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Autores:
Alexandre Zuquete Guarato; Mateus Silva Bernardes
Capítulo I
Resumo:
Grande parte da energia de combustão nos ciclos motores é desperdiçada na forma de
calor conforme diz o Enunciado de Kelvin-Planck, no qual estabelece que é impossível construir
um motor térmico que opere segundo um ciclo que receba uma determinada quantidade de
calor de um corpo a alta temperatura e produza uma igual quantidade de trabalho. Da mesma
maneira, pelo Enunciado de Clausius, é impossível construir um refrigerador que opera sem
receber trabalho. Esses enunciados ilustram a Segunda Lei da Termodinâmica. (Van wylen)
A huge part of combustion energy in the engine cycles is wasted in the form of heat as
stated in the Kelvin-Planck Statement, which states that it is impossible to construct a thermal
engine operating on a cycle that receives a certain amount of heat from a body to high
temperature and produce an equal amount of work. In the same way, by the Clausius
Statement, it is impossible to build a refrigerator that operates without receiving labor. These
statements illustrate the Thermodynamic’s second law. (Van wylen)
Energy recovery consists of harnessing the energy that would be wasted during the
operation of a system. In the case of internal combustion engines, the thermal energy from the
exhaust gases, which are at high temperature, can be recovered by means of thermal energy
recovery systems. Stirling engines, because they are external combustion engines, can operate
with almost any source of heat, and have high efficiency. (Cassiano)
This project proposes the development and construction of a module for the
reutilization of energy, mainly thermal, of the exhaust gases of an internal combustion engine.
The module is based on a compact Stirling engine, which runs on a closed-loop working fluid
that generates little or no interference with the rest of the engine. In this way, the reused
energy can be used and transformed into electrical energy, feeding the other functions of the
vehicle as the air conditioning system, sound system, among others, allowing its optimization.
Capítulo II
Introdução:
Neste capítulo serão abordados alguns estudos realizados em diversos artigos a
respeito de motores de combustão interna, bem como a teoria sobre o ciclo Stirling e
aplicação do mesmo para recuperação da energia dos gases de escape.
O motor de combustão interna é uma máquina térmica, ou seja, é uma máquina capaz
utilizar a energia em forma de calor para gerar trabalho. Em se tratando de motores de
combustão interna, o calor necessário para gerar trabalho é obtido através da queima de
combustíveis que ocorre dentro das câmaras de combustão do motor. Assim, o fluido ativo,
mistura de ar e combustível, participa diretamente da combustão (BRUNETTI, 2012).
As perdas de energia são dadas pela diferença entre a energia consumida e a energia
útil disponibilizada nos processos, sendo interessante entender como elas surgem a fim de
promover sua redução. Um primeiro critério de classificação das perdas tem a ver com a
conversão energética efetuada. No caso da transformação de energia térmica em energia
mecânica, como realizado em motores veiculares e em centrais termelétricas, existem limites
físicos e mesmo as máquinas perfeitas, ideais, apresentam eficiências inferiores a 50%, ou seja,
metade da energia térmica é convertida em energia térmica.
Durante a combustão, ao converter o calor em trabalho, entre 30% e 40% do calor é de
fato convertido em trabalho mecânico útil. O restante da energia é consumido no sistema de
arrefecimento do motor (em torno de 30%), perdida por meio dos gases de escape (entre 30 e
40%) e desperdiçada de outras formas, como por radiação, conforme mostrado na Fig. 2.1 e na
Tab. 2.1. A quantidade de energia perdida na exaustão depende da vazão mássica e da
temperatura dos gases de escape. Os gases de exaustão que saem do motor logo após a
combustão possuem temperaturas entre 450 e 600°C. Portanto esses gases carregam uma
grande quantidade de energia em forma de calor e toda esta energia é normalmente lançada
para a atmosfera e perdida (JADHAO; THOMBARE, 2013).
Tabela 2.1 – Alguns motores e suas potências de saída (Adaptado de JADHAO; THOMBARE,
2013).
Figura 2.4 – Esquema de um motor Stirling para recuperação da energia térmica dos gases de
escape (Adaptado de JADHAO; THOMBARE, 2013).
Por volta de 200 anos atrás, Robert Stirling, um pastor escocês, projetou e construiu o
“Economizador”, o primeiro motor Stirling, mostrado na Fig. 2.14, que funcionava com o
princípio do aquecimento externo. Em 1816, a patente de número 4081 foi registrada por
Robert Stirling, tratava-se da patente original do motor Stirling. O surgimento desta patente
desencadeou uma nova tendência de pesquisas por fontes seguras de energia que se estendeu
por vários anos. Os motores Stirling, que são mais eficientes e seguros que os motores a vapor
da época, foram usados em bombas hidráulicas para bombear água em pedreiras e minas de
carvão em 1818. Inicialmente, referiam-se aos motores Stirling como motor a ar ou motor a ar
quente, pois se usava o ar como fluido de trabalho. Posteriormente, hélio, hidrogênio e
nitrogênio passaram a serem usados como fluido de trabalho nos motores Stirling. (EROL;
YAMAN; DOĞAN, 2017).
Existem atualmente três configurações possíveis para o motor Stirling, chamadas Alfa,
Beta e Gama (BHAGAT et al., 2016), como mostrado na Fig. 2.8. O presente trabalho tem como
objeto de estudo o motor do tipo alfa, o qual não há a presença de um deslocador. Dois
pistões, chamados de pistão quente e pistão frio, são usados um próximo a fonte quente e
outro próximo a fonte fria com um regenerador entre eles. Estes pistões movem-se
uniformemente na mesma direção para promover processos de aquecimento e resfriamento a
volume constante do fluido de trabalho. Quando todo o fluido de trabalho for transferido para
um dos cilindros, um pistão ficará parado enquanto o outro pistão se move para expandir ou
comprimir o fluido de trabalho. O trabalho de expansão é realizado pelo pistão quente e o
trabalho de compressão é realizado pelo pistão frio (BHAGAT et al., 2016).
Figura 2.16 – Os três tipos de motor Stirling (Adaptado de BHAGAT et al., 2016).
O desenvolvimento dos motores Stirling continua sendo realizado nos dias atuais por
várias empresas e universidades em diversos países. Os objetivos das pesquisas atuais são a
redução do volume morto, a diminuição dos custos de fabricação e de manutenção, e o
aumento da eficiência térmica dos mesmos (EROL; YAMAN; DOĞAN, 2017).
Metodologia:
Neste capítulo serão descritos os métodos de trabalho aplicados durante o projeto
orientados pelo professor.
O protótipo de referência usado para a pesquisa foi um motor Sitriling da marca LBLA
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Experiment Kit Set For Children. A seguir algumas informações importantes descritas pelo
fabricante, bem como a imagem do motor apresentada na Figura 3.1.
Figura 3.3 – Motor Stirling com o dínamo acoplado usado nos experimentos.
Solução à base de acetona, a mesma usada como cosmético na remoção de esmaltes
de unha, foi utilizada como combustível do motor Stirling para realizar os experimentos. A
escolha pela solução à base de acetona se deu pela facilidade de comprar, baixo custo e sua
temperatura de chama é suficiente para o correto funcionamento do motor Stirling usado nos
experimentos (Fig. 3.3).
Uma simulação a priori da otimização do motor foi feita no início do projeto com o
intuito de direcionar o estudo como mostra a Fig 3.4. O motor é composto por peças simples
como seringas de vidro, bielas de aço e rodas comerciais. O fluido de trabalho é o ar
atmosférico. A partir dessa primeira simulação, com a orientação do professor, mudanças como
a exclusão de peças bem como a criação de outras e novos mecanismos para compor o
protótipo se fizeram necessários a fim de otimiza-lo. Nesse sentido, as medidas de todas as
peças foram manipuladas a partir das medidas de uma peça chave, uma seringa veterinária de
vidro (Seringa de vidro bico metal luer lock 10ml ARTI GLASS), que será usada como os cilindros
de expansão e compressão, Fig.3.5.
Figura 3.4 – Simulação a priori proposta para a construção do motor Stirling alfa.
Figura 3.5 – Seringa de vidro bico metal luer lock 10ml ARTI GLASS.
Uma vez finalizada a teoria e simulação de uma dada peça, sua fabricação pôde ser
iniciada. É importante dizer que este projeto não está finalizado, todavia algumas peças já
foram fabricadas como descreve o próximo capítulo.
Capítulo IV
Resultados:
Neste capítulo serão abordados e discutidos os resultados obtidos até o momento na
construção do módulo por simulação através do software Solidworks 2017 e, também, serão
apresentadas as principais medidas termodinâmicas coletadas experimentalmente para o
motor Stirling pronto.
A temperatura medida dentro da chama se encontra sempre acima dos 600 °C como
mostra a Fig. 4.2. Quando a temperatura dentro da chama decresce drasticamente, indica que
a fonte de calor foi removida. A temperatura medida neste caso não se trata da temperatura
de chama e sim a temperatura dentro da chama, obtida por meio de um termopar tipo K.
Medir a temperatura de chama necessitaria de procedimentos experimentais mais complexos
e alguns cálculos adicionais.
A Figura 4.3 mostra a tensão elétrica obtida através do dínamo acoplado ao motor
Stirling. A tensão elétrica é medida considerando-se corrente alternada. No início, ao dar
partida no motor, a tensão elétrica atinge o seu pico e então decresce até alcançar um valor
em torno de 0,36 V enquanto o motor está em funcionamento.
Os resultados obtidos através dos experimentos mostram que a tensão elétrica gerada
é estável, indicando que a velocidade de rotação do motor também é estável, ou seja, sem
grandes mudanças enquanto o motor está em funcionamento. Já a diferença entre as
temperaturas do cilindro de expansão e do cilindro de compressão torna-se constante após
certo tempo de funcionamento do motor e apresenta valores em torno de 8 °C. Os resultados
referentes a potência indicada e a eficiência térmica do motor Stirling pronto são,
respectivamente, 0,689 W e 54,98%.
Como dito, a construção do protótipo não está finalizada, entretanto um projeto foi
elaborado computacionalmente através do software solidworks, versão 2017, utilizando-se dos
computadores do laboratório de CAD da Faculdade de Engenharia Mecânica, FEMEC, da
Universidade Federal de Uberlândia (Figura 4.4).
Figura 4.4 – Projeto do motor stirling.
De uma maneira geral, a teoria do presente protótipo do motor do tipo stirling baseia-
se no aquecimento de uma das seringas, (seringa quente) o que fará com que o fluido em seu
interior se mova para a outra seringa (seringa fria) através do tubo que as conecta, uma vez
que a tendência do fluido é dirigir-se para a parte mais fria. Neste sentido, o projeto foi
elaborado de maneira a encontrar o melhor mecanismo que fizesse pressionar de volta esse
fluido para a seringa quente, de forma a originar o movimento característico de biela-manivela
(Figura 4.5) e fazer girar o eixo do volante de inércia que é ligado à manivela (Figura 4.6).
Para isso foi elaborado um mecanismo como o representado na Figura 4.5 acoplado ao
êmbolo de ambas as seringas o qual inclui uma manivela, uma biela composta por três peças
(peça 1, peça 2, haste), e um acoplador que liga a manivela ao êmbolo. As peças citadas estão
representadas na Figura 4.7.
A haste é ligada à Peça 1 por meio de um furo rosqueado e fixado com uma porca
(Figura 4.11) e ligado à Peça 2 por meio de pressão devido a um parafuso como ilustra a Figura
4.12. Essa última ligação permite aumentar ou diminuir o tamanho da haste, apertando o
parafuso da Peça 2 na posição desejada.
Figura 4.11 – Fixação haste-Peça 1.
A fixação das seringas dar-se-á por meio de dois mancais que foram elaborados
conforme ilustram as Figuras 4.14 e 4.15, no qual irá fixá-la por pressão através do parafuso
num furo seguido de uma porca como na figura. Além disso as duas seringas são ligadas uma à
outra a partir de um tubo (colado) permitindo a passagem do fluido entre elas (Figura 4.16).
Figura 4.14 – Fixação Mancal-Seringa.
O eixo no qual a manivela é ligada é apoiada na peça a qual designamos por Apoiador,
conforme mostra a Figura 4.17. O eixo comporta dois rolamentos de esfera radial (Espessura
de 8 mm , diâmetro interno e externo de 12 mm 28 mm, respectivamente) que permite o
movimento circular do volante inercial, o qual é fixado no eixo por pressão como ilustrado. O
Apoiador conta com uma tampa que é parafusada após a fixação dos elementos citados. Por
fim, tanto o Apoiador quanto os dois mancais que comportam as seringas, são fixados por
parafusos à uma peça de apoio.
Discussão:
O protótipo elaborado através do software solidworks 2017 está, por teoria, finalizado.
Todavia o mesmo ainda não foi fabricado, mas com previsão para construção em meados de
julho de 2018. A intensão deste projeto é refazer e comparar as análises termodinâmicas feitas
pelo motor comprado explicado anteriormente para o motor próprio apresentado nos
resultados. A expectativa é que o modelo próprio tenha resultados semelhantes e, se possível,
melhores no sentido de rendimento térmico do que o modelo comprado. Os materiais para
cada peça, a priori, foram definidos em:
Peça 1: Alumínio
Peça 2: Alumínio
Acoplador: Alumínio
Haste: Aço
Manivela: Aço
Eixo: Aço
Tubo: Não definido
Volante de inércia: Madeira
Apoiador (inclui tampa): Madeira
Mancais: Madeira
Peça de apoio: Madeira
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