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DIREITO DO TRABALHO E PROCESSO DO TRABALHO

DEFESA E RECONVENÇÃO

Livro Eletrônico
DIREITO DO TRABALHO E PROCESSO DO TRABALHO
Defesa e Reconvenção

Sumário
Maria Rafaela

Apresentação. . .................................................................................................................................. 3
Defesa e Reconvenção. . .................................................................................................................. 4
1. Defesa no Processo do Trabalho: Como Fazer? O Passo a Passo. . .................................... 4
2. Defesa: Como já foi Cobrado na Prova da OAB?. . .................................................................. 7
3. Defesa: Resolução da Prova 2021 da OAB.............................................................................. 9
4. Defesa: Peça Inédita e Dicas de Resolução.. .........................................................................15
5. A Reconvenção no Processo do Trabalho e como Redigir na Peça Prática................... 22
6. A Exceção de Incompetência Territorial com a Reforma Trabalhista. . ........................... 24
7. Direito Material: Prescrição e Decadência para Revisão e para Auxiliar na
Resolução de Provas Subjetivas.. ............................................................................................... 25
8. Resolução de Questões da Prova de 2020 (Exame XXI). . .................................................. 36
9. Apresentação da Prova de 2021 da OAB (Exame XXXII) sem Gabarito para Treino
e depois Conferência com a Leitura do Material.................................................................... 39
10. Apresentação das Questões da Prova de 2021.2 da OAB sem Gabarito para
Treino e depois Conferência com a Leitura do Material........................................................ 42
Resumo..............................................................................................................................................51
Referências...................................................................................................................................... 53

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Letícia De Faria Guimarães - 06756007661, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

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Defesa e Reconvenção
Maria Rafaela

Apresentação
Olá, futuro (a) Advogado (a)!
Tudo bem contigo? Estudando firme e forte?
Eu vou me apresentar. Meu nome é Maria Rafaela de Castro. Atualmente sou Juíza do Tra-
balho no TRT 7a Região, doutoranda em Ciências Jurídicas pela Faculdade de Direito do Porto
em Portugal, professora de preparatórios e faculdades aqui no Ceará, “a Terra do Sol” e faço
parte do Time do GRAN CURSOS.
Registro que estou muito feliz em estar aqui escrevendo esse livro digital para você atingir
o sucesso na carreira que sonha, pois a advocacia é uma belíssima carreira para os fortes.
O mais importante da minha apresentação é para te dizer que eu entendo sua dor e pressa
para ser aprovado na OAB. Também entendo que você quer o máximo de informações de for-
ma objetiva e clara, sem rodeios e que quer gabaritar a prova, bem como entender as nuances
da legislação. Veio ao lugar certo. Isso porque a maioria não tem muito tempo para estudar,
seja porque trabalha, faz estágio, tem aulas na faculdade, aquela preocupação com o TCC etc.
Eu te parabenizo por você estar lendo este material, pois isso significa que você foi aprova-
do na 1a fase da OAB. Então, você já está com 50% da vitória. Vamos nos dedicar mais um pou-
co com a leitura dos nossos materiais, pois vai dar certo se houve compromisso e empenho.
Eu e todo a equipe do GRAN estamos aqui para te dar o máximo de dicas, teorias, exercí-
cios, respondendo questões de provas anteriores e criando questões inéditas para que você
surpreenda a Banca examinadora e não, o contrário.
Nesse ponto, esse material vai te ajudar a chegar ao êxito final e já estou feliz e motivada em
elaborar isso para você. Sendo assim, estude a matéria de direito do trabalho num formato diferente.
E acredite: saber direito do trabalho é imprescindível para a sua aprovação. Não é possível
ir para as provas sem ler esse material. Então, aproveite!
Espero que você goste do que vamos estudar e do material a seguir. Por favor: material
obrigatório! Então, pegue sua xícara de café (ou melhor, uma garrafa térmica gigante), o marca
texto, a caneta e se programe para ler tudo que preparei para você e ficar ligado no curso GRAN.
Por gentileza, se você curtiu essa aula, dê um feedback positivo lá no Fórum do Aluno. Se
tiver críticas construtivas, também use o fórum para melhorarmos o material, ok?
Vamos começar?
Maria Rafaela de Castro
@mrafaela_castro
@juizamariarafaela

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Maria Rafaela

DEFESA E RECONVENÇÃO
1. Defesa no Processo do Trabalho: Como Fazer? O Passo a Passo
A defesa no processo do trabalho tem como eixo principal a CONTESTAÇÃO, considerada
o principal ato postulatório do réu e a exteriorização/instrumentalização do direito de defesa
do réu. Alguns princípios processuais norteiam a defesa que você deve ficar atento (a) no mo-
mento da elaboração da peça prática.
Na elaboração da defesa, podem ser alegadas matérias de cunho de direito material e
processual. Deve ainda, na peça de defesa, cumprir literalmente o ÔNUS DA IMPUGNAÇÃO ES-
PECIFICADA DOS FATOS, conforme o teor do artigo 341 do CPC, contendo, na sua peça, todas
as alegações de fato e de direito contrária à pretensão do reclamante que a questão da banca
trouxer. Deve conter toda a matéria de defesa, com exposições das razões de fato e de direito,
nos mesmos moldes que fizemos no livro anterior com a petição inicial, lembra?
Na elaboração da peça de defesa, deve-se cumprir a regra da eventualidade, concentrando
todos os argumentos na peça de defesa que, inclusive, admite-se argumentos defensivos con-
trários na qualidade de pedidos sucessivos, ou seja, na hipótese de alguns serem rejeitados.
Assim, como deve ser feito o pedido de compensação ou dedução de verbas já pagas para fins
de evitar enriquecimento indevido.
A linha mestra da redação da peça de contestação é impugnar especificadamente cada
fato trazido na inicial da reclamação trabalhista, tendo como norte a inteligência do artigo 341
do CPC. Não se admite defesa por negativa geral ou defesa genérica. Lembre-se: o réu deve
narrar sua própria versão dos fatos.
É admissível o requerimento genérico de provas, apesar da literalidade do artigo 336 do CPC.

O PULO DO GATO
É possível a confissão ficta ou expressa no momento da elaboração da peça de defesa. Na
prática forense, isso ocorre, por exemplo, quando o réu confessa que deve mas explica que
não tem condições de efetuar o pagamento porque “quebrou”. No entanto, não é essa a linha
que o examinador espera no momento da elaboração da peça processual na prova. Você deve
enfrentar “com unhas e dentes” a defesa do cliente. Então, já fica a primeira dica: evite confes-
sar em favor da parte autora.

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O conteúdo da defesa pode se voltar ao conteúdo material dos direitos trabalhistas como
também em relação à matéria processual.
Sobre as preliminares do mérito e de como devem ser as argumentações dilatórias e pe-
remptórias processuais, fiz dois mapas mentais para auxiliar a abordagem:

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Sobre as preliminares de mérito da causa, perceba-se a alegação disposta no artigo 337


do CPC e que é aplicado subsidiariamente ao processo do trabalho, podendo ser usada na sua
prova quando da elaboração da resposta:

Você pode desenvolver, em afronta ao mérito, duas linhas de raciocínio na sua elaboração:
defesa DIRETA ou INDIRETA. No primeiro caso, você nega totalmente o pedido/fato do obreiro,
como é o caso em que se nega o vínculo de emprego entre as partes. No segundo caso, na
INDIRETA, você confirma o fato narrado na exordial, mas acrescenta um motivo impeditivo,
modificativo ou extintivo. Depende então do caso concreto, mas no exame da ordem, você
pode usar qualquer uma dessas modalidades de defesa.
Se houve alegação de PRESCRIÇÃO OU DECADÊNCIA, você tem que pedir a extinção do
processo com resolução do mérito, nos termos do artigo 487, III do CPC. Por isso, revise esse
assunto na parte de direito material que elaborei para você nos capítulos seguintes desse livro.
Principalmente, fique atento às situações de suspensão e interrupção do prazo prescricional.

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Então vamos para as dicas do passo a passo da defesa:


(1) Direcionamento ao juízo que já vem no texto da prova, bem como o número do processo
relacionado que você deve usar na elaboração da sua peça.
(2) Qualificação das partes, com a fundamentação para a apresentação da defesa e a tem-
pestividade.
(3) Preliminares conforme o mapa mental acima: não tenha medo de fazer várias prelimina-
res, mesmo que sucintas. Fique atento, principalmente, acerca da alegação de incompetência
absoluta e relativa, lembrando que aqui se encaixa a ideia de incompetência territorial relativa
ao foro. Vou abordar isso com mais detalhe num tópico próprio.
(4) Prejudicial de mérito – se for o caso de prescrição ou decadência
(5) Da verdade dos fatos – narrativa fática do ponto de vista do réu
(6) Dos aspectos jurídicos – argumentação jurídica correlata à “verdade dos fatos”
(7) Requerimentos finais – dos quais pode pedir a condenação em honorários advocatícios
sucumbenciais, eventual pedido de gratuidade judicial ao réu, pedidos de compensação e dedução
do que foi pago para fins de evitar enriquecimento indevido, pedido de produção de provas etc.
(8) Não assine a prova. Consta só ADVOGADO
(9) Se houver pedido de reconvenção, sugere-se abrir um tópico antes de “requerimentos
finais” e indicar um valor dado à causa, pois na reconvenção, deve existir um valor da causa,
em relação ao pedido que é formulado.

2. Defesa: Como já foi Cobrado na Prova da OAB?


Posicionei abaixo as peças que foram cobradas nos últimos sete certames da OAB para
que você perceba a repetitividade das cobranças:

EXAME PEÇA

2021 CONTESTAÇÃO

2020 RECURSO ORDINÁRIO

2019 PETIÇÃO INICIAL

2019 CONTESTAÇÃO

2019 PETIÇÃO INICIAL

2018 RECURSO ORDINÁRIO

CONTESTAÇÃO E RECONVENÇÃO (PEÇA


2018
UNIFICADA)

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Assim, passo a analisar duas provas já cobradas pela OAB, mas a resolução veremos no
próximo capítulo da prova no ano de 2021 (XXXII exame). Perceba que no ano de 2019, foi
cobrada também.
O examinador, na peça processual, narra fatos e quer que o candidato, primeiramente,
aponte qual a peça processual cabe na situação e, após, desenvolva a redação sobre a temáti-
ca, abordando os temas importantes.
No XXXII Exame Unificado, o examinando deverá formular uma CONTESTAÇÃO de recla-
mação trabalhista dirigida ao juízo da 200a Vara do Trabalho de São Paulo e, ainda, há referên-
cia ao número do processo que deve constar na peça.
No caso da prova prática, na elaboração da peça, deverá suscitar preliminar de incompe-
tência material em relação ao recolhimento do INSS, na forma da Súmula Vinculante 53 do STF,
Súmula 368, inciso I, do TST e art. 876, Parágrafo único, da CLT. Veja sempre se há o caso de
incompetência absoluta ou relativa.
No mesmo azo, deverá suscitar preliminar de inépcia em relação à equiparação salarial
porque há causa de pedir sem pedido, conforme Art. 330, § 1º, II, do CPC. Deverá ser arguida
a prejudicial de mérito de prescrição parcial, para ver declarado prescrito todo e qualquer su-
posto direito anterior a 30/01/2015 ou anteriores aos cinco anos do ajuizamento da ação, con-
forme o Art. 7º, inciso XXIX, da CRFB/1988, o Art. 11 da CLT e a Súmula 308, inciso I, do TST.
Vamos para a defesa do mérito agora que deveria ser feito na prova: contestar o pedido de
horas extras porque sendo a autora gerente e, efetivamente, tendo poder de gestão e salário
diferenciado, com gratificação de função superior a 40%, ocupa cargo de confiança e, assim,
não tem direito a limite de jornada. Consequentemente, não tem direito ao pagamento de horas
extras, conforme o Art. 62, inciso II, da CLT.
Deverá ser sustentado que não há direito à indenização de 40% sobre o FGTS porque a autora
pediu demissão, o que impede a pretensão, porque essa hipótese não é prevista na norma co-
gente, na forma do Art. 18, § 1º, da Lei n. 8.036/1990 e Art. 9º, § 1º, do Decreto n. 99.684/1990.
Deverá ser contestado o pedido de integração dos prêmios porque, ainda que habituais,
eles não integram a remuneração conforme previsão legal expressa no Art. 457, § 2º, da CLT.
Deverá ser contestado, em razão princípio da eventualidade, o pedido de equiparação sala-
rial porque a modelo tem mais de 2 anos na função, não implementando uma das condições
legais, na forma do Art. 461, § 1º, da CLT. Deverá ser contestado o pedido de periculosidade
porque a situação retratada na petição inicial não autoriza tecnicamente o pagamento do adi-
cional, pois a empregada não laborava em atividade ou operações perigosas segundo o Art.
193 da CLT. Aqui pode até mesmo pedir prova pericial. Deverá ser contestado o pedido de ho-
norários advocatícios porque se limitam a 15%, além de postulados honorários sucumbenciais,
na forma do Art. 791-A da CLT. Sem assinar, por favor!
No ano de 2019, no exame XXVIII, também foi exigido que o candidato redigisse uma CON-
TESTAÇÃO.O candidato deve apresentar uma contestação digirida ao Juízo da 80ª Vara do

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Trabalho de Cuiabá, com base no Art. 847 da CLT, identificando as partes envolvidas. Na ela-
boração da peça deverá suscitar preliminar de inépcia em relação ao pedido de adicional de
periculosidade, com a extinção do processo sem resolução do mérito em relação a esse pleito,
na forma do Art. 330, § 1º, inciso I, e do Art. 485, inciso I, ambos do CPC/2015.Deverá ser ar-
guida a prejudicial de mérito de prescrição parcial, para ver declarado prescrito todo e qualquer
suposto direito anterior a 15/10/2013, conforme o Art. 7º, inciso XXIX, da CRFB/1988, OU o Art.
11, da CLT OU a Súmula 308, inciso I, do TST. Deverá ser contestado o pedido de indenização
por dano moral porque doença degenerativa não é considerada doença profissional nem doen-
ça do trabalho, na forma do Art. 20, § 1º, alínea a, da Lei n. 8.213/1991.
Deve discutir sobre o alcance do salário utilidade na CLT, e, encaixar a tese de que o plano
odontológico não caracteriza salário utilidade por expressa vedação legal, na forma do Art.
458, § 2º, inciso IV e § 5º, da CLT, daí porque não poderá ser integrado ao salário.
Deveria ser usada a tese da inexistência de ultratividade das normas coletivas quando for
impugnar o pedido de cesta básica porque a norma coletiva juntada findou em julho de 2018 e
não possui ultratividade, na forma do Art. 614, § 3º, da CLT.
Deve-se enfrentar o pedido de tempo à disposição porque a participação voluntária do
empregado em práticas religiosas dentro da empresa não o caracteriza, por explícita vedação
legal, na forma do Art. 4º, § 2º, inciso I, da CLT.
Na defesa, deve-se “bater na tecla” da coação no pedido de demissão e advogado que o
ônus de provar o alegado vício de consentimento pertence à autora, na forma do Art. 818, inci-
so I, da CLT e do Art. 373, inciso I, do CPC/2015.
Todos os pedidos devem ser contestados, impugnados (ônus da impugnação especificada
dos fatos), principalmente, o pedido de acúmulo funcional porque a atividade desempenhada
pela autora era compatível com a sua condição pessoal e profissional, na forma do Art. 456,
parágrafo único, da CLT.
Não assine a prova. Faça o fechamento o mais formal possível.

3. Defesa: Resolução da Prova 2021 da OAB


No capítulo acima, abordamos dois exames. Nesse ponto do nosso livro, trarei aqui a ques-
tão e a forma como podemos resolver, bem como uma ideia de como seria a redação da con-
testação para que você tenha uma noção geral de como elaborar.
PEÇA DO EXAME XXXII DA OAB
Érica Grama Verde trabalhou para a sociedade empresária Auditoria Pente Fino S.A. de
29/09/2011 a 07/01/2020, exercendo, desde a admissão, a função de gerente do setor de audi-
toria de médias empresas. Na condição de gerente, Érica comandava 25 auditores, designando
suas atividades junto aos clientes do empregador, bem como fiscalizando e validando as audito-
rias por eles realizadas. Érica recebia salário mensal de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), acrescido
de gratificação de função de R$ 10.000,00 (dez mil reais). Érica pediu demissão, em 07/01/2020,

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e ajuizou reclamação trabalhista em 30/01/2020, na qual postulou o pagamento de horas extras,


alegando que trabalhava de segunda-feira a sábado, das 8h às 20h, com intervalo de 1 hora para
refeição, sendo que não marcava folha de ponto. Érica requereu o pagamento da indenização de
40% sobre o FGTS, que não foi depositada na sua conta vinculada, conforme extrato analítico do
FGTS, que juntou com a inicial. Ela afirmou, ainda, que a empresa não efetuou o recolhimento do
INSS nos anos de 2018 e 2019, fazendo comprovação disso por meio do seu Cadastro Nacional
de Informações Sociais (CNIS), juntado com a petição inicial, no qual se constata que, nos anos
citados, não houve recolhimento previdenciário, pelo que requereu que a empresa fosse conde-
nada a regularizar a situação. Érica explicou e comprovou com os contracheques que, a partir de
2018, passou a receber prêmios em pecúnia, em valores variados, pelo que requereu a integração
do valor desses prêmios à sua remuneração, com reflexos nas demais verbas salariais e resci-
sórias, inclusive FGTS, e o pagamento das diferenças daí decorrentes. Érica informou que, desde
o início de seu contrato, realizava as mesmas atividades que Silvana Céu Azul, outra gerente do
setor de auditoria de médias empresas, admitida na Auditoria Pente Fino S.A. em 15/01/2009, já
na função de gerente, mas que ganhava salário 10% superior ao da reclamante, conforme con-
tracheques que foram juntados com a petição inicial e evidenciam o salário superior da modelo.
Uma vez que as atividades de Érica eram desenvolvidas em prédio da sociedade empresária lo-
calizado ao lado de uma comunidade muito violenta, tendo a empregada ouvido diversas vezes
disparos de arma de fogo e assistido, da janela de sua sala de trabalho, a várias operações poli-
ciais que combatiam o tráfico de drogas no local, requereu o pagamento de adicional de pericu-
losidade. Por fim, Érica requereu o pagamento de honorários advocatícios de 20% sobre o valor
da condenação, conforme o Art. 85, § 2º, do CPC. Diante da situação, você, como advogado(a)
da sociedade empresária, deve elaborar a peça processual adequada à defesa dos interesses de
seu cliente, sabendo que a demanda foi proposta perante a 200ª Vara do Trabalho de São Paulo
sob o número 0101010-50.2020.5.02.0200. (Valor: 5,00).

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Questão da prova prática Pontos a serem desenvolvidos

Érica Grama Verde trabalhou para a sociedade empresária 1) já existe aqui o juízo competente e, portanto, a contestação
Auditoria Pente Fino S.A. de 29/09/2011 a 07/01/2020, deve ser dirigida ao Juízo da 200ª Vara do Trabalho de São Paulo,
exercendo, desde a admissão, a função de gerente do setor de com base no Art. 847 da CLT, identificando as partes envolvidas.
auditoria de médias empresas. Na condição de gerente, Érica 2) logo após esse direcionamento, deve indicar a verdade dos
comandava 25 auditores, designando suas atividades junto aos fatos e anotar as preliminares que poderiam ser arguidas: a)
clientes do empregador, bem como fiscalizando e validando as incompetência material em relação ao recolhimento do INSS, na
auditorias por eles realizadas. Érica recebia salário mensal de R$ forma da Súmula Vinculante 53 do STF, Súmula 368, inciso I, do
20.000,00 (vinte mil reais), acrescido de gratificação de função TST e art. 876, Parágrafo único, da CLT; b) preliminar de inépcia
de R$ 10.000,00 (dez mil reais). Érica pediu demissão, em em relação à equiparação salarial porque há causa de pedir sem
07/01/2020, e ajuizou reclamação trabalhista em 30/01/2020, pedido, conforme Art. 330, § 1º, II, do CPC.
na qual postulou o pagamento de horas extras, alegando que 3) depois, sustenta a PREJUDICIAL da prescrição: no caso, é a
trabalhava de segunda-feira a sábado, das 8h às 20h, com prescrição parcial, para ver declarado prescrito todo e qualquer
intervalo de 1 hora para refeição, sendo que não marcava folha suposto direito anterior a 30/01/2015 ou anteriores a cinco
de ponto. Érica requereu o pagamento da indenização de 40% anos do ajuizamento da ação, conforme o Art. 7º, inciso XXIX, da
sobre o FGTS, que não foi depositada na sua conta vinculada, CRFB/1988, o Art. 11 da CLT e a Súmula 308, inciso I, do TST.
conforme extrato analítico do FGTS, que juntou com a inicial. 4) a partir de agora, vamos contestar o mérito da demanda,
Ela afirmou, ainda, que a empresa não efetuou o recolhimento iniciando com as horas extras porque sendo a autora gerente e,
do INSS nos anos de 2018 e 2019, fazendo comprovação disso efetivamente, tendo poder de gestão e salário diferenciado, com
por meio do seu Cadastro Nacional de Informações Sociais gratificação de função superior a 40%, ocupa cargo de confiança
(CNIS), juntado com a petição inicial, no qual se constata que, e, assim, não tem direito a limite de jornada. Consequentemente,
nos anos citados, não houve recolhimento previdenciário, pelo não tem direito ao pagamento de horas extras, conforme o Art.
que requereu que a empresa fosse condenada a regularizar a 62, inciso II, da CLT.
situação. Érica explicou e comprovou com os contracheques 5) Na sequência, os demais fatos devem ser impugnados como,
que, a partir de 2018, passou a receber prêmios em pecúnia, por exemplo, não há direito à indenização de 40% sobre o FGTS
em valores variados, pelo que requereu a integração do valor porque a autora pediu demissão, o que impede a pretensão,
desses prêmios à sua remuneração, com reflexos nas demais porque essa hipótese não é prevista na norma cogente, na
verbas salariais e rescisórias, inclusive FGTS, e o pagamento forma do Art. 18, § 1º, da Lei n. 8.036/1990 e Art. 9º, § 1º, do
das diferenças daí decorrentes. Érica informou que, desde Decreto n. 99.684/1990. Deverá ser contestado o pedido de
o início de seu contrato, realizava as mesmas atividades que integração dos prêmios porque, ainda que habituais, eles não
Silvana Céu Azul, outra gerente do setor de auditoria de integram a remuneração conforme previsão legal expressa no
médias empresas, admitida na Auditoria Pente Fino S.A. em Art. 457, § 2º, da CLT. Deverá ser contestado, em razão princípio
15/01/2009, já na função de gerente, mas que ganhava salário da eventualidade, o pedido de equiparação salarial porque a
10% superior ao da reclamante, conforme contracheques modelo tem mais de 2 anos na função, não implementando
que foram juntados com a petição inicial e evidenciam o uma das condições legais, na forma do Art. 461, § 1º, da CLT.
salário superior da modelo. Uma vez que as atividades de Deverá ser contestado o pedido de periculosidade porque a
Érica eram desenvolvidas em prédio da sociedade empresária situação retratada na petição inicial não autoriza tecnicamente
localizado ao lado de uma comunidade muito violenta, tendo a o pagamento do adicional, pois a empregada não laborava em
empregada ouvido diversas vezes disparos de arma de fogo e atividade ou operações perigosas segundo o Art. 193 da CLT.
assistido, da janela de sua sala de trabalho, a várias operações 6) Nos pedidos acima, ainda afirme na peça de defesa que o
policiais que combatiam o tráfico de drogas no local, requereu ônus da prova é do autor, razão pela qual não apresentou até o
o pagamento de adicional de periculosidade. Por fim, Érica presente momento nenhuma prova condizente com o alegado.
requereu o pagamento de honorários advocatícios de 20% 7) argumentar contra o pedido de honorários advocatícios
sobre o valor da condenação, conforme o Art. 85, § 2º, do CPC. porque se limitam a 15%, além de postulados honorários
Diante da situação, você, como advogado(a) da sociedade sucumbenciais, na forma do Art. 791-A da CLT.
empresária, deve elaborar a peça processual adequada à 8) pode pedir compensação de tudo que já foi devidamente pago
defesa dos interesses de seu cliente, sabendo que a demanda 9) pode argumentar contra o pedido de deferimento da
foi proposta perante a 200ª Vara do Trabalho de São Paulo sob gratuidade judicial
o número 0101010-50.2020.5.02.0200 10) não assine a peça. Coloque só ADVOGADO.

Como poderíamos, em síntese, elaborar a peça processual? Acompanhe um passo a pas-


so, observando-se que nem sempre a banca da OAB exigirá que seja feita uma exceção de
incompetência territorial ou reconvenção.

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Por isso, fique atento a redigir somente aquilo que realmente for narrado na questão de
prova. Chamo atenção quanto a isso, pois é comum o aluno sempre achar que deverá ter uma
reconvenção “escondida”. Cuidado! Vamos lá:

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Defesa e Reconvenção
Maria Rafaela

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4. Defesa: Peça Inédita e Dicas de Resolução


Nesse capítulo do nosso livro, trago uma questão nova/ inédita para abordagens de assun-
tos atuais para ajudar a revisão da matéria, bem como já passar como seria a elaboração da

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petição inicial no caso. Vou reproduzir aquele mesmo esquema do capítulo anterior. Vamos no
passo a passo que eu acho ser fundamental na sua aprendizagem:
Caso/questão inédita (2021):Rui da Silva foi contratado pela empresa SO MEDICOS e teve
seu contrato de trabalho devidamente assinado na data correta antes da pandemia, na data de
01.01.2019 como enfermeiro. Requereu equiparação salarial com a enfermeira Ana Ruth da Sil-
va, muito embora esta tenha mestrado na área de gestão e feito mais cursos de reciclagem no
Hospital que Rui da Silva e, com isso, alegou o autor que existe uma diferença injustificada de
salário de R$1.500,00. Alega que não foi concedido o intervalo intrajornada, muito embora hou-
vesse quarto de descanso e copa no hospital, bem como o fornecimento de alimentação aos
funcionários. Rui ainda sustentou que não havia pagamento de vale transporte, embora, muitas
vezes, usasse compartilhamento de UBER com os demais colegas de plantão para se dirigir
ao hospital. Alega que foi submetido a uma pressão psicológica surreal diante da fase da pan-
demia de COVID 19, gerando um dano moral e um abalo na sua condição de vida, requerendo
danos morais de cinquenta mil reais. Sustentou o autor que diante de tantos descumprimen-
tos de obrigações trabalhistas, desmotivou-se a laborar e, com isso, deixou de comparecer ao
serviço na data de 01.06.2021 e que ligaram do Hospital para que retornasse ao trabalho, mas
Rui já tinha feito contato com o advogado para o ajuizamento da demanda. Diante da inércia
do Rui em retornar ao seu plantão, o hospital teve que fazer uma contratação de emergência,
causando um prejuízo de cinco mil reais. O hospital fica localizado em Barreirinhas/MA, sendo
ajuizada a ação na Vara Única de Barreirinhas/MA sob o número 20202020202.01.09.0005.

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Questão inédita/2021 Pontos a serem desenvolvidos

1) Você utiliza o processo e o juízo competente já informado


pela questão. Além disso, observe que, na leitura da questão,
não existe discussão acerca de incompetência seja absoluta
ou relativa, mas existe pedido em que cabe a reconvenção.
Lembre-se que sempre que houver uma ideia de
ressarcimento, é o caso de reconvenção. Na nossa questão
Rui da Silva foi contratado pela empresa SO inédita, existe essa possibilidade.
MEDICOS e teve seu contrato de trabalho 2) Pode alegar a preliminar de inépcia da inicial, pela ausência
devidamente assinado na data correta antes dos requisitos essenciais para o pleito de equiparação
da pandemia, na data de 01.01.2019 como salarial.
enfermeiro. Requereu equiparação salarial com 3) No mérito, deve alegar que não estão preenchidos pela
a enfermeira Ana Ruth da Silva, muito embora equiparação salarial, nos termos do artigo 461 da CLT, haja
esta tenha mestrado na área de gestão e feito vista que a modelo tem qualidades profissionais e formação
mais cursos de reciclagem no Hospital que superior ao do reclamante, observando-se que: Sendo
Rui da Silva e, com isso, alegou o autor que idêntica a função, a todo trabalho de igual valor, prestado ao
existe uma diferença injustificada de salário mesmo empregador, na mesma localidade, corresponderá
de R$1.500,00. Alega que não foi concedido o igual salário, sem distinção de sexo, nacionalidade ou idade,
intervalo intrajornada, muito embora houvesse entre pessoas cuja diferença de tempo de serviço não for
quarto de descanso e copa no hospital, bem superior a 2 anos (art. 461 da CLT).
como o fornecimento de alimentação aos 4) Deve-se pedir também a concessão de gratuidade judicial
funcionários. Rui ainda sustentou que não havia e a condenação em honorários advocatícios sucumbenciais
pagamento de vale transporte, embora, muitas em prol da ré.
vezes, usasse compartilhamento de UBER com 5) No mérito deve rebater a ideia de concessão de
os demais colegas de plantão para se dirigir ao intrajornada, pois o obreiro tinha intervalo, pois havia sala de
hospital. Alega que foi submetido a uma pressão descanso e o obreiro laborava em equipe que se revezavam
psicológica surreal diante da fase pandemia de para fazer as pausas de descanso e refeição, inclusive, era
COVID 19, gerando um dano moral e um abalo na concedida a alimentação pelo hospital, o que demonstra o
sua condição de vida, requerendo danos morais respeito pela concessão de pausa do trabalhador;
de cinquenta mil reais. Sustentou o autor que 5) Sobre o vale transporte, não era devido pois o obreiro não
diante de tantos descumprimentos de obrigações usava transporte público regular e nunca fez requerimento
trabalhistas, desmotivou-se a laborar e, com administrativo ao empregador, sendo que ele fazia rodízios
isso, deixou de comparecer ao serviço na data do uso de UBER com seus colegas de plantão;
de 01.06.2021 e que ligaram do Hospital para 6) Rui abandonou o serviço, haja vista que simplesmente
que retornasse ao trabalho, mas Rui já tinha feito deixou de laborar sem comunicar ao empregador numa
contato com o advogado para o ajuizamento da situação de alto risco e de maior necessidade para o
demanda. Diante da inércia do Rui em retornar combate à pandemia.
ao seu plantão, o hospital teve que fazer uma 7) Cabe o pedido de reconvenção, haja vista que o
contratação de emergência, causando um prejuízo obreiro causou prejuízo ao hospital, na medida em que
de cinco mil reais. O hospital fica localizado simplesmente nada comunicou e, numa situação de
em Barreirinhas/MA, sendo ajuizada a ação na pandemia, o hospital teve que contratar por emergência,
Vara Única de Barreirinhas/MA sob o número gerando um prejuízo de R$5.000.00
20202020202.01.09.0005. 8) Rebater o dano moral, tendo em vista que não se trata de
comportamento abusivo pelo empregador e que a situação
de pandemia e exigiu de todos os funcionários o máximo
esforço coletivo, razão pela qual não se pode imputar ao
hospital qualquer responsabilidade em razão da carga
excessiva de trabalho em que todos os profissionais de
saúde se sujeitaram em razão da pandemia.

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Como poderíamos, em síntese, elaborar a peça processual? Acompanhe um passo a passo:

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Sugere-se, ainda, como dicas:


a) não use palavras ou expressões agressivas por mais grave e “revoltante” a situação fáti-
ca trazida pelo examinador. Mantenha-se numa linha ZEN, embora sua obrigação é pedir tudo.
b) diga o valor da indenização por danos morais
c) analise fato por fato trazido pelo examinador para analisar se existe a afronta a alguma
legislação
d) sempre fique atento para qual modalidade de ruptura contratual é o caso trazido pelo
examinador
e) não esqueça de pedir a projeção do aviso prévio com o pagamento das verbas
f) no caso de verbas rescisórias ou verbas complementares, peça também os reflexos.
Muito cuidado com as gorjetas.
g) procure saber e expor de quem é o ônus da prova

O PULO DO GATO
Na questão inédita acima, como tratei de jornada britânica, mencione e revise a seguinte sú-
mula do TST: N. 338 JORNADA DE TRABALHO. REGISTRO. ÔNUS DA PROVA. É ônus do empre-
gador que conta com mais de 10 (dez) empregados o registro da jornada de trabalho na forma

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do art. 74, § 2º, da CLT. A não-apresentação injustificada dos controles de frequência gera pre-
sunção relativa de veracidade da jornada de trabalho, a qual pode ser elidida por prova em con-
trário. II -A presunção de veracidade da jornada de trabalho, ainda que prevista em instrumento
normativo, pode ser elidida por prova em contrário. III -Os cartões de ponto que demonstram
horários de entrada e saída uniformes são inválidos como meio de prova, invertendo-se o ônus
da prova, relativo às horas extras, que passa a ser do empregador, prevalecendo a jornada da
inicial se dele não se desincumbir.

O PULO DO GATO
Na questão inédita acima, como tratei de jornada britânica, mencione e revise o conceito de
dano existencial, conforme notícia do TST: em 2020, a Subseção I Especializada em Dissídios
Individuais (SDI-1) do Tribunal Superior do Trabalho excluiu da condenação imposta à Tropical
Transportes Ipiranga Ltda., de Ourinhos (SP), o pagamento de indenização de R$ 15 mil a um
motorista de caminhão por dano existencial. Por maioria, o colegiado entendeu que o empre-
gado não conseguiu comprovar prejuízo familiar ou social em razão da jornada considerada
extenuante. Processo n. E-RR-402-61.2014.5.15.0030

5. A Reconvenção no Processo do Trabalho e como Redigir na Peça Prática


No caso da reconvenção, tem-se sua cobrança, de vez em quando, nos exames da OAB.
Tal modalidade de defesa é compatível com o processo do trabalho e deve ser feita na mesma
peça processual. Abre-se um tópico na contestação para tratar da RECONVENÇÃO.
Na resolução do caso concreto, deve-se obedecer às regras do CPC quanto à petição ini-
cial. Na reconvenção existe uma reação ao pedido do reclamante, quando, por exemplo, plei-
teia ressarcimento de algum prejuízo causado pelo trabalhador durante o pacto laboral, seja
de cunho moral ou material.
Nessa mesma linha de exemplos, pode-se dizer que o reclamado requer dano moral pela
ofensa à sua reputação em redes sociais pelo trabalhador. Ou, como já foi cobrado em exa-
me da OAB, prejuízo material quando o reclamante soube da sua dispensa sem justa causa,
quebrando uma porta. Nesses dois casos, o reclamado pode abrir um tópico em sua defesa
alegando a reconvenção e pedindo o ressarcimento.

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Defesa e Reconvenção
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Na reconvenção pode pedir a condenação em honorários advocatícios e custas processu-


ais. Na peça prática, fica o esboço de como deve ser feita a reconvenção:

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Defesa e Reconvenção
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O PULO DO GATO
A reconvenção deve ser manejada na mesma petição que veiculada a contestação, nos termos
do artigo 343 do CPC.

6. A Exceção de Incompetência Territorial com a Reforma Trabalhista


Se houver essa situação no processo, faz-se na mesma peça de defesa. Aqui existe a
desnecessidade de uma peça autônoma. Mas a doutrina entende que é uma faculdade do réu
usar peça autônoma ou não. O mais prático na sua peça, é que você ofereça desde logo com a
defesa abrindo um tópico como preliminar.
Veja no modelo abaixo:

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7. Direito Material: Prescrição e Decadência para Revisão e para Auxi-


liar na Resolução de Provas Subjetivas

O conceito de decadência veio do direito civil e tem como sinônimo a caducidade. GODINHO
(2019;291) conceitua:

A decadência (também chamada caducidade) conceitua-se como a perda da possibilidade de obter


uma vantagem jurídica e garanti-la judicialmente em face do não exercício oportuno da correspon-
dente faculdade de obtenção.

Com a decadência, observa-se a perda do direito em si, em que a decadência extingue o


próprio direito. Os objetos da decadência são direitos potestativos, na medida em que facul-
tam ao agente exercer ou não o direito de ação.
Também na decadência, tanto o direito de ação nasce como se extingue a ao mesmo tempo.
A decadência pode ser legal ou convencional (pelas partes). No caso da decadência legal, aquela
estabelecida pela lei, o juiz pode decretar de ofício ou mediante provocação das partes ou do MPT.
Vamos ver o Código Civil tratando sobre a decadência porque se aplica no direito do trabalho:

Art. 207. Salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à decadência as normas que impe-
dem, suspendem ou interrompem a prescrição.
Art. 208. Aplica-se à decadência o disposto nos arts. 195 e 198, inciso I.
Art. 209. É nula a renúncia à decadência fixada em lei.
Art. 210. Deve o juiz, de ofício, conhecer da decadência, quando estabelecida por lei.
Art. 211. Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá-la em qualquer
grau de jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação.

Não há situações que suspendem ou interrompem a prescrição. Em regra, não existe prazo
decadencial previsto para o exercício dos direitos trabalhistas. Somente algumas hipóteses são
previstas e cobradas em prova, como por exemplo:
a) o prazo para interposição do inquérito para a apuração da falta grave; b)situação de prazo
para inquérito de servidor estável;
c)caso de inquérito para abandono de emprego;
d)opção retroativa do FGTS em detrimento da estabilidade decenal (de dez anos);
e)os prazos de PDV (Plano de Demissão Voluntária) previstos nos acordos e convenções cole-
tivas de trabalho.
São apenas situações exemplificativas mais cobradas em concurso. Não é exaustivo o rol aci-
ma. A situação do artigo 853 da CLT que diz acerca do inquérito pela apuração da falta grave:

Art. 853 – Para a instauração do inquérito para apuração de falta grave contra empregado garantido
com estabilidade, o empregador apresentará reclamação por escrito à Junta ou Juízo de Direito,
dentro de 30 (trinta) dias, contados da data da suspensão do empregado.

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As hipóteses de decadência podem existir tanto por imperativo legal como podem surgir me-
diante negociação coletiva. Lembra-se do que falamos sobre fontes autônomas e heterônomas.
Logo, os prazos decadenciais podem surgir por fontes autônomas e heterônomas.
Ainda se destacam as seguintes súmulas do STF e do TST para fins de verificação das hipóte-
ses de decadência, do qual destacam-se:

JURISPRUDÊNCIA
Súmula 403 do STF:É de decadência o prazo de trinta dias para instauração do inquérito
judicial, a contar da suspensão, por falta grave, de empregado estável.
Súmula 62 do TST: ABANDONO DE EMPREGO. O prazo de decadência do direito do empre-
gador de ajuizar inquérito em face do empregado que incorre em abandono de emprego
é contado a partir do momento em que o empregado pretendeu seu retorno ao serviço.

Diante disso, os regulamentos e convenções coletivas, bem como os acordos coletivos podem
prever prazos decadenciais em seus instrumentos.

O PULO DO GATO
A decadência se aplica ao direito do trabalho e podem ser legais (previstas em lei) ou conven-
cionais (negociação coletiva, regulamentos empresariais etc.). Então, a decadência pode sur-
gir de fontes autônomas ou heterônomas. Existem no ordenamento prazos decadenciais. Não
há previsão de causas suspensivas, impedimentos e interruptivas de prescrição.

A prescrição tem algumas diferenças da decadência. Observa-se que a prescrição é a per-


da da exigibilidade judicial de um direito, com, por exemplo: o direito de ação. Vamos relembrar
o importante dispositivo da Constituição Federal de 1988 cobrado nas provas: artigo 7, inciso
XXIX – ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescri-
cional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a
extinção do contrato de trabalho.
Isso significa que o trabalhador tem o prazo de dois anos para ajuizar a demanda quando
extingue o contrato de trabalho. E somente pode cobrar os últimos cinco anos, contados do
ajuizamento da demanda.
São, portanto, dois prazos prescricionais: bienal (2 anos após a extinção do contrato de
trabalho) e quinquenal (os cinco últimos anos a partir do ajuizamento da ação). O Código Civil
também trata da matéria do qual transcrevo aqui para você ter uma visão geral:

Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos
prazos a que aludem os arts. 205 e 206.
Art. 190. A exceção prescreve no mesmo prazo em que a pretensão.

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Art. 191. A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem prejuízo
de terceiro, depois que a prescrição se consumar; tácita é a renúncia quando se presume de fatos
do interessado, incompatíveis com a prescrição.
Art. 192. Os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes.
Art. 193. A prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem aproveita.
Art. 194. (Revogado pela Lei n. 11.280, de 2006)
Art. 195. Os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm ação contra os seus assistentes ou
representantes legais, que derem causa à prescrição, ou não a alegarem oportunamente.
Art. 196. A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor.

A prescrição tem causas de IMPEDIMENTO, ou seja, quando nem se inicia a contagem do pra-
zo prescricional. Em casos de menores de 18 anos não corre a prescrição, nem sequer se inicia.
Isso está expresso na CLT, no artigo 440. Logo, não se inicia a prescrição quando o trabalhador
for menor de 18 anos. Essa é a mais importante: impedimento é quando nem começa a iniciar a
prescrição As causas impeditivas previstas no Código Civil são aplicadas ao direito do trabalho:

Art. 198. Também não corre a prescrição:


I – contra os incapazes de que trata o art. 3º
II – contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios;
III – contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra.
Art. 199. Não corre igualmente a prescrição:
I – pendendo condição suspensiva;
II – não estando vencido o prazo;
III – pendendo ação de evicção.

O PULO DO GATO
Não se inicia a prescrição quando o trabalhador for menor de 18 anos. Exemplo: Porfírio tinha
15 anos quando deixou de trabalhar como empregado doméstico. No entanto, não se inicia a
prescrição bienal (2 anos) e a quinquenal (5 anos) não começam a contar até ele completar 18
anos. A partir de 18 anos, começa a contar os 2 anos. Dispõe o artigo 440 da CLT: Contra os
menores de 18 (dezoito) anos não corre nenhum prazo de prescrição.

Nas causas de interrupção, só pode acontecer uma única vez, na medida em que os prazos
são “zerados”, razão pela qual o prazo recomeça do zero. Nesse sentido, destaca-se a posição
de GODINHO (2019;298):

As causas interruptivas atuam sobre o curso prescricional com efeito mais amplo do que o caracte-
rístico da suspensão. A interrupção susta a contagem do prazo prescricional já iniciada, eliminando
inclusive o prazo prescricional em fluência (respeitada a prescrição já consumada). Ou seja: enquan-
to na suspensão o prazo transcorrido é preservado (retornando-se a contagem sustada após o de-
saparecimento da causa suspensiva), na interrupção verifica-se a eliminação do prazo prescricional

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em curso, favorecendo mais largamente o titular do direito. É óbvio, como visto, que o prazo elimina-
do pela interrupção será o prazo em curso (isto é, o prazo legalmente fixado e em andamento), não
se atingindo, pois, a prescrição já consumada (que corresponde ao prazo que já suplantou o lapso
prescricional fixado).

Sobre as causas de interrupção, dispõe o Código Civil:

Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á:
I – por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover
no prazo e na forma da lei processual;
II – por protesto, nas condições do inciso antecedente;
III – por protesto cambial;
IV – pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de credores;
V – por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;
VI – por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito
pelo devedor.
Parágrafo único. A prescrição interrompida recomeça a correr da data do ato que a interrompeu, ou
do último ato do processo para a interromper.

As causas de suspensão não zeram o prazo que já se iniciou. Por exemplo: existia um pra-
zo de dois anos. O prazo começou em seis meses e houve uma causa suspensiva que durou
uns 4 meses, por exemplo. Quando acabar a condição suspensiva, os seis meses que já trans-
correram continuam sendo contabilizados.
É diferente dos prazos de interrupção que zeram os prazos de contagem. Então, no caso que
citei acima, vamos analisar o mesmo exemplo: existia um prazo de dois anos. O prazo começou
em seis meses e houve uma causa interruptiva que durou uns 4 meses, por exemplo. Quando
acabar a condição interruptiva, os seis meses que já transcorreram não serão contabilizados.
Além disso, temos uma situação que DESPENCA nas provas tanto de direito do trabalho
como do processo do trabalho. É o caso da Súmula n. 268 do TST: PRESCRIÇÃO. INTERRUP-
ÇÃO. AÇÃO TRABALHISTA ARQUIVADA: A ação trabalhista, ainda que arquivada, interrompe a
prescrição somente em relação aos pedidos idênticos.

O PULO DO GATO
A ação trabalhista, ainda que arquivada, interrompe a prescrição somente em relação aos pe-
didos idênticos. Então, temos: CAUSA INTERRUPTIVA SOMENTE EM RELAÇÃO AOS PEDIDOS
IDÊNTICOS. Isso vale tanto para processos arquivados como não arquivados.

Outra hipótese que despenca nas provas é a seguinte dica: a interrupção da prescrição
somente ocorrerá pelo ajuizamento de reclamação trabalhista, mesmo que em juízo incompe-
tente, ainda que venha a ser extinta sem resolução do mérito, produzindo efeitos apenas em

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relação aos pedidos idênticos. Veja: a) Apenas pedidos idênticos; b) Juízes competentes ou
não; c) Causa de interrupção.
Uma das causas de suspensão é o artigo 625-G da CLT que trata da suspensão do prazo no
caso de submissão de demanda à Comissão de Conciliação Prévia ou Núcleo Intersindical de
Conciliação Trabalhista. As causas de suspensão da prescrição ocorrem nas seguintes situa-
ções, conforme o Código Civil:

Art. 197. Não corre a prescrição:


I – entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal;
II – entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar;
III – entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou curatela

O PULO DO GATO
Também há uma CAUSA DE SUSPENSÃO muito importante para fins de provas. É o caso de
Conciliação de Comissão Prévia. Nesse sentido, existe o dispositivo da CLT que trata do tema:
Art. 625-G. O prazo prescricional será suspenso a partir da provocação da Comissão de Conci-
liação Prévia, recomeçando a fluir, pelo que lhe resta, a partir da tentativa frustrada de concilia-
ção ou do esgotamento do prazo previsto no art. 625-F.

Duas últimas informações relevantes para as suas provas. Existem dois institutos jurídicos
que você não pode confundir com prescrição: perempção e preclusão. Esses dois últimos ins-
titutos são processuais que veremos nas aulas de Processo do Trabalho, mas acho importante
que você os conheça agora para não confundir com prescrição e decadência.
Perempção significa a perda da possibilidade de propositura de ação judicial pelo prazo de
seis meses (peculiaridade trabalhista), quando der início ao processo e ele for arquivado por
duas vezes, com respeito ao mesmo empregador, nos termos dos artigos 732 e 844 da CLT.
Preclusão significa perda de uma faculdade processual. Nesse sentido, podemos ter pre-
clusão pelo tempo (preclusão temporal), preclusão pelo senso lógico e racional (preclusão lógi-
ca) e preclusão pelo cometimento de ato anterior do ato processual (preclusão consumativa).
Ainda sobre o caso impedimentos da prescrição trabalhista, surge a situação da Actio Nata.
Existe e é aplicável no direito brasileiro. O que é a actio nata? Significa quando nasce o direito de
acionar o Poder Judiciário e reivindicar o direito. Actio nata é o instante em que ocorreu a lesão.
Significa, sobretudo, o nascimento do direito de acionar. Ou seja, qual fenômeno desenca-
deia o surgimento do direito de exigibilidade. Assim, mesmo que o direito seja anterior, razão
pela qual a prescrição somente inicia sua contagem na própria data do diploma (norma) que
instituiu referido direito.

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Defesa e Reconvenção
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Um dos exemplos clássicos da actio nata é o disposto na LC 101/2001 e a OJ do TST de


número 344. Vamos contextualizar junto com a OJ 344. Dispõe a OJ:

JURISPRUDÊNCIA
FGTS. MULTA DE 40%. DIFERENÇAS DECORRENTES DOS EXPURGOS INFLACIONÁRIOS.
PRESCRIÇÃO. TERMO INICIAL. (mantida) O termo inicial do prazo prescricional para o
empregado pleitear em juízo diferenças da multa do FGTS, decorrentes dos expurgos
inflacionários, deu-se com a vigência da Lei Complementar n. 110, em 30.06.01, salvo
comprovado trânsito em julgado de decisão proferida em ação proposta anteriormente
na Justiça Federal, que reconheça o direito à atualização do saldo da conta vinculada.

Nessa OJ, tem-se claramente que o TST firmou o início do direito (a actio nata) para fins de
pleitear a diferença da multa do FGTS decorrente de expurgos inflacionários.
No ano de 2001, a LC 101 passou a existir e fixou o marco para as pessoas pleitearem as
diferenças dos expurgos inflacionários dos recolhimentos de FGTS e das multas de 40%.
Mesmo que os depósitos tenham ocorrido há mais de dez anos, não estava prescrito, pois
a LC 101 fixou quando começava a iniciar o prazo prescricional para pedir as diferenças do
FGTS e da multa dos 40%. Óbvio que quem havia ajuizado demanda antes na Justiça Federal
comum teria outro início de prazo prescricional.
Esse é um exemplo de actio nata, ou seja, quando a lei fixa quando o direito pode ser exigido. Ela
firma o início do prazo prescricional. Ficou claro? O assunto não é muito simples, mas é importante.
Nesse ponto, dispõe o artigo 7, inciso XXIX – ação, quanto aos créditos resultantes das
relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e
rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho. Esses prazos prescri-
cionais previstos na CF/1988 possuem aplicação imediata, nos termos do que está disposto
na Súmula 308 do TST:

JURISPRUDÊNCIA
PRESCRIÇÃO QUINQUENAL
I – Respeitado o biênio subsequente à cessação contratual, a prescrição da ação trabalhista
concerne às pretensões imediatamente anteriores a cinco anos, contados da data do ajuiza-
mento da reclamação e, não, às anteriores ao quinquênio da data da extinção do contrato.
II – A norma constitucional que ampliou o prazo de prescrição da ação trabalhista para 5
(cinco) anos é de aplicação imediata e não atinge pretensões já alcançadas pela prescri-
ção bienal quando da promulgação da CF/1988.

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Na CLT, também existe previsão da prescrição no contrato de trabalho:

Art. 11. A pretensão quanto a créditos resultantes das relações de trabalho prescreve em cinco
anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato
de trabalho. § 1º O disposto neste artigo não se aplica às ações que tenham por objeto anotações
para fins de prova junto à Previdência Social.
§ 2º Tratando-se de pretensão que envolva pedido de prestações sucessivas decorrente de altera-
ção ou descumprimento do pactuado, a prescrição é total, exceto quando o direito à parcela esteja
também assegurado por preceito de lei.

Não incide prazo prescricional quando se trata de pedido declaratório, como, por exemplo, pe-
dido de reconhecimento de vínculo de emprego e efeitos de anotações na CTPS do trabalhador.

O PULO DO GATO
Os prazos prescricionais não se aplicam às ações que tenham por objeto anotações para fins
de prova junto à Previdência Social, bem como pedidos declaratórios.

A Emenda Constitucional 28/2000 unificou os prazos prescricionais entre os trabalhado-


res urbanos e rurais. Tudo isso em nome do princípio da isonomia que deve nortear o mesmo
tratamento jurídico.
O artigo 7, caput, da CF/1988 tratou da equiparação entre trabalhadores urbanos e rurais,
inclusive, quanto ao prazo de prescrição: Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais,
além de outros que visem à melhoria de sua condição social: (…) XXIX – ação, quanto aos crédi-
tos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalha-
dores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho.
Os mesmos raciocínios desenvolvidos para a prescrição dos contratos urbanos aplicam-se
aos rurais. Houve uma unificação dos prazos entre os trabalhadores urbanos e rurais.
Acerca da Prescrição nos Contratos Domésticos, há destaque para a LEI COMPLEMENTAR
150/2015. A CF/1988 não tratou da prescrição dos domésticos. Analisando o parágrafo único
do artigo 7 não prevê qualquer menção à prescrição dos empregados domésticos.
A LC 150/2015 definiu domésticos como sendo, nos termos do artigo 1, aquele que presta
serviços de forma contínua, subordinada, onerosa e pessoal e de finalidade não lucrativa à pes-
soa ou à família, no âmbito residencial destas, por mais de 2 (dois) dias por semana, aplica-se
o disposto nesta Lei.
Acerca da prescrição, a LC 150/2015 aduziu: Art. 43. O direito de ação quanto a créditos
resultantes das relações de trabalho prescreve em 5 (cinco) anos até o limite de 2 (dois) anos
após a extinção do contrato de trabalho.

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Antes da LC 150, questionava-se qual prazo deveria ser aplicado para fins de prescrição.
Muitas teorias doutrinárias surgiram, prevalecendo a que equiparava aos trabalhadores urba-
nos, conforme a prescrição bienal e quinquenal.
No que tange à prescrição do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, o FGTS é um direito
trabalhista previsto na Lei n. 8.036/1990 (Regulamento do FGTS), em que o empregador preci-
sa fazer recolhimentos mensais em favor do trabalhador numa conta vinculada junto à Caixa
Econômica Federal. Assemelha-se uma poupança forçada.
Qual o prazo para pleitear os recolhimentos de FGTS? Qual o prazo prescricional? Além dis-
so, aplica-se ao FGTS a regra geral da CF/1988 no que se refere ao prazo bienal e quinquenal
ou existe um prazo diferenciado? Existia uma posição sumulada no TST no sentido de que a
prescrição do FGTS era de 30 anos (trintenária). Na verdade, o trabalhador tinha que obedecer
à prescrição bienal, no entanto, não se limitava aos últimos cinco anos. O trabalhador poderia
requerer o pagamento dos últimos 30 anos.
Calma! Isso foi até a decisão do STF de 2014 que passo a analisar com você agora. O STF,
em 13/11/2104, fez um importante julgamento no ARE 709.212-DF, em que declarou incons-
titucional o prazo trintenário do artigo 23, §5 da Lei n. 8.036/1990. Em suma, para o STF é
inconstitucional manter um prazo de prescrição de 30 anos. Foi um julgamento polêmico.
Para a prova, prevalece a posição do Supremo Tribunal Federal em que a prescrição para
o FGTS se submete às regras de prescrição bienal e quinquenal. Nesse sentido, fica esperto!
PRESCRIÇÃO QUINQUENAL E BIENAL! ACABOU A PRESCRIÇÃO TRINTENÁRIA!
Mas disso, surge uma pergunta: e que tinha ação antes da data do julgamento do STF?
Perdeu a prescrição trintenária? Ou se aplica imediatamente os últimos 05 anos do STF?
O STF também tratou dessa situação, afirmando que os efeitos seriam “EX NUNC”, ou seja,
para o futuro, para quem ajuizasse demanda a partir da data do julgamento. Os efeitos da de-
cisão só atingem os processos ajuizados após a data do julgamento (13.11.2014).
Para não ter maiores dúvidas, o TST possui o entendimento para os casos em que a ciência
da lesão acerca do FGTS ocorreu a partir de 13.11.2014, é de 05 (cinco anos) a prescrição do di-
reito de reclamar contra o não recebimento dos valores do FGTS, observada a prescrição bienal.
Ou seja, o STF e o TST já possuem um ponto pacífico na matéria. Guarde essa data para o
FGTS: 13/11/2014

O PULO DO GATO
O marco de prescrição do FGTS é a data do julgamento do STF da data de 13.11.2014. Em
processos antes dessa data, a prescrição do FGTS é trintenária. A partir do julgamento, a pres-
crição é quinquenal. Em todas as situações, usa-se a prescrição bienal.

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No caso de ações meramente declaratórias, como anotação do contrato de trabalho na


CTPS, não há prescrição. Assim, pode-se a qualquer tempo, fazer pleito em relação ao pedido
do reconhecimento do vínculo.
O que foi explicado anteriormente se refere somente aos pedidos condenatórios como as par-
celas patrimoniais. Quando se trata de pedido apenas de reconhecimento do vínculo, mas sem
cobranças de outros direitos, aplica-se esse entendimento, ou seja, de ser pedido imprescritível.
Tanto isso é verdade que a súmula 64 do TST foi cancelada. Nesse ponto, a súmula apenas
dizia que para fins de anotação haveria o prazo prescricional de cinco anos. Porém, o TST can-
celou a súmula, levando ao entendimento de que NÃO HÁ PRESCRIÇÃO NAS ANOTAÇÕES DA
CTPS DO TRABALHADOR E NEM EM PEDIDOS DECLARATÓRIOS.
No que tange ao termo Inicial de Contagem da Prescrição, você tem que lembrar do que
falamos da actio nata. Além disso, já foi mencionado o teor do artigo 7 da CF/1988 e o artigo
11 da CLT. É preciso destacar mais algumas peculiaridades importantes para o concurso.
Primeiro, temos a situação das parcelas mencionadas na sentença normativa. Nesse caso,
observa-se que a sentença normativa resolve um dissídio coletivo. Essa matéria de sentença
normativa será estudada quando tratarmos dos direitos coletivos.
Mas perceba que é importante abordá-la em decorrência do assunto da prescrição. O gran-
de questionamento da banca será exatamente como se inicia o prazo de prescrição das obri-
gações firmadas na sentença normativa, feita pelo TRT ou TST em dissídio coletivo, como, por
exemplo, em greve.
Nos casos de sentença normativa, o prazo da prescrição com relação à ação de cumpri-
mento ou não de decisão normativa começa apenas a partir do trânsito em julgado. Isso está
expresso na Súmula 350 do TST. Veja comigo:

JURISPRUDÊNCIA
PRESCRIÇÃO. TERMO INICIAL. AÇÃO DE CUMPRIMENTO. SENTENÇA NORMATIVA.
O prazo de prescrição com relação à ação de cumprimento de decisão normativa flui
apenas da data de seu trânsito em julgado.

Outro assunto muito cobrado nas provas é qual o início do prazo prescricional no caso de
complementação de aposentadoria. Vamos explica: alguns empregadores possuem, por nego-
ciação coletiva, auxiliar, financeiramente, seus funcionários, colaboradores mediante plano de
previdência privada.
Isso acontece muito com funcionários de bancos, Petrobrás etc. No caso, firmou que de-
vem obedecer à prescrição bienal para fins de ajuizamento da demanda e, ainda, da cobrança

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restrita aos últimos cinco anos. Diante de tantas demandas judiciais e questionamentos, o TST
resolveu solucionar o problema, mediante a edição de súmulas 326 e 327 a seguir transcritas:

JURISPRUDÊNCIA
Súmula n. 326 do TST
COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA. PRESCRIÇÃO TOTAL. A pretensão à comple-
mentação de aposentadoria jamais recebida prescreve em 2 (dois) anos contados da
cessação do contrato de trabalho.
Súmula n. 327 do TST
COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA. DIFERENÇAS. PRESCRIÇÃO PARCIAL (nova reda-
ção). A pretensão a diferenças de complementação de aposentadoria sujeita-se à prescrição
parcial e quinquenal, salvo se o pretenso direito decorrer de verbas não recebidas no curso da
relação de emprego e já alcançadas pela prescrição, à época da propositura da ação.

A prescrição pode ser parcial ou total. Questão essencial para as provas é conhecer a
distinção entre prescrição parcial e total. A prescrição parcial ocorre quando existe, ainda, a
possibilidade de cobrança. Trata-se de prescrição parcial.
No caso da prescrição total, fulmina-se o direito por completo. Estamos tratando de pres-
crições sucessivas.
O TST vem entendendo que, quando se trata de prestações continuadas, sucessivas, se o
direito que vem sendo pedido é previsto por preceito legal, existe a prescrição quinquenal su-
cessiva. Se o pedido não é de preceito legal, fulmina completamente. Para desenvolver melhor
esse assunto, vou fazer uma tabela para que você visualize a matéria, após ler os termos da
Súmula 294 do TST: Súmula n. 294 do TST:

JURISPRUDÊNCIA
PRESCRIÇÃO. ALTERAÇÃO CONTRATUAL. TRABALHADOR URBANO Tratando-se de ação
que envolva pedido de prestações sucessivas decorrente de alteração do pactuado, a prescri-
ção é total, exceto quando o direito à parcela esteja também assegurado por preceito de lei.

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Prescrição parcial Prescrição total

Quando a parcela pretendida é um


preceito legal e se tratando de prestações
Quando a parcela pretendida não é
sucessivas decorrentes da alteração do
preceito legal e se tratando de prestações
pactuado.
sucessivas decorrentes da alteração do
Será possível cobrar ainda algumas
pactuado.
parcelas nas prestações sucessivas.
Não é preceito legal: previstos em
Preceito legal: proveniente da lei, da
acordos, regulamento empresarial,
CF/1988.
contrato, atos unilaterais do empregador.
Ex.: FGTS, férias, 13º salário, equiparação
Não se torna possível a cobrança das
salarial, diferenças do desvio de função,
prestações sucessivas.
salários.
Ex.: Abonos, gratificações ajustadas,
Na prescrição parcial, conta-se o
prêmios.
vencimento de cada prestação periódica
do direito protegido por lei.
No que se refere à negociação coletiva, a jurisprudência mais favorável do TST entende
que tratam de preceitos legais, conferindo uma abrangência ampla no que se refere à ideia de
preceito legal.

O PULO DO GATO
Tratando-se de ação que envolva pedido de prestações sucessivas decorrente de alteração do
pactuado, a prescrição é total, exceto quando o direito à parcela esteja também assegurado
por preceito de lei.

O PULO DO GATO
Respeitado o biênio subsequente à cessação contratual, a prescrição da ação trabalhista
concerne às pretensões imediatamente anteriores aos cinco anos, contados da data do ajui-
zamento da reclamação e, não, às anteriores ao quinquênio da data da extinção do contrato.

Sobre a prescrição de danos morais, existe previsão expressa no Código Civil acerca do
prazo de 3 anos, conforme o artigo 206,§3, V do CC.
Em um primeiro momento, foi determinado que se cumprisse esse prazo. Ocorre que o en-
tendimento relativamente recente é que os prazos prescricionais para danos morais, materiais
e estéticos no ambiente de trabalho é de cinco anos. Isso a partir da Emenda Constitucional n.
45, datada de 31/12/2004 – A emenda da Reforma do Judiciário.
RESUMO: PRAZO DE CINCO ANOS para as ações de danos morais, materiais e estéticos de-
correntes da relação de emprego, SEGUINDO AS REGRAS DO ARTIGO 7 DA CF/1988 E DA CLT.

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A Reforma Trabalhista de 2017 trouxe a possibilidade da prescrição intercorrente, no curso


da ação. Nesse sentido, é o artigo Art. 11-A da CLT que dispõe:

Ocorre a prescrição intercorrente no processo do trabalho no prazo de dois anos.


§ 1º A fluência do prazo prescricional intercorrente inicia-se quando o exequente deixa de cumprir
determinação judicial no curso da execução.
§ 2º A declaração da prescrição intercorrente pode ser requerida ou declarada de ofício em qualquer
grau de jurisdição.

O que é a prescrição intercorrente? É aquela perda da pretensão a direito no curso do pro-


cesso, em razão da inércia do titular dessa pretensão durante determinado prazo. No entanto,
isso ocorre na fase de execução trabalhista. Isso é mais aprofundado na matéria de processo
do trabalho, mas é fundamental que você conheça essa possibilidade.
O dispositivo acima ainda permite que o juiz de ofício (sem ser provocado) declare a pres-
crição intercorrente na fase executiva. O efeito prático disso é a diminuição da quantidade de
processos existentes em que se ganhava “na sentença”, mas não “levava”, haja vista que não
se encontram bens dos devedores para pagamentos das dívidas trabalhistas.
A Súmula 327 do STF admitia a prescrição intercorrente no processo do trabalho e no direi-
to do trabalho antes mesmo da Reforma Trabalhista de 2017.

8. Resolução de Questões da Prova de 2020 (Exame XXI)


001. Carlos trabalha abastecendo veículos em um posto de gasolina. A norma coletiva de sua
categoria, assim como o regulamento interno da empresa empregadora, preveem que o pa-
gamento realizado por clientes por meio de cheques não é recomendável, mas, se isso for
inevitável, o funcionário deverá anotar a placa do veículo, o número de telefone e a identidade
do cliente. Ocorre que, em determinado dia, com o posto lotado, Carlos não procedeu dessa
forma e abasteceu dois veículos de uma mesma família. Entretanto, o cheque utilizado para
pagamento não tinha suficiência de fundos, razão pela qual o empregador descontou os valo-
res, de forma parcelada, do salário de Carlos. Carlos ajuizou ação trabalhista pelo rito ordiná-
rio, cobrando os valores descontados. A ação foi julgada improcedente em primeira instância,
mas, em grau de recurso, a decisão foi reformada e o pedido julgado procedente. Admitindo-se
que a última decisão não tenha qualquer vício formal, responda aos itens a seguir.
a) Na tentativa de restabelecer a decisão originária e manter a validade dos descontos, que
medida jurídica você deverá adotar? (Valor: 0,65)
b) Na hipótese, que tese jurídica você, como advogado(a) da empresa, deve sustentar acerca
dos descontos salariais? (Valor: 0,60)

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SUGESTÃO DE RESPOSTA:
a) Na elaboração deve responder, primeiramente, acerca dos recursos cabíveis na Justiça do
Trabalho, relacionado ao processo do trabalho. Com isso, essa introdução levará o examina-
dor a perceber que você conhece o teor dos recursos cabíveis e as situações. Ao fim dessa
introdução, deverá responder que, no caso da questão, será interposto recurso de revista, nos
termos do Art. 896 da CLT.
b) Quando responder, deve posicionar sobre a possibilidade de descontos salariais, enfatizan-
do que há situações expressas sobre tal condição nos holerites pelo empregador. Na sequên-
cia, você deverá sustentará que o desconto é lícito, nos termos da OJ 251 da SDI I, do TST, e/
ou do Art. 7º, inciso XXVI da CRFB, uma vez que houve culpa do empregado ao não observar
os comandos da norma coletiva.

002. Érica é empregada da sociedade empresária Laticínios Leite Bom Ltda., na qual exerce a
função de auxiliar de estoque e recebe a importância correspondente a 1,5 salário-mínimo por
mês. Desejando tornar-se microempreendedora individual para realizar venda de bolos e tortas
por conta própria, Érica pediu demissão e começou a fazer cursos de confeitaria. Ocorre que,
30 dias após, Érica descobriu que estava grávida e, pelo laudo de ultrassonografia, verificou
que já estava grávida antes mesmo de seu desligamento. Então, Érica ajuizou, de imediato,
reclamação trabalhista pleiteando sua reintegração ao emprego, em razão da estabilidade, in-
clusive com pedido de tutela provisória. Considerando a situação de fato e o que dispõe a CLT,
responda às indagações a seguir.
a) Caso você fosse contratado pela sociedade empresária, que tese jurídica apresentaria na
defesa contra o pedido de reintegração? (Valor: 0,65)
b) Caso Érica viesse a ser vencedora na causa e abandonasse o processo na fase de exe-
cução por 25 meses, mesmo tendo sido intimada pelo juízo a manifestar-se nos autos, que
tese você, como advogado(a) da sociedade empresária, apresentaria em favor do seu cliente?
(Valor: 0,60)

SUGESTÃO DE RESPOSTA:
a
 ) Na elaboração da questão, deve dizer sobre a previsão da garantia provisória no emprego e
afirmar que tal garantia não é absoluta, servindo para fins de proteção do nascituro. No entan-
to, essa proteção tem limites, podendo haver dispensa da obreira por justa causa, com pedido
de demissão (renúncia do direito pela empregadora por diversos motivos, sem configuração de
qualquer vício de consentimento) e, ainda, no caso de culpa recíproca. O que não pode ocorrer é
situação de dispensa sem justa causa. A tese a ser apresentada é a de que não houve dispensa

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sem justa causa, que é o ato do empregador vedado no caso da gravidez, mas, sim, pedido de
demissão, que não encontra óbice no Art. 10, inciso II, alínea b, do ADCT.
b) Na elaboração da resposta, deve fazer uma alusão rápida sobre a prescrição no processo
do trabalho e sobre a polêmica que existia antes da Reforma Trabalhista, sendo que o tema
passou a ser pacificado com a Reforma, ocasião em que se admite a prescrição intercorrente.
Com isso, na defesa dos interesses da empresa deverá ser suscitada a prescrição intercorren-
te, pois o processo ficou paralisado por mais de 2 anos, na forma do Art. 11-A da CLT.

003. Reginaldo trabalha como operador de telemarketing atendendo no número de telefo-


ne do Serviço de Atendimento ao Cliente (SAC) de seu empregador, tendo sido admitido em
22/03/2018. Uma vez que Reginaldo trabalha apenas com recepção de ligação telefônica, o
empregador determinou, desde o início do contrato, que Reginaldo trabalhasse em seu próprio
domicílio, local onde o empregador instalou uma pequena central para a recepção dos telefo-
nemas, bem como um computador para que Reginaldo pudesse registrar, no sistema da em-
presa, as reclamações e sugestões dos clientes. Em janeiro de 2020, Reginaldo pediu demis-
são. Diante da narrativa apresentada e dos termos da CLT, responda às indagações a seguir.
a) Se Reginaldo ajuizasse reclamação trabalhista logo após a ruptura contratual, postulando horas
extras, alegando que trabalhava 10 horas diárias sem intervalo, que tese jurídica de mérito você,
como advogado(a) da empresa, apresentaria em favor da reclamada? Justifique. (Valor: 0,65)
b) Caso você fosse contratado como advogado(a) por Reginaldo e o pedido de horas extras
tivesse sido julgado totalmente improcedente, com imposição de custas e honorários advoca-
tícios, sem que o juiz tivesse apreciado o pedido de gratuidade de justiça formulado na inicial,
que medida você adotaria para sanar a omissão? Justifique. (Valor: 0,60)

SUGESTÃO DE RESPOSTA:
a
 ) Aqui você pode trazer ao examinar um resumo da questão do teletrabalho. A tese a ser apre-
sentada é a de que o teletrabalhador está excluído do limite de jornada e, consequentemente, não
tem direito ao pagamento de horas extras, conforme previsão contida no Art. 62, inciso III, da CLT.
b) Diante da omissão do juiz na apreciação do pedido de gratuidade de justiça, a medida a ser
adotada seria a oposição de embargos de declaração para supri-la, na forma do Art. 897-A da CLT.

004. Roberto trabalhava em uma indústria de cigarros. Além do salário mensal, recebia cerca
de 50 pacotes de cigarros variados por mês. Ao ser dispensado, Roberto ajuizou reclamação
trabalhista pleiteando a integração do valor dos cigarros à sua remuneração, para todos os
efeitos. No dia e na hora designados para a audiência, o reclamante estava presente e assisti-
do; já o preposto não compareceu, e apenas o advogado da ré estava presente. É certo que a
procuração, a defesa e os documentos já estavam nos autos. O advogado do autor requereu a

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revelia e a exclusão da contestação e dos documentos do processo. Diante do enunciado, na


qualidade de advogado da ré, responda aos itens a seguir.
a) O que você deverá alegar acerca do requerimento formulado por seu ex adverso sobre a
defesa e os documentos? Fundamente. (Valor: 0,65)
b) O que você deverá alegar na defesa da sua cliente quanto ao pedido de integração do valor
da utilidade fornecida? Fundamente. (Valor: 0,60)

SUGESTÃO DE RESPOSTA:
a) Deverá ser alegado que a contestação e os documentos deverão ser aceitos mesmo na au-
sência do preposto, nos termos do Art. 844, § 5º, da CLT. Informar que houve alteração desse
procedimento com a Reforma Trabalhista.
b) Na elaboração da resposta, deve fazer menção sobre o salário utilidade e a tratativa do tema
na CLT. Deverá alegar que dada a nocividade à saúde, o cigarro não constitui salário utilidade,
nos termos da Súmula 367, inciso II, do TST. Então, é importante trazer à baila o teor exato da
súmula do TST.

9. Apresentação da Prova de 2021 da OAB (Exame XXXII) sem Gabarito


para Treino e depois Conferência com a Leitura do Material

PEÇA
Érica Grama Verde trabalhou para a sociedade empresária Auditoria Pente Fino S.A. de
29/09/2011 a 07/01/2020, exercendo, desde a admissão, a função de gerente do setor de audi-
toria de médias empresas. Na condição de gerente, Érica comandava 25 auditores, designando
suas atividades junto aos clientes do empregador, bem como fiscalizando e validando as audito-
rias por eles realizadas. Érica recebia salário mensal de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), acrescido
de gratificação de função de R$ 10.000,00 (dez mil reais). Érica pediu demissão, em 07/01/2020,
e ajuizou reclamação trabalhista em 30/01/2020, na qual postulou o pagamento de horas extras,
alegando que trabalhava de segunda-feira a sábado, das 8h às 20h, com intervalo de 1 hora para
refeição, sendo que não marcava folha de ponto. Érica requereu o pagamento da indenização de
40% sobre o FGTS, que não foi depositada na sua conta vinculada, conforme extrato analítico do
FGTS, que juntou com a inicial. Ela afirmou, ainda, que a empresa não efetuou o recolhimento do
INSS nos anos de 2018 e 2019, fazendo comprovação disso por meio do seu Cadastro Nacional
de Informações Sociais (CNIS), juntado com a petição inicial, no qual se constata que, nos anos
citados, não houve recolhimento previdenciário, pelo que requereu que a empresa fosse conde-
nada a regularizar a situação. Érica explicou e comprovou com os contracheques que, a partir de
2018, passou a receber prêmios em pecúnia, em valores variados, pelo que requereu a integração
do valor desses prêmios à sua remuneração, com reflexos nas demais verbas salariais e resci-
sórias, inclusive FGTS, e o pagamento das diferenças daí decorrentes. Érica informou que, desde

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o início de seu contrato, realizava as mesmas atividades que Silvana Céu Azul, outra gerente do
setor de auditoria de médias empresas, admitida na Auditoria Pente Fino S.A. em 15/01/2009, já
na função de gerente, mas que ganhava salário 10% superior ao da reclamante, conforme con-
tracheques que foram juntados com a petição inicial e evidenciam o salário superior da modelo.
Uma vez que as atividades de Érica eram desenvolvidas em prédio da sociedade empresária lo-
calizado ao lado de uma comunidade muito violenta, tendo a empregada ouvido diversas vezes
disparos de arma de fogo e assistido, da janela de sua sala de trabalho, a várias operações poli-
ciais que combatiam o tráfico de drogas no local, requereu o pagamento de adicional de pericu-
losidade. Por fim, Érica requereu o pagamento de honorários advocatícios de 20% sobre o valor
da condenação, conforme o Art. 85, § 2º, do CPC. Diante da situação, você, como advogado(a)
da sociedade empresária, deve elaborar a peça processual adequada à defesa dos interesses de
seu cliente, sabendo que a demanda foi proposta perante a 200ª Vara do Trabalho de São Paulo
sob o número 0101010-50.2020.5.02.0200. (Valor: 5,00).

001.
Jéssica trabalha como operadora de telemarketing em uma sociedade empresária, oferecendo
vários produtos, por telefone (seguro de vida, seguro saúde e plano de capitalização, entre ou-
tros). A empregadora de Jéssica propôs que ela trabalhasse de sua residência, a partir de feve-
reiro de 2018, o que foi aceito. Então, a sociedade empresária montou a estrutura de um home
office na casa de Jéssica, e o trabalho passou a ser feito do próprio domicílio da empregada.
Passados 7 (sete) meses, a sociedade empresária convocou Jéssica para voltar a trabalhar na
sede, a partir do mês seguinte, concedendo prazo de 30 (trinta) dias para as adaptações neces-
sárias. A empregada não concordou, argumentando que já havia se acostumado ao conforto e
à segurança de trabalhar em casa, além de, nessa situação, poder dar mais atenção aos dois
filhos menores. Ela ponderou que, para que a situação voltasse a ser como antes, seria neces-
sário haver consenso, mas que, no seu caso, não concordava com esse retrocesso. Diante da
situação retratada e dos ditames da CLT, responda aos itens a seguir.
a) Analise se a empregada tem razão em negar-se a voltar a trabalhar fisicamente nas depen-
dências da sociedade empresária. Justifique. (Valor: 0,65)
b) Se Jéssica ajuizasse ação postulando horas extras no período em que atuou em seu domicílio,
que tese você, contratado(a) pela sociedade empresária, sustentaria? Justifique. (Valor: 0,60)

002.
A sociedade empresária Madeiras de Lei Ltda. contratou você, como advogado(a), para defen-
dê-la em uma reclamação trabalhista proposta pelo ex-empregado Roberto. Após devidamente
contestada e instruída a demanda, a sentença foi prolatada, julgando o pedido procedente em
parte. A sociedade empresária pretende recorrer da sentença porque acha que nada deve ao
ex-empregado e questiona o valor dos custos desse recurso. Cientificada por você do valor das
custas e do depósito recursal, a sociedade empresária diz que está acumulando capital para

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abrir novas filiais e ampliar sua rede, de modo que, no momento, em razão de suas prioridades
internas, só tem valor disponível para as custas. Considerando a narrativa dos fatos e os ter-
mos da CLT, responda às indagações a seguir.
a) Indique a alternativa jurídica que viabilizaria a interposição do recurso ordinário sem a neces-
sidade de a sociedade empresária desembolsar o numerário do depósito recursal, consideran-
do que, pela narrativa, ela não é beneficiária de gratuidade de justiça. Justifique. (Valor: 0,65)
b) Se a sociedade empresária tivesse a recuperação judicial deferida pela Justiça Comum
antes da sentença, como ficaria a questão do depósito recursal para fins de interposição do
recurso ordinário por ela desejado? Justifique. (Valor: 0,60)

003.
Rezende, contratado em 05/04/2019 como cozinheiro no restaurante Paladar Supremo Ltda., tra-
balhava de segunda à sexta-feira, das 16h às 00h, sem intervalo. Em 04/09/2019, Rezende foi dis-
pensado sem justa causa e ajuizou reclamação trabalhista postulando o pagamento de 1 hora
diária com adicional de 50%, em razão do intervalo para refeição não concedido, além da integra-
ção dessa hora com adicional de 50% ao 13º salário, às férias, ao FGTS e ao repouso semanal re-
munerado. Considerando a situação apresentada e os termos da CLT, responda aos itens a seguir.
a) Caso você fosse contratado pela empresa, que reconhece não ter concedido o intervalo para
refeição, que tese jurídica você poderia advogar em defesa dos interesses da reclamada para
reduzir eventual condenação? (Valor: 0,65)
b) Caso a reclamação trabalhista proposta por Rezende não identificasse nenhum valor, mas
apenas a indicação dos direitos que ele postulava, que preliminar você advogaria em favor da
empresa? (Valor: 0,60)

004.
Clotilde foi contratada, em 10/12/2019, pela sociedade empresária Viação Pontual Ltda., a títu-
lo de experiência, por 45 dias, recebendo o valor correspondente a 1,5 salário-mínimo por mês.
Passado o prazo de 45 dias e não tendo Clotilde mostrado um bom desempenho no serviço, a
empregadora resolveu não dar prosseguimento ao contrato, que foi extinto no seu termo final.
Ocorre que o ex-empregador não pagou à Clotilde as verbas relativas ao rompimento contratu-
al, o que a levou a ajuizar reclamação trabalhista pedindo justamente essas verbas, que foram
liquidadas na inicial e alcançaram o valor de R$ 4.000,00 (quatro mil reais). Na sentença, e se-
guindo os pedidos formulados, considerando, ainda, que a sociedade empresária reconheceu
que não pagou qualquer verba por estar em dificuldades financeiras, o juiz julgou procedente
o pedido e condenou a sociedade empresária ao pagamento de aviso prévio, 13º salário pro-
porcional, férias proporcionais acrescidas de 1/3, saldo salarial de 15 dias e honorários advo-
catícios de 10% sobre o valor da execução, conforme rol de pedidos formulados na demanda.
Diante da narrativa apresentada e dos termos da CLT, responda às indagações a seguir.

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a) Caso você fosse contratado(a) pela sociedade empresária, que tese de mérito apresentaria
no recurso ordinário em relação ao objeto da condenação para tentar reduzi-lo? Justifique.
(Valor: 0,65)
b) Caso fosse necessário, quantas testemunhas, no máximo, a sociedade empresária poderia
conduzir à audiência na reclamação trabalhista de Clotilde? Justifique. (Valor: 0,60)

10. Apresentação das Questões da Prova de 2021.2 da OAB sem Gaba-


rito para Treino e depois Conferência com a Leitura do Material

001. Flávio era auxiliar de limpeza em uma empresa terceirizada, trabalhando no aeroporto
internacional da cidade. Ele era encarregado da limpeza de 5 banheiros, sendo que cada um
deles deveria ser limpo pelo menos 4 vezes no turno de cada empregado, em razão do inten-
so uso pela grande circulação de passageiros. Logo após ter sido dispensado, Flávio ajuizou
reclamação trabalhista postulando adicional de insalubridade. Em defesa, a empresa reconhe-
ceu que o número de banheiros sob a responsabilidade de Flávio e a quantidade de vezes que
eles deveriam ser limpos estava corretamente informado na petição inicial, mas negou o direi-
to ao adicional desejado por não haver agente agressor à saúde do empregado. Em audiência,
as partes declararam expressamente que não teriam outras provas a produzir, o que foi acata-
do pelo juiz, que encerrou a instrução processual e concedeu, a pedido dos advogados, prazo
para razões finais escritas (memoriais). Nesse interregno, o(a) advogado(a) de Flávio faleceu e
você, como advogado(a), foi procurado(a) para assumir a causa. Diante da situação retratada,
dos ditames da CLT e do entendimento consolidado pelo TST, responda aos itens a seguir.
a) Para o deferimento do adicional postulado por Flávio, e já nas razões finais escritas, que
argumento jurídico você apresentaria? (Valor: 0,65).
b) Alguma entidade privada poderia ajuizar ação como substituto processual, com efetiva
chance de sucesso, para postular o adicional de insalubridade em favor de todos os auxiliares
de limpeza que trabalham no aeroporto? Indique-a, se for o caso. (Valor: 0,60).

a) Nos memoriais escritos, deve ser enfatizada a incidência da Súmula n. 448 do TST, desta-
cando-se que a higienização de instalações sanitárias de uso público ou coletivo de grande
circulação enseja o pagamento de adicional de insalubridade. Pelo contexto de labor do recla-
mante, verifica-se o ambiente insalubre em que ele está inserido, trabalhando em banheiros de
livre acesso ao público e a contingente de pessoas no aeroporto. Inclusive, tendo que fazer a
limpeza por diversas ocasiões diárias, demonstrando-se o contato permanente.
b) Sim. A ação poderia ser ajuizada pelo sindicato de classe dos empregados como substituto
processual, na forma da OJ 121 do TST. Podem ser invocados também os seguintes disposi-
tivos legais: Art. 8º, inciso III, da CF/88 e o disposto no Art. 513, alínea “a”, da CLT, bem como
cabe, na situação, a incidência do art. 18 do CPC.

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002. Kleber é motorista rodoviário da Viação Canela Ltda. e atua na área urbana do Município
do Recife. Quando da sua admissão, em outubro de 2021, Kleber não assinou qualquer docu-
mento, mas teve a CTPS regularmente assinada. Após realizar duas semanas de ambientação
na empresa e se submeter a exame toxicológico, Kleber iniciou suas atividades profissionais.
Em determinado dia, por desatenção, Kleber avançou um sinal luminoso de trânsito vermelho
e, dias depois, seu empregador recebeu uma multa por essa razão. Apurado de forma crite-
riosa que Kleber era o condutor do veículo no momento do fato, o empregador descontou o
valor integral da multa no mês seguinte, o que correspondia a 10% do salário do empregado.
Irresignado, Kleber procurou você, como advogado(a), para ajuizamento de reclamação traba-
lhista envolvendo os fatos narrados. Considerando a situação retratada e os ditames da CLT,
responda às indagações a seguir.
a) Como advogado(a) de Kleber, que tese jurídica você adotaria contra o desconto efetuado,
para assim justificar a sua devolução? Justifique. (Valor: 0,65)
b) Caso Kleber quisesse postular indenização por dano moral por ter sido obrigado a se sub-
meter a exame toxicológico, o que no entender dele violaria a intimidade e a privacidade, o que
você, advogado(a) de Kleber, recomendaria? Justifique. (Valor: 0,60)

a) A questão trata de um comportamento culposo do trabalhador, pois ele não quis avançar o
sinal vermelho, porém, sendo um profissional habilitado, agiu de forma imprudente/negligente.
Sendo assim, apesar de haver culpa do empregado, o ordenamento jurídico brasileiro prevê a
possibilidade de desconto no seu salário por dano causado pelo empregado. Porém, é impe-
rioso que tal previsão esteja expressamente acordada entre as partes. Pela leitura da questão,
não foi acordada no contrato entre as partes e, com isso, foi incorreta a postura do emprega-
dor. O desconto não poderia ser efetuado, conforme o Art. 462, § 1º, da CLT.
b) No caso em comento, não houve comportamento abusivo do empregador em exigir a rea-
lização do exame. Tem-se, com isso, que o trabalhador não pode ajuizar qualquer demanda
contra isso ou exigir diretamente ao empregador quaisquer providências, porque a realização
do exame toxicológico para motoristas profissionais é prevista em Lei. É legítima a postura do
empregador, não caracterizando assim ato ilícito, e, com isso, sem ensejar direito à indeniza-
ção por dano moral. Para a melhor fundamentação, pode-se usar os dispositivos: Art. 168, § 6º,
e o Art. 235-B, inciso VII, da CLT.

003. Rosalina era empregada da sociedade empresária Entregas Rápidas Ltda há 2 anos, e, no
mês de agosto de 2021, apresentou ao empregador um atestado médico falso para abono de
3 dias de faltas, e logo após um segundo atestado adulterado para abono de outros 2 dias de
ausência. A sociedade empresária, após desconfiar de ambos os atestados, oficiou ao diretor
do hospital público onde supostamente teriam ocorrido os atendimentos médicos, e obteve a

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resposta oficial de que ambos os atestados não traduziam a realidade. Considerando os fatos
narrados e a previsão legal, responda aos itens a seguir.
a) Se você fosse consultado(a) como advogado(a) da sociedade empresária, cujo desejo
é dispensar Rosalina por justa causa, como enquadraria a conduta da empregada na CLT?
(Valor: 0,65)
b) Se Rosalina fosse dispensada por justa causa e não comparecesse à empresa, no prazo
legal, para receber o saldo salarial devido, que medida judicial você adotaria na defesa dos
interesses do ex-empregador? (Valor: 0,60)

a) A situação dessa questão é típica dispensa por justa causa. No caso em comento, a obreira
utilizou, de forma criminosa, atestados médicos. O enquadramento deve ser de improbidade,
ato de desonestidade, conforme o Art. 482, alínea “a”, da CLT, ou ainda mau procedimento, con-
forme o Art. 482, alínea “b”, da CLT. Nesse azo, entende-se que as bancas da OAB aceitam as
duas formas como justificativa do empregador para aplicar a justa causa.
b) Para se isentar da responsabilização, inclusive das multas dos artigos 467 e 477 da CLT,
pode o empregador fazer uso de uma ação específica, denominada de consignação em paga-
mento, com previsão no Art. 539 do CPC.

004. Você é advogado(a) de Rodrigo, que ajuizou reclamação trabalhista contra o ex-empre-
gador. Depois de regularmente contestado e instruído o feito, a sentença foi publicada, julgan-
do improcedentes os pedidos formulados, fixando as custas em R$ 200,00 e indeferindo a
gratuidade de justiça requerida, porque Rodrigo está trabalhando em outra empresa e recebe
alto salário. Diante da improcedência, você interpôs recurso ordinário no prazo legal, mas por
descuido no preenchimento da guia própria, recolheu apenas R$20,00 de custas (em vez dos
R$ 200,00 fixados na sentença). Em contrarrazões, a sociedade empresária requereu ao juiz
de 1º grau que fosse negado seguimento ao recurso porque deserto, haja vista a insuficiência
do preparo. Considerando os fatos narrados, a previsão legal e o entendimento consolidado do
TST, responda aos itens a seguir.
a) Que requerimento você apresentaria para tentar viabilizar o recurso? (Valor: 0,65)
b) Caso o requerimento fosse indeferido e o juiz de 1º grau negasse seguimento ao recurso
por deserto, acatando a tese da sociedade empresária, que medida judicial você utilizaria?
(Valor: 0,60)

a) O TST vem tendo entendimento muito parecido com o CPC, no sentido de evitar a extinção,
seja do processo ou do recurso, sem antes permitir que o recorrente possa suprir os vícios exis-
tentes na peça processual. Assim, no caso em liça, o mais recomendável é fazer um pedido para a

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devida complementação das custas no prazo de 5 dias. O fundamento que você pode utilizar
para desenvolver a resposta: OJ 140 do TST e o Art. 1.007, § 2º, do CPC.
b) Questão bem recorrente nas provas da OAB, seja na 1ª ou na 2ª fase, é o manejo muito espe-
cífico do recurso de Agravo de Instrumento, principalmente para fins de destrancar o recurso.
Nesse azo, a resposta a ser dada seria: Interpor recurso de agravo de instrumento. A base legal
da resposta é o Art. 897, alínea b, da CLT. Lembre-se de que você não precisa transcrever o arti-
go e a súmula na integralidade para as respostas. Isso não pontua e ainda te faz perder tempo.

11. Revisão dos Princípios Trabalhistas mais importantes para as provas subjetivas. Ficar
atento à sua aplicação.
Trata-se de um tema recorrente nas provas, seja pela sua cobrança direta, seja através da
necessidade de conhecê-los para interpretar as questões de provas que, por sua vez, podem
trazer casos concretos.
No PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO, o direito do trabalho utiliza algumas premissas para fins de
proteger a parte mais vulnerável ou hipossuficiente da relação trabalhista. Assim, é uma forma
de consertar os naturais desequilíbrios financeiros e sociais das partes na relação de trabalho.
Claro que isso é visto como uma premissa regra e apenas abrange o aspecto do direito ma-
terial, não sendo aplicável ao processo do trabalho. Então, na relação trabalhista, havendo dúvi-
das, por exemplo, sobre qual norma aplicar, deve-se considerar aquela que seja mais vantajosa
ao obreiro, na medida em que é preciso protegê-lo, surgindo, nessa concepção, a possibilidade
de direitos de indisponibilidade absoluta.
GODINHO, por exemplo, aponta aqui a integridade física, anotação do contrato de emprego
na CTPS, pagamento do mínimo constitucional etc. Por isso que a proteção surge como um
escudo, evitando que o obreiro abra mão de direitos tão caros e conquistados durante os sécu-
los, e que se torne descartável no sistema e na relação de emprego.
Esse princípio, portanto, aplica-se ao direito individual do trabalho, mas não ao direito pro-
cessual do trabalho e nem ao direito coletivo do trabalho.
No âmbito processual, existe o ônus da prova em que cada parte demonstrará o que alega,
nos termos da CLT e do CPC. No âmbito do direito coletivo do trabalho, entende-se que as par-
tes (sindicatos entre si ou sindicato e empresa) possuem paridade de armas e de condições
de negociar de igual para igual.
É, assim, um princípio CENTRAL do direito do trabalho e que serve de fundamento e inspi-
ração para os demais princípios trabalhistas, razão pela qual entende-se que ele surge como
próprio justificador da ciência jurídica em estudo.
O PRINCÍPIO DA NORMA MAIS FAVORÁVEL significa que aplicaremos a norma mais vanta-
josa ao obreiro no que se refere a propiciar maiores ganhos e direitos. Isso deve ser observado
tanto no momento da elaboração da norma como na sua interpretação e aplicação. É uma
forma de estender em máxima completude o princípio da proteção.

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Lembre-se de que aqui, no direito do trabalho – material individual –, não temos a ideia de
hierarquia tal como ocorre em outros ramos jurídicos, mas sim a concepção de que, no con-
fronto de normas, aplica-se aquela que reúne maiores vantagens à classe trabalhadora. Logo,
se o ACT trata de adicional de horas extras de 100% e a CF/88 fala em 50%, logo, aplica-se o
ACT naquele caso concreto em detrimento da norma constitucional.
Isso era uma premissa absoluta que não admitia ressalvas, mas com a Reforma Trabalhis-
ta, passou-se a estabelecer uma regra que pode ser cobrada em provas, qual seja, no confronto
do ACT e da CCT, prevalecerá sempre o ACT mesmo que preveja normas menos favoráveis
ao obreiro.
Logo, se pegarmos o mesmo exemplo acima e observar o seguinte: se o ACT trata de adi-
cional de horas extras de 100%, a CF/88 fala em 50% e a CCT fala em 120%, aplica-se o ACT.
Embora, no caso em comento, a CCT seja mais favorável ao obreiro do que o ACT, a Reforma
Trabalhista faz a determinação de que o ACT prevalecerá e, no exemplo indicado, o percentual
é de 100%.
Então, esse princípio se aplica em situação de estabelecer o critério de hierarquia quando
da existência de confronto de duas ou mais normas versando sobre a mesma questão. Para
GODINHO, o fundamento desse princípio está no caput do artigo 7º da CF/88 e, assim, tem-se
que esse princípio se torna relevante quando o juiz vai aplicar a norma no caso concreto. Um
ponto importante é que esse princípio, ao menos no Brasil, fez opção pela teoria DO CONGLO-
BAMENTO, na medida em que é a norma em sua totalidade que é aplicada na situação concre-
ta. Não é possível selecionar em cada legislação os pontos mais benéficos ao obreiro para fins
de aplicação, sob pena de criarmos uma terceira nova, em pura intervenção judicial descabida.
O Brasil, portanto, não aceita a teoria da acumulação, pois é preciso ter em mente a totali-
dade da norma que será aplicada para fins de incidência no caso em comento.
Como diz GODINHO:

O operador jurídico deve buscar a regra mais favorável enfocando globalmente o conjunto de regras
componentes do sistema, discriminando, no máximo, os preceitos em função da matéria, de modo a
não perder, ao longo desse processo, o caráter sistemático da ordem jurídica e os sentidos lógico e
teleológico básicos que sempre devem informar o fenômeno do Direito (teoria do conglobamento).

O PRINCÍPIO DA IMPERATIVIDADE DAS NORMAS TRABALHISTAS, ao seu turno, aduz que


as regras trabalhistas são comandos que devem ser cumpridos pelas partes, principalmente
aquelas previstas no artigo 7º da CF/88, quando trata de jornada, salário, adicionais, não discri-
minação e, ainda, as regras de garantia provisória no emprego. Existe, portanto, uma restrição
à autonomia de vontade.
A imperatividade concede a ideia de ordem, importância e que se impõe sobre a livre von-
tade desmedida das partes. Exatamente pela desigualdade econômica entre empregado e em-
pregador, o Estado intervém através de normas para fins de estabelecer os limites mínimos

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e máximos dessa negociação, seja nos pactos individuais, seja nas negociações coletivas
(ACT e CCT).
Isso significa que a liberdade aqui é contida, na medida em que o empregador pode ditar
regras sobre o início e o fim da jornada, bem como se quer que o labor seja diurno ou noturno
ou em turnos de revezamento, por exemplo, mas não pode impor que a jornada diária seja de
10 horas por dia. Não pode também dizer que em labor com jornada no mínimo constitucional
só pagará 50% do salário-mínimo nacional ou estipular no contrato e dizer que reduzirá os adi-
cionais de insalubridade, periculosidade ou noturno etc.
Não é assim. Há regras mínimas que devem ser observadas e cumpridas pelo empregador,
não se concedendo uma liberdade desmedida para criar cortinas de fumaça que burlem os
direitos mínimos concedidos pelo texto constitucional, por exemplo. Isso porque existe o pata-
mar civilizatório mínimo composto pelos direitos conseguidos e conquistados durante séculos
de luta que se incorporam ao patrimônio jurídico do empregado.
Sugiro que você esteja com os artigos 611-A e 611 – B da CLT memorizados, pois ali cons-
tam as possibilidades de negociação e os limites do que pode ser transacionado. A CLT, após a
Reforma Trabalhista, nesse tocante, buscou dar uma certa transparência e norte para as partes
acerca do que podem ou não negociar sem invadir a constitucionalidade do que foi regulado.
Essa imperatividade tem como principal objetivo garantir os direitos fundamentais dos tra-
balhadores. Por isso que também se afirma que não é possível a renúncia dos direitos traba-
lhistas, pois a renúncia é um ato unilateral.
É importante, para fins de prova, entender que a transação é um ato bilateral e aceito no
direito material como processual do trabalho. Por isso que a liberdade aqui deve ser vigiada,
não se permitindo que o obreiro possa dispor integralmente de todos os seus direitos traba-
lhistas em prol do empregador, pois isso aniquilaria até mesmo a ideia de sua dignidade de
pessoa humana.
Ainda temos o princípio da INDISPONIBILIDADE DOS DIREITOS TRABALHISTAS, em con-
tinuidade a tudo que já tratamos acima. GODINHO traz uma boa síntese: “Ele traduz a inviabi-
lidade técnico-jurídico de poder o empregado despojar-se, por sua simples manifestação de
vontade, das vantagens e proteções que lhe asseguram a ordem jurídica e o contrato”.
Por isso que essa ideia de indisponibilidade pode ser dividida em relativa ou absoluta. Mais
uma vez, afirmo a importância de conhecer os artigos 611- A e 611 – B da CLT, na medida em
que o obreiro deve ser limitado no seu âmbito de negociar, pois está em desvantagem econô-
mica. Então, mais uma vez, a doutrina assinala sobre a impossibilidade de renúncia.
A situação de trabalho escravo e de trabalhos proibidos são situações em que existe afron-
ta direta aos direitos trabalhistas em que a parte trabalhadora permanece em situação de
escuridão no gozo dos seus direitos. No trabalho escravo, por exemplo, ou no trabalho infantil,
tem-se, na realidade fática, uma usurpação de direitos que não podem ser tolerados justamen-
te pela existência do princípio que estamos estudando.
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Mas cuidado, pois, como já dito, há direitos que podem ser negociados, como a jornada
extraordinária que pode ser paga, ou compensada ou utilizado o banco de horas, por exemplo.
Também se pode negociar a redução do tempo do intervalo intrajornada. Então, é preciso com-
preender que existem direitos de indisponibilidade absoluta e relativa.

E como saber se é o caso de um ou outro?

A jurisprudência e a doutrina estão sempre ajudando a construir essa diferença e, como


já dito, a leitura dos artigos 611-A e 611 – B, ambos da CLT, apontam a matéria de forma
mais didática.
No PRINCÍPIO DA CONDIÇÃO MAIS BENÉFICA, busca-se aplicar a norma contratual mais
vantajosa ao obreiro. Aqui é importante levar para a prova objetiva a memorização da Súmula
n. 51 do TST.
Portanto, consiste na garantia, ao longo de todo o contrato de trabalho, a preservação de
cláusulas contratuais mais vantajosas ao empregado para evitar que ele sofra prejuízos.
GODINHO, sobre a aplicação correta desse princípio, comenta:

O que o princípio abrange são as cláusulas contratuais, ou qualquer dispositivo que tenha, no Direito
do Trabalho, essa natureza. Por isso é que, tecnicamente, seria mais bem enunciado pela expressão
princípio da aplicação da cláusula mais benéfica.

Como aplicação disso, tem-se na CLT: O artigo 468 prevê que nos contratos individuais de
trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda
assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de
nulidade da cláusula em questão.

DICA
Esse artigo sempre é cobrado nas provas.

Há um importante princípio para a sua prova: INALTERABILIDADE CONTRATUAL LESIVA,


em que não se pode prejudicar o obreiro mediante complicações ou situações adversas na
relação de emprego, penalizando o obreiro.
Lembre-se de que vigora entre nós a teoria do risco do empreendimento em que o em-
pregador se submete à sorte ou azar do seu negócio, não podendo transferir os prejuízos ao
empregado.
Não se pode, ainda, compreender que o obreiro seja sacrificado e surpreendido de forma
negativa pelo comportamento do empregador. Este detém o poder diretivo, mas não tem o

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condão de ser algo absoluto, conforme o artigo 2º da CLT. O risco do empreendimento é do


empregador, ou seja, ele detém a alteridade.
Logo, reitere-se o que tratamos acerca do dispositivo do artigo 468 da CLT. Sugiro a memo-
rização do dispositivo e sua correta interpretação nas questões de casos concretos da prova.
Assim, é vedado ao empregador alterar, unilateralmente, as condições pactuadas, exceto
se houver consentimento do empregado e desde que a este não resultem prejuízos, diretos ou
indiretos.
Importante destacar um ponto significativo para a sua prova, conforme orientação do TST:
De acordo com o princípio da inalterabilidade contratual lesiva, é vedada qualquer alteração
contratual que seja lesiva ao empregado, mesmo se houver consentimento deste.
Destaca-se o princípio da PRIMAZIA DA REALIDADE SOBRE A FORMA. Aqui a realidade
fática demonstrada cabalmente e a investigação da vontade real das partes prevalecem em
relação a documentos divergentes.

EXEMPLO
Se o obreiro laborou por mais de um ano e consegue demonstrar, tal condição é valorada pelo
juiz e considerada na sentença, apesar de ser anotado somente parte do contrato de emprego
ou até de nunca o empregador ter assinado a CTPS.

O mesmo raciocínio pode ser usado para situações de desvio ou acúmulo de função, sa-
lário por fora etc. Assim, vale mais a realidade do que o que está formalizado no contrato. Por
isso, a Súmula n. 12 do TST trata das anotações do contrato de emprego como de presunção
relativa, juris tantum, admitindo prova em contrário.
Por isso também que a prova testemunhal tem significado especial no processo do traba-
lho e atualmente o uso de provas digitais.
Essas situações demonstram que a realidade é diferente do que foi pactuado no contrato.
A incidência do Princípio da Primazia da Realidade pode ser observada no artigo 442 da
Consolidação das Leis do Trabalho, que estabelece: “contrato individual de trabalho é o acordo
tácito ou expresso, correspondente à relação de emprego”.
O artigo 456 da CLT também expressa a teoria, ao prever que a “prova do contrato individual
do trabalho será feita pelas anotações constantes da carteira profissional ou por instrumento
escrito e suprida por todos os meios permitidos em direito”.
Guarde com carinho todos os artigos e súmulas que estamos mencionando nesta revisão
para você!
Acerca do PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DA RELAÇÃO DE EMPREGO, é importante trazer
à baila a Súmula n. 212 do TST, sempre lembrada pelas bancas de provas.
Por esse princípio, pela condição econômica mais vulnerável do obreiro, presume-se que o vín-
culo trabalhista entre empregador e empregado permaneça. Ele visa a preservação do emprego.

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Tendo em vista esse conceito, contratos com prazo determinado representam exceção, embo-
ra a CLT preveja a hipótese.
Assim, a regra, por esse princípio, é que o contrato de trabalho seja POR TEMPO INDETER-
MINADO. Pelo princípio da continuidade da relação de emprego, o contrato de trabalho é firma-
do por tempo indeterminado, ou seja, não há prazo previamente fixado para seu fim. Assim, a
obrigação de provar a ruptura do contrato de trabalho é do empregador.
Em respeito ao princípio da primazia da realidade, o trabalho exercido de fato se sobrepõe
às disposições contratuais escritas. Além disso, deve-se buscar a real intenção das partes no
momento de firmar o contrato, seja verbal ou escrito.
GODINHO trata com muita propriedade desse princípio ao afirmar:

Informa tal princípio que é de interesse do Direito do Trabalho a permanência do vínculo emprega-
tício, com a integração do trabalhador na estrutura e dinâmica empresariais. Apenas mediante tal
permanência e integração é que a ordem justrabalhista poderia cumprir satisfatoriamente o objetivo
teleológico do Direito do Trabalho, de assegurar as melhores condições, sob a ótica obreira, de pac-
tuação e gerenciamento da força de trabalho em determinada sociedade.

Por derradeiro trato do PRINCÍPIO DA INTANGIBILIDADE SALARIAL, em que há garantias


para proteger o salário do obreiro, pois, afinal de contas, são verbas de natureza alimentar. Aqui
está em jogo o PRINCÍPIO DA DIGNIDADE, em que o obreiro não pode ter a supressão absoluta
dos seus salários.
Seu principal objetivo é garantir ao trabalhador o direito de perceber a contraprestação a
que faz jus por seu trabalho, de maneira estável e segura, não sujeita às oscilações inerentes
ao ramo da atividade econômica explorada ou à mera vontade do empregador. Mais uma vez,
relembro a você sobre a teoria do risco do empreendimento.
Nesse princípio, aplicam-se aquelas regras acerca dos limites de descontos que podem
ser feitos nos salários, conforme o teor do artigo 462 da CLT. Sugiro a leitura no CPC do
artigo 833 também.

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vidas no Fórum do Aluno. Bons estudos!

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RESUMO
1) A decadência se aplica ao direito do trabalho e podem ser legais (previstas em lei) ou
convencionais (negociação coletiva, regulamentos empresariais etc.). Então, a decadência
pode surgir de fontes autônomas ou heterônomas. Existem no ordenamento prazos decaden-
ciais. Não há previsão de causas suspensivas, impedimentos e interruptivas de prescrição.
2) A prescrição tem causas de IMPEDIMENTO, ou seja, quando nem se inicia a contagem
do prazo prescricional. Em casos de menores de 18 anos não corre a prescrição, nem sequer
se inicia. Isso está expresso na CLT, no artigo 440. Logo, não se inicia a prescrição quando o
trabalhador for menor de 18 anos.
3) A ação trabalhista, ainda que arquivada, interrompe a prescrição somente em relação
aos pedidos idênticos. Então, temos: CAUSA INTERRUPTIVA SOMENTE EM RELAÇÃO AOS PE-
DIDOS IDÊNTICOS.
4) Actio nata é o instante em que ocorreu a lesão.
5) Os danos morais prescrevem no mesmo prazo dos demais direitos trabalhistas nos ter-
mos do artigo 7, XXIX – ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com
prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois
anos após a extinção do contrato de trabalho.
6) Tratando-se de ação que envolva pedido de prestações sucessivas decorrente de al-
teração do pactuado, a prescrição é total, exceto quando o direito à parcela esteja também
assegurado por preceito de lei.
7) No caso do FGTS, a prescrição passou a ser quinquenal a partir de 13/11/2014. Res-
peitam-se as ações ajuizadas anteriormente a essa data, razão pela qual prevalece a ideia de
prescrição trintenária.
8) A pretensão quanto a créditos resultantes das relações de trabalho prescreve em cin-
co anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do
contrato de trabalho. O disposto não se aplica às ações que tenham por objeto anotações
para fins de prova junto à Previdência Social. Tratando-se de pretensão que envolva pedido de
prestações sucessivas decorrente de alteração ou descumprimento do pactuado, a prescrição
é total, exceto quando o direito à parcela esteja também assegurado por preceito de lei.
9) A Reforma Trabalhista admitiu a prescrição intercorrente no direito trabalhista. A decla-
ração da prescrição intercorrente pode ser requerida ou declarada de ofício em qualquer grau
de jurisdição.
10) Respeitado o biênio subsequente à cessação contratual, a prescrição da ação trabalhis-
ta concerne às pretensões imediatamente anteriores a cinco anos, contados da data do ajui-
zamento da reclamação e, não, às anteriores ao quinquênio da data da extinção do contrato.

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11) A interrupção da prescrição somente ocorrerá pelo ajuizamento de reclamação tra-


balhista, mesmo que em juízo incompetente, ainda que venha a ser extinta sem resolução do
mérito, produzindo efeitos apenas em relação aos pedidos idênticos.

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REFERÊNCIAS

BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: Ltr, 2011.

Bernardes, Felipe. Manual de processo do trabalho. 3a edição. Salvador: Juspodivm, 2021.

BRASIL. Código Civil Brasileiro. Brasília: Senado, 2002.

BRASIL. Consolidação das Leis do Trabalho (1943). Consolidação das Leis do Trabalho. Brasí-
lia: Senado, 1943.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado,


1988.

BRASIL. LEI COMPLEMENTAR N. 150 DE 01.06.2015 (REGULAMENTA O TRABALHADOR DO-


MÉSTICO).

BRASIL. LEI 6.001, DE 19 DE DEZEMBRO DE 1973. ESTATUTO DO ÍNDIO

Brasil. LEI N. 5.889, DE 8 DE JUNHO DE 1973. lei do trabalhador rural.

______Supremo Tribunal Federal. Brasília: acesso em outubro/2020. Site oficial: www.stf.jus.br

_______Tribunal Superior do Trabalho. Brasília: acesso em outubro/2020. Site oficial: www.tst.jus.br

CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho. 11ª Ed. São Paulo: Editora Método, 2015.

DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 19ª Ed. São Paulo: Editora LTr, 2019.

DELGADO, Maurício Godinho; DELGADO, Gabriela Neves. A Reforma Trabalhista no Brasil: Com
os comentários à Lei n. 13.467/2017. São Paulo: Editora LTr, 2017

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Juíza do trabalho substituta da 7ª Região. Doutoranda em Direito pela Universidade do Porto/Portugal.


Mestre em Ciências Jurídicas pela Universidade do Porto/Portugal. Professora de cursos de pós-gradua-
ção na Universidade de Fortaleza - Unifor. Palestrante. Professora convidada da Escola Judicial do TRT 7ª
Região. Especialista em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho. Professora de cursos preparatórios
para concursos públicos. Formadora da Escola de Magistratura do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará.
Cargos desempenhados: foi juíza do trabalho substituta no TRT 14ª Região, promotora de justiça titular do
MPRO, analista judiciária do TJCE; professora concursada do quadro permanente na Universidade Federal
de Rondônia; professora concursada temporária na Universidade Federal do Ceará. Aprovada em outros
concursos públicos. Autora de artigos científicos publicados.

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