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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS - UNIMONTES

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS - CCH


DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO E LETRAS

MARIÂNGELA SOUSA FRANCO

ASPECTOS LEXICAIS DO PORTUGUÊS FALADO PELOS MORADORES DA


COMUNIDADE PARAGUAI – ALMENARA

ALMENARA – MG
NOVEMBRO 2019
MARIÂNGELA SOUSA FRANCO

ASPECTOS LEXICAIS DO PORTUGUÊS FALADO PELOS MORADORES DA


COMUNIDADE PARAGUAI – ALMENARA

Monografia apresentada ao curso de Letras/Português da


Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes,
como requisito para obtenção de certificação de
Licenciatura em Letras Português.

Orientadora: Profª Edneusa Ferreira Cardoso

ALMENARA – MG
NOVEMBRO 2019
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS
DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO E LETRAS - CCH
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO - MONOGRAFIA

DEFESA PÚBLICA DO TRABALHO DE MONOGRAFIA


LETRAS PORTUGUÊS
FOLHA DE APROVAÇÃO
Autor:______________________________________________
Título:_____________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Monografia defendida e aprovada em _____/_____/______,
com NOTA ____ ( ), pela comissão julgadora:
__________________________________________
Orientador(a)
Prof_________________________________________________________ /Unimontes

__________________________________________

Prof_________________________________________________________ /Unimontes

_________________________________________

Prof_________________________________________________________ /Unimontes

______________________________________
Prof.ª ------------------------------------------------
Coordenadora do Curso de Letras Português

______________________________________
Prof. Especialista Henrique Carlos Alves
Coordenador do TCC/MONOGRAFIA-campus Almenara
Dedico essa monografia a Deus por nunca me abandonar.

Aos meus queridos pais: Ângelo e Maria de Lourdes que sempre me incentivaram e sempre
estiveram ao meu lado.
A Deus em primeiro lugar, que esteve sempre ao meu lado me guiando e protegendo e que me
deu capacidade para conquistar este trabalho.

Aos meus pais Ângelo e Maria de Lourdes por terem me apoiado incondicionalmente e me
ajudaram a vencer mais uma etapa da minha vida sem medir esforços.

Ao meu amado marido Vinicius e aos meus filhos por toda a compreensão e paciência em todos
os momentos.

A professora Edneuza pelo constante apoio e dedicação na orientação desta pesquisa.

Aos meus irmãos Eduardo e Roberta pelo apoio e carinho.

As minhas amigas queridas Jamilly, Bárbara e Débora que estiveram sempre ao meu lado me
ajudando em tudo que precisasse.

A todos os professores da graduação, que contribuíram para que eu chegasse até aqui. Um
agradecimento especial a professora mestra Maria Zeneide que em suas aulas de Fonética e
Fonologia abriu caminhos para o tema desta pesquisa e que me incentivou a pesquisar o léxico
falado pelos moradores da Comunidade Paraguai.

Aos colegas, pela amizade durante esses quatro anos.

Aos funcionários da Unimontes, pelo carinho e atenção. Em especial a Nilson e Maria José que
sempre estiveram à disposição em ajudarem.

Aos moradores da Comunidade Paraguai na qual realizei essa pesquisa, pela colaboração e
atenção.

Finalmente agradeço a todos aqueles que, de alguma forma, incentivaram-me a nunca desistir
e a buscar sempre os meus objetivos.
Por isso não tema, pois estou com você, não tenha medo,
pois sou o seu Deus.
E o fortalecerei e o ajudarei; eu segurarei com minha mão
direita vitoriosa.
(BIBLIA, ISAÍAS 41:10)
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO-------------------------------------------------------------------------------------------8

CAPÍTULO I – O LÉXICO NO PORTUGUÊS BRASILEIRO-----------------------------------9

1.1 Uma breve história da Língua Portuguesa--------------------------------------------------------9


1.2 O que é Léxico e como ele é construído---------------------------------------------------------12

CAPÍTULO II - CONSTRUÇÃO DO CORPUS: O LÉXICO UTILIZADO PELA


COMUNIDADE PARAGUAI – ALMENARA NA LÍNGUA FALADA-----------------------18

2.1 O que é um Corpus?--------------------------------------------------------------------------------18


2.2 O que é o português falado?------------------------------------------------------------------------21
2.3 O Corpus: palavras do léxico dos moradores da Comunidade Paraguai – Almenara-------24
CONSIDERAÇÕES FINAIS---------------------------------------------------------------------------29

REFERÊNCIAS------------------------------------------------------------------------------------------30

ANEXO---------------------------------------------------------------------------------------------------34
ABSTRACT

This research analyzes the lexical aspects of Portuguese spoken by some residents of the
Paraguai Community considering that it contributes to extend the Portuguese language
vocabulary. The analysis is based on field research in which some residents are invited to share
the story of the birth of the community, narrating it simply way and using words of their
common use to demonstrate the free character of spoken Portuguese.. Firstly, that work show
up the history of the Portuguese language and what’s lexicon, and then it explores the formation
of words and the disparity between Language and language and what is meant by analytic
Corpus. Therefore, the research analyzes their commonly used words in order to demonstrate
the regional aspect inherent in this community.

Key words: lexicon, spoken Portuguese, language, language


RESUMO

A presente pesquisa analisa os aspectos lexicais do português falado por alguns


moradores da Comunidade Paraguai por considerar que este estudo contribui para a ampliação
do acervo vocabular da língua portuguesa. A análise toma como base a pesquisa de campo em
que se convida alguns moradores a compartilhar a história do nascimento da comunidade,
narrando de forma simples e usando palavras do uso comum deles para demonstrar o caráter
livre do português falado. Para essa proposta, aborda-se, primeiramente, a história da língua
portuguesa e o que vem a ser léxico para em seguida explorar a formação das palavras, bem
como a diferenciação entre Língua e linguagem e o que se entende por Corpus de análise.
Logo, a pesquisa faz uma análise das palavras de uso comum com intuito de demonstrar o
aspecto regional inerente a esta comunidade .

Palavras-chave: léxico, português falado, Língua, linguagem


8

INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objeto de pesquisa estudar o léxico do português falado
pelos moradores da comunidade Paraguai, situada a 36 km da cidade de Almenara, localizada
no Nordeste de Minas Gerais, especificamente no Vale do Jequitinhonha.
O interesse em pesquisar esse tema surgiu pelo fato desta pesquisadora ter trabalhado
nesta comunidade como professora de Língua Portuguesa e de ter convivido com essas pessoas
durante cinco anos. O que chamou a atenção para estudar o léxico do português falado por esses
moradores foram algumas características linguísticas diferentes do proposto pelas normas
gramaticais e alguns vocábulos não usados por pessoas da área urbana.
Segundo a teoria linguística, o léxico tem um papel fundamental no funcionamento da
língua e exerce um papel elementar no mundo, pois se constitui como uma forma de registrar
tudo o que envolve o universo. A partir da necessidade de nomear seres, objetos, eventos, etc.,
gerou-se o léxico das línguas naturais. Segundo Birderman (2001) , a nomeação pode ser
considerada a primeira etapa do ser humano em relação ao universo.
Sabe-se, que o léxico é também a referência a realidades linguísticas nos discursos
humanos que se faz pelos signos linguísticos, ou unidades lexicais que designam os elementos
feitos pela língua e sua cultura. Assim, o léxico é o lugar da significação e dos conteúdos
significantes da linguagem. A linguagem evolui e se adapta de acordo com o contexto de seu
uso. E para que se compreenda esse fenômeno, propôs-se então o estudo do léxico utilizado
pelos moradores da comunidade Paraguai, objetivando registrar aspectos lexicais do português
falado nessa comunidade.
A metodologia de pesquisa adotada é a de campo, em que alguns moradores, na idade
adulta, são convidados a compartilhar as palavras do cotidiano em forma de caso ou de
informação de uso e significado. Atendendo, assim, os elementos quantitativos e qualitativos
do Corpus de análise. Para o embasamento teórico, a teoria linguística de Ataliba de Castilho,
Valter Kehdy e Marcos Bagno, dentre outros nomes, serão recorrentes neste trabalho.

Logo, no 1º capítulo , faz-se um apanhado histórico da trajetória da Língua Portuguesa


para em seguida discorrer a respeito do que vem a ser léxico e como se dá sua formação; já no
2º capítulo explora-se o tópico Corpus e as características do português falado para em seguida
analisar os aspectos lexicais do português falado por alguns moradores da Comunidade
Paraguai.
9

CAPÍTULO I - O LÉXICO NO PORTUGUÊS BRASILEIRO

1.1 Uma breve história da Língua Portuguesa

Antes de percorrer os passos do processo lexical de uma língua, para os fins de uma
pesquisa mais bem fundamentada, convém voltar a atenção para os caminhos que a língua
portuguesa percorreu, desde os primórdios do latim e seu processo de transição para a forma
vulgar, como é historicamente descrita, até os dias atuais, a fim de demonstrar que toda língua
nasce, sofre influências externas e cai emdesuso; todavia, esse ciclo, certamente, demanda um
certo espaço de tempo; logo, esta pesquisa atenta para um desses fatores modificadores, que é
a adoção de um léxico próprio falado por alguns habitantes da Comunidade Paraguai que
coabitam com falantes da língua portuguesa comum a todos e que tal diversidade não vem a
prejudicar a comunicação entre eles. Definida a linha de pensamento, dá-se início ao relato do
nascimento da língua portuguesa.

De acordo Ataliba de Castilho (2019, p 02), “É porque existiu uma Europa Latina que
temos hoje uma América Latina , onde se falam o Português, O Espanhol eo Francês, trazidos
pelos colonizadores”. O que, em síntese, significa que essa Europa é a fração europeia oriunda
Da decadência do Império Romano e sua bagagem cultural que, por causa do constante fluxo
de invasões, foi agregada a ela ao longo de anos de conquistas e invasões bárbaras, provocando
a miscigenação entre os povos e a mutação do latim falado pela elite para o latim vulgar.

Ainda consoante Castilho (2019), a expansão do Império Romano alcançou a Península


Hibérica (190 a.C. 400d.C.), deixando um rastro de morte como qualquer invasão hostil mas
também plantando o nascimento da Língua Portuguesa e dos povos latinos da América, não
dispensando, ainda, as invasões de tribos germânicas e povos árabes na composição dessa
língua, ou seja, de um ato de ambição por mineração e rotas comerciais em que o Mar
Mediterrâneo era o marco, uma Língua nasceu.

Partindo desse ponto, com a chegada dos portugueses ao Brasil, os colonizadores


passaram a desempenhar o papel de semeadores da Língua Portuguesa, ainda que não fosse
esse o propósito cerne deles; no entanto, as colonizações, a presença dos jesuíta somadas ao
fluxo de estrangeiros em constante trânsito no Brasil das descobertas, também foram parte
10

integrante da formação da Língua Portuguesa como é conhecida, isto é, diferente em diversos


aspectos no que concerne a de Portugal.

No passado distante da Língua Portuguesa, interessam as grandes migrações dos


povos indoeuropeus, que se deslocaram do norte do Mar Negro em direção às
planícies do Danúbio, entre 4000 e 3500 antes de Cristo.
Parte desses migrantes se concentraram no centro da Itália, na região do Lácio, onde
se desenvolveu a língua latina por volta de 700 antes de Cristo. (CASTILHO, 2019, p
04).

Com base nessa breve explanação de Castilho (2019), nota-se que a Língua Portuguesa,
para ser conhecida como tal, precisou não só de uma Língua mãe , mas também do processo
resultante do fator migratório que os povos da antiguidade compartilhavam quer fosse os
motivos oriundos de invasões, quer por busca de assentamentos mais promissores. O fato é que
se percebe um considerável espaço de tempo histórico para que uma Língua seja estabelecida e
comum aos falantes por ela recepcionada.
Dentro desse sistema repleto de fatores externos agindo numa língua, ainda faz-
relevante observar a importância do desenvolvimento da escrita como parte dessa dinâmica da
língua. A Doutora em Filologia Rita Queiroz aponta para a difusão e registro da língua latina.

A língua latina, difundida no mundo ocidental pelos romanos, adotou o alfabeto


grego. Desde então, esta foi a língua que traduziu toda a cultura herdada dos
antepassados. Desse modo, durante séculos, em toda a Europa romanizada, ou
seja, colonizada pelos romanos, só se escreveu em latim. Com o advento do
cristianismo, esta língua seguiu sendo aquela na qual, além de se escrever, se
copiou, i. e., tudo foi traduzido para o latim. As línguas românicas, aquelas
originadas da fragmentação da língua latina, começam a ser registradas através da
escrita apenas no século IX d. C. (QUEIROZ, 2019 s/p).

Conforme Queiroz (2019), a assenção da escrita ficou, por séculos, restrita à parcela
da população que perntencia à nobreza ou eram sacerdotes ou pessoas menbros do clero; dessa
forma, muitas línguas nasceram e morreram ddragadas pela ação do tempo.Tem-se como
exemplo o latim clássico que era falado e grafado na sua forma culta enquanto o povo seguia
analfabeto, haja visto a condição de pobreza que a história atribui a eles;portanto, mais
exposto às novas línguas introduzidas pelo fluxo das guerras, comércio, exposição a novas
culturas, ou seja, havia um latim clássico defendido por uma minoria; porém, majoritária em
poder de mando, ehavia o latim vulgar sendo disseminado, aculturado, modificado e
remodificado aolongo dos tempos até que a fala clássica encontrasse sua morte séculos mais
tarde.
11

Nesse sentido, percebe-se que oadvento da escrita possibilitou a imortalidade do


pensamento racional, isto é, a linguagem falada pôde se propagar e vencer a barreira da
memória sem que a ideia cernepudesse sofrer uma ou outra alteração considerável, conforme
esta vosse repassada verbalmente de mensageiro à mensageiro, algo bastante comum na época
que antecede o texto escrito.
Hoje, em tempos contemporâneos, em que uma língua conta com uma gama de
recursos tecnológicos para seu estudo e registro, a morte da mesma ainda acontece, certamente,
os fatores influenciadores deste processo passaram a contar com o livre arbítrio do ser humano
em decidir adotar uma nova língua para uso quer seja levado pelo rítimo do mundo
globalisado, quer por necessidade de um conhecimento de uma língua mais presente e
recorrente no mundo que sua língua-mãe.
Nessa linha de pensamento, Luciana Vicária (2014), consultora de comunicação e
repórter da Editora Globo, aborda a concepção contemporânea da morte de uma língua e a
visão futura dominação da Língua Inglesa, defendidapelo linguistabritânico David Crystal1,
conforme o artigo de Vicária, esse pesquisador teoriza que a língua inglesa caminha para ser
a língua que prevalecerá dentre as demais devido ser o idiomacom mais demanda em
aprendisado tanto em escolas,quanto nas rotas comerciais, políticas ou círculos sociais. Ainda
para o linguista britânico, para que uma língua se proteja do processo de extinção, precisa
haver maiores investimentos em educação e apoio à cultura local pois quanto maior for o
número de falantes maior será sua propagação no tempo pelas novas gerações.
Sob essa visão, pode-se perceber que o Latim, assim como outras línguas mortas,sofreu
o processo de aculturação, desdobrando-se em outras línguascomo a Língua Portuguesa
propriamente dita. Desta forma, após esta breve abordagem histórica, passa-se a explorar o
processo lexical de uma língua e qual sua importância para a sobrevivência da mesma bem
como a cultura de um povo.

Lingüista formado pela University College London. Membro da Associação de Professores de Inglês como Língua
estrangeira. Autor de mais de 60 livros, entre eles obras de referência como Cambridge Encyclopedia of Language
12

1.2 O que é o léxico e como ele é construído

Sumariamente, entende-se por léxico como sendo um conjunto de vocábulos


pertencentes a uma Língua e compete aos filólogos realizar as devidas pesquisas que venham a
viabilizar o registro do surgimento de novas palavras, dentre outras atribuições. Para responder
ao interesse desta pesquisa , faz-se válido um observar a expansão do léxico averbado tomando
como ponto de partida o trabalho de Bluteau.

Conforme dados históricos disponíveis tanto no Portal da História (2019), quanto na


revista eletrônica Vortex Magazine (2018), o clérigo inglês Rafael Bluteau (1638-1734), sob as
graças da família real e às custas do tesouro da coroa portuguesa, teve suas obras publicadas
dentre elas Primicias Evangélicas (1676), Vocabulário Português e Latino (1728), Prosas
Portuguesas (1728) e um dicionário da Língua Portuguesa, em 1712 , que reuniu cerca de
43.644 verbetes. Um trabalho que foi objeto de reformas e acréscimos pelo brasileiro Antônio
Silva de Moraes em 1789, o que elevou a quantidade em mais 22.000 vocábulos. Atribui-se A
Moraes a linguagem simples que ele utilizou para apresentar os verbetes, isto é, fazendo com
que o caráter mais enciclopédico e histórico da versão de Bluteau fosse reestruturado e
transformado em algo mais substancial e funcional, em síntese, as questões ortográficas foram
observadas, bem como as informações gramaticais. Fato que veio a modernizar o formato do
dicionário e a servir como modelo para os demais com o passar dos tempos. Atualmente, o
dicionário Houais, de responsabilidade do Instituto de Antônio Houais (1915-1999) de
Lexicografia, é reconhecido como sendo a obra mais abrangente no que tange a descrição dos
verbetes, considerando os regionalismos, origem, classificação morfológica, sinônimos,
contexto, bem como a inserção de termos tecnológicos, que já são de uso comum não só em
redes sociais, mas também no mundo dos negócios. A edição mais recente do Houais conta com
193.274 entradas; logo, percebe-se o quão dinâmica a Língua Portuguesa se mostra em relação
ao processo de renovação e agregação de novos vocábulos e a importância dos estudos
lexicográficos neste papel .

Feitas as considerações primárias, no que concerne os indicadores do nascimento e


morte de uma Língua, passa-se a explorar o que vem a ser léxico e seu processo de construção,
considerando a herança do latim vulgar e outras línguas, sua produtividade, alteração
gramatical, agregação de novos vocábulos, recepção dos estrangeirismos, para o
13

enriquecimento vocabular não somente de um falante, mas como também para a Língua
Portuguesa.

À luz do apanhado histórico abordado por Castilho (2019), para que o latim arcaico
perdesse sua construção originária, houve de se considerar os fatores geográficos, que observa
a qual região a pessoa pertence partindo do modo como ela fala; a posição socioeconômica,
que envolve cultura e poder aquisitivo; a faixa etária, na qual é observada as tradições culturais
e a diferença entre jovens e adultos no processo de conservação ou morte de uma Língua e,
ainda, o canal do enunciado no que tange escrita e oralidade.

Conforme aludido em 1.1, a escrita contribuiu para o registro das Línguas; logo, é
possível identificar diversos vocábulos, não somente oriundos do latim vulgar, mas como
também das línguas eslavas, germânicas, árabes, principalmente, que foram recepcionados pela
Língua Portuguesa, na seleção abaixo consoante pesquisa de Castilho (2019).

Latim vulgar rural

LATI PORTUGU SENTIDO ORIGINAL


Cerne Discernir “peneirar”
Delira Delirar “sair do sulco” [o arado]
Paupe Pobre “terreno que produz pouco”

Nota-se que o sentido do vocábulo é mais abrangente do que é conhecido hoje, isto é,
a relação semântica está ligada aos falantes do espaço geográfico que partilham.

Outra herança que provém do aculturação deve-se às palavras gregas recepcionadas pelo
latim como pode ser comprovado no seguinte exemplo congruente Castilho (2019).

Amphor ânfora / “vasilha”


Bal(i)ne Banho
Camera Câmara / “teto abobadado”,
Crapula Crápula / “embriaguez”
Anchora Âncora / “peça do navio”
Guberna Governar / “dirigir um navio”,
Castanea Castanha
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Para Castilho (2019), as línguas românicas foram difundidas por meio do latim vulgar
por este ter sido mais expressado entre as classes menos favorecidas da população. Fato que
abriu as fronteiras da construção lexical da Língua Portuguesa em seus primórdios.

Uma outra vertente a ser analisada nesta trajetória da edificação do léxico, de acordo
Basílio (1987), de uma forma bastante natural, o indivíduo faz uso das palavras para elaborar
um enunciado e, dessa forma, pode expressar seu pensamento racional, marcando a
diferenciação entre os seres racionais dos irracionais. Logo, o ser humano porta a capacidade
de formar vocábulos a partir de outros já existentes ou ,construir um novo partindo de um
contexto. Contudo, convém salientar que que a produtividade na formação de palavras nem
sempre gera combinações passíveis de aceitação como aponta Basílio (1987).

Por exemplo, por que aceitamos facilmente palavras como convencional e religioso,
mas não*convencioso ou *religional? Poderíamos dizer que se trata apenas de uma
questão de uso; ambas as palavras são bem conhecidas, (p.7) e, simplesmente,
sabemos que as palavras são religioso e convencional.

A explicação é válida; muitas vezes não consideramos certas construções como


palavras viáveis pelo simples fato de que já existem outras, consagradas pelo uso.
Entretanto, esta explicação não é suficiente para dar conta do fato de que ao lado de
convenção, temos centenas de outras formas em -cão, as quais não admitem uma
formação adjetiva correspondente com o sufixo -oso. Alguns exemplos (o asterisco
indica que a formação não pode existir): vocação/* vocacioso; intenção
/*intencioso; atração/*atracioso; contemplação /*contemplacioso, e assim por
diante. (BASÍLIO, 1987 s/p).

Nota-se que a produtividade, quanto à inserção de sufixos, não está livre de


inadequações que venham a causar a inviabilidade da consagração da nova palavra como parte
integrante do léxico, haja visto que não basta realizar uma combinação para que o vocábulo
passe a existir, isto é, faz-se necessário atentar para qual seu valor semântico e sua propagação
entre seus falantes.

De acordo Kehdi (2003), uma palavra primitiva pode sofrer o uso de acréscimos de
afixos que, conforme a posição, podem ou não alterar a classe gramatical do vocábulo, isto é,
fazendo com que adjetivos se tornem advérbios, verbos ou até mesmo em substantivos. Por
exemplo, ainda sob a ótica de Kehdi (2003), a inclusão de prefixos ou sufixos ao radical de um
determinado vocábulo, ressalvado no que tange a aplicação do prefixo, pode acarretar uma certa
modificação morfológica. Um apontamento que se pode visualizar na palavra primitiva
consciente, quando inserido o sufixo formador de advérbio mente, tem-se conscientemente;
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logo, a classe gramatical do vocábulo passou de adjetivo para advérbio; já ao acrescentar o


sufixo izar, depara-se com verbo conscientizar; já com a inserção de ência, ocorre a
transformação do adjetivo para substantivo. Nota-se que o mesmo processo não incide com a
implantação de prefixos à palavra primitiva, pois, nesse caso, a prefixação não provoca a
alteração gramatical, ou seja, o adjetivo permanece com seu valor semântico como é o caso do
vocábulo consciente acrescido do prefixo de in para formar sua negação semântica inconsciente
mas não sua alteração gramatical. Nesse sentido, percebe-se que um vocábulo deu origem a
outros mais que são passíveis de terem seus respectivos significados registrados num dicionário
e, assim, colaborar com a expansão do o léxico da Língua Portuguesa , pois “ O acervo lexical
da língua portuguesa é constituído de uma grande maioria de palavras herdadas do latim, às quais se
acrescentaram palavras de outras origens, além de vocábulos formados em nosso próprio idioma.”
(KEHDI, 2-003, p.2).

Nessa direção, outro fato a ser considerado neste processo de construção lexical atenta
para o fenômeno dos estrangeirismos e a variação semântica de acordo o lugar, época, classe
social e contexto.

Congruente a Mestre em Linguística Eudenize A. Limeira (2019), é possível observar


um processo de distribuição lexical por meio das famílias lexicais, isto é, reconhecer no
vocábulo suas mudanças tanto semânticas, quanto ortográficas ou gramaticais, observadas as
questões dos estrangeirismos, origem greco-latina do vocábulo e as construções populares, que
surgem no tempo e contexto sempre em constante processo de propagação ou desuso pelos
falantes de uma língua e, com isso, expondo uma parte do acervo lexical de uma Língua a um
ciclo de renovação pertinente.

Para Silva (2017), o léxico de uma Língua abrange não somente as entradas
dicionarizadas, mas também envolve as relações semânticas do discurso, terminologias quanto
à matéria de uma determinada área profissional, licença poética e os neologismos.Silva traz
que:

O léxico da língua portuguesa é constituído por diferentes situações, como as gírias,


os regionalismos, os jargões e os estrangeirismos. A gíria é um vocabulário especial
e informal empregado por um determinado grupo social, como os adolescentes, por
exemplo. Alguns exemplos de gírias comuns são: “abrir o jogo” (falar a verdade),
“fazer vista grossa” (fingir que não viu algo) e “bater boca” (discutir). (SILVA, 2017,
s/p).
16

Dessa linha de pensamento, toma-se como uma situação de uso do léxico no campo
semântico o verbo morrer na seguinte proposição: “Joana morreu ontem”, tem-se aqui o sentido
real do verbo que afirma o falecimento da pessoa; já em “ morreu mil vezes de tanta
preocupação”, o verbo já passa a expressar uma função estilística de exagero para apontar o
quão preocupado o sujeito da oração se encontra. Todavia, a ambiguidade se faz presente no
exemplo: “ Joana morreu de desgosto”, nessa situação, o enunciado não deixa claro se o sujeito,
realmente veio a óbito por causa do sentimento ou se é apenas uma forma de linguagem comum
de uma localidade ou grupo de falantes. Com esses exemplos, pode-se perceber que alguns
vocábulos não ficam restritos a um único sentido, haja visto a gama de fatores que vão
influenciar tais mudanças conforme já mencionados.

Pode-se apontar também como processo de formação lexical as peculiaridades dos


regionalismos. Conforme Souza e Lima (2019), desde o período do Brasil colônia, em que a
ação dos bandeirantes contribuiu para a difusão da língua portuguesa, a língua foi tomando
forma de acordo as regiões foram se definindo como estados, isto é, com o avanço da
agricultura, mineração e outras práticas comerciais, os portos brasileiros passaram a receber os
estrangeiros e esses, dessa forma, colaboraram para que o léxico da língua portuguesa fosse se
expandindo. Reconhece-se que há diversas colônias de comunidades alemãs, italianas,
chinesas, japonesas e tantas outras que tiveram seus vocábulos recepcionados pela língua
portuguesa. Dado a dimensão do território nacional, que é possível vislumbrar as questões do
fenômeno do regionalismo bastante acentuado pelos falantes locais. Sousa e lima (2019), ainda
traz que , no Brasil, é possível reconhecer a qual estado um falante nativo é oriundo observando
seu sotaque, principalmente, marcados como o Nordeste Sul e Sudeste.

Nesse apontamento, o léxico vai se formando de forma agrupada, ou seja, passa a ser
difundido pelos falantes de uma determinada localidade e coexistindo com os vocábulos já
dicionarizados, ainda que na dependência de seu registro por pesquisadores responsáveis pela
catalogação. Antunes (2012), traz que o estudo do léxico precisa ser mais aprofundado nas
escolas para que não somente a ideia de formação das palavras seja um tópico, mas também a
representação e o valor semântico que o vocábulo ao presenta num dado contexto o

Dessa forma, a presente linha de pesquisa se mostra relevante para o estudo do léxico
cultuado pelos moradores da Comunidade Paraguai por considerar que seus falantes estão a
contribuir para o enriquecimento da língua materna e sua perpetuação no tempo; assim sendo,
no capítulo subsequente passa-se a explorar os preceitos para a construção do Corpus de
17

análise que melhor atende ao sistema de produção lexical que permeia a comunicação dos
falantes da Comunidade Paraguai, partindo de relatos de moradores locais tanto idoso, quanto
jovem, com o intuito de demonstrar a continuidade do léxico inerente a eles para as gerações
futuras.
18

CAPÍTULO II - CONSTRUÇÃO DO CORPUS: O LÉXICO UTILIZADO PELA


COMUNIDADE PARAGUAI – ALMENARA NA LÍNGUA FALADA

2.1 O que é um Corpus?

Para que uma linha de pesquisa possa ser elaborada, faz-se pertinente, primeiramente,
definir seu objeto de estudo, seu público alvo, seu o propósito, além de selecionar qual a melhor
forma de coletar e catalogar os dados, em resumo, é preciso desenvolver o Corpus.

Charaudeau (2019), traz que a noção de Corpus não está presa a uma só significação,
pois ao se abordar matérias, no que tange a materialidade linguística, deve-se atentar para o fato
de que se trata de um organismo vivo e, como tal, passível de mutação constante dado o caráter
dinâmico da Língua e seus falantes. Ainda sob a ótica de Charaudeau (2019), o processo da
coleta de dados há de considerar, dentre outros procedimentos, o espaço geográfico no qual a
pesquisa tomará como base, isto é, se área rural, urbana ou se abordará comunidades,
assentamentos; a oralidade e como a escrita é grafada; a faixa etária dos falantes, atentando-se
para os fatores etários,

Ainda sob a ótica de Charaudeau (2019), diversos são os problemas que circundam um
Corpus de análise a serem observados pelo pesquisador. Um desses refere-se ao da coleta de
dados, que é dependente do material linguístico, se produção oral ou escrita, para assim poder
considerar o uso de gravadores ou câmeras, em caso de entrevistas, ou fotografar os
documentos escritos passíveis de serem objetos da análise; outro ponto , na área da linguística,
aponta para as questões semânticas, relações sintáticas, coesão e coerência, estudo da
morfologia, o léxico em sua formação e, ainda, observar texto e contexto no processo de
comunicação entre emissor, receptor e mensagem, observando os atores do discurso em relação
à idade, escolaridade, posição social, credo, situação financeira, espaço; logo, o Corpus pode
se apresentar mais complexo conforme a magnitude da pesquisa.

Nessa direção, percebe-se que a construção de um Corpus de análise do discurso está


ligada a uma abordagem teórica e subordinada a um objetivo que resultam numa problemática,
quer seja ela cognitiva, comunicativa ou representativa (CHARAUDEAU, 2019, s/p).
19

Para melhor compreensão dessas vertentes, convém fazer uma breve explanação de cada
uma, haja visto a pertinência do assunto para a presente pesquisa; todavia, faz-se oportuno
esclarecer as diferenças entre língua/discurso, texto/discurso e texto/contexto , para assim poder
elaborar a linha de construção de um Corpus de análise em consonância com o objetivo cerne
da pesquisa.

Segundo a definição de Charaudeau (2019):

a língua, como lugar de consubstanciação entre formas e sentido organizando-se em


sistemas, isto é, em redes de relações entre unidades mínimas segundo regras de
combinações sintagmáticas e paradigmáticas, sistemas dos quais se poderá dizer que
remetem a categorias de pensamento que tomam posição sobre visões do mundo. As
unidades que são levadas em conta são unidades fonológicas, morfológicas, semân-
ticas, de ordem gramatical ou lexical, e os corpora são constituídos por um conjunto
de co-ocorrências por semelhanças de forma ou de sentido. (CHARAUDEAU, 2019).

Ao se tomar como base de análise uma abordagem que vise a Linguística da Língua, o
Corpus será mais fechado, ou seja, voltado para o sistema cognitivo do sujeito operador da
língua. Tomando como ilustração a seguinte proposição “Eu tenho 35 anos”, tem-se um
enunciado afirmativo-informativo do locutor que anuncia possuir algo marcado por um
numera , que define a quantidade, e o vocábulo “anos” para expressar uma linha de tempo.
Aqui o Corpus não abrange o contexto e outras relações de análise do discurso. Para essa
propositura Charaudeau (2019) traz:

o discurso, como lugar, ao mesmo tempo, de estruturação dos usos em função das
condições de produção nas quais esses usos se manifestam, relacionados a compor-
tamentos linguageiros dos sujeitos falantes, e categorizações de sentido relacionadas
a sistemas de conhecimento e de crença aos quais aderem os indivíduos ou grupos
sociais. Aqui, não se trata mais de uma combinação de unidades em nível transfrás-
tico, mas, de uma dimensão para além da frase, uma vez que o sentido de discurso
resulta de uma multiplicidade de fatores de ordem contextual. (CHARAUDEAU,
2019, s/p).

Nesse sentido, o mesmo enunciado “Eu tenho 35 anos”, abordado pela área da
Linguística do Discurso, terá um Corpus de análise que considerará o efeito do enunciado nos
mais variados contextos no qual o sentido do discurso está ligado a uma determinada intenção
do locutor. Por exemplo, ao se imaginar uma situação hipotética em que o emissor seja uma
mulher que foi demitida após anos de serviço numa empresa X. Ao receber a notícia do chefe,
da inesperada demissão, o enunciado passa a ter um valor semântico de preocupação com a
20

idade em relação ao mercado de trabalho e a crise do desemprego ou se ela for uma atleta e o
treinador já não vê nela o mesmo vigor de uma jovem em inicio de carreira.

Sob essa ótica, o Corpus de análise torna-se mais aberto, pois há de considerar uma
diversidade de fatores que co-existem nas relações discursivas, isto é, questões ligadas ao
locutor e ao receptor (faixa etária, instrução, meio social, intenção), bem como as relações
interdiscursivas da mensagem, isto é, quem é o público alvo? Qual a intenção do discurso? Em
que ambiente se passa o diálogo? A mensagem é clara ou complexa? (CHARAUDEAU, 2019).

Para Charaudeau (2019), no que concerne o Corpus quanto à problemática cognitiva, a


análise se volta para os mecanismos discursivos que o sujeito falante faz uso para elaborar e
exteriorizar seu enunciado, observado elementos de coesão e coerência e a capacidade dele de
se fazer entender. Nessa abordagem o Corpus de análise se torna fortuito, isto é, não se prende
a uma situação de comunicação individual embora observe o contexto linguístico em que esses
mecanismos são empregados. Já a problemática comunicativa abrange as mais variadas
situações de comunicação que o sujeito está inserido; logo, o Corpus se direciona para os tipos
de discurso observado local, intenção, situação, indivíduo, público alvo. A problemática
representativa requer um Corpus de análise mais acentuado, pois o sujeito nessa linha analítica
tanto pode ser o ator passivo, quanto o ativo, por exemplo, chefes de Estado, líderes de
movimentos sociais, religiosos, trabalhistas.

Assim sendo, esta proposta de pesquisa atenta para o caráter aleatório do Corpus de
análise quanto aos aspectos lexicais do português falado por alguns moradores da Comunidade
Paraguai, considerando o estudo de campo e análise do português do cotidiano dos
entrevistados, bem como o registro das palavras por eles cultuadas. (vide anexo).
21

2.2 O que é o português falado?

Com o intuito de atender à proposta cerne desta pesquisa, passa-se a explorar a Língua
como um elemento de uso coletivo, voltando a atenção ao português falado não doutrinado por
normas gramaticais .

No entanto, antes de percorrer os caminhos do português falado, convém fazer uma


sucinta explicação a respeito de o que vem a ser língua e linguagem no que concerne as três
teorias linguísticas mais relevantes. Nessa propositura Castilho (2019) aponta para a Teoria
Gerativa, que vê a Língua como uma atividade mental natural e inerente ao ser humano de
acordo a proposta gerativa defendida por Noam Chonsk; a Teoria Estruturalista, que analisa a
Língua partindo do conceito que ela é um sistema de signos arbitrários segundo a corrente
saussuriana e, por fim, a Língua como sendo um veículo de cunho social.

[...] sem uma língua, não poderíamos formular nosso pensamento. Você já se deu
conta de que pensa em português? Sonha em português? Organiza-se logo de manhã
com respeito ao que terá de fazer durante o dia, falando consigo mesmo em
português? E mesmo quando quer aprender uma língua estrangeira, sai por aí
tentando pensar só nessa língua, como um bom modo de dominá-la. (CASTILHO,
2019, 2).

Nesse sentido, toma-se como elemento basilar de comunicação o conhecimento de uma


Língua, pois desse processo há de se desencadear as relações discursivas em que os falantes
definem qual linguagem melhor se aplica a um determinado contexto e espaço de acordo
Castilho (2019). Logo, entende-se que linguagem é o meio pelo qual o emissor faz uso para
exteriorizar seu pensamento racional, ou seja, a forma de se expressar pode fazer uso da
oralidade quanto ao discurso direto entre emissor e receptor; pelo uso da escrita em forma de
qualquer meio gráfico que represente uma Língua ou, ainda, por meio de sinais, aqui se entende
por sinais a toda prática conhecida desde a fumaça utilizada pelos antepassados até o advento
da Língua dos Surdos ou, até mesmo, a linguagem corporal em seu sentido amplo, isto é, as
expressões humanas que revelam exprimem uma situação de vontade apenas como uma ação
voluntária do corpo como por exemplo: um pedido de silêncio, ou calma, ou espera, ou
sensações e sentimentos captados pelo receptor da mensagem pela via ocular.
22

Para Batista Santos (2010), o português falado goza de mais liberdade de expressão
na relação de comunicação entre os atores falantes; dessa forma, o discurso é direto e livre para
se adaptar ao contexto e espaço em que está ocorrendo o diálogo; já o português escrito requer
uma observação mais acentuada quanto às normas gramaticais, o que torna a relação discursiva
um ato indireto em que a mensagem é exteriorizada de maneira igual para receptores aptos ou
não para interpretar a mensagem.

Como exemplo, pode-se destacar os jargões técnicos, que são comuns em uso pelos
profissionais de uma certa área, que não são de conhecimento de leigos , causando assim uma
dificuldade quanto ao entendimento do enunciado mas não no ato de comunicação, haja visto
os atores compartilharem de uma mesma Língua; logo, tem-se um processo de ampliação
lexical oriunda do discurso, ou seja, há uma agregação de vocábulos por parte do receptor dada
sua exposição a um novo léxico propagado pelo emissor.

Ainda consoante Batista Santos (2010), é possível perceber algumas diferenças


marcantes entre o português falado do escrito. Pode-se notar tais disparidades conforme Batista
Santos (2010), na oralidade, faz-se uso da repetição de palavras; as gírias e os neologismos
também são marcas recorrentes; o uso da ematopeia para expressar sons, as sensações e
emoções; o emprego de jargões e figuras de linguagem para enfatizar o texto; repetição de
sílabas conformativas “né”, “é”, “verdade”, no corpo do discurso, marcando a não- preocupação
com a clareza ou continuidade da ideia do enunciado; o desprezo quanto ao emprego do relativo
“cujo” e a não-observância das normas em relação à colocação pronominal ou quanto à sintaxe.
Nesse sentido, o poeta Osvald de Andrade acena bem em seu poema Pronominais o contraste
entre fala e escrita:

Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro. (ANDRADE, 2019, s/p).

No poema, é possível identificar, no 1º verso, a colocação pronominal e o verbo “dar” sendo conjugado
no imperativo afirmativo e reaparecendo no último verso não mais no imperativo mas sim no presente do
subjuntivo antecedido pelo pronome oblíquo “me” iniciando a oração, marcando o contraste entre o que é
considerado culto da expressão coloquial recepcionada pelo povo em sua grande maioria. Já o texto escrito é
23

regido pela gramática normativa, que presa pela observância da coesão e coerência textual. Em síntese, a
concordância e a regência (verbais e nominais) não são observadas; busca-se evitar ambiguidade de
maneira a zelar pela clareza do texto; o uso de sinônimos são recorrentes para garantir a não-
repetição de vocábulos; as orações são construídas de zelando pela sintaxe, coordenação e
subordinação com o intuito de primar pela coesão e coerência na redação do texto (BATISTA
SANTOS, 2010, s/p).

Nessa direção, nota-se o quão o português falado não se prende às normas gramaticais
que doutrinam a escrita. Para Bagno (2002), o português falado é objeto de constante influência
de fatores externos que contribuem para que a fala, cada vez mais, goze de liberdade para estar
em plena renovação, quer os mecanismos modificadores sejam causados por questões sociais,
nesse sentido , olha-se para a educação e sua carência; quer seja pela recepção dos
estrangeirismos, cada vez mais acentuada com o avanço da tecnologia ao estreitar os caminhos
entre os povos de outras nações. Sob esse ponto, Bagno (2002),

Ora, a verdade é que no Brasil, embora a língua falada pela grande


maioria da população seja o português, esse português apresenta um
alto grau de diversidade e de variabilidade, não só por causa da grande
extensão territorial do país — que gera as diferenças regionais, bastante
conhecidas e também vítimas, algumas delas, de muito preconceito —,
mas principalmente por causa da trágica injustiça social que faz do
Brasil o segundo país com a pior distribuição de renda em todo o mundo.
(BAGNO, 2002, p. 16).

Com base nesse apontamento, no que tange as diferenças regionais e sociais, o léxico
inerente a uma parcela de moradores da Comunidade Paraguai, objeto desta pesquisa, vem a
reafirmar o aspecto livre que o português falado é detentor. Tal característica passa a ser
apresentada, no próximo tópico, sob a forma de relatos de alguns moradores da comunidade,
na sua maioria mulheres adultas ,que se sentiram à vontade em compartilhar os vocábulos que
lhes são comum na fala do cotidiano que vem sendo cultuada por décadas.
24

2.3 O Corpus: palavras do léxico dos moradores da Comunidade Paraguai – Almenara

Para melhor compreender os aspectos lexicais do português falado por alguns moradores
da Comunidade Paraguai, faz-se relevante conhecer a história da edificação dessa comunidade.
Para isso, o Corpus de análise utiliza-se da pesquisa de campo, dando espaço aos entrevistados
para que possam fazer suas narrativas de maneira que suas identidades possam ser preservadas.
Considerando que este trabalho atenta para os vocábulos e expressões inerentes a esta
comunidade específica, esta análise não tende a aprofundar o objeto de estudo para que o
mesmo possa abranger tanto questões ortográficas, quanto transcrições fonéticas por entender
que tais propriedades sejam objeto de outro campo da Ciência Linguística que, neste momento,
não é contemplado neste trabalho; logo, a grafia e o fenômeno da ditongação não são passíveis
de menção por esta análise.

Tomando como base o relato da moradora A (60 anos), passa-se a conhecer a história
da Comunidade Paraguai. De acordo A (2019), a comunidade surge com a chegada de seus
avós, por volta de 1855, obrigados a saírem do sertão onde nasceram em busca de um lugar
melhor. Passaram por uma fazenda de nome Encruzilhada e mais tarde outra de nome Malhada
de Areia para, enfim, chegar a uma de nome Utinga, lugar em que fixaram moradia por décadas.
Todavia, a região foi assolada pela fome e peste, fato que levou à morte uma grande parcela
dos moradores. Segundo A (2019), os que tinham um poder aquisitivo melhor puderam sair em
busca de um lugar mais seguro, incluindo seus avós.

[...] como diz a minguá di fomi íí di duença néh até morreu toda vizinhança ficÔ meu
avô keli cum sua esposa pur nomi de Antonha néh í seis filhu néh só ficô eli cum sua
família aí quando foi um dia eli falô cum ísposa á á Antona vamu imbora daqui pur
quê si nãum nós vamu morre í num tem ninguém pra nus interrá ... issú foi numa meia
noite aí ela falô nós vamus para ond eli mais nós vamus para onde li fica na mata ki
gente vê falá fica na mata nós vamu mudano mudá prakela mata aí nu ôtro dia saiu
eli cum seis filhu duas filha pikena conduzidu pelo jumento né . pel colocô a cangaía
no jumentu colocô um jacá ki éh um tipu tipu balaí ki hojii si chama balaí nesse tempu
chamava jacá [...] (MORADOR A (60 anos, 2019).)

Nesse ponto da narrativa, pode-se observar que a moradora A (60 anos) faz menção à
ação do tempo quanto ao uso do vocábulo “jacá” que foi substituído por “balaio” pela nova
geração. Castilho (2019), salienta que a Língua, por ser um organismo vivo, está à mercê do
fenômeno do uso e desuso de um vocábulo pelos falantes de uma dada Língua. Bagno (2002),
25

aponta para o efeito das migrações para a dinâmica do português falado e, consequentemente,
a relação de interação entre os falantes quanto ao compartilhamento não só de novos vocábulos,
mas também de expressões de uso comum, que têm seu valor semântico na contramão do
significado literal da palavra.

Dando prosseguimento ao relato da historia da comunidade já mencionada, A (60


anos) narra a dificuldade do trajeto dos avós em transportar os filhos em balaios de carregar
carga, originalmente, e os que não tinham nem isso faziam o caminho a pé. Nesse ponto da
narrativa, nota-se que ela usa a palavra “carcaio” em vez de bolsa, como o objeto é, atualmente,
mais conhecido pelo senso comum,

[...] uzôto vinheru andanu cada um trazenu um carcaiu nas kosto purquê vinheru di pé
trazenu gumas coza de alimentu aí guma coza de rôpa cuberta rôpa quasiii num
puderu trazê quê ki foi muito longa a viaji néh eis vinheru rompenu passanu muita
crise inté chegô ni Almenara Almenara era um arraial pur nomiii di Vigia ni aí chegô
nesse arraial ficô pur volta de um dia até mais néh e vinheru rompenu e falÔ vamu
vamu pá mata ai vinheru rompenu sofrenu trazenu essas fía conduzida nessi cum essi
jumentu ai anté doizi dois filhu rapazi cada um cum carcaí nas costa {...](MORADOR
A(60 anos), 2019).

Antunes (2012), atenta para o quão relevante é o estudo do léxico nas escolas por
entender que a prática permite não só que o aluno conheça qual a finalidade do dicionário, mas
também a importância de se estar atento para o processo de renovação lexical ao qual o
português falado está envolvido. A exemplo de “jacá” para “balaio” e “carcaio” para “bolsa”,
de uso comum, pode-se perceber essa renovação embora o significado original não tenha sido
alterado durante o discurso neste caso.

Retomando com a narrativa da moradora A (60 anos), ela faz menção à jornada penosa
dos avós para chegar num lugar em que pudessem fixar moradia e, por fim, dar condição melhor
de vida a seus filhos A trajetória. Os avós dela desbravaram córregos e mata adentro até
encontrar o primeiro posseiro da comunidade de nome José Paraguai, que já havia feito um
desmatamento e começado uma pequena plantação. Dali seguiram em frente até encontrar numa
árvore enorme abrigo suficiente para se protegerem do relento segundo relato de A (60 anos).
E por ali ficaram por dois anos vivendo da caça, pesca e do pequeno roçado, revezando-se na
vigia noturna por causa do risco de ataque de onça.
26

[...] quandu era noite uns durmia outôs ficav vigianu cum medo di carç di onça tinha
muita onça tinha muita casça aí quando um durmia uzôto ficava ali atiranu pra vê si
aquela fera num num atacava néh intaum quando um durmia ú ôto ficav vigianu ai
até passava a noite intaum dibaxo dessa ávori eis moraru sirviram di abrigo pra elis
cêis mesi dibaxo dess dessa árvori néh ai eis foru roçanu foru abrinu aí com seis mesi
já tinha condições de fazê uma casinha uma casinha cuberta di di casca di pau dupidu
pau ki chama caskim ki dá uns cavacão ki dá umas taíada neli kilutud quelis cavacão
foi ki servia de terru pra cubri a casa nessa casa nessa casinha eis morô moraru muito
tempu néh mais assim uns dois ano ou mais ou meno depozi foru roçanu í limpanu
limpanu í:: forum abrinu ííí:: para sobrevivê ú alimentu era caçu du matu pra í nesse
arraial vixu du Vigia era muito difissu gastava muitos dia pra pudê í[r] era ni carreru
dentu du mato néh intaum eis matava a caça comu num tinha sal pá salgá eis fazia já
era u muqueim u muqueim éh retratadu hojii comu fuguera hojii nós chama di foguera
faz tirô as furquia quarta furquia istirô invó pur cima di vara í:: retalhava a carni sem
sal í cindia um fogo bem alta í quandu criava bastante brasa aí quê istindia a carne
incima dakeli grau incima da foguera ai a carne muquiava í chamav muqueim néh
chamav muqueim purquê muquiava deixano muquiada[...] (MORADORA A (60 anos

), 2019).

Nesse ponto da narrativa, percebe-se que a moradora faz uso do vocábulo “muqueim”
em troca do substantivo “fogueira” e ainda explica que era o costume preparar a carne do jeito
improvisado; dessa forma, o alimento não ficava nem assado nem cru aos olhos deles. Observa-
se que ela chama parte do substantivo “muqueim” para o verbo “muqueava” chegando ao
adjetivo “muqueada”. Nota-se que ao radical “muque” sofre o acréscimo de sufixo “ada” e
“ava” que modificaram a classe gramatical do vocábulo que nasceu substantivo. Para Kehdy
(2003) e Basílio (1987), a produtividade da formação das palavras é maior quando se trata da
derivação sufixal, pois o sufixo é capaz de alterar a morfologia da palavra possibilitando, assim,
a expansão do léxico de uma Língua.

Os avós dessa antiga moradora também aprenderam a extrair de uma árvore um óleo
medicinal que eles usavam não somente em si mesmos, como também o comercializavam no
povoado de nome “encruzilhada”, fazendo do cano do bambu garrafas improvisadas para o
óleo.

[...] leva pra vendê ni Incruzilhada néh ... gastava mais di semana pra í daqui até no
ni Incruzilhada di carrero di pé chuvia trinta dia sem gente vê ú oí du sol isso pra secá
rôpa era num fogo néh fazia uma foguera agora ia secano aquela ropa nu nu calor du
fogu ki si chuvida direto ús córrego só vivia chei direto direto éí chuvia tud todos uz
dias néh í assim ki si foi ú cumeçu dessa cuminudad aqui aí intaum foi ... fircô pur
nomi di Paraguaí aqui pur causa dessi homi úh primero que pussero ki vei pra mata
chamava José Paraguaí néh ai entaum ú córrego éh um só ki recebeu essi nomi di
Paraguaí néh até chegô o finali deli pur nomi Paraguaí néh corregu du Paraguaí aí
depozi coloco córgu Sãum Jusé dU Paraguaí ai troxi é ú nomi Sãum Jusé du Paraguaí
éh maizi ou menos assim .(MORADORA A (60 anos), 2019).
27

Ao analisar o relato da moradora A, do ponto de vista do português falado defendido


por Bagno (2002) e Barbosa Santos (2010), além dos vocábulos comentados anteriormente, é
possível identificar, praticamente, em toda a construção do discurso as características que
diferem o português falado do chamado culto. A repetição do “né” para confirmar o que se está
falando para o receptor, bem como as terminações do gerúndio sendo suprimidas pela
terminação “no” como é o caso de “a ropa ia secano” , juntamente, com a constante retomada
do mesmo assunto são marcas que a linguagem oral permite sem que a comunicação seja
comprometida no seu entendimento.

Já com a colaboração de outros entrevistados, pode-se identificar um vocábulo que tem


o valor semântico uma frase “rebidofé éh aquelas essiis toquim dí bérmida ki gent visti ki
nem tá vistidu í nem táh nu ...euken chama rebidofé ús shortin curtin “ Morador Al (55 anos),
2019). Outro entrevistado apresenta um substantivo composto além de um simples [...]
sôpradera né carcinha néh ... ou ú ó sutien genti chamava era guarda peitu néh hojii éh sutien
di primei nessa époc era guarda peitu neh Morador Zf (50 anos), 2019);outro morador ainda
traz “[...] fulanu cê éh taum argé ... aí árgora cê falá á sínhora mi ixpica quê ki éh essa palavra
agé – o mininu argé éh essas pessoa ki nuns abi fazer as coza bein feitu” (MORADORA Hl (60
anos), 2019).

Pesquisas realizadas revelam que os vocábulos “rebidofé”, “insopradera” e “argé”, ao


contrário de “jacá”, “balaio” e “guarda-peito”, não se encontram dicionarizadas. Fato que, de
acordo Antunes (2019), o estudo do léxico encontra-se preterido se comparado à persistência
do ensino da gramática, como se o não-domínio da norma culta impedisse a comunicação entre
os falantes. Antunes (2019), ainda salienta que além de uma gramática para se estruturar, a
Língua depende de um acervo lexical para que possa ser consolidada, difundida pelos falantes,
que vão expandi-la e compartilhá-la para que, a exemplo do latim, não morra no curso da
história por falta de quem lhe dê voz. Logo

Nesse sentido, percebe-se que os moradores da Comunidade Paraguai apresentam um


acervo considerável de palavras passíveis de serem registradas, pois o objetivo cerne desta
pesquisa é contribuir para que os aspectos lexicais desta comunidade seja de conhecimento
público para que o acervo da Língua Portuguesa passe a contar com mais entradas e, assim,
zelar pela variação linguística, que é um fator característico no Brasil de todos.
28

Abaixo, algumas expressões de outros moradores que também quiseram colaborar com
este trabalho e, em anexo, encontram-se outras palavras que foram coletadas ao longo da
pesquisa de campo.

acabar no caritó- ficar solteirona

bater o baba - jogar bola

bater badaio- fazer sexo

bocó de mola- pessoa muito tola

cabelo-de-leite – menina bonita

emendar os bigodes - conversar sem parar


29

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente linha de pesquisa procurou analisar os aspectos lexicais do português falado


por alguns moradores da Comunidade Paraguai com o intuito de demonstrar que essa
comunidade possui um considerável aspecto lexical passível de ser estudado.

Com base na teoria de Ataliba de Castilho, para o embasamento histórico de como nasce
e morre uma Língua, foi possível identificar o processo de uso e desuso que uma palavra sofre
devido a ação do tempo e outros fatores mais; já o ciclo de formação das palavras pôde ser
explicado fundamentado por Valter Kehdy em sua totalidade e o português falado pôde ser
melhor observado pela ótica de Marcos Bagno e Monalisa Lisboa.

Com o estudo de campo, esta pesquisa pôde analisar os aspectos lexicais do português
falado por alguns moradores da referida comunidade e perceber que também eles trazem em
sua história algumas palavras que deixaram de ser usadas com o passar do tempo; todavia,
algumas ainda podem ser ouvidas na voz dos moradores mais antigos e por outros que já se
habituaram a elas. Fato que as tornaram resistentes à ação do tempo.

Os relatos dos entrevistados foram transcritos de forma que o habitual de suas falas
pudessem ser preservadas para melhor retratar o modo real e comum com que eles se
comunicam.

Dessa forma, foi possível identificar o caráter livre do português falado que ainda é
cultuado por eles numa localidade que, embora distante da cidade mais próxima, já goza dos
benefícios do progresso como luz e estradas mais acessíveis; logo, sinônimo de maior trânsito
de pessoas, que por sua vez, acarreta em renovação vocabular.

Assim, a pesquisa revelou que é possível cultivar as raízes de uma Língua se esta for
repassada pelo seus falantes quer seja na forma de casos, quer seja pelo uso recorrente tanto das
palavras de outra época, quanto das expressões carregadas de valor semântico como foi possível
identificar durante a análise baseada no discurso dos entrevistados.
30

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO E LETRAS -CCH

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO-MONOGRAFIA

DEFESA PÚBLICA DO TRABALHO DE MONOGRAFIA

LETRAS PORTUGUÊS

DECLARAÇÃO DO DISCENTE

Declaro, para fins documentais, que minha monografia apresentada ao Curso de Letras/Português do
Departamento de Comunicação e Letras da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes é
original e não se trata de plágio; não havendo, portanto, cópias de partes, capítulos ou artigos de
nenhum outro trabalho já defendido e publicado no Brasil ou no exterior. Caso ocorra plágio, estou
ciente de que serei reprovada na disciplina Monografia

Por ser verdade, firmo esta declaração.

Almenara, 11 de novembro de 2019.

Acadêmica: Mariângela Sousa Franco


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Arger - pessoa que não sabe fazer nada.

Dicionário Aurélio – não encontrada.

Biboca - casa pobre

Dicionário Aurélio – Local de difícil acesso, casa pequena, casa coberta de palha.

Cacaio – bolsa.

[Regionalismo-Bahia e Minas Gerais] Dicionário Aurélio – alforje ou saco de viagem, preso


com atilhos por baixo dos braços e pendurado nas costas.

Cacunda – costas.

Dicionário Aurélio – costas, dorso.

Giral – varas.

Dicionário Aurélio – não encontrada.

Guarda-peito – referente ao sutiã.

Dicionário Aurélio – pedaço de couro que preso ao pescoço e a cintura, serve de colete, sendo
usado por vaqueiros para proteger o peito, peitoral.

Muquenho – fogo.

Dicionário Aurélio – não encontrada.

Poiage - mulher grávida que sente muito enjoo- fulana está de POIAGE enjoada.

Dicionário Aurélio – coisa antipática, desengraçada, palavra ou frase desenxabida.

Querência –

Dicionário Aurélio vem do verbo querenciar – sentir afeição por.

Ribidoque – short curto.

Dicionário Aurélio – não encontrada.


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Salão – escola.

Dicionário Aurélio – sala grande de casa destinada a recepção de visitas, a bailes e outras
grandes reuniões.

Sambanga - Pessoa lenta.

Dicionário Aurélio – não encontrada.

Sopradeira – calcinha.

Dicionário Aurélio – não encontrada.

Outras palavras

Aprijo – pessoa de cabeça grande.

A tarracho – parafuso.

Bitub – bolo de fubá.

Cabundinho – pessoa fazendo intriga.

Dante – nome.

Furquia – gancho.

gerimum – abóbora.

Jacuba – bebida.

Lega – amigos.

Pea – dar uma surra.

Mocorongo – pessoa lenta.

Muquinca – alguma coisa sem valor.

Paragem – ponto de ônibus.

Pereba – ferida

Trapeca – coisa mal feita.

Varomba – cachaça.
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Zoião – ovo.

Máquina de café – garrafa de café.

Vadiar – brincar.

Moranga – abóbora.

Delatar – demorar.

Tabaco – cigarro de palha.

Cachimbo – pito.

Pitar – fumar.

Bulir – mexer.

Cambica – vaca magra.

Coió – verdura.

Parrudo – homem forte.

Moca – café

Maninha – mulher estéril.

Emanar – namorar.

Pisadura – machucado.

Macete – pedaço de pau.

Oroca – mandioca.

Lazeira – pobreza.

Cavaco – graveto.

Caburé – criança.

Sabão de cuada – um tipo de sabão para banho.

Chicotô – bermuda.

Dar uma corra – procurar algo.

Cubar – olhar de lado.

Tacho – panela.

Maniva – muda de mandioca.


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Adobe – barro.

Cana de macaco – uma planta medicinal.

Cezão – febre forte.

Pualha – um tipo de raiz medicinal.

Belzonti – Belo Horizonte a capital de Minas Gerais.

Catombo – caroço.

Baita – bonito.

Banzé – briga.

Pichilínga – qualquer coisa pequena.

Dar taba – quando alguém chama pra dançar em festa e a pessoa se recusa a dançar.

Fazer renda – ficar esperando.

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