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PROCESSUAIS
PENAIS
Joana Aguiar Rodrigues
2023
Joana Aguiar Rodrigues joanarodrigues-57693p@adv.oa.pt
NOTÍCIA DO CRIME
(113.º CP e ss., e o
Queixa expressamente
disposto nas
normas penais
incriminadoras)
Particular (50.º CPP)
Joana Aguiar Rodrigues joanarodrigues-57693p@adv.oa.pt
Arguido
Tribunal
Defensor
SUJEITOS
PROCESSUAIS
Ministério
Assistente
Público
1. O Inquérito
→ O Inquérito é a única fase de investigação criminal legalmente consagrada como obrigatória e que terá
sempre lugar qualquer que seja o crime e a sua gravidade (com exceção das situações de julgamento em
processo sumário).
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1. O Inquérito
▪ A direção do inquérito cabe ao Ministério Público, assistido pelos órgãos de polícia criminal, na sua
dependência funcional.
▪ Há atos que são exclusivos do Juiz de Instrução Criminal durante o inquérito, tais como:
Arquivamento em Suspensão
Despacho de Despacho de
caso de Dispensa Provisória do
Acusação Arquivamento
de Pena Processo
2. A Instrução
Fase facultativa, que visa a comprovação judicial da decisão de acusar ou arquivar o processo. É uma
atividade de averiguação e de investigação complementar, dado o seu carácter facultativo, e apenas tem
lugar no processo comum.
2. A Instrução
Encerramento:
➢ Despacho de Pronúncia: se, até ao encerramento da instrução, tiverem sido recolhidos indícios
suficientes de se terem verificado os pressupostos de que depende a aplicação ao arguido de uma pena ou
de uma medida de segurança;
➢ Despacho de Não Pronúncia: se não se verificarem os pressupostos para que haja pronúncia;
➢ Suspensão provisória do processo: caso seja obtida a concordância do Ministério Público, do arguido e
do assistente.
Joana Aguiar Rodrigues Princípios da audiência (206.º CRP e 321.º a 328.º CPP) joanarodrigues-57693p@adv.oa.pt
➢ Isto é, por força deste princípio, a iniciativa de investigar a prática de um crime e a decisão de a submeter, ou não, a
julgamento está conferida a uma entidade pública ou estadual, assim retirando tais competências da esfera dos particulares –
designadamente do ofendido.
➢ Intrinsecamente ligado à iniciativa e promoção processual, este preceito confere ao Ministério Público a competência para
representar o Estado e defender os interesses que a lei preestabelecer, bem como para exercer a ação penal, ainda que com as
limitações previstas pelo legislador, tendo em consideração a natureza do crime em questão.
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CRIMES PÚBLICOS
A legitimidade para a atuação do Ministério Público opera sem quaisquer restrições quando o crime em causa possui natureza pública.
Crimes públicos são, assim, todos aqueles em que o Ministério Público tem legitimidade para promover, por iniciativa própria, o
processo penal e para submeter a causa a julgamento, sem que seja necessária a apresentação de queixa-crime ou dedução de acusação
particular.
O fundamento para a classificação de certos tipos como crimes públicos prende-se com a gravidade do crime – que, neste caso, será
superior –, algo que se encontra diretamente relacionado com o bem jurídico violado, cuja proximidade à comunidade é acentuada,
levando a que o legislador retirasse da esfera do ofendido a opção de submeter a causa a julgamento, face ao interesse da comunidade
na perseguição e investigação do crime. Nesta circunstância, não é conferida ao ofendido a possibilidade de desistir da ação penal.
✓ O facto de o bem jurídico em causa possuir uma natureza menos gravosa, forçosamente pertencente à esfera
jurídica do ofendido e com algum distanciamento da comunidade, o que determina uma menor necessidade – e até
legitimidade – de intervenção estadual.
✓ A circunstância de a intervenção do Estado poder afetar, de forma negativa, o ofendido/vítima em situações em que
o bem jurídico violado tenha uma natureza mais íntima/privada (como é o caso dos crimes de natureza sexual, cuja
publicidade que resultaria da submissão do arguido a julgamento poderia causar um dano grave à vítima). Nestas
situações, pese embora o crime tenha uma gravidade mais acentuada, entende-se que, no caso de o ofendido não
pretender iniciar o processo crime, deverá ser dada prevalência ao seu interesse, em detrimento do interesse público.
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CRIMES SEMIPÚBLICOS
Quando o crime tenha natureza semipública, o princípio da oficialidade sofre uma limitação, tornando-se necessário que as pessoas com
legitimidade para tanto apresentem queixa-crime, de modo a dar conhecimento do facto ao Ministério Público, bem como para
manifestar a sua vontade quanto à promoção do processo.
Entende-se que estamos apenas perante uma limitação, visto que, apresentada a queixa-crime, o Ministério Público tem total
legitimidade para atuar bem como para, no final da fase de inquérito, deduzir, ou não, acusação.
Aqui já é permitido ao ofendido desistir da sua intenção de desejar procedimento criminal contra o agente do crime. Isto é, do mesmo
modo que se concede ao ofendido o juízo de avaliação quanto à sua vontade de investigar o crime praticado, também se lhe permite
alterar esse seu intento.
Quando o crime tenha natureza semipública, o princípio da oficialidade sofre uma limitação, tornando-se necessário que as pessoas com
legitimidade para tanto apresentem queixa-crime, de modo a dar conhecimento do facto ao Ministério Público, bem como para
manifestar a sua vontade quanto à promoção do processo.
Entende-se que estamos apenas perante uma limitação, visto que, apresentada a queixa-crime, o Ministério Público tem total
legitimidade para atuar bem como para, no final da fase de inquérito, deduzir, ou não, acusação.
Aqui já é permitido ao ofendido desistir da sua intenção de desejar procedimento criminal contra o agente do crime. Isto é, do mesmo
modo que se concede ao ofendido o juízo de avaliação quanto à sua vontade de investigar o crime praticado, também se lhe permite
alterar esse seu intento.
A homologação cabe ao MP (na fase de
inquérito), ao JIC (fase de instrução) ou
Exemplos: ofensa à integridade física simples, furto, burla. ao presidente do tribunal (fase de
julgamento) – artigo 51.º, n.º 2
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CRIMES PARTICULARES
Nos casos em que o procedimento criminal depender de acusação particular, estar-se-á perante uma verdadeira exceção.
Aqui o Ministério Público apenas poderá iniciar a investigação após a apresentação da queixa-crime e a constituição como
assistente de quem para tal reunir os requisitos estabelecidos pelo legislador.
Outrossim, no final da investigação, não cabe ao Ministério Público a decisão de submeter a causa a julgamento, uma vez que apenas
poderá ser deduzida acusação pública em momento posterior à dedução de acusação particular por parte do assistente.
Igualmente neste caso se prevê a possibilidade de o assistente abdicar do seu intuito de querer procedimento criminal contra o agente do
crime. Isto é, ao assistente dá-se a contingência de poder desistir da queixa-crime ou da acusação particular, algo que faz com que
ao Ministério Público seja retirada a legitimidade para continuar no processo, assim determinando o encerramento dos autos.
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
(artigos 219.º, n.º 1, da CRP e artigos 262.º, n.º 2, e 283.º, n.º 1, do CPP)
➢ Vigora, por isso, uma exclusão de um juízo de oportunidade, quer sobre a decisão de iniciar o processo, quer sobre
a decisão de submeter a causa a julgamento.
Sempre que, da prova recolhida na fase de
inquérito, resultar uma probabilidade séria de
ao arguido vir a ser aplicada, em julgamento,
uma pena ou medida de segurança
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PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
(artigos 219.º, n.º 1, da CRP e artigos 262.º, n.º 2, e 283.º, n.º 1, do CPP)
➢ Consequências:
o Casos de denúncia obrigatória para todos os funcionários na aceção do art. 386.º do CP.
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• Arquivamento do Processo em caso de Dispensa de Pena: não obstante terem sido recolhidos indícios
suficientes da prática de um crime e de quem foi o seu agente, o Ministério Público arquiva o processo,
• Suspensão Provisória do Processo: não obstante terem sido recolhidos indícios suficientes da prática de um
crime e de quem foi o seu agente, o Ministério Público, em vez de deduzir acusação pública, suspende o
processo, condicionando essa suspensão ao cumprimento de determinadas injunções, verificados que estejam os
2. Crime relativamente ao qual se encontre expressamente prevista na lei penal a possibilidade de dispensa de pena → Artigo 74.º do
CP:
a. Quando o crime for punível com pena de prisão não superior a 6 meses ou só com multa não superior a 120 dias;
b. E se:
i. a ilicitude do facto e a culpa do agente forem diminutas,
ii. o dano tiver sido reparado e
iii. à dispensa de pena não se opuserem razões de prevenção.
3. Decisão do Ministério Público, obtida a concordância do Juiz de Instrução Criminal (ou o contrário, no caso de o processo se
encontrar na fase da instrução.
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▪ Crime punível com pena de prisão não superior a 5 anos ou com sanção diferente da prisão;
▪ Determinada oficiosamente pelo Ministério Público ou por requerimento do Arguido ou Assistente, com a concordância do Juiz de Instrução Criminal;
▪ Ser de prever que o cumprimento das injunções e regras de conduta responda suficientemente às exigências de prevenção que no caso se façam sentir.
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PRINCÍPIO DA ACUSAÇÃO
(artigo 32.º, n.º 5, da CRP)
Implica que:
✓ O Tribunal a quem cabe o julgamento não pode, por sua iniciativa, começar uma investigação, competindo ao Ministério Público abrir o
inquérito, dirigi-lo e proceder ao seu encerramento.
✓ A Acusação (ou a Pronúncia) define e fixa, perante o Tribunal, o objeto do processo. Isto, é delimita e fixa os poderes de cognição do
Tribunal e a extensão do caso julgado.
O Arguido tem a garantia de não ser surpreendido com o surgimento de novos factos no
decorrer da instrução ou do julgamento, podendo exercer o seu direito de contraditar os
factos que lhe são imputados na acusação ou na pronúncia.
Assim, uma alteração dos factos pode ser substancial ou não substancial.
Aquela que tiver por efeito a imputação ao Arguido de um crime diverso ou a agravação dos limites máximos das
sanções aplicáveis (artigo 1.º, al. f, do CPP)
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Deve ser arguida no prazo
de 8 dias – art. 309.º, n.º 2
Alteração Substancial do Factos:
➢ Uma alteração substancial dos factos descritos na acusação ou no despacho de pronúncia não pode ser tomada em
conta pelo tribunal para efeito de condenação, nem implica a extinção da instância.
Deve ser arguida em sede
É nula a decisão de recurso – art. 379.º, n.º 2
instrutória que pronunciar
fora dos casos e nas
condições do artigo 303.º
– art. 309.º, n.º 1
Sob pena de a decisão ser NULA É nula a sentença que
condenar fora dos casos e
nas condições do artigo
359.º – art. 379.º, n.º 1, al b)
A não ser que haja acordo do Ministério Público, do Arguido e do Assistente para que o julgamento possa
prosseguir sobre os novos factos.
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Não havendo acordo, o Juiz deve comunicar ao Ministério Público, valendo essa comunicação como denúncia para
que ele proceda criminalmente por eles, se forem autonomizáveis em relação ao objeto do processo.
Caso não sejam, o processo segue sem esses factos, que não podem voltar a ser objeto de um processo crime, por força
da norma constitucional de acordo com a qual “ninguém pode ser julgado mais do que uma vez pela prática do mesmo
crime” (artigo 29.º, n.º 5, da CRP)
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Se for requerido!!
Deve ser arguida no prazo
de 8 dias – art. 309.º, n.º 2
Alteração Não Substancial do Factos:
➢ A alteração não substancial dos factos descritos na acusação ou no despacho de pronúncia, com relevo para a decisão
da causa e que não seja derivada de factos alegados pela defesa, tem de ser comunicada ao arguido pelo presidente
do Tribunal, sendo-lhe concedido prazo para preparação da defesa. É nula a decisão
instrutória que pronunciar
É nula a sentença que fora dos casos e nas
condenar fora dos casos e condições do artigo 303.º
nas condições do artigo Sob pena de a decisão ser NULA – art. 309.º, n.º 1
359.º – art. 379.º, n.º 1, al b)
➢ A alteração é assumida no objeto do processo porque não é substancial e, por isso, não altera o objeto do processo.