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A segurança estrutural de um gerador de tubos de fumo não está ligada aos tubos
em si, mas sim aos três elementos que atrás se referiram. Os tubos estão sujeitos à
pressão exterior da água da caldeira, podendo colapsar mas nunca explodir. O problema
maior com os tubos reside na sua ligação aos espelhos. Esta pode tornar-se precária
devido a um conjunto de razões, tais como, corrosão no lado dos gases ou da água,
deficiente fixação dos tubos às placas e a acumulação de depósitos no lado da água que
conduz ao sobreaquecimento localizado (26).
140
100
80
60
40
20
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
35
30
Espessura de parede do corpo cilíndrico (mm)
25
20
15
10
0
0 1 2 3 4 5
Diâmetro interno (m)
(28)
Figura 4.25: Desenhos de uma válvula de segurança de mola .
Figura 4.26: Representação esquemática das linhas de purga dos acessórios ligados
à pressão na caldeira.
de gases (IT ponto 5.9), ou seja, no extremo da fornalha oposto aquele onde o queimador
se encontra aplicado.
(29)
Figura 4.27: Controlador de nível de bóia .
Figura 4.29: Representação esquemática das linhas de purgas dos acessórios ligados ao
nível da água no interior da caldeira (por simplificação, apresenta-se apenas um dos
indicadores de nível).
Tal como no caso dos dispositivos ligados à pressão, também os do nível de água
podem ver o seu funcionamento prejudicado por uma eventual deposição de material
sólido existente na água da caldeira, e, por isso, as tubagens de ligação dos mesmos à
caldeira devem ser purgadas uma vez por turno. No caso do controlador de nível, os
depósitos podem levar a que a boía fique presa numa posição elevada, e que,
consequentemente, dê sinal de presença de água, quando na realidade o nível se
encontra baixo. Esta é uma situação muito perigosa, como já se explicou. Na figura 4.29
representam-se esquemáticamente os indicadores, o controlador e as válvulas de purga.
Nos indicadores de nível a purga deve ser feita sequencialmente de forma a garantir a
limpeza, independente, de ambos os tubos de comunicação (um está ligado à água e
outro ao vapor). Os controladores de nível têm, frequentemente, uma válvula de três vias
que, ao ser rodada manualmente, assegura a sequência correcta da purga.
Estas limpezas deverão ser feitas com base no número de horas de funcionamento,
ou através da leitura de um indicador de temperatura que deverá existir no início da
chaminé (IT ponto 4.10). De facto, se a resistência à transferência de calor no lado dos
gases, que é a dominante, subir em resultado do sujamento, a menor potência térmica
transferida reflecte-se na subida da temperatura de saída dos gases de combustão.
Sugere-se, por isso, que, com o tubular limpo, se proceda ao registo das temperaturas de
saída dos gases para diversas taxas de queima, desde a mínima até 100%. Estes valores
servirão então como referência, para que, de futuro, se possa decidir sobre a
oportunidade de uma paragem do gerador para limpeza. Um exemplo encontra-se na
figura 4.30. Considera-se que uma subida de 15 ºC à máxima taxa de queima constitui
sinal aconselhador de limpeza. Queimando-se fuelóleo pesado, com cerca de 20% de
excesso de ar, a subida da temperatura líquida dos gases de combustão ( diferença para
a temperatura do ar de combustão) de 210ºC para 225ºC, provoca um aumento de 0.5%
(31)
de perdas de calor sensível naquela corrente , ou seja, uma redução idêntica na
eficiência do gerador de vapor, e um aumento dos custos com combustível ligeiramente
superiores (cerca de 0.6% para uma eficiência de 83% anterior ao sujamento).
Quando se fala de inspeção, não se pensa apenas nas que são levadas a cabo
pelos técnicos da empresa, por sua iniciativa, mas também às que devem ser executadas
de acordo com a lei, por um organismo de inspeção devidamente credenciado. Estas
últimas são de dois tipos: inspeção inicial ou periódica (a cada cinco anos), acompanhada
Tudo isto implica que se tenha que adicionar água que compense estas perdas.
Essa água denomina-se, por isso, de compensação, e é adicionada ao tanque de
condensados. Ora, essa água de compensação, mesmo que de boa qualidade, possui
alguma matéria sólida, em suspensão ou dissolvida (parta-se do princípio que a matéria
decantável não existe, uma vez que pode ser facilmente removida por filtração simples).
De facto, nas caldeiras de que se trata neste texto não é existire equipamentos de
desmineralização total (remoção de sólidos dissolvidos) ou instalações dedicadas de
tratamento de água por coagulação-floculação-sedimentação (para os sólidos
suspensos). Uma vez que, funcionando a caldeira em boas condições, o vapor não
transporta matéria sólida, concluir-se-á que, se nada se fizer, os sólidos ir-se-ão
acumulando no interior do gerador. Os inconvenientes são de diversa ordem:
1001-1500 100 20 80
M A = MP + M V [4.10]
em que:
MP SDTA
= [4.12]
M V SDTP − SDTA
Considerou-se, na equação [4.11], que o vapor não transporta sólidos, ou seja, que
é de boa qualidade nesse aspecto. Observando a expressão [4.12], é claro que algumas
medidas podem ser tomadas para minimizar a corrente de purga. Cite-se o aumento da
concentracção de sólidos na caldeira (SDTP), se tal for compatível com a qualidade do
vapor e do processo (ver exemplo 4.6), como anteriormente se explicou, o aumento da
taxa de recuperação de condensados, pois tratando-se esta de uma corrente limpa, baixa
o teor de sólidos dissolvidos da corrente de alimentação à caldeira (SDTA) em virtude da
redução do volume necessário de água de compensação, e, por último, a utilização de
uma água de compensação menos carregada em sólidos (ver exemplo 4.7). Por outro
lado, o controlo assíduo do teor em sólidos da água da caldeira é de extrema
importância, particularmente em sistemas de purga que funcionem manualmente.
Acontece que aquele valor pode estar bastante abaixo do admissível, em virtude dos
trabalhadores operarem o sistema com uma precaução excessiva, por entenderem que,
dessa forma, a caldeira trabalha em zona claramente mais segura. O controlo referido
servirá para determinar novas rotinas de trabalho, quer no caso anterior, quer no oposto,
em que o teor em sólidos se revele elevado. A melhor abordagem, no entanto, é a
instalação de sistemas automáticos de purga que, de acordo com experiência
(34)
acumulada, conduzem a reduções médias de 20% na água eliminada , embora tais
processos não sejam sinónimo de abandono do controlo analítico da água da caldeira.
Os exemplos numéricos que se seguem ajudarão à compreensão destes factores e da
importância económica da purga da caldeira.
M A = M P + 10850
9050 + M AC = 1423 + M A
M AC ⋅ 300 = M P ⋅ 2500
Uma caldeira produz, em média, 4720 kg/h de vapor saturado a 15 barg. Apesar do
fabricante admitir para o equipamento 3500 ppm em SDT, a direcção técnica das
instalações fabris optou, por segurança, em mantê-lo mais baixo (2500 ppm).
Por hora eliminam-se então 197 kg, e por dia 4720 kg. A energia perdida, E,
corresponde à que foi usada para subir a temperatura da água desde 66ºC
(entalpia: 276 kJ/kg) até 201ºC, temperatura correspondente à pressão do vapor
(entalpia: 859 kJ/kg):
2.75 x10 6
= 3.44 x10 6 kJ / dia
0.80
1
3.44 x10 6 ⋅ ⋅ 0.05 = 47.7 € / dia
3600
Na realidade os custos são superiores, pois deve-se reconhecer que toda a água
purgada tem de ser suprida por água de compensação a uma temperatura mais
baixa que 66ºC. Ver-se-á no exemplo 4.6 que a corrente de água de compensação
tem uma temperatura média de 16ºC (67.2 kJ/kg) e, por isso, o valor do gás
consumido com a purga é de:
Na mesma empresa do exemplo 4.5, qual seria a poupança mensal em gás natural,
caso se tolerasse na água da caldeira 3500 ppm de SDT ?
A massa de água purgada diáriamente seria agora 3.33x103 kg. No entanto, fácil é
de constatar que, agora, o teor de sólidos na corrente de água de alimentação já
não será 100 ppm, pois baixando-se a massa de água purgada, baixa também a
quantidade de água de compensação. Sendo os condensados de boa qualidade
(essencialmente sem sólidos dissolvidos), também baixará o valor de SDT na água
de alimentação da caldeira. Por isto, procurou-se obter na empresa dados
complementares. Assim, apurou-se o seguinte:
Os dados correntes estão apresentados na figura 4.33 para mais fácil apreensão.
48000
MC + = 4.92 x10 3 → MC = 2.92 x10 3 kg / h
24
Figura 4.33: Situação actual na casa da caldeira relativa aos exemplos 4.5 e 4.6.
48000
⋅ H AC + 2.92 x10 3 ⋅ HC = 4.92 x10 3 ⋅ 276
24
48000
⋅ SDT AC = 4.92 x10 3 ⋅ 100 → SDT AC = 246 ppm
24
Figura 4.34: Dados de partida para prever as consequências de uma subida para 3500 ppm
de SDT na água da caldeira (exemplo 4.6).
M AC ⋅ 246 = M P ⋅ 3500
( )
1.94 x10 3 ⋅ 67.2 + 2.92 x10 3 ⋅ 419 = 1.94 x10 3 + 2.92 x10 3 ⋅ H AC
O valor da redução da factura energética também poderia ser obtido de uma forma
alternativa, embora equivalente. Estando o enfoque sobre o gerador de vapor, o
valor do gás natural perdido com a purga é:
Este valor compara com 47.7 €/dia do exemplo 4.5, pelo que a redução será 14.9
€/dia. Por outro lado, dado que, como resultado da redução da massa de água
perdida com a purga, a temperatura da água de alimentação da caldeira sobe
ligeiramente, tal repercutir-se-á numa menor energia que o gás tem de suprir para
que no gerador se mantenha a produção de 4720 kg/h de vapor a 15 barg. O valor
do gás natural poupado é:
Então, o valor diário da poupança seria 5.90+14.9=20.8 €/dia. Este valor compara-
se com 20.1 €/dia anteriormente obtido, tendo a diferença a ver com
arredondamentos, particularmente importantes na pequena diferença 279-276 no
último cálculo.
Existe ainda, nas mesmas instalações fabris, a possibildade de usar como água de
compensação a proveniente de uma outra origem, com apenas 100 ppm em SDT.
Todavia, para isso se concretizar, seria necessário efectuar alguns investimentos
nas necessárias adaptações da rede de abastecimento existente. Partindo da
situação actual, em que a caldeira é mantida com 2500 ppm de SDT, qual será o
M AC ⋅ 100 = M P ⋅ 2500
Um valor que é o dobro daquele que se obtém com o aumento do teor em TDS na
caldeira, sendo que, naturalmente, as respectivas medidas não se excluem
mutuamente. Considerando que as instalações funcionam 11 meses por ano, a
poupança em 4 anos atingiria 38.8x103 €. No entanto, também é de considerar o
custo que a própria água tem para a empresa. Esta não é adquirida a nenhuma
- Água que se admite vir a ser utilizada na casa da caldeira (SDT=100 ppm): trata-
se de uma captação em profundidade, já existente, sendo a água bombada (B3)
para um pequeno tanque, tal como no caso anterior. Presentemente esta água é
apenas usada para abastecer o edifício adminstrativo e para rega. No entanto, a
bomba de distribuição (B4) existente naquele tanque, tem capacidade suficiente
para, mantendo-se os actuais consumos, vir também a abastecer a casa da caldeira
(1880 kg/h), sendo apenas necessário proceder à extensão da actual rede de
distribuição.
Tabela 4.8: Medições efectuadas para apurar custo da água (exemplo 4.7).
B1 B2 Contador de B3 B4 Contador de
água de B2 água de B4
mensal é 18% do total, os custos energéticos unitários da água em cada uma das
bombas são:
B1 )
(9.5 ⋅ 382 ⋅ 0.84 ⋅ 3 )W ⋅ 0.091 €
⋅ 1 +
0.18
= 0.017
€
W m3 kWh 1 − 0.18 m3
1000 ⋅ 35
kW h
B3 )
(5.3 ⋅ 381 ⋅ 0.82 ⋅ 3 )W ⋅ 0.091 €
⋅ 1 +
0.18
= 0.060
€
W m3 kWh 1 − 0.18 m3
1000 ⋅ 4.5
kW h
- Purga de fundo;
Uma válvula manual de purga de fundo está representada em corte na figura 4.37.
Uma das caracetrísticas fundamentais que esta deve possuir é permitir, facilmente, uma
abertura rápida. Isso exclui a utilização de válvulas, como a de globo, em que o actuador
deve ser, demoradamente, rodado, até que se consiga a abertura total. A válvula que
aqui se apresenta possui uma longa alavanca de accionamento manual, que, facilmente,
o operador consegue movimentar para baixo, abrindo-se totalmente a válvula. A mola
existente, por outro lado, faz com que, libertando-se a alavanca, a válvula recupere, muito
rapidamente, a posição de fecho. Na figura 4.38 apresentam-se as curvas de descarga
da mesma, para cinco medidas compreendidas entre DN20 (3/4”) e DN50 (2”), que
(35)
Figura 4.37: Válvula de purga de fundo manual representada em corte .
antiver superior aquele que previamente foi escolhido e programado (existe uma relação
aproximada entre SDT em ppm e condutividade eléctrica em µS/cm: o primeiro é cerca
de dois terços do segundo ; o valor exacto da relação depende da composição química
da água).
Quando a água da caldeira é purgada pela válvula VP, sofre uma expansão súbita,
em virtude da pressão no interior do gerador ser muito superior à que prevalece depois.
Esta redução brusca de pressão, faz com que uma parte da corrente se vaporize
instantâneamente (vapor flash). De notar desde já, que os sólidos permanecerão na fase
líquida, e o vapor formado estará, essencialmente, isento dos mesmos. A quantidade de
vapor flash formado decorre da aplicação do princípio da conservação de massa e de
energia à válvula VP:
em que:
M VF,P HP − HC,P
= [4.15]
MP H VF,P − HC,P
constante no tempo, sendo controlado pelo sistema constituída por sensor de nível, LE,
controlador de nível, LS, e válvula automática, VE, como se representa na figura 4.40.
Assim, VE só abrirá se tal for necessário para repor o nível no tanque,. Por outro lado, a
purga de topo não é contínua, como se explicou em 4.5.2. Assim, se se utilizasse a água
fria no permutador (ou seja, se este fosse alimentado através da válvula VE), corria-se o
risco de baixar a troca de calor média no permutador em virtude de existirem largos
períodos de tempo em que a entrada de água no tanque não ocorre em simultâneo com a
purga de topo da caldeira. Claro que a possibilidade de isto existir seria menor se se
ajustasse uma válvula de regulação de caudal (manual) a aplicar a jusante de VP (ou
seja, procurando aumentar o tempo necessário à escumação) sem prejudicar o valor de
SDT na caldeira, e, ao mesmo tempo, se aplicasse um sistema de controlo proporcional
de nível no tanque de água de compensação (mais caro que o sistema tudo ou nada
previsto na figura 4.40) que mantivesse, durante mais tempo, a entrada de água, pelo
facto do caudal ser inferior. Isto teria um preço, pois a redução do caudal de ambas as
correntes que passam no permutador reduziria a potência térmica trocada, ou exigiria,
para a manter a níveis comparáveis ao do sistema representado, um permutador com
uma área de transferência de calor superior. Aliás, neste aspecto particular, a utilização
do sistema representado na figura tem a vantagem de permitir um grau de liberdade
suplementar, na medida em que o tamanho do permutador de calor está também
relacionado com o caudal do líquido frio, e este é ajustável através de uma conveniente
selecção da bomba BA. Ou seja, pode-se conceber um sistema com uma bomba menor
mas maior permutador, ou ao contrário.
Uma variante mais simples (e talvez mais barata) do sistema da figura 4.40 consiste
na aplicação de uma serpentina no tanque de água de compensação, no interior da qual
circularia o condensado quente proveniente do purgador P. Esta solução teria, no
entanto, o inconveniente de ser menos eficiente em termos de troca térmica, ou seja,
para a mesma área de transferência de calor, as potências trocadas são bastante mais
baixas na serpentina do que num permutador de calor, seja ele do tipo placas ou de outro
género. A menor eficiência resulta, principalmente, do mais baixo coeficiente de
transferência de calor do lado da água fria, que agora se encontraria globalmente parada
e não em movimento como no sistema da referida figura.
A purga de fundo representa, então, apenas 6% do total. Neste caso é razoável, por
isso, não a incluir num sistema de recuperação de energia. De facto, a sua inclusão
iria implicar uma alteração importante no próprio sistema, em virtude do respectivo
caudal instantâneo ser muito importante (23 kg/s) quando comparado com o da
escumação. Nesta última, admitindo-se que a purga dura, somando os diversos
períodos, 12 h/dia, o caudal é:
4.44 x10 3
= 0.1 kg / s
12 ⋅ 3600
3 + 0.5
15 − = 13.3 bar
2
9. 9
VVF ,P = = 4.6 m 3
2.17
76.1
VC ,P = = 0.083 m 3
9.22 x10 3
O vapor existente incialmente, a 0.5 barg, ocupará o seguinte volume a 3 barg, Vi,
sendo VSV o volume do separador e 0.87 o valor da massa volúmica do vapor
saturado a 0.5 barg em kg/m3:
V ⋅ 0.87
Vi = SV = 0.40.VSV m 3
2.17
Usando o mesmo critério mas agora para um caudal de 0.1 kg/s (escumação),
durante 4 s, obter-se-ia 0.036 m3. A diferença de dimensões seria enorme, embora
o critério de dimensionamento, para este último caso, devesse ser o tempo de
permanência em SV que garantisse a separação das fases (com 0.036 m3 esse
tempo seria de 3 s). De qualquer forma, fica-se com uma ideia da enorme
desproporção do quociente entre a massa diária de água purgada, termicamente
recuperada, e o volume do tanque separador, em ambos os casos. Este rácio
valeria 600 kg/(m3.dia) no caso de se recuperar a energia da purga de fundo e da
escumação, e 120000 kg/(m3.dia) quando se aproveita apenas a energia da purga
de topo. É, consequentemente, duvidoso que o incremento do investimento inicial
necessário para também aproveitar a pouca energia da purga de fundo se revele
economicamente justificável.
Existem geradores em que não se efectua purga de topo, mas apenas a de fundo.
Nestes casos, esta última válvula terá, então, que abrir mais vezes durante o dia,
embora não mais do que 3 a 5 segundos de cada vez (tendo em conta a
capacidade das bombas de alimentação de água aos geradores, já referida
anteriormente, a caldeira rapidamente atingiria o nível de segurança se se
mantivesse a purga de fundo aberta durante muito mais tempo, e, com isso,
accionar-se-ia o alarme e desligar-se-ia o queimador). Caso não exista já um
tanque de flash que possa ser usado, é difícil que a recuperação energética da
água purgada se justifique neste caso.
No exemplo seguinte ficar-se-á com uma melhor ideia das poupanças envolvidas,
em unidade monetária, neste tipo de aproveitamento. De notar, por último, que
sendo a escumação automática, e conduzida em função da condutividade eléctrica
da água, caso se implemente um sistema de recuperação energética como o da
figura 4.40, o aumento da pressão a seguir à válvula de purga, que passa de 0 barg
para a pressão no tanque de separação, acarretando, embora, redução do caudal
instantâneo, será compensada por maior duração de cada abertura, não afectando
a qualidade da purga de topo em si.
MC ,P ⋅ SDTC ,P = M P ⋅ 2500
276
M AF + 2920 = 4720 + MC ,P +
24
276
M AF ⋅ 246 = MC ,P ⋅ 3040 + ⋅ 2500
24
M AF ⋅ (H AC − 67.2 ) = MC ,P ⋅ (464 − HC ,P )
1.96 x10 3 ⋅ 93.0 + 33 ⋅ 2.69 x10 3 + 2.92 x10 3 ⋅ 419 = 4.91 x10 3 ⋅ H A
Considerou-se, como até aqui desde o exemplo 4.5, que não existe vapor flash a
acompanhar a corrente de condensados que retorna à casa da caldeira. A entalpia,
HA, vale então 304 kJ/kg, correspondente a 73ºC, sendo que anteriormente a
temperatura desta corrente era de 66ºC (HA=276 kJ/kg)
MPt representa a soma dos caudais mássicos das correntes de purga de topo, MP, e
de purga de fundo, MPF. Sabendo que a produção de vapor e a respectiva pressão
se mantêm, é possível simplificar a expressão anterior para:
(4.72 x10 3 ⋅ ( 304 − 276 ) + 197 ⋅ (859 − 276 ) -193 ⋅ (859 − 304 ))0.180 ⋅ 3600
0.05
= 2.43 € / h
1
149 ⋅ (125 − 67.2 ) + ⋅ (859 − 67.2 ) ⋅
276 0.05
⋅ = 0.31 € / h
24 0.80 3600
Nesta expressão, a primeira parcela refere-se à energia perdida com a parte líquida
da corrente de escumação que é rejeitada a 30ºC, respeitando a segunda à purga
de fundo, da qual se não faz qualquer aproveitamento energético. A diferença entre
os dois custos é, então, 2.40 €/h, sendo a diferença relativamente ao valor anterior
de 2.43 €/h atribuível ao efeito acumulado dos arredondamentos.
a aplicada a aquecer a água purgada, e, por isso, a taxa de queima não será
significativamente afectada pelas referidas alterações, e, consequentemente, manter
o rendimento de combustão é perfeitamente razoável. No capítulo seguinte o tópico
do rendimento de uma caldeira será adequadamente detalhado, tornando mais
claras as afirmações agora produzidas.
276
193 ⋅ 859 − ⋅ 859 − 149 ⋅ 125 = 1.37 x10 5 kJ / h
24
1.37 x10 5
⋅ 100 = 83%
193 ⋅ 859
Mas a expressão “energia recuperável” também pode ter como referência a energia
que se perdia antes da implementação do sistema de recuperação de calor. Neste
caso o seu valor seria:
276
197 ⋅ 859 − ⋅ 859 − 149 ⋅ 125 = 1.41 x10 5 kJ / h ( 83% de aproveitamento )
24
Diferença muito pequena, como se vê, ficando, todavia, a explicação dos dois
significados possíveis para a expressão “energia recuperável”.
M AC ⋅ 246 = M P ⋅ 2500
Está implícito na equação do balanço de massa que todo o vapor flash condensa no
cabeçote, não existindo, por isso, perda do mesmo para a atmosfera. Naturalmente
que isto só acontecerá se a temperatura da água de alimentação à caldeira se
mantiver inferior ou, quando muito, igual a 100ºC.
Naturalmente que este é um valor que, na prática, não será atingido, e isto por duas
razões principais. A primeira é que o vapor, e por isso também não os
condensados, não se encontra a 15 barg nos permutadores de calor (utilizadores),
pois sendo esta a pressão a que o mesmo é produzido na caldeira, existirão quedas
de pressão na sua distribuição, havendo também, além disso, que contar com as
válvulas de controlo existentes nos diversos equipamentos que impôem, pela sua
própria função, redução na mesma pressão. A segunda razão tem a ver com o facto
da pressão a seguir aos purgadores (contrapressão) ser sempre superior à
atmosférica, pois há que contar com diversas perdas de carga, sendo os
ondensados bombados ou não. Assim, o efeito flash será menos pronunciado,
100
264 k g/h 706 k g/h
Temperatura da água de alimentação à caldeira, ºC
90
80
70
66
60
50
0 250 500 750
Caudal de vapor flash retornado, k g/h
200
197
195
Caudal total das purgas à caldeira, kg/h
190
185
180
175
170
168 ------------------------------------
165
0 250 500 750
Caudal de vapor flash retornado, k g/h
uma vez que a entalpia do condensado de alta pressão (quente) é inferior a 859
kJ/kg, valor usado no balanço térmico, e a entalpia do condensado de baixa
pressão (frio) será mais elevada que 419 kJ/kg, embora, possívelmente, não muito.
No entanto, uma vez que o tanque de condensados é aberto, a corrente aí
chegando estará, necessariamente, à pressão atmosférica, tal como se considera
no balanço energético.
80000
71900
-----------------------------------
70000
60000
Poupança anual, €
50000
40000
30000
20000
10000
0
0 250 500 750
Caudal de vapor flash retornado, k g/h