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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA E FARMACOLOGIA


ROTEIRO DAS AULAS PRÁTICAS DE BIOQUÍMICA
PROF. DR. MAXIMILIANO ZIERER
REAÇÕES DE CARACTERIZAÇÃO DOS CARBOIDRATOS

Os carboidratos podem ser definidos como: poli-hidroxialdeídos ou poli-hidroxicetonas


(monossacarídeos), seus polímeros (oligossacarídeos polissacarídeos), seus produtos de redução, oxidação e seus
produtos de substituição. A função mais importante dos carboidratos no organismo é servir como combustível,
fornecendo a fonte principal de energia, graças a sua oxidação a CO 2 e H2O, através de uma via complexa, de
importância fundamental no metabolismo de todos os componentes da célula animal. São as biomoléculas mais
abundantes da natureza.

Para um completo entendimento de muitas reações que se processam com os carboidratos nos seres
vivos, é indispensável o conhecimento de suas estruturas, suas reações e de que maneira eles são identificados no
laboratório. As reações a seguir são clássicas, geralmente reações coloridas que apesar do advento da técnica de
cromatografia ainda são muito utilizadas para identificação dos diversos tipos de carboidratos.

I – IDENTIFICAÇÃO DE CARBOIDRATOS

1 – TESTE DE MOLISCH

Os ácidos concentrados como o ácido sulfúrico (H 2SO4) causam a desidratação de um monossacarídeo.


Se um oligossacarídeo ou polissacarídeo estiver presente, eles são primeiro hidrolisados aos seus
monossacarídeos constituintes os quais então são desidratados. Pela desidratação originam-se o furfural ou seus
derivados. As pentoses formam o furfural e as hexoses o hidroximetilfurfural. Vários compostos fenólicos como
o timol ou o α-naftol condensam com o furfural ou seus derivados e formam compostos coloridos de estruturas
complexas.

O teste de Molisch é considerado uma reação geral para carboidratos livres ou combinados, mas não é
específica, porque pode ocorrer com outras substâncias. Por isso, quando positiva não indica necessariamente
presença de um carboidrato, mas sendo não reagente, indica seguramente sua ausência.

REAGENTE DE MOLISCH

Carboidratos 1
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Dissolva 20g de α-naftol em 100 mL de etanol 94°GL.

TÉCNICA

1) Material:
a. Soluções e reagentes:
i. Reagente de Molisch;
ii. Solução de Ácido Sulfúrico (H2SO4) concentrado;
iii. Solução de glicose 1%;
iv. Solução de sacarose 1%;
v. Solução de amido 1%
vi. Água destilada.
b. Vidraria:
i. 4 tubos de ensaio;
ii. 5 pipetas de 2 mL.
2) Procedimento:
a. Numere os tubos de ensaio;
b. Prepare os tubos com as seguintes soluções:
i. Tubo 1 com 1 mL de solução de glicose 1%;
ii. Tubo 2 com 1 mL de solução de sacarose 1%;
iii. Tubo 3 com 1 mL de solução de amido 1%;
iv. Tubo 4 com 1 mL de água destilada.
c. Adicione duas gotas do reagente de Molisch em cada tubo;
d. Agite os tubos;
e. Adicione cuidadosamente e sem agitação 1 mL de ácido sulfúrico (H 2SO4) concentrado,
inclinando o tubo e deixando escorrer lentamente pelas paredes;
f. Deixe o tubo em repouso na estante por 5 minutos;
g. Observe e anote os resultados.

2 – TESTE DO LUGOL

O amido, polissacarídeo importante, é constituído por dois outros polissacarídeos estruturalmente


diferentes que são a amilose e a amilopectina. A ligação glicosídica da amilose é Gli α(1:4)Gli, não apresentando
portanto, ramificações e, no espaço, assume a conformação helicoidal. Já a amilopectina, além das ligações Gli
α(1:4)Gli, a cada 20 a 25 moléculas de glicose apresenta uma ligação Gli α(1:6)Gli, formando então
ramificações, não formando uma estrutura helicoidal.

O iodo presente no lugol reage com a amilose formando um complexo de cor azul escuro ou intenso
pela oclusão ou aprisionamento do iodo nas cadeias lineares da amilose. A reação com o glicogênio ou com as
dextrinas formam um complexo de cor marrom avermelhado porque a interação com o iodo é menor e a
coloração então, menos intensa. Outros carboidratos poliméricos como a celulose ou mono e dissacarídeos não
formam esse complexo com o iodo por não apresentarem uma conformação que interaja com o iodo.

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SOLUÇÃO DE LUGOL
Dissolva 100 g de KI e 50 g de I2 em 100 mL de água destilada e complete o volume para 1 L.

TÉCNICA

1) Material:
a. Soluções e reagentes:
i. Solução de Lugol;
ii. Solução de glicose 1%;
iii. Solução de sacarose 1%;
iv. Solução de amido 1%
v. Água destilada.
b. Vidraria:
i. 4 tubos de ensaio;
ii. 5 pipetas de 2 mL.
2) Procedimento:
a. Numere os tubos de ensaio;
b. Prepare os tubos com as seguintes soluções:
i. Tubo 1 com 1 mL de solução de glicose 1%;
ii. Tubo 2 com 1 mL de solução de sacarose 1%;
iii. Tubo 3 com 1 mL de solução de amido 1%;
iv. Tubo 4 com 1 mL de água destilada.
c. Adicione duas gotas do reagente de Lugol em cada tubo;
d. Agite os tubos;
e. Aqueça um pouco no banho maria o tubo 3 até a mudança de coloração;
f. Resfrie em água corrente e observe;
g. Observe e anote os resultados de todos os tubos.

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II – IDENTIFICAÇÃO DE CARBOIDRATOS REDUTORES

1 – REAÇÃO DE BENEDICT

Os monossacarídeos possuem na sua estrutura um grupamento aldeído livre ou em potencial o qual


poderá reduzir certos íons metálicos. Reagentes alcalinos de sais de cobre são muito usados para pesquisas de
açucares redutores. Sob a ação de um agente redutor, o hidróxido cúprico é reduzido a hidróxido cuproso que por
aquecimento forma óxido cuproso.

REAGENTE DE BENEDICT
Dissolva 173 g de citrato de sódio (C 6H5O7Na3.5H2O) e 100 g de carbonato de sódio anidro (Na 2CO3)
em 800 mL de água a quente. Filtre se necessário e complete o volume para 850 mL. Dissolva 17,3 g de sulfato
de cobre (CuSO4) em 100 mL de água e adicione na primeira solução aos poucos, agitando continuamente.
Complete então o volume para 1 L. A solução final pode ser conservada por muito tempo.

TÉCNICA

1) Material:
a. Soluções e reagentes:
i. Reagente de Benedict;
ii. Solução de glicose 1%;
iii. Solução de sacarose 1%;
iv. Solução de frutose 1%;
v. Solução de amido 1%
vi. Água destilada.
b. Vidraria:
i. 5 tubos de ensaio;
ii. 6 pipetas de 2 mL.
2) Procedimento:
a. Numere os tubos de ensaio;
b. Prepare os tubos com as seguintes soluções:
i. Tubo 1 com 1 mL de solução de glicose 1%;
ii. Tubo 2 com 1 mL de solução de sacarose 1%;
iii. Tubo 3 com 1 mL de solução de frutose 1%;
iv. Tubo 4 com 1 mL de solução de amido 1%;
v. Tubo 5 com 1 mL de água destilada.
c. Adicione 1 mL do reagente de Benedict em cada tubo;
d. Aqueça em banho maria por 3 minutos;
e. Observe e anote os resultados.

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III – DIFERENCIAÇÃO ENTRE ALDOSES E CETOSES

1 – REAÇÃO DE SELIWANOFF

O mecanismo da reação de Seliwanoff é semelhante à reação de Molisch. As cetohexoses formam mais


derivados do 5-hidroximetilfurfural de que as aldohexoses pela ação de ácidos concentrados. O resorcinol se
condensa com as altas concentrações formadas de 5 hidroximetilfurfural originados das cetohexoses, formando
produtos de coloração vermelha, mas não reage com a quantidade baixa formada a partir das aldohexoses.

REAGENTE DE SELIWANOFF
Dissolva 0,05 g de resorcina (resorcinol) [C6H4(OH)2] em 100 mL de HCL.

TÉCNICA

1) Material:
a. Soluções e reagentes:
i. Reagente de Seliwanoff;
ii. Solução de glicose 1%;
iii. Solução de sacarose 1%;
iv. Solução de frutose 1%;
v. Água destilada.
b. Vidraria:
i. 4 tubos de ensaio;
ii. 5 pipetas de 2 mL.
2) Procedimento:
a. Numere os tubos de ensaio;
b. Prepare os tubos com as seguintes soluções:
i. Tubo 1 com 1 mL de solução de glicose 1%;
ii. Tubo 2 com 1 mL de solução de sacarose 1%;
iii. Tubo 3 com 1 mL de solução de frutose 1%;
iv. Tubo 5 com 1 mL de água destilada.
c. Adicione 2 mL do reagente de Seliwanoff em cada tubo;
d. Aqueça em banho maria por 12 minutos, observando de 3 em 3 minutos a reação;
e. Observe e anote os resultados.

IV – HIDRÓLISE DE DI E POLISSACARÍDEOS

A sacarose é um dissacarídeo encontrado nas plantas (açúcar comum) e é formada por uma
unidade de D-glicose e uma de D-frutose com uma ligação do tipo Gli α(1:2)β Fru. Como a ligação
glicosídica da sacarose ocorre entre os carbonos anoméricos, então a sacarose não é um açúcar
redutor.

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O amido é o material de reserva celular dos vegetais. Contêm dois tipos de polímeros da
glicose, a amilose e a amilopectina. A amilose é formada por cadeias longas, não ramificadas, de
unidades de D- glicose com ligações do tipo Gli α(1:4) Gli. A amilopectina é muito ramificada e
formada por ligações glicosídicas tanto do tipo Gli α(1:4) Gli quanto Gli α(1:6) Gli.

1 – HIDRÓLISE DA SACAROSE

TÉCNICA

1) Material:
a. Soluções e reagentes:
i. Solução de ácido sulfúrico (H2SO4) concentrado;
ii. Reagente de Benedict;
iii. Solução de sacarose 1%;
iv. Água destilada.
b. Vidraria:
i. 2 tubos de ensaio;
ii. 4 pipetas de 2 mL.
2) Procedimento:
a. Numere os tubos de ensaio;
b. Prepare os tubos com as seguintes soluções:
i. Tubo 1 com 2 mL de solução de sacarose 1%;
ii. Tubo 2 com 2 mL de solução de sacarose 1%.
c. Adicione 3 gotas da solução de ácido sulfúrico (H2SO4) concentrado no tubo 1;
d. Adicione 3 gotas de água destilada no tubo 2;
e. Aqueça em banho maria por 3minutos;
f. Observe e anote os resultados;
g. Acrescente 2 mL do reagente de Benedict em cada tubo;
h. Agite os tubos;
i. Aqueça em banho por mais 3 minutos;
j. Observe e anote os resultados.

2 – HIDRÓLISE DO AMIDO

Quando o amido é tratado por um ácido a quente sofre uma sucessão de hidrólises formando dextrinas
(amilo, eritro e acrodextrinas), maltose e glicose como produto final. As dextrinas são classificadas pela
coloração que fornecem quando reagem com a solução de Lugol. A maltose e a glicose possuem propriedades
redutores que podem ser reconhecidas pela reação de Benedict.

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Carboidrato Lugol Benedict Cor
Amido + - Azul
Amilodextrina + - Roxa
Eritrodextrina + - Vermelha
Acrodextrina - - Incolor
Maltose - + Vermelha
Glicose - + Vermelha

TÉCNICA

1) Material:
a. Soluções e reagentes:
i. Solução de ácido clorídrico (HCl) 2N;
ii. Reagente de Benedict;
iii. Solução de Lugol;
iv. Solução de amido 1%.
b. Vidraria:
i. 7 tubos de ensaio;
ii. 2 pipetas de 10 mL;
iii. 1 pipeta de 5 mL;
iv. 1 pipeta de 2 mL;
v. 1 erlenmeyer de 100 mL.
2) Procedimento:
a. Coloque 30 mL da solução de amido 1 % no erlenmeyer;
b. Acrescente 6 mL da solução de ácido clorídrico (HCl) 2N;
c. Numere os tubos de ensaio;
d. Coloque 3 mL da mistura do erlenmeyer em cada tubo;
e. No tubo 1 acrescente uma gota da solução de Lugol;
f. Observe e anote os resultados;
g. Coloque os tubos de 2 a 7 no banho maria;
h. A cada 5 minutos, retire um tubo do aquecimento e resfrie em água corrente;
i. Acrescente uma gota da solução de Lugol;
j. Observe e anote os resultados;
k. Ao retirar o último tubo (Tubo 7), resfrie em água corrente;
l. Adicione 2 mL do Reagente de Benedict;
m. Retorne ao banho maria por mais 3 minutos;
n. Observe e anote os resultados;
o. Preencha a tabela.

Tubo Tempo de reação (min) Cor (Solução de Lugol) Produto


1 0
2 5
3 10
4 15
5 20
6 25
Cor (Reagente de Benedict)
7 30

Carboidratos 7

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