Você está na página 1de 2

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO - UFRRJ

Licenciatura em Ciências Sociais – 8º período


Disciplina: Diferença, Desigualdades e Políticas Públicas
Docente: Mani Tebet
Discente: Ana Beatriz das Dores

RESENHA: INTRODUÇÃO DA OBRA “UMA HISTÓRIA DE


DESIGUALDADE: A CONCENTRAÇÃO DE RENDA ENTRE OS RICOS NO
BRASIL 1926-2013”

SOUZA, Pedro Ferreira. Uma história da desigualdade: a concentração de renda entre


os ricos no Brasil (1926 – 2013). São Paulo: Hucitec, 2018. p.23-30

Uma História de Desigualdade, foi a tese de doutorado do sociólogo Pedro de


Souza1 onde ele conta a história dos ricos, o trabalho faz parte dos estudos de
estratificação, mas agora de um ponto de partida diferente. Com foco nos ricos — mais
especificamente naqueles compreendidos entre 0,01% e 15% do topo — o autor
analisa a desigualdade de cima, onde está concentrada uma gigantesca parte da renda
brasileira.
A pesquisa é justificada pelo autor, primeiramente por o volume de recursos
econômicos acumulados por um grupo muito pequeno em relação a classe baixa, ser
tão alto ao ponto de a afetar indicadores que comumente pouco sensíveis a dinâmicas
de concentração de renda como oíndice de Gini, por exemplo. Outra justificativa seria
que mesmo um número tão pequeno de pessoas tendo uma intensa concentração de
rendas, ainda faltam estudos sobre os ricos, diferente do que ocorre com os pobres, que
são o principal grupo analisado quanto às desigualdades sociais, deixando um vácuo
teórico, se o pobres não em nada, quem tem tudo?
Através da análise de tabulações de Imposto de Renda de Pessoa física (IRPF),
referentes a quase noventa ano, de 1926 até 2013, com essas metodologia, Pedro
1
1 Doutorando em Ciência Política no Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio
de Janeiro (IESP/UERJ)
consegue recontar a história do país desde a década de 20, algo que seria dificílimo —
senão impossível — usando metodologias clássicas de estudos econômicos e outras
fontes de dados.
Afim de evitar controvérsias sobre o que é “ser rico” ele usa de uma definição
simples, com base na distribuição de renda, focando no centésimo mais rico da
população do top, o 1% mais rico, Ele também pontua que questões morais e políticas
comumente atreladas aos estudos de desigualdade, não serão ignoradas uma vez que
seu trabalho está ancorado numa perspectiva histórica, e que ao tratar os ricos como
ricos, a predominância sociológica da ideia de classe em detrimento a distribuição de
de renda será rompida.
Outro ponto importante que é citado na introdução, é a discussão a posteriori
sobre a hipótese do “U invertido” cunhada pelo economista russo Simon Kuznets, que
através de uma gráfico de U invertido postula que a desigualdade tende a aumenta no
começo do processo do desenvolvimento e posteriormente torna a diminuir.
Com uma olhar histórico, sociológico e econômico sobre os discursos já
existente quanto a desigualdade e uma gama de dados muitos extensa, Pedro busca
reescrever a história da desigualdade brasileira de forma inédita, oferecendo uma
análise profunda e detalhada sobre a distribuição de renda e concentração de riquezas
entre os ricos do país, por um período de 87 anos, e seu impacto na realidade brasileira
e nos índices de desigualdade no Brasil.

Você também pode gostar