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Geração de Energia Elétrica

Aula 4: Centrais termelétricas

Apresentação
Prezado aluno, na aula de hoje abordaremos as centrais termelétricas a vapor, abordaremos com mais detalhes algumas
de suas vantagens e desvantagens e as tecnologias envolvidas nesse processo de geração.
Objetivos
Explicar a diferença entre os ciclos de operação de uma usina termelétrica;

Distinguir o ciclo simples e o ciclo combinado para geração de energia;

Reconhecer as novas metodologias para aumento da eficiência das plantas termelétricas.

Palavras iniciais
Na aula anterior, falamos sobre as formas de geração de energia através da queima de combustíveis, os derivados de petróleo,
carvão, gás natural. Basicamente são empregadas duas técnicas de geração de energia.

A primeira através de geração de vapor em uma caldeira para posteriormente gerar energia, onde são empregadas as caldeiras
tipo aquatubulares, pois sua capacidade de geração é maior e o vapor resultante é do tipo superaquecido, próprio para a
geração de energia em larga escala. A centrais termelétricas a gás natural podem gerar energia sem o uso de caldeiras,
utilizado uma turbina que é movida pela queima do gás.

Os combustíveis fósseis
Atualmente os combustíveis não renováveis possuem grande participação na matriz energética primária da maioria dos países
do mundo. Dentre eles destacam-se o petróleo, o carvão mineral e o gás natural que juntos ocupam em torno de 80% dessa
matriz.

Mesmo sabendo que os combustíveis não renováveis possuem reservas finitas, as quantidades de reservas mundiais já
catalogadas dos combustíveis citados são suficientes para que a matriz energética mundial tenha a composição atual por um
bom tempo.

Uma possibilidade dessa mudança da matriz energética seria um consenso


entre os países para evitar os problemas ambientais causados pela queima
de combustíveis, incluindo a produção de gases que resultam no efeito
estufa.

Falando do Brasil, ao contrário da matriz energética mundial, o petróleo, carvão e gás natural apresentam influência menor que
a matriz elétrica. O uso dos combustíveis fósseis para a geração de energia elétrica tem aumentado de forma significativa,
porém como energia reserva, para aumentar a segurança do Sistema Interligado Nacional.
O petróleo e derivados
O óleo cru, como é conhecido o petróleo, é normalmente encontrado em depósitos subterrâneos, sendo retirado com o uso de
técnicas de perfuração. É composto por hidrocarbonetos cuja fórmula geral é CXHX, e é transformado em inúmeros derivados
nas refinarias. Sua queima despeja enxofre na atmosfera, na forma de óxidos e carbono que aceleram o efeito estufa.

 Fonte: Shutterstock.com

No Brasil, a geração de energia elétrica ocorre com os derivados do petróleo, o óleo diesel, o óleo combustível e a gasolina
(menos utilizado).

Como já falamos na aula anterior, o uso de geração termelétrica a diesel se dá principalmente em áreas mais afastadas e de
difícil acesso, sobretudo na região Norte. Nessas regiões, seu uso justifica-se também pelos altos impactos ambientais que a
construção de uma hidrelétrica causaria na região.

O gás natural

O gás natural, ao ser extraído do subterrâneo, é uma mistura


de hidrocarbonetos e impurezas como o gás sulfídrico e o
dióxido de carbono, que são removidos antes da
distribuição comercial. Sua composição principal é o
metano (CH4) junto com o etano, propano, butano e outros.

Devido às diversas crises do petróleo que já ocorreram, o


gás natural é hoje o terceiro combustível na matriz
energética mundial e pode ser utilizado, na maioria dos
casos, em substituição aos combustíveis derivados de
petróleo.
A grande vantagem de seu uso é baseada no conhecimento de que o ele é menos poluente, liberando basicamente na sua
queima, CO2. A desvantagem está no alto custo da implantação dos sistemas de gasodutos. O funcionamento de uma turbina
a gás é baseado no ciclo térmico de Brayton, caracterizado pela pressão constante durante a geração de calor na turbina, cujas
equações termodinâmicas são bem conhecidas dos projetistas.

As turbinas que operam isoladamente com gás, em um ciclo aberto, ciclo Brayton, possuem baixa eficiência térmica, em torno
de 35%, sendo assim, os outros 65% do calor gerado é perdido no processo.

 Figura: Ciclo Brayton

Vale a pena ressaltar a utilização do gás natural em projetos de cogeração de energia elétrica, aumentando a eficiência do seu
uso, além da geração também de vapor para outros processos industriais.

As plantas de geração de energia que não utilizam a cogeração têm rendimento muito baixo, por isso o grande interesse das
grandes corporações do setor para aumentar a eficiência. Infelizmente, o principal entrave encontra-se na malha de distribuição
do gás que ainda está em fase de expansão.

Cogeração nas termelétricas de ciclo combinado


Como acabamos de falar, o ciclo combinado de turbinas a gás e vapor melhoram o desempenho do sistema e reduzem a
emissão de poluentes.

As perdas são quantificadas, segundo Reis (2011), em 10% na caldeira e 55% no calor de exaustão da turbina, sendo dissipado
pelas torres de resfriamento.

Nas primeiras técnicas de geração termelétrica a vapor, os gases da exaustão saiam com temperatura máxima de 45ºC, o que
inviabilizava o ciclo combinado. Uma solução foi de aumentar a temperatura de saída dos gases para até 300ºC, permitindo
gerar vapor novamente.

Outra solução foi o uso de turbinas a gás, onde a temperatura de saída dos gases é da ordem de 500ºC. Neste caso, o
aproveitamento do calor seria ainda maior iniciando o ciclo de cogeração.

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Comentário

Para aproveitamento desse calor e geração do vapor, são utilizadas Caldeiras de Recuperação de Calor (HRSG – do inglês Heat
Recovery Steam Generator). Estudos mais modernos indicam que a eficiência dessa cogeração pode chegar a 90%.

Atualmente, são tecnologias existentes para as plantas de cogeração:

Turbinas a gás e a vapor


O funcionamento de uma turbina a gás é baseado no ciclo térmico de Brayton, e o da turbina a vapor, no ciclo Rankine.

 Figura: Esquema do ciclo combinado gás - vapor

No esquema, vemos que cada turbina possui seu gerador, aumentando a potência produzida. Pelo aumento da eficiência, esse
ciclo é o mais utilizado entre os produtores de energia. Como verificado no esquema, o vapor retorna à caldeira após passar
pelo condensador, tornando-se em água para realimentação.

Em locais onde a planta é instalada próximo à praia ou a um rio, o resfriamento é feito utilizando a água dessas fontes, onde
não é possível, são instaladas as enormes torres de resfriamento, feitas de concreto, com paredes arredondadas, encarecendo
o projeto.

Comentário
As turbinas a gás para geração de energia podem produzir centenas de Megawatts (cerca de 300MW). Observamos que o local
onde estão instaladas também influenciam na capacidade de geração, pois em locais de temperatura ambiente mais quentes ou
de maior altitude, reduzem a geração. As turbinas a vapor, do ciclo combinado, podem gerar potências da ordem 100 a 200MW.

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Outra configuração utilizada nas plantas de geração é a ciclo combinado tipo 2+1, onde duas turbinas a gás são utilizadas para
geração de energia e o calor do escape é conectado à caldeira de recuperação de calor. Nesta configuração, a potência gerada
por esse conjunto pode chegar a valores próximos a 1 Gigawatt.

Por possuir duas turbinas a gás, a confiabilidade do sistema aumenta, porém deve-se dar atenção ao carregamento das
turbinas para evitar que os gases saiam com temperaturas diferentes.

Esse arranjo 2+1 por ser modificado para 3+1 ou mais, aumentado assim a quantidade de Caldeiras de Recuperação de Calor,
em paralelo, obviamente com os devidos cuidados técnicos para essa operação.

Outra vantagem do uso desse tipo de geradores é o tempo de construção, que é cerca de 2/3 do tempo de construção de uma
termelétrica a óleo ou carvão (em média 3 anos).

A área para implantação de um parque de cogeração a gás e vapor, também é reduzida em relação às outras termelétricas.
Uma planta tipo 2+1 pode ser construída em uma área de 8 hectares (0,08 km2).

Motores de combustão
Existem modelos de motores à combustão interna específicos para a cogeração de energia. Como já vimos na aula anterior,
esses motores podem ser do ciclo Otto ou diesel.

Os cuidados para utilização de motores à combustão interna são as taxas de compressão, que devem ser:

1 2

Gasolina Etanol (álcool)


até 8:1 12:1

Diesel
até 25:1

Os consumos específicos dos combustíveis são 270g/KWh para motores de combustão interna ciclo Otto e 180g/kWh para
motores do ciclo diesel. Embora os motores do ciclo Otto tenham maior rendimento, os motores do ciclo diesel podem
trabalhar uma taxa de compressão maior, não sofrendo o fenômeno da detonação do combustível, percebida por uma batida
no motor.
Num regime de operação contínua, a recuperação de calor é realizada numa Caldeira de Recuperação do Calor, que pode ser
adicionada a um sistema de queima suplementar numa câmara auxiliar.

Ciclos de trabalho

Ciclo de Topo (Topping cycle)


Nos sistemas topping cycle (o nome em inglês é Ciclo de Fundo (Bottoming Cycle)

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mais conhecido no Brasil), o combustível (por Os sistemas de bottoming cycle (o nome em
exemplo, o gás natural) com a turbina a gás do inglês também é mais conhecido no Brasil)
ciclo Brayton produz inicialmente energia funcionam ao inverso do topping cycle:
elétrica ou mecânica para depois produzir vapor primeiramente é produzido o vapor, depois
no ciclo Rankine, onde a transferência de calor ocorre a conversão em energia elétrica.
ocorre com temperaturas mais altas.

Outras metodologias de ciclo combinado

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Ciclo Kalina (Kalina Cycle) 

O ciclo Kalina foi desenvolvido originalmente pelo Dr. Alexander Kalina e é um processo de conversão de energia térmica
utilizando uma solução de dois fluidos com diferentes pontos de ebulição.
Uma vez que a solução ferve com uma faixa de temperaturas, como na destilação, mais calor pode ser extraído do que
com um fluido de trabalho puro. Por uma escolha apropriada da razão entre os componentes da solução, o ponto de
ebulição do fluido de trabalho pode ser ajustado para se adequar à temperatura de entrada do calor. Água e amônia são as
misturas mais utilizadas, porém outras combinações também se mostraram viáveis.

Ciclo Cheng (Cheng Cycle) 

O ciclo Cheng envolve o gás aquecido da exaustão da turbina sendo utilizado para produzir vapor na Caldeira de
Recuperação de Calor e injetá-lo na câmara de combustão da turbina a gás para aumentar a potência de saída.

Células de combustível 

Trata-se de uma tecnologia moderna onde o combustível, que é o hidrogênio, na forma pura ou numa mistura de gases,
sofre uma reação eletroquímica, gerando corrente elétrica que vai do eletrodo ânodo 1 para o cátodo 2 . Esta reação
também libera o calor que é utilizado no processo.

Notas

Ânodo 1
É o eletrodo no qual há oxidação (perda de elétrons).

Cátodo 2

É o eletrodo no qual há redução (ganho de elétrons). É o polo positivo.

Atividade
1) Analise as afirmativas abaixo.

a) As quantidades de reservas mundiais de combustíveis fósseis, já catalogadas, são suficientes para que a matriz
energética mundial seja predominante não renovável por um bom tempo.

b) O uso de geração termelétrica a diesel em áreas mais afastadas e de difícil acesso de nosso país, sobretudo na região
norte, justifica-se pelos altos impactos ambientais que a construção de uma hidrelétrica causaria na região.

c) Uma desvantagem do uso do gás natural está no alto custo da implantação dos sistemas de gasodutos, outra
desvantagem de seu uso que o gás natural é mais poluente, liberando basicamente na sua queima, CO2.

Atribuindo “V” para a sentença verdadeira e “F” para a falsa, teremos a seguinte sequência:

a) F, V, V
b) V,V,V
c) V, F, V
d) F, F, V
e) V, V, F
2) Analise as afirmativas abaixo.

a) A ideia do ciclo combinado é aproveitar as perdas de calor do ciclo simples que são da ordem de 65% para instalação
de nova caldeira para geração de energia elétrica.

b) Para aproveitamento do calor perdido pelo ciclo simples, são utilizadas caldeiras de recuperação de calor numa
cogeração, com eficiência que pode chegar a 90%.

c) O funcionamento de uma turbina a gás é baseada no ciclo térmico de Brayton, e da turbina a vapor do ciclo combinado,
o ciclo Rankine.

Atribuindo “V” para a sentença verdadeira e “F” para a sentença falsa termos a seguinte sequência:

a) F, V, V
b) V,V,V
c) V, F, V
d) F, F, V
e) V, V, F

3) Analise as afirmativas abaixo.

a) As turbinas a gás para geração de energia podem gerar potências da ordem de 300MW e as turbinas a vapor, do ciclo
combinado, podem gerar potências da ordem 100 a 200 MW.

b) Uma configuração utilizada nas plantas de geração é a ciclo combinado tipo “2+1”, onde duas turbinas a gás são
utilizadas para geração de energia e o calor do escape das duas turbinas é conectado a caldeira de recuperação de calor,
com potência gerada da ordem de 1 Gigawatt.

c) Motores à combustão interna do ciclo a diesel não podem ser utilizados para geração de energia elétrica pelo seu alto
custo e baixo rendimento.

d) O ciclo Kalina é um processo de conversão de energia térmica utilizando uma solução de dois fluidos com diferentes
pontos de ebulição onde pode ser extraído mais calor do que com um fluido único.

Atribuindo “V” para a sentença verdadeira e “F” para a falsa, teremos a seguinte sequência:

a) F, V, V,V
b) V,V,V, F
c) V, F, V, F
d) F, F, V,V
e) V, V, F, V

Referências

LORA, E. E. S.; NASCIMENTO, M. A. R. Geração Termelétrica: Planejamento, Projetos e Operação. v. 1 e 2, 1. ed. Rio de Janeiro:
Interciência, 2004.

REIS, L. B. Geração de energia elétrica. 2. ed. São Paulo: Manole, 2011.


Próxima aula

Centrais a biomassa;

Explore mais

Assista ao vídeo:
• Como funciona uma central de ciclo combinado.

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