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Nazaré da Mata
2023
José Walter Soares de Oliveira
Nazaré da Mata
2023
Os ecos do ensino de história
Mais uma vez retorno ao caso do Haiti, dessa vez para tratar sobre o ato
de planejar; o educador, sabendo que possui um espaço curto de tempo (e que
pode ter esse tempo ainda mais reduzido por projetos e atividades extra sala
de aula), deve levar em consideração os conhecimentos prévios dos
educandos2 para se preparar, ouvi-los e entender como eles percebem as
questões raciais em seus espaços sociais, como o tema da discriminação é
tratado entre seus pares e como eles acreditam que seja uma revolução, além,
óbvio, de ouvi-los sobre o próprio conteúdo, se já apreciaram alguma discussão
do assunto, seja em filmes, revistinhas, desenhos, músicas e outros meios,
essa escuta pode nortear os próximos passos, em sequência o educador pode
apresentar aos educandos os conceitos, orientando sobre seus usos no
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Aqui estou me referindo aos saberes que os alunos possuem além dos trabalhados em sala,
suas experiências, sensibilidades e percepções. Esse momento é, muitas vezes,
negligenciado, alguns professores consideram seus alunos como seres vazios de
conhecimento.
passado, o planejamento pode seguir, a depender da proposta, com o uso de
metodologias diferentes da aula expositiva, encorpando a relação do que se
fala (a Revolução escrava no Haiti) com a prática da vida atual, as diferentes
realidades e experiências dos discentes (CARVALHO; ARAÚJO, 2013); alguns
educadores persistem na ideia de entender seus alunos como “tábulas rasas”
em pleno século XXI, esquecendo que os aprendizados podem partir de
diferentes direções, inclusive de direções que o professor está longe de
dominar, seja por barreiras tecnológicas ou pela simples ausência de
sensibilidade ligada as mudanças do mundo. O livro didático, mesmo com seus
resumos, também é um ponto de partida, o educador precisa entender que
muitas vezes esse é o único meio de comunicação cientifica que o estudante
vai ter acesso, logo, pode ser o início de uma discussão a ser aprofundada,
mas com a cautela de não abarrotar o estudante de informações que a
maturidade da idade escolar impeça sua internalização. Nesse ponto entramos
em outra seara, a erudição exacerbada de alguns companheiros, que
esquecem que estão em espaços de construção de conhecimento, e que falam
para jovens do 8º ano do ensino fundamental como se discursassem para uma
plateia de doutos, afastando o estudante do aprendizado pela falta de
identificação, mais uma vez, a distância entre o que ele ouve com o que ele
vive. O livro, recursos de pesquisa, todos podem ajudar a compor o
entendimento do alunado sobre diferentes temas, cabe a condução do
professor, dentro do seu planejamento, dar direção as ideias.
Referências: