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Caso Concreto

Antônio e Maria ambos residentes em Vila Velha, Espírito


Santo, procuraram você, advogado (a), para promover medida
judicial para resguardo de seus interesses, narrando que seus
pais, Jair e Flávia, residentes em Vitória, Espírito Santo, no
escopo de ajudar o filho mais novo Joaquim, que não possuía
casa própria, venderam-lhe bem imóvel, sem o consentimento
dos demais descendentes e, causando aos mesmos, efetivo
prejuízo conforme demostrado. O imóvel alienado situa-se em
Vitória, Espírito Santo, onde Joaquim passou a residir. O valor
ajustado para a celebração do negócio jurídico foi de
R$200.000,00 (duzentos mil reais), através de Escritura de
Compra e Venda lavrada no dia 20 de dezembro de 2013, no
Cartório de Ofício de Notas da Comarca de Vitória e
devidamente transcrita no respectivo Registro Geral de Imóveis.
Antônio e Maria esclarecem ainda que não concordam com a
mencionada venda, uma vez que o valor de mercado do imóvel,
na época da realização do negócio jurídico era de R$450.000,00
(quatrocentos e cinquenta mil reais). Elabore a peça processual
cabível para resguardo dos direitos de seus clientes.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE


DIREITO DA (...) VARA CÍVEL DA COMARCA DE
VITÓRIA/ES.

A formatação me parece que é mais uma questão de uso habitual


do que regras claras, já que no gabarito das peças na 2ª fase do
Exame da Ordem não faz qualquer menção a isso.

De qualquer forma, melhor seguir os conselhos dos orientadores


e adequar a sua peça se o objetivo é ter a aprovação e evitar
polêmicas.
 Use o ENDEREÇAMENTO todo em CAIXA
ALTA
 Sinalize com reticências as informações
obrigatórias que no caso concreto não foram
informadas.
 Eu preferi colocar entre parênteses as
reticências. Só por uma questão estética. A
orientação que recebi é sem os parênteses. É
com você.
 Se o NCPC diz no artigo 319 que a petição
inicial indicará no inciso II - os nomes e os
prenomes, eu entendo que se não for indicado
o sobrenome das partes no caso concreto, o
prenome deverá vir seguido de reticências
 Entre as indicações pedidas no inciso II do
artigo 319 do NCPC sobre os dados dos autor e
réu, é pedido o número do CPF, mas nada fala
de RG. Penso que esta informação é
dispensada. Só atente aos demais dados.
 Art. 319. A petição inicial indicará: II - os
nomes, os prenomes, o estado civil, a
existência de união estável, a profissão, o
número de inscrição no Cadastro de Pessoas
Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa
Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e
a residência do autor e do réu;

ANTÔNIO (...), nacionalidade (...), estado civil (...), profissão


(...), inscrito no Cadastro de Pessoa Física sob o número (...),
residente e domiciliado na (...), Vila Velha, Espírito Santo, com
endereço eletrônico (...), e MARIA (...), nacionalidade (...),
estado civil (...), profissão (...), inscrita no Cadastro de Pessoa
Física sob o número (...), residente e domiciliado na (...), Vila
Velha, Espírito Santo, com endereço eletrônico (...), através de
seu bastante procurador e advogado, infra-assinado, com
instrumento de mandato incluso, na forma do
artigo 103 do Código de Processo Civil, com escritório na cidade
de Vitória/ES, no endereço (...), onde recebe intimações, vem
respeitosamente perante Vossa Excelência, para propor
AÇÃO ANULATÓRIA DE NEGÓCIO JURÍDICO

 O tipo de ação e o nome das partes envolvidas,


a exemplo do endereçamento, devem ser
inscritos em caixa alta. Esteticamente fica
perfeito, e na peça digitada eu acrescentaria a
obrigatoriedade de colocar estas informações
em negrito.

com procedimento estabelecido pelo art. 319 e seguintes


do Código de Processo Civil, contra JAIR (...), nacionalidade
(...), estado civil (...), profissão (...), inscrito no Cadastro de
Pessoa Física sob o número (...), residente e domiciliado na (...),
Vila Vela, Espírito Santo, com endereço eletrônico
(...), FLÁVIA (...), nacionalidade (...), estado civil (...),
profissão (...), inscrita no Cadastro de Pessoa Física sob o
número (...), residente e domiciliado na (...), Vila Vela, Espírito
Santo, com endereço eletrônico (...), e JOAQUIM (...),
nacionalidade (...), estado civil (...), profissão (...), inscrito no
Cadastro de Pessoa Física sob o número (...), residente e
domiciliado na (...), Vila Vela, Espírito Santo, com endereço
eletrônico (...), pelas seguintes razões de fato e de direito que
passa a expor:

I – DOS FATOS

Informa os autores que em 20 de dezembro de 2013 os dois


primeiros réus, seus pais, formalizou junto a cartório a venda de
um imóvel ao terceiro réu, seu irmão, sem o exigido
consentimento dos demais descendentes e herdeiros
necessários.

Pelo imóvel foi pago o valor de R$ 200.000,00 (duzentos mil


reais), sendo que na época da formalização do negócio o valor
de mercado do mesmo era de R$ 450.000,00 (quatrocentos e
cinquenta mil reais)
Em virtude destes fatos, vem o autor através deste juízo buscar
a anulação do contrato celebrado.

Sobre o tópico “DOS FATOS”, basta seguir as


características do texto narrativo, respondendo de
forma cronológica as perguntas: O quê? Quem? Como?
Quando? Onde? Por quê? Por isso?
Jamais faça uma transcrição ipsis litteris do texto
oferecido na questão para a sua peça. Use paráfrase
oferecendo o seu entendimento da história. Do
contrário seria muito fácil.
Não invente informações que no texto original não
foram ditas.
Valore, mas não se esqueça que são apenas 150 linhas
para toda a peça.

II –DOS FUNDAMENTOS

Observa-se, claramente, se tratar de um contrato passivo de


anulação, uma vez que falta legitimidade legal dos dois
primeiros réus para a formalização do negócio jurídico já que a
venda de bem a um dos seus descendentes exige o
consentimento dos demais, e também, não foi pago um valor
justo pelo imóvel, ao contrário, o valor ficou muito abaixo do
preço médio de mercado, o que transforma o ato em uma doação
inoficiosa. Além disso, os dois primeiros réus dificilmente
poderão recuperar esta baixa em seu património, o que
acarretará considerável prejuízo aos demais herdeiros.

O artigo 496 do Código Civil Brasileiro, reconhece,


incontestavelmente, que é anulável a venda de imóvel
de ascendente para descendentes, se esta for feita sem
o consentimento expresso dos demais descendentes.

Ainda que se possa indagar se tratar de uma legítima operação


de compra e venda por apresentar os requisitos necessários para
esta configuração, resta inquestionável que, considerando a
diferença entre o valor de mercado e o valor pago pelo bem, a
negociação não passa de uma venda simulada, ou seja, doação
inoficiosa, que frauda e onera injustamente os demais herdeiros
necessários.

Em virtude dos fatos narrados, não resta dúvida que o contrato


deve ser anulado.

 Dominar os tipos de argumentos é


fundamental nesta parte.
 Eu prefiro começar sempre pela prótese,
seguir com um argumento de autoridade,
oferecer mais um outro argumento e fechar a
fundamentação. Muitas vezes pode caber, ou
pede mais. Vai de caso a caso.

III – DOS PEDIDOS

Em face do exposto, na tentativa de ter elucidado todos os fatos


à Vossa Excelência, passamos a requerer:

a) A procedência do pedido de anulação do contrato de compra


e venda celebrado entre os réus;

b) A condenação dos réus ao pagamento de custas processuais e


honorários advocatícios, estes de acordo com o disposto no
artigo 82, § 2º e artigo 85, ambos do Código de Processo Civil.

c) Citação dos réus, nos respectivos endereços mencionados


acima para contestar, no prazo legal, sob pena de revelia.

 Essa parte é muito importante. Peça sempre


em primeiro lugar o que é mais importante.
Pense assim: se eu só pudesse pedir uma coisa,
o que pediria. O pedido inicial é o que segue a
sua tese.
 Depois acrescente os pedidos intermediários e
finalize com o pedido de citação dos réus (eu
acho desnecessário pedir para citar os réus,
mas parece que se convencionou isso
também).

IV – DAS PROVAS

Além do contrato de compra e venda do imóvel, testemunhas e


documentos de comprovação de parentesco, protesto provar o
alegado por todos os meios de provas em direito admitidos.

 Cite as provas que necessariamente você deve


apresentar para validar o seu pedido e conclua
sempre com “... Protesto provar o alegado por
todos os meios de provas em direito
admitidos”.

V – DA CONCILIAÇÃO OU MEDIAÇÃO

Declara os autores não ter interesse na composição consensual.

 Esse tópico é novidade do Novo CPC. Se não


for dito nada sobre o assunto no enunciado, eu
vou sempre declarar não ter interesse na
composição consensual.

VI – DO VALOR DA CAUSA

Dá à causa o valor de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais).

o Mais uma vez, por convenção, se tem


utilizado a informação do valor da
causa no final da peça. Não é a
sequência oferecida no artigo 319,
mas o artigo não diz que há uma
sequência obrigatória. Penso que a
convenção cai bem na sequência da
peça.
Nestes termos

Pede Deferimento.

LOCAL, DATA

o No gabarito da peça na 2ª fase do


Exame da Ordem a orientação é:
“Fechamento da peça (indicar a
inserção de local, data e assinatura)”.
Eu faria como neste exemplo. O nome
“ADVOGADO” acompanhando de
“OAB...” corresponderia a assinatura
exigida.

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