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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS APLICADOS


INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SOCIEDADE E DESENVOLVIMENTO REGIONAL

Prof. Francisco Estacio Neto


Disciplina: ÉTICA PROFISSIONAL
Alunos: Ana Cavalcante, Yuri Banov Onishi, Juliana Blumck B. de Moraes, Letícia
Bruczenitski

Relatório sobre o vídeo uma “Introdução básica à Esquizoanálise”

O padrão normativo de poder de subjetivação do homem branco, ocidental, binário,


hétero está engendrado nas mais diversas áreas do conhecimento, inclusive, na psicologia. A
partir disso, a Esquizoanálise é um caminho, uma possibilidade, frente ao conhecimento
dominante. Por meio dela, busca-se não tratar o diferente como uma patologia ou doença, mas
sim, uma possibilidade válida.
Um ponto importantíssimo quando se trata de Esquizoanálise é o de seu lugar
politico. Antes de mais nada, a gênese dessa teoria tem como autores Gilles Deleuze e Félix
Guattari, que exploram em suas obras temas intrinsecamente ligados à política. Na
Esquizoanálise, é possível identificar os esforços ativos em promover o encontro da política
com a psicologia, em outras palavras, do campo das lutas sociais com o desejo do sujeito.
Neste ponto, cabe evidenciar o conceito de micropolítica, que é o encontro do desejo
com a vida. A partir desse encontro é possível que ocorra a luta, um processo ativo que é
capaz de proporcionar novas formas de vida e novas alternativas ao que está posto com
padrão em sociedade. Com isso, constrói-se a possibilidade de um sujeito singular, de ter a
alternativa de novos territórios existenciais, de intensa interação e transformação, ao contrário
da ideia de sujeito unificado, individual, imposto pelo modelo institucional dominante
Ademais, ao falarmos da conceitualização da Esquizoanálise é possível extrair
significados de sua própria etimologia. Assim, ao termos a ideia de que “esquizo” se trata de
uma noção de desagregação, divisão, é possível constatar que uma de suas principais tarefas é
desneurotizar o indivíduo. Logo, nesse contexto, a figura do esquizofrênico (aquele que
resiste) se revela; já que esquizoanálise propõe ao indivíduo a recusa de ser neurótico, ou seja,
a recusa ao modelo neurótico de ser.
A partir disso, é de extrema importância entender que a esquizoanálise não tem o
caráter de abordagem, para conseguir defini-la se pensa em um conjunto de conceitos, como
uma caixa de ferramentas, na qual existem conceitos que podem ser dissertados e servidos a
todas as abordagens.
Na aplicação destas ferramentas surgem novas possibilidades de atuação do psicólogo,
ou de qualquer outro profissional que se propuser a utilizá-las. A proposta de tal ferramental é
romper com as barreiras do que está posto como norma. Portanto, na atuação do psicólogo, a
norma está posta no modelo clínico individual, em que o paciente e o profissional
encontram-se em um consultório e conversam sobre as questões e problemas do indivíduo. Na
proposta da esquizoanálise, o psicólogo pode romper com tal modelo e propor, por exemplo,
práticas que sejam terapêuticas, mas que não estejam necessariamente vinculadas ao local
físico do consultório.
A exemplo, podemos citar as práticas de acompanhamento terapêutico desenvolvidas
na própria UFF - Campos; bem como outras propostas que não se furtam de romper com a
lógica clínica, como os atendimentos promovidos com atendimentos em praças ou contextos
parecidos, ao ar livre, com a possibilidade do deslocamento, sem muros ou paredes, sem
portas ou portões. Tais propostas, ainda que não sejam definidas por “esquizoanálise”, são
pensadas a partir desta proposta de Deleuze e Guattari.
Em suma, a Esquizoanálise surge como uma alternativa complementar à psicologia
dominante, buscando desafiar o padrão normativo de poder e valorizar as diferenças como
possibilidades válidas. Com sua ênfase na política, micropolítica e desneurotização, essa
teoria propõe novas possibilidades de vida, interação e transformação, permitindo a
construção de um sujeito singular e a exploração de territórios existenciais diversos, além de
ampliar as perspectivas de atuação para os profissionais, promovendo práticas terapêuticas
mais abertas e flexíveis. Assim, essa abordagem se destaca como uma ferramenta promissora
para a superação das limitações impostas pelo modelo institucional dominante e a promoção
de uma visão mais inclusiva e diversa da subjetividade humana.

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