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A Medicina Anti-envelhecimento:

conceitos e abordagens

Trabalho realizado por: Célia Gonçalves Nº 26007; Daniela Gouveia Nº

28536 e Emília Oliveira Nº 28539

Unidade Curricular: Envelhecimento Biológico e Saúde

Docentes: Carina Rodrigues e Carlos Magalhães

Mestrado Envelhecimento Ativo – 1º Semestre 2014/2015


Índice

Introdução .................................................................................................................... 2
O Envelhecimento ......................................................................................................... 3
O que é a Medicina Anti Envelhecimento? .................................................................... 5
Strategies for Engineered Negligible Senescense – conceções em torno do
envelhecimento ............................................................................................................ 9
Os Riscos da Medicina Anti Envelhecimento ............................................................... 12
Conclusão ................................................................................................................... 14
Bibliografia .................................................................................................................. 15

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A medicina anti-envelhecimento: conceitos e abordagens
Envelhecimento Biológico e Saúde – Mestrado Envelhecimento Ativo 2014/2015
Introdução

No âmbito da unidade curricular de Exercício Físico e Envelhecimento, do 1ºano


do curso de Mestrado em Envelhecimento Ativo, foi proposto a realização de um
trabalho cujo tema é “A Medicina Anti-envelhecimento: conceitos e abordagens”.
O envelhecimento é um fenómeno demográfico a nível mundial, que acarreta
alterações a diversos níveis. Há cada vez mais pessoas a querem travar os efeitos do
envelhecimento e para tal recorrem a este tipo de medicina.
De acordo com a revista cientifica “Biogerontology” (cit in Arora, 2008) o
envelhecimento é uma falha progressiva de competências genéticas do corpo para se
defender, manter e reparar, com o objetivo de trabalhar de forma eficiente. A
medicina anti-envelhecimento pode ajudar a combater esta falha, que é definida como
causa do envelhecimento.
O ser humano passa por diversas fases ao longo do ciclo vital, onde a juventude
é a fase mais vigorosa do ponto de vista da saúde, onde se verifica boa saúde,
músculos fortes, um sistema imunológico eficiente, uma boa memória e um cérebro
saudável. Desta forma a medicina anti-envelhecimento tem como objetivo manter
estas características, independentemente da idade cronológica, ou seja que haja um
funcionamento saudável e biológico eficiente.
Ao longo deste trabalho vão ser abordadas as conceções de envelhecimento, a
medicina anti-envelhecimento e os riscos associados à mesma.
Por fim vão ser apresentadas as principais conclusões resultantes do presente
trabalho.

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Envelhecimento Biológico e Saúde – Mestrado Envelhecimento Ativo 2014/2015
O Envelhecimento

Rougemont (s/d) refere que o envelhecimento é marcado por alterações


corporais que manipulam as representações negativas da velhice, representada como
um período de declínio e limitações.
Franchi & Junior (2005) referem que o processo de envelhecimento é
influenciado por variáveis genéticas, estilo de vida e alterações psicoemocionais, que
afetam a capacidade de realizar determinadas funções.
Com a idade o corpo do ser humano vai sofrendo alterações a diversos níveis,
nomeadamente (Manual Merk1):
 Diminui a quantidade de sangue que flui para os rins, o fígado e o
cérebro;
 Verifica-se uma menor capacidade do fígado para eliminar as toxinas e
metabolizar a maioria dos fármacos;
 A frequência cardíaca máxima diminui;
 Diminui o volume máximo de sangue que passa através do coração;
 Diminui a tolerância à glicose;
 Diminui a capacidade pulmonar;
 Observa-se um aumento da quantidade do ar remanescente nos
pulmões (depois de espirrar);
 A resistência às infeções é menor.
Arora (2008) afirma que o envelhecimento é uma falência progressiva dos
processos metabólicos. Existem diversas teorias biológicas que tentam explicar o
processo de envelhecimento, como por exemplo (Mota et al., 2004):
1. Teoria dos Radicais Livres: refere que a causa do envelhecimento das
células é o resultado das alterações acumuladas devido às contínuas
reações químicas que se produzem no seu interior. Durante estas
reações formam-se os radicais livres, substâncias tóxicas que acabam
por danificar as células e causar o envelhecimento. 2

1
Edição de Saúde para a Família in: http://www.manualmerck.net/?id=29&cn=520&ss=
2
Edição de Saúde para a Família in: http://www.manualmerck.net/?id=29&cn=520&ss=

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2. Teoria da Telomerase: Os telómeros protegem as extremidades dos
cromossomas da sua deterioração e da fusão com outros cromossomas.
Os telómeros podem ter um papel predominante no envelhecimento
tecidual onde as células mantêm a sua capacidade proliferativa ao longo
da vida do indivíduo.
3. A Teoria Imunológica: o envelhecimento ocorre como resultado de uma
redução do sistema imunológico. O caso das doenças auto-imunes, as
quais acontecem quando o sistema de defesa passa a atacar tecidos do
próprio corpo, está relacionado com a senescência, uma vez que o
sistema imunológico perde a capacidade de distinguir os elementos
próprios e os elementos estranhos do organismo. Com isto, explica-se o
grande número de casos de doenças auto-imunes em idade avançada.
O envelhecimento é assim um fenómeno biológico onde se verifica uma
perda gradual das funções orgânicas. É também caracterizado como um processo
fisiológico que se relaciona com a perda de capacidades, a genética e as modificações
psico-emocionais.

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O que é a Medicina Anti Envelhecimento?

Walker (2006), afirma que o anti-envelhecimento ou medicina de gestão de


idade (AAM) sofreu um crescimento ao longo da última década. Isto verifica-se porque
cada vez mais as pessoas têm o desejo de desfrutar de uma vida plena, saudável, e
jovem. Este desejo faz com que as pessoas cada vez mais procurem profissionais com o
conhecimento adequado sobre esta área.
De acordo com Arora (2008) a medicina anti-envelhecimento é um ramo da
ciência médica e da medicina aplicada. É responsável por tratar as causas do
envelhecimento e atenuar qualquer doença relacionada com a idade. O objetivo da
medicina anti-envelhecimento é aumentar o tempo de vida saudável do ser humano
com características de pessoas mais jovens.
Gorzoni & Pires (2010) referem que a medicina anti-envelhecimento tem como
objetivo retardar, parar ou reverter o processo de envelhecimento humano biológico
natural.
Pode-se então afirmar que a medicina anti-envelhecimento é um procedimento
que visa atrasar o processo natural de envelhecimento e consequentemente atrasar
ou evitar o aparecimento de doenças relacionadas com a idade ou outras alterações
associadas a esta.
Existem varias características sobre o anti-envelhecimento, o que faz com que
seja uma medicina diferente das mais tradicionais:
• Tem uma abordagem de manutenção da saúde em terapia;
• Foi criado por empresários e não por aqueles com experiência em
pesquisa sobre envelhecimento mecanismos e intervenções;
• Enquanto existe uma extensa literatura de pesquisa sobre o
envelhecimento, há uma escassez de dados e artigos revisados por
especialistas sobre as respostas humanas às intervenções no
envelhecimento;
• Até 2005, não havia nenhum fórum legítimo e tradicional de debate e
intercâmbio de informações pelos praticantes da mesma.

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“Cada uma destas características são importantes e desempenham um papel
significativo na situação atual e futura evolução da AAM [medicina anti-
envelhecimento]. A AAM [medicina anti-envelhecimento] está na vanguarda da
evolução clínica medicina porque é orientada para a saúde.” (Walker, 2006, p.201)
Walker (2006) afirma que a intenção da medicina anti-envelhecimento é evitar
a doença e para isso tem de haver uma manutenção da saúde, para que se evite o
tratamento da doença depois desta se estabelecer. Para então se atingir este objetivo,
este tipo de medicina tem uma abordagem holística para a terapia, visto que o seu
princípio básico é a perda progressiva da homeostase (equilíbrio), ou seja esta perda
de homeostase, leva ao declínio funcional e a um risco aumentado para o
desenvolvimento de doença intrínseca a que se chama de “doença do
envelhecimento”.
“Devido a esta filosofia, a "terapia de substituição" é atualmente a
intervenção clínica mais básica no envelhecimento. Há muito que se reconheceu que a
deterioração da homeostase durante o envelhecimento está associada a um declínio
progressivo nas moléculas protetoras. Como a tecnologia adequada para retardar ou
parar o subjacente declínio homeostático ainda não foi desenvolvida, a substituição
dos produtos de ocorrência natural, incluindo hormonas, cofactores, anti-oxidantes,
etc., é rotineiramente utilizada.” (Walker, 2006, p 201.)
Contrariamente a medicina tradicional é orientada para a doença, onde
os profissionais prescrevem medicamentos para tratar os sintomas da doença nos
pacientes com queixas sobre a sua saúde. Walker (2006) refere que a diferença
filosófica entre a abordagem tradicional e a abordagem da medicina anti-
envelhecimento é que o primeiro presume que o alívio sintomático irá restaurar todo
o corpo bem-estar. Evidentemente que uma abordagem proactiva, holística destinada
a retardar o início ou a evitar o desenvolvimento da doença, relacionada com a idade
(abordagem medicina anti-envelhecimento) é mais lógico do que uma abordagem
reativa e sintomático (abordagem tradicional). Conclui-se que a medicina tradicional
deve apoiar esta mudança filosófica se esta quer prestar um atendimento eficaz ao
paciente no futuro.

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A medicina anti-envelhecimento é baseada nos seguintes princípios (Purcell,
2012):
1. Anti-envelhecimento e reposição hormonal: Com cerca de 60 anos
começa a existir um declínio hormonal e com a idade acelera o que
desencadeia mais catabolismo (degradação do corpo) do que o
anabolismo (musculação). Enganar o nosso corpo exige um equilíbrio
hormonal tendo em conta as individualidades de cada pessoa.
2. Anti-envelhecimento e suplementos nutricionais: Normalmente existe
uma lacuna entre o que o nosso corpo necessita e o que nos fornece os
alimentos, especialmente se as escolhas alimentares estão abaixo do
indicado. Os suplementos nutricionais colmatam essa lacuna,
fornecendo os blocos de construção essenciais para a divisão celular
saudável e o estatuto antioxidante adequado. À medida que
envelhecemos, os antioxidantes têm um papel essencial na manutenção
da integridade celular. Um médico treinado em medicina anti-
envelhecimento pode avaliar um teste de sangue de laboratório para o
estado nutricional e restaurar deficiências com base em suas
necessidades individuais.
3. Anti-envelhecimento e exercício físico: O nosso corpo é projetado para
o movimento, e no movimento há flexibilidade e força. O corpo
depende da contração do músculo-esquelético para conduzir o sangue
através do sistema venoso de volta para o coração. Da mesma maneira,
o movimento é necessário para mover o fluido para dentro e para fora
dos discos vertebrais e das articulações. O alongamento, a massagem e
exercitar promove a circulação que traz nutrientes para as células. Os
benefícios do exercício, tais como equilíbrio e estabilidade, diminuem o
risco queda e fratura e são essenciais para o envelhecimento saudável.
4. Anti-envelhecimento e dieta: Diminuir a velocidade do envelhecimento
requer uma adequada nutrição. Comida é o combustível que fornece os
nutrientes para todos os sistemas do corpo, incluindo o cérebro, ossos,
pele e coração. É importante para encher os “tanques de gás” de

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nutrientes esgotados com alimentos ricos em nutrientes que são
desprovidos de produtos químicos, corantes, hormônios e pesticidas. As
seleções alimentares devem ser fortemente de alimentos à base de
plantas, como verduras, legumes e frutas e proteína limpa. Com o
aumento da idade o corpo vai diminuindo a capacidade para
metabolizar os alimentos, daí ser necessário uma alimentação mais
saudável. A importância da alimentação pode ser resumida com uma
frase dita por Dr. Barry Sears (cit in Arora, 2008): “O alimento que você
come é provavelmente a droga mais poderosa que você vai encontrar”.
5. Anti-envelhecimento e redução do stress: O stress tem sido mostrado
como causa para quase todas as doenças. A redução do stress envolve
mecanismos de enfrentamento saudáveis que permite equilibrar o
corpo e acalmar a mente. Trata-se de: reconhecer o que se tem e o que
se pode mudar e o que não se pode; aceitar as mudanças e emancipar
expectativas; sentir-se confortável com o próprio corpo; ouvir a intuição
e olhar para o dia-a-dia e fazer adaptações benéficas para cada um.

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Strategies for Engineered Negligible Senescense – conceções em
torno do envelhecimento

Aubrey de Grey, biomédico autodidata, tem-se dedicado à defesa da


possibilidade da interrupção do processo biológico de envelhecimento e
consequentemente a uma maior durabilidade da vida humana. O referido autor opõe-
se aos modelos geriátrico e gerontológico, considerando as suas ingerências limitadas.
De acordo com o biomédico (cit in Rougemont, s/d) os problemas físicos estão
associados ao envelhecimento e é nas causas do envelhecimento que se deve intervir
e não nas doenças associadas ao mesmo.
Rougemont (s/d) define a biogerontologia como a biologia do
envelhecimento, que aborda o envelhecimento na dimensão molecular com o intuito
de perceber como acontece o envelhecimento. Para que isto aconteça os
biogerontologistas dedicam-se ao exame de células, tecidos e órgãos propondo
identificar os fatores que estão na base do envelhecimento.
Aubrey de Grey (cit in Rougemont, s/d) com o seu projeto SENS – Straregies
for Engineered Negligible Senescence pretende identificar os fatores relacionados com
o envelhecimento e propor terapias para atuar sobre os mesmos fatores. Objetiva
assim garantir a conservação da plena funcionalidade corporal e as condições
saudáveis do organismo até ao fim da vida.
Para se compreender este projeto é necessário saber o que é o
metabolismo. Rougemont (s/d) caracteriza o metabolismo “como a complexa rede de
processo geneticamente programada que nos mantém vivos e que possui efeitos
colaterais em andamento, os quais podem ser identificados pelo termo coletivo dano”.
Grey (2006, 2008b, cit in Rougemont, s/d) refere que esta acumulação de danos vais
causar patologia e define assim o envelhecimento como um conjunto de efeitos
colaterais do metabolismo que modifica a composição do corpo ao longo do tempo,
tornando-o progressivamente menos funcional.
É possível, de acordo com Aubrey de Grey, intervir neste processo do
metabolismo através do desenvolvimento de áreas como a genética, a nanotecnologia,
entre outras.

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A medicina regenerativa é a principal base do projeto de Aubrey de Grey,
com o intuito de restaurar a estrutura molecular, celular e/ou tecidos individuais ao
estado anterior à experiencia de danos e degeneração. Através da medicina anti-
envelhecimento é possível evitar o acumular de danos e reverter os que já existem.
Rougemont (s/d) refere que a compreensão dos seres vivos está nos genes
uma vez que estes definem o funcionamento do metabolismo, que provoca danos
derivados de processos geneticamente programados. É então necessário atuar sobre
estes danos e que Aubrey identifica e propõe as seguintes terapias para esse reparo:
1. Perda de células/atrofia celular: células estaminais, fatores de
crescimento e exercício;
2. Senescência/Células tóxicas: ablação de células indesejadas;
3. Mutações oncogénicas/epimutações: impedimento do corpo inteiro
de alongamento dos telómeros;
4. Mutações mitocondriais: allotopic expression of the proteins;
5. Agregados intracelulares: hidrólases microbianas;
6. Agregados extracelulares: fagocitose imune-mediada;
7. Ligações cruzadas extracelulares: moléculas de quebra de idade.
Estes sete tipos de danos mostram um conjunto de processos necessários ao
corpo do individuo, que se vão tornando gradualmente nocivos que vão gerar falhas
uma vez que alguns elementos corporais passam a ser ineficientes nas suas funções.
O projeto mencionado anteriormente pretende aperfeiçoar as capacidades
necessidades metabólicas, partindo do pressuposto de que o corpo consegue
regenerar-se.
De acordo com Rougemont (s/d) o dano designado de agregados intracelulares
consiste no acumular de detritos dentro da célula, que perturba negativamente o
funcionamento normal da mesma. Isto ocorre “porque o lisossoma, componente
celular responsável pela eliminação de produtos celulares necessita das enzimas
adequadas para cada tipo de detrito a ser eliminado (…) [, e o corpo do ser humano
não tem] as enzimas necessárias para degradar todos os tipos de detritos presentes no
ambiente celular, o que resulta na sua acumulação no interior da célula, fazendo-a
falhar”. O mesmo autor afirma que muitas das disfunções associadas ao lisossoma

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fazem com que incidam diversas doenças no envelhecimento, como por exemplo
doenças neurodegenerativas.
O projeto SENS – Straregies for Engineered Negligible Senescence pretende
fazer um “upgrade” no lisossoma através do aperfeiçoamento, através da
intensificação e melhoramento da adaptação do lisossoma às condições a que está
exposto.
Rougemont (s/d) afirma que o referido projeto é desenvolvido no sentido de
controlar o envelhecimento, racionalizando o “lixo” deixado no organismo pelos
processos geneticamente programados através da eliminação dos efeitos colaterais do
metabolismo.
Para Aubrey de Grey (cit in Rougemont, s/d) as patologias relacionadas com o
envelhecimento são uma manifestação de um mal físico maior, “uma vez que o
envelhecimento é o próprio resultado dos danos acumulados no organismo”.

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Os Riscos da Medicina Anti Envelhecimento

A medicina anti-envelhecimento tem como objetivo interferir no processo de


envelhecimento. Gorzoni & Pires (2010) através de uma revisão bibliográfica referem
que não existem sólidas evidências científicas e clinicas que justifiquem a medicina
anti-envelhecimento.
A medicina anti-envelhecimento não é uma especialidade reconhecida pelo
Conselho Americano de Especialidades Médicas.
Especialistas brasileiros e estrangeiros na abertura do Congresso Brasileiro de
Geriatria e Gerontologia, realizado no rio de Janeiro afirmaram que “terapias que
prometem combater os efeitos do envelhecimento, usando vitaminas, antioxidantes e
hormonas, não têm comprovação científica de sua eficácia e podem aumentar os
riscos de diabetes e câncer”3.
Os riscos associados à medicina anti-envelhecimento são muitos. Alguns
exemplos são o excesso de vitamina A, capaz de aumentar o risco de cancro de pulmão
em fumantes; o lítio, que quando mal utilizado pode causar Síndrome de Parkinson; a
hormona do crescimento (GH), também capaz de aumentar a incidência de cancros e a
ingestão dispensável de vitaminas que pode provocar a sobrecarga dos rins.4
Em seguida é explanado um caso real relatado na CNN5:
1. Hanneke Hops não tinha medo de morrer. Estava a ficar velha e não era
capaz de correr maratonas, andar a cavalo, entre outras coisas Assim,
aos 56 anos consultou um radiologista que fundou o Instituto Médico
Cenegenics em Las Vegas, que se especializou em "medicina gestão da
idade." Foi-lhe prescrito hormonas recombinante de crescimento
humano (HGH), uma versão sintética de uma hormona da hipófise
apregoados como uma fonte milagrosa da juventude. Começou a injetá-
lo na sua coxa seis vezes por semana. Seis meses mais tarde, ela faleceu,

3
Portal do Envelhecimento in
http://www.portaldoenvelhecimento.com/index.php/saudedoenca/item/1559-terapias-
antienvelhecimento-riscos-alertas-e-cuidados
4
Planos de Saúde Sénior in http://www.planosdesaudesenior.com.br/blog/os-riscos-da-medicina-
antienvelhecimento/
5
http://edition.cnn.com/2011/12/28/health/age-youth-treatment-medication/
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com o fígado cheio de tumores malignos. Embora seja impossível de se
provar que a terapia que iniciou contribui para a morte, o uso de HGH
tem sido associada a um risco aumentado de cancro.
Assim, pode-se afirmar que a medicina anti-envelhecimento não tem
evidências científicas de retardar o envelhecimento. Com as considerações
bibliográficas elucidadas neste tópico o atraso do envelhecimento, recorrendo a
técnicas de medicina anti-envelhecimento, pode fazer com que o envelhecimento não
aconteça através dos riscos associados a este tipo de medicina, não reconhecida,
através de patologias que podem levar ao óbito.

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Conclusão

O envelhecimento é um fenómeno demográfico a nível mundial, que acarreta


alterações a diversos níveis e há cada vez mais pessoas a querem travar os efeitos do
envelhecimento.
A medicina anti-envelhecimento é um procedimento que visa atrasar o
processo natural de envelhecimento e consequentemente atrasar ou evitar o
aparecimento de doenças relacionadas com a idade ou outras alterações associadas a
esta.
A reposição hormonal, os suplementos nutricionais, a prática de exercício físico,
uma dieta e a redução do stress são apontados como os princípios subjacentes à
medicina anti-envelhecimento.
O biomédico Aubrey de Grey com o seu projeto SENS – Straregies for
Engineered Negligible Senescence objetiva garantir a conservação da plena
funcionalidade corporal e as condições saudáveis do organismo até ao fim da vida.
Para tal aponta o metabolismo como componente importante para conseguir atingir o
seu objetivo através da genética e nanotecnologia. Afirma que através da medicina
anti-envelhecimento é possível evitar o acumular de danos e reverter os que já
existem.
Contudo a medicina anti-envelhecimento não tem evidências científicas de
retardar o envelhecimento. Com as considerações bibliográficas explanadas ao longo
do trabalho, o atraso do envelhecimento, recorrendo a técnicas de medicina anti-
envelhecimento tem diversos riscos associados, como por exemplo o risco de cancro.

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Bibliografia
Arora, B. (2008). Anti-aging medicine. Obtido de PubMed:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2825135/

Franchi, K., & Junior, R. (2005). Atividade física: uma necessidade para a boa saúde na
terceira idade. Obtido de Revista Brasileira em Promoção da Saúde:
http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=40818308

Gorzoni, M., & Pires, S. (2010). Há evidências científicas na medicina


antienvelhecimento? Obtido de Scielo:
http://www.scielo.br/pdf/abd/v85n1/v85n1a08.pdf

Mota, M., Figueiredo, P., & Duarte, J. (2004). Teorias Biológicas do Envelhecimento.
Obtido de Revista Portuguesa de Ciências do Desporto:
http://www.fade.up.pt/rpcd/_arquivo/artigos_soltos/vol.4_nr.1/Paula_Mota.p
df

Purcell, A. (2012). Anti-aging Medicine. Obtido de Nutricula - The Science of Longevity


Journal: http://www.nutriculamagazine.com/anti-aging-medicine/

Rougemont, F. (s.d.). O corpo que se regenera: medicna anti-aging e biotecnologia.


Obtido de http://jornadappga2013.files.wordpress.com/2013/06/rougemont-
fernanda.pdf

Teorias do Envelhecimento. (s.d.). Obtido de Manual Merck - Biblioteca médica online:


http://www.manualmerck.net/?id=29&cn=520&ss=

Teorias do Envelhecimento. (s.d.). Obtido de Plano de saúde sénior :


http://www.planosdesaudesenior.com.br/blog/os-riscos-da-medicina-
antienvelhecimento/

Terapias antienvelhecimento: riscos, alertas e cuidados. (2014). Obtido de Portal do


Envelhecimento:
http://www.portaldoenvelhecimento.com/index.php/saudedoenca/item/1559-
terapias-antienvelhecimento-riscos-alertas-e-cuidados

Voss, G. (2012). The Risks of anti-aging medicine. Obtido de CNN:


http://edition.cnn.com/2011/12/28/health/age-youth-treatment-medication/

Walker, R. (2006). On the evolution of anti-aging medicine. International Society for


Applied Research in Aging (SARA).

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