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ECOPORANGA
3- DESENVOLVIMENTO:
Já na Educação Infantil, o acesso a esse direito apresenta índices diferentes, conforme o grupo racial: 53%
das crianças pretas ou pardas de 0 a 5 anos de idade frequentavam a creche ou escola em 2018, contra
55,8% das crianças brancas.
Entre a população preta ou parda, a taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais é de 9,1%,
enquanto o mesmo indicador é de 3,9% na população branca. Entre a população negra ou parda, a
proporção de pessoas de 25 anos ou mais com pelo menos o Ensino Médio completo é de 40,3%. Já entre
os brancos, o índice é de 55,8%.
A proporção da população preta ou parda entre 18 e 24 anos com menos de 11 anos de estudo e que não
frequentavam a escola em 2018 era de 28,8%, frente 17,4% de brancos na mesma situação.
Essa profunda desigualdade escolar tem reflexos graves, como na renda e na expectativa de vida dessas
populações.
De acordo com os dados trazidos pelo Relatório Reprovação, Distorção Idade-série e abandono escolar,
do Fundo das Nações Unidas para a Infância UNICEF, metade dos mais de 910 mil estudantes que
deixaram as escolas municipais e estaduais de todo o país em 2018 eram pretos e pardos (453 mil). Além
disso, as populações preta, parda e indígena têm entre 9% e 13% de estudantes reprovados, enquanto
entre brancos esse percentual é de 6,5%.
Também vale notar que, de acordo com o documento do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (INEP) Perfil do Educador da Educação Básica, realizado com dados do
Censo Escolar 2017, 42% de docentes da educação básica eram brancos, contra 4,1% de pretos e 25,2%
de pardos.
Para explicar melhor o fenômeno e destrinchar o assunto, o Portal CENPEC Educação conversou
com Iracema Santos do Nascimento, professora doutora na Faculdade de Educação da USP (FE-USP) e
ex-coordenadora executiva da Campanha Nacional pelo Direito à Educação (2005 a 2014).
Nesta entrevista, Iracema ressalta a importância desse debate – que é uma luta de muitos anos dos
movimentos negros – e quais ações e políticas públicas precisam ser priorizadas para que haja uma
educação de qualidade para todos e todas.
“O racismo estrutural estrutura a sociedade brasileira desde a invasão portuguesa nessas terras. Assim,
quando pensamos na organização das nossas escolas, essa discussão não existia. Atualmente, a educação
antirracista (que vem sendo proposta há décadas) ganhou bastante força, e esse debate tem sacudido todas
as pessoas, negras e não-negras, brancas e não-brancas, a não mais compactuar com essas estruturas. Esse
é um chamamento ético, que se impõe pela força da causa”, defende.
Portal CENPEC Educação: Como a gente pode perceber o racismo estrutural no universo escolar?
Iracema Santos do Nascimento: A percepção do racismo estrutural na escola, assim como em outras
instâncias, é algo que por vezes se torna difícil porque, sendo estrutural, o racismo muitas vezes se
manifesta nas sutilezas. É mais óbvio quando se trata de uma discriminação, uma injúria racial, em que
um sujeito comete um ato contra o outro. Mas como estamos falando de racismo estrutural, isso significa
que não está no sujeito, mas nas estruturas, ou seja, naquilo que dá base às relações.
Uma manifestação do racismo estrutural é o silenciamento da instituição diante de situações racistas. Parece até
contraditório falar que o silêncio é uma manifestação. Mas nesse caso é sim.”
Então, quando uma criança negra é chamada pelo colega de “macaco”, “pretinho”, ou ouve que “o cabelo
dela é feio, é ruim” e as pessoas adultas responsáveis pelo processo educativo não fazem nada – ou seja,
silenciam -, temos uma manifestação do racismo estrutural. Ainda que elas tenham se sentido
incomodadas e não tenham agido por não se sentirem preparadas para lidar com o fato, se elas não levam
isso adiante e não procuram ajuda, essas pessoas estão compactuando com o racismo estrutural.
8- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: Pesquisa no Google (Sites educativos), Livro didático (Projeto Araribá).