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da família no PTS e na corresponsabilização de seu tratamento.

O critério de escolha de qual usuário deverá


ser visitado é decorrente da demanda que a equipe julgar necessária. A visita domiciliar fornece aos usuários
suporte para que possam dar continuidade ao tratamento. O enfermeiro realizará a visita, quantas vezes forem
necessárias, juntamente com outro membro de sua equipe, discutindo-se posteriormente o caso com a equipe
a fim de traçar as estratégias de ação. É fundamental que o registro da visita e as orientações realizadas estejam
registrados no prontuário do usuário e/ou outros meios de comunicação entre a equipe;
yy Atenção à família como unidade de cuidado. A reunião de família em saúde mental tem por objetivo
fazer a escuta acolhedora, de fortalecê-la para reaprender a cuidar de si e instrumentalizá-la no cuidado ao seu
familiar.

6. O ENFERMEIRO EM INTERVENÇÃO EM CRISE E URGÊNCIA EM SAÚDE MENTAL

O termo crise, aqui descrito, refere-se à períodos transitórios de perturbação psicológica e comportamental
decorrentes de situações de ameaças, perdas ou eventos significativos que a pessoa enfrenta no seu processo de
vida. Conceitualmente, há diferenças entre as crises e os surtos psicóticos, por exemplo.
A crise, de natureza existencial, tem como principais características: ocorrência em pessoas saudáveis, de
caráter agudo, duração limitada, experimentada como uma reação emocional excessivamente opressora, sendo a
gravidade do evento determinada pela pessoa que o experimenta e não pela sua magnitude e possibilidade de ser
vivenciada como oportunidade para crescimento.
A maioria dos autores classificam estes tipos de crises em três tipos básicos: a maturacional ou evolutivas
(relacionada aos eventos evolutivos, principalmente nas transições), a situacional (fatores externos) e a acidental
ou fortuita (seriedade do evento) (CAPLAN, 1980; RODRIGUES, 1996).
A possibilidade de uma pessoa entrar em crise está inversamente relacionada às suas características de
vulnerabilidade e resiliência/recursos sociais. Assim, a existência de crise e/ou enfrentamento dela depende da
estrutura psíquica da pessoa, da gravidade do evento e dos recursos pessoais e sociais que essa pessoa possui.
A evolução da crise é, em geral, previsível. Ela é descrita em quatro fases que correspondem ao aumento
da ansiedade quando os mecanismos habituais de resposta falham, levando a um estado de desorganização
da pessoa. 1ª fase – a pessoa se depara com o evento e há aumento de ansiedade porque seus mecanismos
de enfrentamento habituais não são suficientes para enfrentar o problema. 2ª fase – o desconforto aumenta,
tentativas de ensaio e erro para reestabelecer equilíbrio anterior. 3ª fase – se tentativas anteriores falharam, todos
os recursos internos e externos são acionados, diante do aumento da ansiedade que mobiliza comportamentos de
alívio automáticos (isolamento, fuga, regressão). 4ª fase – presença de ansiedade esmagadora: desorganização da
personalidade, pânico, confusão, violência contra outros, tentativa de suicídio.
Os principais objetivos da intervenção em crise são oferecer segurança e redução da ansiedade da pessoa,
vislumbrando-se o retorno ao estágio de funcionamento anterior à crise ou a um nível mais adequado, pois novas
habilidades de enfrentamento são aprendidas na resolução do evento. O apoio e suporte nestas situações são
imprescindíveis para ajudar a pessoa na superação de seus problemas, movendo recursos internos neste processo.
A intervenção em crise é uma das ações de enfermagem, como estratégia de ajuda indicada para auxiliar
uma pessoa e/ou família ou grupo, diante de alguma situação traumática, com vistas a amenizar os efeitos
negativos - danos físicos e psíquicos, incrementando a possibilidade de crescimento de novas habilidades de
enfretamento, identificando opções e perspectivas de vida. Há ferramentas de cuidado que o enfermeiro pode
se apropriar no desenvolvimento da saúde mental das pessoas que estão sob seus cuidados (BENJAMIN, 2004;
FELDMAN, 2006; MIRANDA; MIRANDA, 1996).

O enfermeiro nas situações de urgência em saúde mental


As situações de urgência e emergência psiquiátrica, por sua vez, trazem grandes desafios para a
abordagem segundo a lógica da Reforma Psiquiátrica, pois difere do modelo psiquiátrico clássico, em que
haviam intervenções padronizadas. São situações muitas vezes difíceis, pois restringe a capacidade de decisão

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