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COMO ELABORAR

UMA CONTESTAÇÃO
GUIA PRÁTICO

PROFESSORA ALEXIA BROTTO


SUMÁRIO
COMO ELABORAR UMA CONTESTAÇÃO ............................................................................. 2

PASSO 1 - COMO EU SEI QUE É UMA CONTESTAÇÃO? ................................................ 2

PASSO 2 - ELABORANDO A CONTESTAÇÃO ...................................................................... 4

1º - ENDEREÇAMENTO .......................................................................................................... 5

2º - IDENTIFICAÇÃO DAS PARTES E PEÇA ...................................................................... 6

3º - FUNDAMENTO DA PEÇA .............................................................................................. 7

4º - NOME DA PEÇA ................................................................................................................ 7

5º - DOS FATOS (OU DA VERDADE DOS FATOS) ......................................................... 8

6º – TEMPESTIVIDADE ............................................................................................................ 8

7º - PRELIMINARES DE MÉRITO .......................................................................................... 9

8º - DO MÉRITO ......................................................................................................................20

9º - DA RECONVENÇÃO ......................................................................................................22

10º - DO PEDIDO ....................................................................................................................23

11º INDICAÇÃO DAS PROVAS ...........................................................................................25

12º ENCERRAMENTO ............................................................................................................26


COMO ELABORAR UMA
CONTESTAÇÃO

PASSO 1 - COMO EU SEI QUE


É UMA CONTESTAÇÃO?

COMO ELABORAR
UMA CONTESTAÇÃO
PASSO 1
COMO EU SEI QUE É UMA CONTESTAÇÃO?
2
Se a questão pede que você PROPONHA UMA AÇÃO para solucionar o
problema do seu cliente, a única forma de se propor toda e qualquer ação é por

meio da PETIÇÃO INICIAL, cuja técnica de elaboração está expressamente


prevista nos arts. 319 e 320 do CPC (processo de conhecimento pelo

procedimento comum). MAS NÃO ESQUEÇA DE OLHAR O TÍTULO III DO LIVRO I


DA PARTE ESPECIAL DO CPC para verificar SE NÃO SE TRATA DE UMA AÇÃO DE

CONHECIMENTO PELO PROCEDIMENTO ESPECIAL (ex. consignação em


pagamento, reintegração de posse, inventário, embargos de terceiro etc.);

Se, por outro, lado, a questão requer que você DEFENDA seu cliente em

uma ação contra ele proposta, a forma usual de fazê-lo é por meio
da CONTESTAÇÃO! A CONTESTAÇÃO é a defesa por excelência do réu, na qual

se deve inserir toda a matéria de defesa de forma expressa e fundamentada


(princípio do ônus da impugnação especificada). E, caso o réu queira formular

pretensão em face do autor, desde que seja uma pretensão conexa (mesmo

pedido ou mesma causa de pedir), no corpo da contestação deve abrir um tópico


chamado “RECONVENÇÃO” (art. 342).

Por fim, se a questão pedir que você RECORRA de uma decisão judicial, é preciso

identificar que tipo de decisão foi proferida. Tratando-se de


decisão interlocutória, caberá AGRAVO DE INSTRUMENTO (na forma prevista

no art. 1.015). Tratando-se de sentença, o recurso oponível será a APELAÇÃO.

Lembre-se também da possibilidade de interposição


dos embargos de declaração quando a decisão judicial
for omissa, contraditória, obscura ou tiver erro material
(1.022), mas que por ser uma peça bem simples,
dificilmente será objeto da prova da OAB/CONCURSOS.

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PASSO 2 - ELABORANDO A
CONTESTAÇÃO

PASSO 2
ELABORANDO A CONTESTAÇÃO 4
Pois bem, se você identificou que a questão requer que você APRESENTE
DEFESA EM UMA AÇÃO PROPOSTA, você deve elaborar uma CONTESTAÇÃO.

Dispõe o art. 335 do CPC que: “O réu poderá oferecer contestação, por petição,

no prazo de 15 (quinze) dias, cujo termo inicial será a data [...]”.

E o art. 336 do CPC que: “Incumbe ao réu alegar, na contestação, toda a matéria
de defesa, expondo as razões de fato e de direito com que impugna o pedido do
autor e especificando as provas que pretende produzir”

Veja que, para a elaboração da contestação, o Código de Processo Civil não traça
uma especificação detalhada dos itens a serem observados como faz no art. 319

e 320 no que tange à elaboração da petição inicial, fornecendo apenas diretrizes


gerais.

1º - ENDEREÇAMENTO

Ao contrário do que ocorre com a petição inicial, na apresentação da defesa o


endereçamento é sempre específico, pois, o processo já está em tramitação e é
preciso indicar em que Vara ele está e qual o seu número, para que a peça seja

juntada adequadamente aos autos. Veja o exemplo:

“Juízo de Direito da 1ª Vara Cível da Comarca de Niterói do


Estado do Rio de Janeiro.

Processo nº. ...”

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2º - IDENTIFICAÇÃO DAS PARTES E PEÇA

Na petição inicial fazemos a qualificação das partes, indicando seus nomes,

estado civil, profissão, CPF, endereço físico e eletrônico, conforme inciso II do art.
319 do CPC.

Na contestação, estando as partes devidamente qualificadas na petição inicial,

não há necessidade de qualificá-los novamente, bastando a indicação dos nomes


e da ação na qual litigam. NO ENTANTO, NA PROVA DA OAB/CONCURSO DEVE-

SE FAZER A QUALIFICAÇÃO COMPLETA NOVAMENTE, INCLUSIVE DO


ADVOGADO! Veja o exemplo:

“Fulano de tal, nacionalidade (opcional), estado civil/união


estável, profissão, portador da cédula de identidade RG n. ...
(opcional), inscrito no CPF sob n. ..., com endereço eletrônico
..., residente e domiciliado na Rua..., n..., bairro... na cidade de
...., estado de ...., por intermédio do seu advogado, nome
completo, inscrito na OAB sob n. ..., com endereço eletrônico
..., com endereço profissional na Rua..., n..., bairro..., na cidade
de ...., estado de ...., onde recebe intimações, nos termos do art.
77, inciso V, do CPC, conforme procuração anexa,”

Lembre-se que para OAB ou CONCURSOS, toda vez


que o problema prático nos dá uma informação, por
exemplo, disse que o réu é engenheiro, você deve
colocar “Fulano de tal, engenheiro”. Agora se o
problema não fornecer dados obrigatórios do art. 319,
II do CPC, você deve colocar o nome do requisito, por
exemplo “Fulano de tal, profissão”.

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3º - FUNDAMENTO DA PEÇA

Toda peça tem um fundamento legal e uma terminologia adequada. Para petição

inicial utilizamos: ajuizar, propor. Para recursos utilizamos interpor. E para


contestação? Utilizamos oferecer, apresentar. Veja o exemplo:

“..., vem, respeitosamente perante este juízo, com fundamento


no art. 335 e ss do CPC, oferecer/apresentar

4º - NOME DA PEÇA

Pule uma linha e coloque de forma centralizada, em destaque, o nome da peça,


seguido da frase abaixo. (Caso queira fazer em texto corrido não tem problema,

apenas reforce o nome com a caneta ou negrite no computador):

“CONTESTAÇÃO

Aos pedidos formulados por Beltrano de tal, nacionalidade


(opcional), estado civil/união estável, profissão, portador da
cédula de identidade RG n. ... (opcional), inscrito no CPF sob n.
..., com endereço eletrônico ..., residente e domiciliado na
Rua..., n..., bairro... na cidade de ...., estado de ...., (qualifica o
autor nos mesmos termos do art. 319, II), pelas razões de fato
e de direito a seguir:”

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5º - DOS FATOS (OU DA VERDADE DOS FATOS)

Relatar a questão fática trazida pelo problema. É interessante utilizar a “regra dos

3 parágrafos”:

“Trata-se de Ação Indenizatória na qual o Autor ....


Ocorre que as alegações do Autor são desprovidas de

fundamento, eis que ...


Dessa forma, requer-se a acolhida dos argumentos de defesa
abaixo, a fim de considerar improcedentes os pedidos do
autor”

6º – TEMPESTIVIDADE

Diz o art. 335 do CPC que a contestação deverá ser oferecida no prazo de 15 dias

úteis após:

a) a audiência de conciliação/mediação infrutífera;


b) a recusa do réu – quando o autor também recusou – a realização da

audiência de conciliação/mediação;
c) após a juntada do mandado de citação devidamente cumprido quando o

direito não comportar autocomposição, situação na qual não ocorrerá


audiência.

Claro que a tempestividade é comprovada no momento do protocolo da peça,

sendo irrelevante a data colocada ao final da contestação.

MAS, PARA PROVA DA OAB/CONCURSO É IMPRESCINDÍVEL ABRIR O TÓPICO


PARA FALAR QUE A CONTESTAÇÃO É TEMPESTIVA. Veja o exemplo:

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“Determina o art. 335 do CPC que a contestação deverá ser
oferecida no prazo de 15 dias úteis contados a partir da data...
(descreve qual é a hipótese do seu problema – art. 335, inciso I
ou II ou III).
Verificando que a audiência de conciliação/ mediação (hipótese
do inciso I do art. 335 do CPC, mas você deve adaptar à hipótese
do seu problema) ocorreu dia ... (se o problema falar o dia,
escreve o dia exato. Se o problema não falar nada, coloca
reticências) e, sendo protocolada a presente contestação na
data de hoje, resta plenamente tempestiva”

7º - PRELIMINARES DE MÉRITO

O art. 337 do CPC diz que compete ao réu, antes de adentrar o mérito (ou seja,

antes de discutir a questão propriamente dita, contrariando os fatos narrados na


petição inicial) alegar as chamadas “preliminares de mérito” (questões de ordem

processual que podem acarretar OU a extinção do processo sem a análise do


mérito OU uma mera regularização do aspecto formal, depende do caso.

As preliminares estão elencadas em treze incisos no art. 337 do CPC. Vejamos

quais são elas e qual a forma de alegá-las:

OBS. NEM SEMPRE SERÁ O CASO DE EXISTIR UM DEFEITO PROCESSUAL.


INEXISTINDO, NÃO HÁ QUE SE ALEGAR NENHUMA PRELIMINAR. PODE TAMBÉM

SER O CASO DE EXISTÊNCIA DE MAIS DE UMA PRELIMINAR. SE FOR O CASO,


ALEGUE-AS, PREFERENCIALMENTE SEPARANDO POR SUBTÍTULO.

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7.1. INEXISTÊNCIA OU NULIDADE DE CITAÇÃO

Se a questão sugere a existência de alguma irregularidade no que se refere ao


ato de citação do réu você deverá alegá-la na forma de preliminar. Por exemplo:

“Analisando-se os autos, verifica-se que o A.R. (aviso de


recebimento) de fl.__ foi assinado por pessoa diversa do réu,
caracterizando, assim, a nulidade da citação, nos termos do art.
239 do CPC.
Por esta razão, deve ser acolhida a presente preliminar a fim
de que o processo seja extinto sem análise do mérito, nos
termos do art. 485, inciso IV do CPC”.

(OBS.: NA VERDADE, NÃO SERÁ O CASO DE EXTINÇÃO, UMA VEZ QUE O

COMPARECIMENTO ESPONTÂNEO DO RÉU COM A CONSEQUENTE


APRESENTAÇÃO DA DEFESA SUPRE A IRREGULARIDADE. CONTUDO, É DE PRAXE

FAZER A ALEGAÇÃO NESTES CASOS, PRINCIPALMENTE QUANDO ESTE


COMPARECIMENTO E APRESENTAÇÃO DE DEFESA É INTEMPESTIVO).

7.2. INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA OU RELATIVA

Lembre-se: é absoluta a incompetência em razão


da matéria e da hierarquia, e relativa em razão do
valor e do território, devendo ser alegada na forma
de preliminar, qualquer uma das duas.

“Verifica-se da análise dos autos que a questão objeto da


lide é de competência da___________ (Ex. da Justiça do Trabalho, da

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Justiça Federal, da Vara de Família), sendo, portanto, este juízo
cível estadual, absolutamente incompetente para apreciá-la.
Desta forma, requer a Vossa Excelência que acolha a
preliminar suscitada e determine a extinção do processo sem
análise do mérito, nos termos do art. 485, inciso IV do CPC”.

NA PRÁTICA, HAVENDO POSSIBILIDADE, O JUIZ, POR ECONOMIA PROCESSUAL,


EM VEZ DE EXTINGUIR, DETERMINA A REMESSA DOS AUTOS AO JUÍZO

COMPETENTE. CONTUDO, NA QUALIDADE DE ADVOGADO DO RÉU, FORMULE


O PEDIDO MAIS FAVORÁVEL AO SEU CLIENTE, QUE É O DE EXTINÇÃO DO

PROCESSO.

7.3 – INCORREÇÃO DO VALOR DA CAUSA

Nos termos do art. 291 do CPC, à toda causa deve ser atribuído um valor,

relacionado ao conteúdo econômico da demanda. (Nas causas que não tenham


conteúdo econômico, mesmo assim deve ser atribuído um valor da causa

simbólico).

“Verifica-se que a demanda proposta pretende a procedência


dos pedidos de dano material e moral que juntos, totalizam o
montante de 70.000,00 (setenta mil reais).
Ocorre, Excelência que o Autor, de forma descuidada, atribuiu
à causa, o valor de r$ 1.000,00, os quais não correspondem ao
conteúdo econômico da demanda.
Portanto requer-se a intimação do autor para corrigir o valor
da causa e, consequentemente, recolher as custas
complementares a tal valor”

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(VEJA-SE QUE AQUI NÃO É CASO DE PEDIR A EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM
RESOLUÇÃO DO MÉRITO, MAS TAO SOMENTE UMA REGULARIZAÇÃO DESSA

FORMALIDADE)

7.4 - INÉPCIA DA PETIÇÃO INICIAL

Petição “inepta” é petição que “não está apta” a produzir efeitos por conter

alguma irregularidade.

As hipóteses de inépcia da petição inicial estão expressamente previstas


no parágrafo primeiro do art. 330 do CPC.

Se em análise à questão você identificar alguma destas situações, alegue-a na

forma de preliminar, como no seguinte exemplo:

“Da mera leitura da peça inicial contata-se que da causa de


pedir apontada pelo autor não decorrem os pedidos
pretendidos, mostrando-se, portanto, inepta a inicial, nos
termos do art. 330, parágrafo 1º., inciso IV do CPC.
Por esta razão, requer a Vossa Excelência que indefira a
petição inicial, extinguindo o processo sem análise do mérito,
nos termos do art. 485, inciso I do CPC”.

(DE IGUAL MODO, NA PRÁTICA, HAVENDO POSSIBILIDADE, O JUIZ, POR


ECONOMIA PROCESSUAL E EM OBSERVÂNCIA AO ART. 317 DO CPC, EM VEZ DE

EXTINGUIR, DETERMINARÁ AO AUTOR QUE PROCEDA À EMENDA DA PETIÇÃO


INICIAL, SANADO O DEFEITO NO PRAZO DE 15 DIAS, CASO ISTO SEJA POSSÍVEL.

SOMENTE SE NÃO HOUVER POSSIBILIDADE DE REGULARIZAÇÃO DO VÍCIO É


QUE HAVERÁ A EXTINÇÃO. CONTUDO, NA QUALIDADE DE ADVOGADO DO RÉU,

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FORMULE O PEDIDO MAIS FAVORÁVEL AO SEU CLIENTE, QUE É O DE EXTINÇÃO
DO PROCESSO).

7.5. PEREMPÇÃO

Lembre-se: ocorre a perempção quando, por três


vezes, o autor dá causa à extinção do processo por
abandono, ficando, assim, impedido de propor
novamente a mesma ação.

Percebendo que a questão demonstra a ocorrência desta situação, faça a

alegação da preliminar da seguinte forma:

“Os andamentos processuais anexos comprovam que o autor


deu causa à extinção, por abandono, por três vezes, de idêntica
ação proposta contra o réu, configurando-se assim a
perempção, nos moldes do art. 337, inciso V, devendo, pois, ser
extinta a presente ação, conforme art. 485, inciso V do CPC)”.

7.6 - LITISPENDÊNCIA

Litispendência é a repetição de ações IGUAIS (mesmo


RECORDANDO pedido, mesma causa de pedir e mesma partes),

estando ambas em tramitação.

Demonstrando a questão a ocorrência desta situação, alegue a litispendência em


preliminar para que o processo seja extinto. Veja:

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“A autora promove a presente ação em face do réu com o
intuito de ver decretado o divórcio do casal. Ocorre que,
conforme comprova o andamento processual anexo, o réu já
havia ajuizado anteriormente idêntica ação em face da autora, a
qual tramita perante a __ Vara de Família desta Comarca,
caracterizando a litispendência, nos moldes do art. 337, VI e
parágrafo 1º., do CPC.
Por esta razão, requer que a presente ação seja extinta sem
análise do mérito, conforme art. 485, V, do CPC”.

(NA PRÁTICA, PREVALECERÁ O PROCESSO ONDE PRIMEIRO OCORREU A


CITAÇÃO VÁLIDA DO RÉU, SENDO EXTINTO O OUTRO EM RAZÃO DA

LITISPENDÊNCIA, NOS TERMOS DO ART. 240).

7.7 - COISA JULGADA

Coisa julgada é a repetição de ações idênticas,


RECORDANDO
quando uma delas já teve julgamento de mérito.

Demonstrando a questão a ocorrência desta situação, alegue a coisa julgada em


preliminar. Veja:

“A autora promove a presente ação em face do réu com o


intuito de ver decretado o divórcio do casal. Ocorre que,
conforme comprova o andamento processual anexo, o réu já
havia ajuizado anteriormente idêntica ação em face da autora,
a qual foi devidamente julgada pela __ Vara de Família desta

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Comarca, caracterizando a coisa julgada, nos moldes do art.
337, inciso VII e parágrafo 1º., do CPC.
Por esta razão, requer que a presente ação seja extinta sem
análise do mérito, nos termos do art. 485, inciso V do CPC”

(NA PRÁTICA, PREVALECERÁ O PROCESSO JÁ JULGADO, DESDE QUE NÃO

CONTENHA NENHUM VÍCIO OU IRREGULARIDADE).

7.8 - CONEXÃO

RECORDANDO Nos termos do art. 55 do CPC são conexas as ações que

tenham objeto ou causa de pedir comuns.

Identificado na questão a ocorrência de tal situação, a conexão deve ser arguida

para que as ações possam ser reunidas. Veja o exemplo:

“A instituição bancária autora promove a presente ação em face


do réu com o intuito de obter a busca e apreensão do veículo
objeto do contrato de fls. __.
Ocorre que, conforme comprova o andamento processual
anexo, o réu já havia ajuizado anteriormente ação de revisão
deste mesmo contrato em face da autora, em razão da
abusividade de suas cláusulas, a qual tramita perante a __ Vara
Cível desta Comarca, devendo haver a reunião das ações diante
da evidente conexão, conforme art. 55 do CPC.”

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7.9 – INCAPACIDADE DA PARTE, DEFEITO DE REPRESENTAÇÃO OU
FALTA DE AUTORIZAÇÃO

Ocorre incapacidade da parte quando esta é absoluta ou relativamente incapaz,

nos termos dos arts. 3º e 4º do Código Civil.

Lembre-se que a incapacidade não se confunde com a


ilegitimidade da parte, que é a ausência de ligação com a
relação jurídica de direito material objeto da lide. (Por
exemplo, uma criança é parte legítima para pedir alimentos
ao pai, pois ela é a titular deste direito. Contudo, por ser
menor de idade, é absolutamente incapaz para fazê-lo
sozinha, devendo ser representada em juízo pela mãe).

Haverá defeito de representação quando o incapaz não estiver regularmente

representado ou assistido, e ainda, quando não se fizer representar nos autos por
advogado.

Por fim, ocorrerá falta de autorização quando esta for indispensável no caso,

como, por exemplo, a autorização do cônjuge casado para que outro ajuíze ação
de direito real imobiliário.

Veja o exemplo:

“Analisando-se os autos, constata-se que o autor não se


encontra devidamente representado por advogado, vez que
não foi juntado o competente instrumento de mandato,
estando caracterizado o defeito de representação, conforme
art. 337, IX do CPC.

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Por esta razão, há que ser extinta a ação sem análise do mérito,
nos termos do art. 485 do CPC”.

(NA PRÁTICA, POR ECONOMIA PROCESSUAL, O JUIZ FIXARÁ PRAZO PARA QUE

O AUTOR SUPRA A IRREGULARIDADE. SOMENTE SE ESTE NÃO O FIZER SERÁ


DECRETADA A EXTINÇÃO. CONTUDO, NA QUALIDADE DE ADVOGADO DO RÉU,

REQUEIRA A EXTINÇÃO POR LHE SER MAIS FAVORÁVEL).

7.1 - CONVENÇÃO DE ARBITRAGEM

A arbitragem é uma forma alternativa de solucionar conflitos, através da qual as

partes ajustam que eventuais litígios decorrentes do negócio jurídico por elas
celebrado será solucionado, não pelo Poder Judiciário, mas por um árbitro por

elas escolhido.

Convencionada a arbitragem, não pode uma das partes ignorá-la e propor ação
judicial em vez de submeter a questão à via arbitral.

Se o fizer, cabe à outra parte o direito de alegar o descumprimento da cláusula


em preliminar. Veja:

“O contrato de fls.__ evidencia em sua cláusula __ que as partes


elegeram a arbitragem como forma de solucionar conflitos.
Desta forma, o Autor incorre no descumprimento do contrato
ao propor a presente ação com o intuito de resolver
judicialmente o litígio.
Por esta razão, deve o presente processo ser extinto sem
análise do mérito, nos termos do art. 485, inciso VII do CPC”.

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7.11 - AUSÊNCIA DE LEGITIMIDADE OU INTERESSE PROCESSUAL

Lembre-se: há ilegitimidade quando o autor não é a


pessoa que sofreu a lesão/ameaça de lesão. Há falta
de interesse processual quando não há necessidade
de se provocar o Poder Judiciário, ou havendo, não se
utiliza o meio adequado/útil.

Evidenciando a questão alguma destas situações, alegue como preliminar.


Por exemplo:

“Verifica-se da análise dos autos que a autora propõe a


presente Ação de Alimentos contra o Réu objetivando a fixação
de pensão alimentícia para o filho menor que possuem em
comum.
Ocorre que a Autora é parte ilegítima para pleitear os
alimentos devidos ao seu filho, devendo figurar na ação apenas
como representante legal do menor, e não como parte.
Desta forma, é evidente sua ilegitimidade para figurar no
polo ativo da lide, devendo o processo ser extinto sem análise
do mérito, nos termos do art. 485, inciso VI do CPC”.

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7.12 - FALTA DE CAUÇÃO OU DE OUTRA PRESTAÇÃO, QUE A LEI EXIGE COMO
PRELIMINAR

Algumas ações requerem a observância de requisitos específicos para serem


ajuizadas, como é o caso, por exemplo, da ação rescisória que, nos termos do art.

968, II, do CPC, exige o depósito do valor correspondente a 5% sobre o valor da


causa.

Demonstrando a questão que não houve o cumprimento de tal formalidade, esta


deverá ser alegada em preliminar. Veja o exemplo:

“Analisando-se os autos verifica-se que o Autor não observou


a exigência legal constante do art. 968, II do CPC, vez que
deixou de efetuar o depósito do valor exigido.
Por esta razão, deve a presente ação ser extinta sem análise
do mérito, nos termos do art. 485 do CPC”.

(NA PRÁTICA, POR ECONOMIA PROCESSUAL, O JUIZ FIXARÁ PRAZO PARA QUE

SEJA SANADA A IRREGULARIDADE E, SOMENTE SE NÃO FOR SUPRIDA,


DECRETARÁ A EXTINÇÃO. NO ENTANTO, NA QUALIDADE DE ADVOGADO DO

RÉU, FORMULE O PEDIDO DE EXTINÇÃO POR SER MAIS PROVEITOSO A ELE).

7.13 - INDEVIDA CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DA GRATUIDADE DA


JUSTIÇA

Quando a parte autora pede o benefício da gratuidade da justiça, nos termos do


art. 98 e ss do CPC e o juiz defere, no entanto, a parte não é economicamente

hipossuficiente e, portanto, a concessão do benefício foi indevida, deve-se alegar


tal vício como preliminar. Veja o exemplo:

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“Analisando-se os autos verifica-se que o Autor em que
pese tenha recebido o benefício da gratuidade da justiça,
dispõe de plenos recursos para custear as despesas do processo,
eis que é renomado médico da capital, podendo arcar com as
custas iniciais e as demais que se fizerem necessárias.
Por essa razão, tal benefício deve ser revogado,
intimando-se o Autor para efetuar o recolhimento das custas
iniciais”.

POR FIM, LEMBRE-SE QUE NEM TODA CONTESTAÇÃO CONTERÁ ALEGAÇÕES


PRELIMINARES. PODE SER O CASO DE NÃO HAVER NENHUM DEFEITO

PROCESSUAL A SER INVOCADO. SE A QUESTÃO NÃO DEMONSTRA A


EXISTÊNCIA DE QUALQUER VÍCIO OU IRREGULARIDADE PROCESSUAL, NÃO

INVENTE, PASSANDO DIRETAMENTE PARA A DEFESA DE MÉRITO.

8º - DO MÉRITO

O passo seguinte diz respeito à impugnação ao mérito, ou seja, ao assunto


principal do processo, como por exemplo:

◼ negar que o réu é devedor da quantia cobrada;

◼ negar que o réu tenha causado o acidente de trânsito que originou o


pedido de indenização, etc.

Neste tópico, não se fala mais sobre as questões processuais que foram

abordadas em preliminar.

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É importante lembrar que o réu tem o ônus de contestar especificamente cada
tópico da petição inicial com o qual ele discordar.

Ou seja, ainda que alegadas preliminares, deve o réu prosseguir fazendo a defesa

de mérito. Isto porque o prazo para apresentação da defesa é único. Assim, se o


juiz não acolher as preliminares e o réu, confiando que o juiz as acolheria, não

houver contrariado o mérito, poderá ser prejudicado, pois, serão havidas como
verdadeiras as alegações do autor diante da não impugnação pelo réu!

Isto não quer dizer que o réu precise, necessariamente opor resistência a todos

os fatos da petição inicial. Ele precisa fazê-lo com relação a todos os fatos com
os quais ele não concordar! Por exemplo, em uma ação de divórcio, o réu pode

concordar em se divorciar, mas discordar quanto a partilha dos bens na forma


em que foi proposta. Assim, a contestação não irá oferecer resistência ao pedido

de divórcio, mas tão somente ao pedido de partilha dos bens.

Para discorrer sobre o mérito tenha por base o conteúdo apresentado na

questão, lembrando-se de tomar o cuidado de não se desviar do assunto nem


repetir questões processuais, que devem ser abordadas apenas no campo das

preliminares. Veja o exemplo:

“DO MÉRITO

Caso Vossa Excelência entenda não ser o caso de


acolhimento das preliminares alegadas, com consequente
extinção do processo sem análise do mérito, nos termos do art.
485 do CPC, deve o pedido do Autor ser julgado totalmente
improcedente pelas razões que passa a expor:

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O Autor ajuizou a presente Ação de _____contra o Réu, com
o objetivo de____________.
Ocorre, Excelência, que a pretensão do Autor não pode
prosperar, vez que____________.
Da mesma forma, também não procede a alegação do Autor
de que________, pois __________________.
Desta forma, deve ser julgado improcedente o pedido
formulado pelo Autor.

9º - DA RECONVENÇÃO

A Reconvenção não é a regra da contestação. Mas toda vez que o réu, além de

se defender, quiser formular pretensão em seu favor contra o mesmo autor, deve
abrir um tópico dentro da contestação denominado de RECONVENÇÃO e ali fazer

seu pedido. Como se fosse uma mini petição inicial. Veja-se:

“DA RECONVENÇÃO

Nos termos do art. 342 do CPC é possível ao réu formular


pedido de reconvenção toda vez que tiver uma pretensão
conexa ao pedido inicial.
Neste sentido, verifica-se, Excelência, que o Autor ao
realizar a publicação da reportagem referida às fls. __, acabou
causando ao réu dano moral, ferindo seu direito à intimidade e
vida privada, ao qual, em que pese ser imensurável, estima-se
um prejuízo de 10.000,00, nos termos das atuais decisões do
Tribunal de justiça do Estado para casos semelhantes como os
delineados abaixo ....

22
[...]
Nestes termos, requer-se a intimação do autor para,
querendo, contestar a presente reconvenção, e, no mérito,
requer-se a condenação do autor ao pagamento de indenização
a título de danos morais do importe de 10.000,00, bem como
condenação em custas e honorários advocatícios, nos termos
do art. 85 do CPC.
Dá-se à causa o valor de r$ 10,000,00 (dez mil reais).”

10º - DO PEDIDO

Introduza a formulação dos pedidos com a frase:

“Diante do exposto, requer-se:”

Se no caso foi pedido algum pedido eventual como tutela provisória, prioridade

de tramitação do feito, segredo de justiça, intervenção do Ministério Público,


primeiro deve-se pedir, como no exemplo:

“a) a concessão da tutela provisória de urgência de natureza


cautelar, nos termos do art. 300 do CPC;

Se no caso foi arguida alguma preliminar de mérito, o primeiro pedido deve


versar sobre ela, pois, se for acolhida pelo juiz, irá acarretar a extinção prematura

do processo, ou seja, sem que ele sequer aprecie o mérito (objeto da ação). Veja
como formulá-lo:

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“a) que seja(m) acolhida(s) a(s) preliminar(es) de
__________alegada(s), a fim de que o processo seja extinto sem
análise do mérito (ou, dependendo do caso, que seja remetido à
outro juízo ou suprida irregularidade);”

Em seguida, formule o pedido de improcedência com relação à questão de

mérito.

Lembre-se do que foi dito acima: mesmo que você


alegue questão preliminar e peça a extinção do
processo sem análise do mérito, não deixe de fazer o
pedido de improcedência quanto à questão de mérito,
vez que o juiz pode não acolher a preliminar.

Prossiga como no exemplo:

“b) caso não seja(m) acolhida(s) a(s) preliminar(es), que seja


julgado improcedente o pedido formulado pelo Autor”.

Recorde-se que não necessariamente você precisa pedir a total improcedência. É

possível pedir que seja julgado parcialmente procedente o pedido do Autor,


como naquele exemplo em que o cônjuge-réu não se opõe à decretação do

divórcio, mas tão somente à partilha proposta pelo Autor. Neste caso, você deve
especificar o que pretende, por exemplo: “b) caso não sejam acolhidas as

preliminares, que seja julgado parcialmente procedente o pedido formulado pelo


Autor a fim de que seja decretado o divórcio do casal, partilhando-se, porém, o
patrimônio da forma exposta nesta contestação”.

24
Por fim, lembre-se que, se nenhuma preliminar foi arguida, o pedido será feito
diretamente quanto à questão de mérito. Veja:

“Diante do exposto, requer a Vossa Excelência:


a) que seja julgado improcedente (ou parcialmente procedente,
se for o caso) o pedido formulado pelo Autor”.

SE HOUVER RECONVENÇÃO:
c) Para o pedido reconvinte, requer-se:

a condenação do autor ao pagamento de....., além de custas e honorários


advocatícios nos termos do art. 85 do CPC;

SUCUMBÊNCIA

Em seguida, faça o requerimento de condenação do Autor no pagamento da


verba sucumbencial. Veja:

“b) a condenação do Autor no pagamento das custas


processuais e honorários advocatícios de sucumbência, nos
termos do art. 85 do CPC”.

11º INDICAÇÃO DAS PROVAS

Concluídos os pedidos, elabore o tópico em que serão apresentadas as provas


que o Réu pretende produzir para provar suas alegações em Juízo, da mesma

forma que fizemos na elaboração da petição inicial (pois tanto Autor como Réu
devem fazer prova de suas alegações):

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“Pretende-se provar a verdade dos fatos alegados por todos os
meios de prova em direito admitidos, especialmente,
documental, testemunhal, pericial e depoimento pessoal do
Autor”.

NÃO HÁ VALOR DA CAUSA

Na estrutura de elaboração da petição inicial, o próximo passo após a indicação

das provas é atribuir um valor à causa. Isto é feito apenas na petição inicial, ou
seja, NÃO HÁ VALOR DA CAUSA NA CONTESTAÇÃO. MAS, SE HOUVER

RECONVENÇÃO DEVE-SE SINALIZAR:

“DÁ-SE À RECONVENÇÃO O VALOR DE R$ .... (.......)”

12º ENCERRAMENTO

Por fim, finalize a sua contestação indicando local, data, nome do advogado e
número de sua inscrição na OAB. Veja:

“Termos em que,
Pede deferimento.

Local, data

Advogado
OAB”

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