
6º Itália 151,9 6º Itália 160,8
7º Rússia 126,2 7º China 154,4
8º Espanha 107,5 8º Rússia 135,7
9º China 80,4 9º Espanha 125,0
10º Canadá 64,5 10º Canadá 82,6
11º Holanda 61,8 11º México 74,4
12º México 48,2 12º Brasil 67,0
13º Brasil 42,3 13º Holanda 66,9
14º Coreia do Sul 36,4 14º Austrália 49,9
15º Austrália 35,8 15º Índia 47,8
16º Dinamarca 29,8 16º Coreia do Sul 45,9
17º Índia 28,8 17º Indonésia 36,0
18º Bélgica 28,6 18º Dinamarca 33,5
19º Suécia 26,9 19º Egito 33,3
20º Grécia 26,4 20º Grécia 32,8

De bens e matérias-primas agrícolas

2007 2030
País US$ bi País US$ bi
1º Estados Unidos 169,1 1º Estados Unidos 226,6
2º Japão 91,1 2º China 168,7
3º China 87,8 3º Japão 89,7
4º Itália 46,3 4º Itália 49,0
5º Alemanha 39,8 5º Alemanha 40,7
6º França 31,5 6º França 36,1
7º Grã-Bretanha 30,0 7º Grã-Bretanha 34,9
8º Índia 17,5 8º Índia 29,0
9º Coreia do Sul 15,9 9º Brasil 22,6
10º Espanha 15,8 10º Coreia do Sul 20,1
11º Brasil 14,2 11º Espanha 18,3
12º Canadá 14,0 12º Canadá 17,9
13º México 11,3 13º México 17,5
14º Turquia 10,7 14º Turquia 16,8
15º Holanda 10,4 15º Indonésia 15,5
16º Indonésia 10,3 16º Holanda 11,3
17º Rússia 7,8 17º Bangladesh 10,6
18º Austrália 6,8 18º Austrália 9,5
19º Áustria 6,8 19º Paquistão 8,8
20º Dinamarca 5,8 20º Rússia 8,4

Fonte: FGV
O consumo das famílias deverá crescer em
média 2,8% ao ano em todo o mundo até
2030, em contraposição a um aumento de
0,9% ao ano nas importações de alimentos.

Dinâmicas distintas desse mercado, impulsionando o


comércio mundial. Adicionalmente, a
A aparente exceção à regra são os
Estados Unidos, cuja taxa anual de
demanda global por esses produtos crescimento dos salários se manterá
Definidas as linhas gerais do cenário
responde com maior intensidade elevada em relação ao padrão dos
até 2030, quais fatores explicam
ao aumento da renda, sobretudo países ricos (1,6% anuais), sem
o contraste entre as dinâmicas
nos países mais pobres. Nessas que a demanda por matérias-primas
dos mercados internacionais
economias, o crescimento deverá agrícolas cresça acima da média
de alimentos e matérias-primas ocorrer com elevações de renda mundial no horizonte até 2030.
agrícolas? Em regra, a importação de familiar e aumento do grau de Tal quadro pode ser explicado pela
matérias-primas agrícolas – urbanização. Esses processos geram ausência dos processos de aumento
como couro, celulose e álcool – também demandas crescentes por de urbanização e de alteração dos
deverá crescer mais do que a alimentos processados, energia, bem hábitos de consumo verificados nos
de alimentos. Esse desempenho como por embalagens e produtos da países em desenvolvimento.
relativamente favorável é explicado indústria gráfica.
por dois fatores. No que diz respeito à dinâmica
A taxa de crescimento dos salários da demanda por alimentos, é
Em primeiro lugar, assumiu-se a reais no período 2007-2030 será relativamente simples compreender
hipótese de redução moderada das menos expressiva em países como os motivos pelos quais as
barreiras comerciais nos países ricos, o Japão (1,1%) e mais intensa em importações mundiais deverão
fato que tende a beneficiar alguns países como Brasil (2,5%), Coreia crescer menos do que o consumo
dos segmentos mais importantes do Sul (2,8%) e China (6,2%). das famílias. O consumo de

O mercado de alimentos, bebidas e fumo em 2007 e em 2030 2007


Por classe de renda, (%) do total 2030
35%

30%

25% 29,0%
26,9%
25,7%
20%
21,7% 21,6%
19,6%
15%

10% 12,5% 13,0% 12,5%

5%
6,7% 6,8% 1,3%
0,3%
2,4%
Renda até De R$ 1.000 De R$ 2.000 De R$ 4.000 De R$ 8.000 De R$ 16.000 Mais de
R$ 1.000 a R$ 2.000 a R$ 4.000 a R$ 8.000 a R$ 16.000 a R$ 32.000 R$ 32.000

Fonte: FGV (*) a preços de 2007


22 BRASIL SUSTENTÁVEL PERSPECTIVAS DO BRASIL NA AGROINDÚSTRIA

Mapa-múndi das importações necessidades nutricionais.


No horizonte até 2030, estima-se
Crescimento anual até 2030 que o PIB brasileiro cresça a uma taxa
de 4,0% ao ano e a renda média, a
Matérias- 3,1% ao ano. Por sua vez, o consumo
Agroindústria Alimentos
Região/País primas agrícolas
global das famílias crescerá 3,8% ao
Europa 0,4% 0,5% 0,3%
ano. Projeta-se que o consumo de
Grã-Bretanha 0,6% 0,7% 0,5%
França 0,6% 0,6% 0,6% alimentos avance apenas 3,0% ao
Portugal 0,2% 0,2% 0,1% ano (2,5% para alimentos in natura
Espanha 0,6% 0,7% 0,1% e 3,1% para alimentos processados).
Alemanha 0,0% 0,1% -0,3% Isso significa que, considerando o
Rússia 0,3% 0,3% -0,4% País e suas diversas faixas de renda,
Nafta 1,2% 1,3% 0,7%
para cada 10% de acréscimo no PIB,
Estados Unidos 1,4% 1,3% 0,6%
México 1,8% 1,9% 1,6% o consumo de alimentos deverá se
América Central e Caribe 1,6% 1,5% 1,8% elevar em 7,5%. É preciso notar,
América do Sul 1,9% 1,9% 1,9% no entanto, que tais estimativas
Argentina 1,5% 1,5% 1,6% escondem grandes diferenças quando
Brasil 2,0% 2,0% 2,0% são analisados produtos e estratos de
Chile 1,7% 1,8% 1,3%
renda detalhadamente.
Venezuela 1,9% 1,9% 1,8%
Ásia e Oceania 1,2% 0,9% 2,1%
Japão -0,1% -0,1% -0,5% Considerando, por exemplo, o
China 3,1% 2,9% 3,3% consumo global de alimentos em
Coreia do Sul 0,5% 1,0% -1,1% todos os estratos de rendimento
Índia 2,9% 2,2% 3,8% familiar, para cada 10% de
Austrália 1,3% 1,4% 0,4%
crescimento da renda, a demanda por
África Subsaariana 2,4% 2,3% 3,1%
Oriente Médio e norte da África 1,7% 1,6% 2,2% açúcar cresce somente 0,7%.
Mundo 1,0% 1,0% 1,2% Mas a demanda por carne bovina
Fonte: FGV
cresce 6,7% na mesma base de
comparação. Isso ocorre porque a
elevação de renda altera os hábitos
de consumo alimentar das famílias.

alimentos responde aos incrementos (2,9% anuais), as importações de No cenário de referência, estima-se
da renda de forma cada vez menos alimentos crescerão a taxas menores que as faixas de renda familiar mais
intensa, na medida em que as (2,0% ao ano), resultado do bom baixas (até R$ 1 mil e entre R$ 1 mil e
famílias elevam seu padrão de vida. desempenho da produção interna da R$ 2 mil, em valores de 2007)
Esse processo gera menos impactos agropecuária e da agroindústria. ingressarão paulatinamente nos
sobre a demanda por alimentos do estratos médios de consumo total
que sobre os níveis de consumo no País, em razão da progressiva
em geral. Como resultado dessa A demanda interna elevação na renda das famílias.
tendência, o consumo das famílias As taxas expressivas de crescimento
deverá crescer em todo o mundo A tendência de a demanda por do consumo nas faixas intermediárias,
2,8% ao ano no período 2007-2030, alimentos responder em menor projetadas até 2030, deverão
mas as importações de alimentos proporção aos aumentos de renda é impulsionar um padrão de consumo
deverão crescer na faixa de 1% verificada em menor escala no Brasil, de alimentos mais concentrado em
ao ano. No Brasil, a despeito da pois existem no País estratos de produtos proteicos, em detrimento de
elevação projetada do PIB (4,0% renda em que o consumo alimentar carboidratos e gorduras. A demanda
anuais) e do consumo de alimentos não satisfaz adequadamente as interna por alimentos proteicos
23

crescerá a taxas maiores. que priorizam a distribuição desse açúcar, 1,2%. Como foi visto na
Entre eles, destaca-se o item, quanto porque as famílias segunda publicação desta série,
crescimento do consumo per mais pobres e numerosas têm o aperfeiçoamentos institucionais e
capita de itens como presunto hábito de diluir o produto. de qualificação do desenvolvimento
(2,8% de crescimento médio anual Assim, o consumo de leite em pó humano possibilitam um
até 2030), queijos (2,3%) e terá baixo dinamismo no Brasil nos desenvolvimento sustentado
carne bovina de primeira (2,1%). próximos anos. Em contrapartida, com níveis mais elevados de
Considerando o crescimento médio o consumo per capita de leite crescimento econômico.
da população no período (0,9% pasteurizado deverá crescer 1,8% No denominado cenário com
ao ano), chega-se às taxas de ao ano até 2030. Considerando avanços, está implícita uma taxa
crescimento da demanda total o aumento da população, a de crescimento médio do PIB de
de 3,7% para presunto, 3,3% demanda total por esse item 4,6% ao ano no período de 2008 a
para queijos e 3,1% para deverá crescer à taxa de 2,8% 2030. Esse ritmo mais acentuado
carne bovina. ao ano. de expansão econômica implica
um crescimento do consumo de
Um cuidado especial deve ser O consumo per capita de alimentos e bebidas de 3,2% ao ano.
tomado em relação à análise do alimentos energéticos – isto é,
consumo de leite. No Brasil, o ricos em carboidratos – deverá ter A taxa ligeiramente superior à da
leite em pó é considerado um desempenho discreto, com taxas projeção do cenário de referência
bem inferior, isto é, seu consumo de crescimento anuais de 0,8% resulta em consumo adicional de
relaciona-se inversamente com as para a farinha de trigo, 0,7% para R$ 6 bilhões em 2030. O efeito
variações na renda. Isso se explica as massas, 0,5% para o arroz e de um crescimento maior de
pelo fato de as famílias mais pobres 0,2% para o açúcar. A demanda renda será notado de forma mais
serem as maiores consumidoras de total de arroz crescerá 1,6% ao intensa no mercado de alimentos
leite em pó. Isso ocorre tanto como ano; a de farinha de trigo, processados.
resultado das políticas assistenciais, 1,8%; a de massas, 1,7%; e a de

O Brasil em dois cenários, taxas anuais

2007 a 2030
Cenário de Cenário com
Indicadores referência avanços

Crescimento econômico 4,0% 4,6%


Consumo de alimentos e bebidas 2,9% 3,1%
Consumo de alimentos in natura 2,5% 2,7%
Consumo de alimentos processados 3,1% 3,3%
Consumo de bebidas 2,6% 2,8%
Consumo de produtos 2,5% 2,7%
Fonte: FGV
Ernst & Young Terco

Auditoria | Impostos | Transações Corporativas |


Consultoria | Middle Market | Governo |
Serviços Financeiros

Sobre a Ernst & Young • A Ernst & Young é líder


global em serviços de auditoria, impostos, transações
corporativas e consultoria. Em todo o mundo, nossos
141 mil colaboradores estão unidos por valores
pautados pela ética e pelo compromisso constante
com a qualidade. Nosso diferencial consiste em ajudar
nossos colaboradores, clientes e as comunidades com
as quais interagimos a atingir todo o seu potencial.

No Brasil, a Ernst & Young Terco é a mais completa


empresa de consultoria e auditoria, com 3.500
profissionais que dão suporte e atendimento a mais
de 3.400 clientes de pequeno, médio e grande portes,
sendo que 111* são companhias listadas na CVM
e fazem parte da carteira especial da equipe de auditoria.

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Esta é uma publicação do Departamento de Comunicação e Gestão da Marca.


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*Dado referente a junho/2010

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