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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA

DE XXXXXXXX DO ESTADO DA XXXXXX.


FULANO DE TAL, brasileiro, casado, autô nomo, portador do documento de identidade RG
nº ..., inscrito no CPF sob nº ...., residente e domiciliado na Rua , nº quadra, lote, bairro , CEP:
, CIDADE-XX, vem por seus advogados, in fine firmados, conforme mandato procurató rio
anexo, com endereço profissional e eletrô nico constante no rodapé desta exordial, propor
AÇÃO DE RESPONSABILIZAÇÃO POR VÍCIO DO PRODUTO C/C INDENIZAÇÃO POR
DANOS MATERIAIS E MORAIS
em desfavor de CICLANO DE TAL, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o
nº......, com sede na ......, pelos motivos de fato e de direito que, articuladamente, passa a
expor:
I – DA GRATUIDADE JUDICIÁRIA
Arrimado no dispositivo constitucional insculpido no art. 5º, LXXIV e na Lei nº 1.060/50,
bem assim nos termos dos artigos. 98 e seguintes do Có digo de Processo Civil, o
Requerente vem, perante Vossa Excelência, rogar pela concessã o do benefício da Justiça
Gratuita, visto que é pobre na forma da lei, nã o tendo condiçõ es econô micas para arcar com
as despesas processuais e honorá rios advocatícios, sem colocar em risco a sua manutençã o
e sobrevivência de sua família.
II– DA COMPETÊNCIA: FORO DO DOMICÍLIO DO CONSUMIDOR
Quanto à competência territorial, o art. 101, inciso I, do CDC, estabelece que nas açõ es de
responsabilidade civil do fornecedor de produtos e serviços, a açã o pode ser proposta no
domicílio do Autor. Portanto, a açã o deve ser processada e julgada por este douto juízo.
III– DA SÍNTESE FÁTICA
1 - No dia XX de março de XXXX, o Requerente efetuou a compra de um veículo
CPAS/MICROONIBUS/VAN, MARCA MERCEDES BENZ, PLACA: XXX, CHASSI: XXXXX,
RENAVAM: XXXXX, COR: BRANCA, ANO: XXXXX, de propriedade do Requerido, situada na
cidade de XXXXXX, no valor de R$ 38.000,00 (trinta e oito mil reais), conforme documento
ú nico de transferência (DUT) anexo, da seguinte forma:
2 – O Demandante, apó s a escolha de um dos veículos em exposiçã o pelo vendedor na OLX,
empresa de divulgaçã o de vendas de produtos e serviços pela internet, conforme fotos
anexas, procurou informaçõ es a respeito da propriedade do veículo, para se certificar que
se tratava de pessoa idô nea e sem restriçõ es no mercado.
3 - Seguindo os passos de verificaçã o da personalidade jurídica envolvida no anú ncio, o
Requerente entrou em contato com o anunciante o Sr. XXXXX, o qual se identificou como
só cio gerente da Empresa XXXXXXXXX, proprietá ria do veículo anunciado.
4 – Em seguida, para evitar possíveis problemas no comércio com a referida, o Requerente
continuou a sua pesquisa e constatou que se tratava de uma empresa Frotista de locaçã o de
veículos de passageiros e que sempre colocava a venda seus veículos usados, com a
intençã o de renovaçã o de sua frota, prá tica esta, utilizada por outras tantas empresas
Frotistas, que tem como vantagem preços mais baixos na aquisiçã o de veículos novos, como
sã o os casos da LOCALIZA, NACIONAL, etc.
5 – Também constatou, que a REQUERIDA realizava constantes vendas no mercado de
VANS e que tinha boa reputaçã o para se efetuar uma transaçã o de compra de veículo com
tranquilidade, e desta forma, contatou o vendedor, o Sr. , representante legal da empresa
XXX, iniciando-se as tratativas de compra do veiculo.
6 – Momento em que, o Autor foi informado pelo vendedor, que o veículo embora fosse
usado, estava em perfeitas condiçõ es de conservaçã o e que a pouco tempo havia sido feito
vistoria e passado por check-up em oficina de sua confiança.
7 - A intimidade nas conversaçõ es (conforme documentos e conversas entre as partes
anexas) foi tamanha e tã o convincente para o Demandante, que nã o restou dú vida para
realizar o negó cio. Que diante de tamanha confiança criada entre as duas partes, o
Requerente se adiantou e fechou contratos verbais com pais de alunos das escolas para
prestar serviço de transporte escolar de crianças com a referida VAN. E, para nã o perder a
oportunidade de adquirir o veículo que iria gerar renda para sua família, cuja esposa se
encontra desempregada e com muitas dívidas, acabou por fechar o negó cio.
8 - Apó s toda essa satisfaçã o nos contatos e demais indicaçõ es positivas sobre a empresa
XXXXXX, começaram os acertos de pagamento do referido veículo e os acertos para
traslado do mesmo de XXXX-XX até a cidade de XXXXXXXXX-XX, onde reside.
9 – Diante desta dificuldade de se ausentar do seu município, pois trabalha locado em um
serviço temporá rio como motorista Freelance, o que rende o sustento de sua família,
conseguiu um amigo de sua confiança, que também se encontra desempregado, de
prenome XXXX, para ir até XXXXX-XX, na empresa do Requerido, vistoriar as condiçõ es da
Van, testá -la e trazer para acidade de XXXXX-XX rodando.
10 – Foi entã o, Excelência, que no dia 27 de março de 2019, o senhor XXXXX foi de ô nibus
até a cidade de XXXXX-XX e foi recebido na rodoviá ria pelo Sr. XXXXXX, com vistas a levá -lo
até a empresa XXXX para testar o veículo em questã o.
11 - Desta forma, o Sr. XXXX, por se tratar de um amigo de confiança, desempenharia o
papel do Requerente no feito para vistoriar todos os documentos pertinentes a Empresa
XXXX e do veículo VAN em questã o.
12 - Satisfeito os detalhes documentais e físicos do veículo, todos sendo acompanhados por
fotos e mensagens encaminhadas ao Demandante, (via whatsapp e ligaçõ es telefô nicas
anexas), iniciaram-se os testes da VAN nas ruas de XXXXXX-XX, o qual foi aprovado pelo Sr.
XXXX, que já contava com vasta experiência na direçã o de veículos de transporte tipo VAN.
13 – Entã o Excelência, no dia 27/03/2019, apó s aprovaçã o do veículo e confiando na boa-fé
do Requerido, por reconhecer tratar-se de empresa com seriedade na revenda de veículos
de sua propriedade, foi autorizada a seu filho XXXXXXX, a transferência on-line, por meio da
conta corrente em nome da sua empresa: , no valor de R$38.000,00 (trinta e oito mil reais),
sendo o valor compensado imediatamente.
14 – Satisfeitos todos os preparativos e com documentos de trá fego da VAN na posse do Sr.
XXXXX, que também é motorista e tem experiência mecâ nica com veículos VAN e se
ofereceu para testar e levar o veículo de XXXXX-XX à cidade de XXXXX-XX, cerca de 500Km
de distâ ncia, o veículo foi liberado pela empresa para seguir viagem.
15 – Foi entã o Excelência, que iniciou-se o drama do Requerente, pois ao sair de XXXXX,
cerca de 200Km, pró ximo a cidade de XXXXX, o veículo começou a apresentar problemas no
câ mbio, desengate de marchas. Apó s este fato tormentoso, o senhor XXXXX, imediatamente,
contatou o senhor XXXXX para relatar o acontecido, o qual apresentou espanto com o fato,
mas relacionou que se tratava do TRAMBULADOR, e que o mesmo deveria regular com
duas chaves nº 13, (conforme gravaçõ es e conversaçõ es anexas), para prosseguir com a
viagem até XXXXXXX-XX.
16 – A VAN chegou à s 19:00h em XXXXXX-XX, porém com um ronco ensurdecedor na caixa
de marcha. Foi entã o que o Autor contatou o Requerido para que locasse um guincho e
levasse de volta a VAN, pois nã o aceitaria mais o negó cio, devido os defeitos apresentados.
Foi nesse momento que o Sr. XXXXX autorizou o motorista XXXX para que este retornasse
com o veículo à XXXXXXX-XX (documentos de á udio anexos), situaçã o esta que nã o chegou
a se concretizar, pois ao tentar a viagem de volta, o veículo que já estava com um barulho
aparente, travou no meio da rodovia, precisando sinalizar para nã o causar um grave
acidente.
17 - Diante deste fato temeroso, foi necessá ria a contrataçã o de um guincho da empresa
XXXXXX, o qual removeu a VAN para a XXXXX. Momento em que o Sr. XXXX contatou o
Mecâ nico XXXX, responsá vel pela XXXXX, para executar os reparos do veículo
(conversaçõ es anexas).
Apó s essa presteza, o Requerente se sentiu mais aliviado e contratou os serviços da
empresa de sua confiança, xxxxxxxxxxxxxx, para avaliar e orçar o problema (laudo em
anexo). Feito isso, constatou-se que a CAIXA DE MARCHAS DA VAN, juntamente com o
EIXO-DIFERENCIAL, estavam totalmente danificados, pois os mesmos rodaram com a caixa
sem ó leo e acabaram fundindo com a rotaçã o do motor, ficando evidente que o veículo
jamais houvera feito qualquer check-up e seria necessá rio trocar todas as peças para que o
mesmo voltasse a funcionar.
20 - Apó s esta constataçã o, o Autor solicitou da referida Oficina, que fizesse um orçamento
com peças novas e a mã o de obra para conserto da VAN, ficando em torno de R$12.000,00
(doze mil reais). O Requerente entã o, solicitou da Requerida a restituiçã o de parte do valor
pago R$12.000,00 (doze mil reais), com a finalidade de consertar o veiculo, que já se
encontrava em estado depreciativo, visto que os fatos gerados em torno de sua quebra e
baixa em oficina se tornaram pú blicos e notó rios por todos na cidade.
21 - Apó s esta solicitaçã o do Autor, o Requerido expressou que aquele valor se encontrava
acima de suas possibilidades, mas se propô s a arcar com a manutençã o da VAN. Foi entã o
que surgiu a proposta, por parte do Autor, de conserto com peças recondicionadas, ou
mesmo peças usadas, com a finalidade de reparo do veículo, pois o mesmo foi comprado
para ajudar na renda familiar, o que nã o estava acontecendo, e o fato persistia para
prejuízo familiar, o que lhe trouxe bastante afliçã o, pois além do fato de sua esposa se
encontrar desempregada e com muitas dívidas, ainda sobrevinha um prejuízo dessa
natureza para o Autor.
22 - Ante o acordo de conserto com peças recondicionadas, foi feito novo orçamento para
aquisiçã o e conserto da VAN pela XXXXXXXX , ficando o valor em R$ 7.000,00 (sete mil
reais). Valor este, solicitado a Requerida para resoluçã o do problema e finalizaçã o da
questã o.
23 - Foi entã o que o Requerente se tomou de um verdadeiro espanto, apó s as declaraçõ es
do Sr. XXXX, afirmando que em XXXX consertaria a VAN por R$ 500,00 (quinhentos reais), e
que o Autor deveria ou botar a VAN em cima do guincho, sob suas pró prias custas, e enviá -
la para a empresa XXXXX, ou retirar as peças e enviar por transportadora, também por sua
conta, pois em sua cidade consertaria tudo e devolveria por transportadora.
24 - Já desesperado e percebendo que caíra no golpe do “VEÍCULO COM DEFEITO
PREPARADO PARA VENDA” ou seja “VÍCIO OCULTO”, e nã o mais conseguindo manter um
diá logo com o Requerido, no dia 05/04/2019, contratou os serviços advocatícios do Bel.
XXXXX- OAB XXXX, o qual entrou em contato com o Requerido pelo nú mero xxxxxxxx, e
solicitou do Demandado uma forma de sanar o impasse, já que persistia o problema sem
uma soluçã o satisfató ria. Momento em que o Requerido salientou que nã o poderia ajudar
além dos R$ 500,00 (quinhentos reais), e que o Autor tomasse as providências que bem
entendesse, visto que no ato da compra vistoriou o veículo e o mesmo estava em perfeitas
condiçõ es (prints de whatsapp e gravaçõ es anexas).
25 - Cabe salientar, ainda, Excelência, que até a presente data o Requerente continua sem
poder trabalhar, bem como, informa que já gastou todas as suas economias na aquisiçã o do
veículo, que hoje se encontra parado sem funcionamento em uma oficina (fotos anexas),
exclusivamente por ter confiado na idoneidade da empresa vendedora xxx e na garantia
que lhe foi demonstrada no ato da compra, oportunidade em que o Requerido informou
que o veículo havia passado por revisã o geral.
26 – Outrossim, Excelência, o Autor e sua família se encontram passando por extrema
necessidade financeira, pois sua esposa se encontra desempregada e todas as suas
economias foram empregadas na aquisiçã o da VAN, a qual se tornaria o ú nico meio de
sobrevivência de sua família, pois o Autor nã o tem emprego fixo e trabalha como motorista
Freelance, em VAN escolar de terceiros.
27 - É importante demonstrar ainda, o que já foi gasto pelo Requerente, incluindo peças,
serviços mecâ nicos, guinchos, diá rias de ocupaçã o em oficina os valores de R$ 1.910,87
(um mil, novecentos e dez reais e oitenta e sete centavos) conforme notas anexas.
28 - Desta feita, pode se perceber que o veículo acima apresentou diversos vícios ocultos,
os quais foram maquiados pela empresa xxxxx, com o intuito de enganar o consumidor de
forma covarde e injusta, propiciando uma grave lesã o para um pai de família, pessoa
simples, honesta e trabalhadora, cumpridora de seus deveres e obrigaçõ es.
29 - Ante todo o exposto e indignado pela lesã o sofrida, pois desde a compra da VAN o
Autor só vem amargando despesas, e de fato nã o conseguiu trabalhar com o veículo e
sequer por um ú nico segundo conseguiu dirigir o veículo comprado com o suor de tantos
anos de economia, resolveu procurar a tutela do Poder Judiciá rio para fazer valer os seus
direitos.
IV – DO RESPALDO JURÍDICO
a) DA APLICABILIDADE DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
Primeiramente, pelos fatos elencados acima, conclui-se que o Requerente se enquadra no
conceito de consumidor, inscrito no art. 2º do Có digo de Defesa do Consumidor ( CDC),
assim como o Requerido se identifica com o conceito de fornecedor, trazido no art. 3º do
mesmo texto normativo, formando ambos uma relação de consumo, vínculo este que é
disciplinado nã o só pelo CDC como também (e principalmente) pela pró pria Constituiçã o
da Republica, que, sobretudo em seus artigos 5º, XXXII e 170, V, cuida detidamente da
defesa do consumidor.
A legislaçã o consumerista, a respeito, fixa que:
Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire e utiliza produtos ou
serviço como destinatá rio final.
Art. 3º Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pú blica ou privada, nacional ou
estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de
produçã o, montagem, criaçã o, construçã o, transformaçã o, importaçã o, exportaçã o,
distribuiçã o ou comercialização de produtos ou prestaçã o de serviços: § 1º-Produto é
qualquer bem, mó vel ou imó vel, material ou imaterial. § 2º -Serviço é qualquer atividade
fornecida no mercado de consumo, mediante remuneraçã o, inclusive as de natureza
bancá ria, financeira, de crédito e securitá ria, salva as decorrentes das relaçõ es de cará ter
trabalhista.
Destarte Excelência, a Requerida é FROTISTA, e constantemente, renova seus
veículos, expondo a venda veículos usados, com a intenção de renovação de sua
frota, após certa quilometragem dos seus veículos, fazendo desta prática habitual em
seu comércio. Assim, encaixa-se perfeitamente ao conceito de fornecedora, tendo em
vista que comercializa veículos através de sites de revenda na internet.
Bem assim, cumpre destacar que o Có digo de Defesa do Consumidor, define de maneira
bem nítida, que o consumidor de produtos e serviços deve ser tutelado pelas suas regras e
entendimentos, vide art. 18, do CDC, senã o vejamos:
Art. 18: Os fornecedores de produtos de consumo durá veis ou nã o durá veis respondem
solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou
inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como
por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicaçõ es constantes do recipiente, da
embalagem, rotulagem ou mensagem publicitá ria, respeitadas as variaçõ es decorrentes de
sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituiçã o das partes viciadas.
§ 1º Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor
exigir, alternativamente e à sua escolha:
I - a substituiçã o do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condiçõ es de uso;
II - a restituiçã o imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de
eventuais perdas e danos;
III - o abatimento proporcional do preço. Grifamos
Ademais, pretende o Autor que seja o Requerido condenado a restituiçã o imediata da
quantia paga, bem como a restituiçã o de todos os valores gastos atualizados
monetariamente. Isto porque, como se depreende, antes de completar 07 (sete) dias da
compra, foi solicitada a devoluçã o dos valores com a entrega do referido veículo e o
Gerente da Requerida, Sr. XXX, nã o demonstrou interesse em solucionar o problema,
mesmo reconhecendo a responsabilidade pelo ocorrido, conforme print de whattsapp e
conversas anexas.
Aliando-se ao exposto, um dos fundamentos jurídicos para a propositura desta açã o
encontra amparo na Constituiçã o Federal, a qual prevê em seu artigo 5º, XXXV, que: “a lei
não poderá excluir da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.” Além disso,
a dignidade da pessoa humana é um dos corolá rios mais importantes a ser resguardado,
conforme dispõ e o art. 1º, inciso III, da CRFB/1988.
Ocorre que o Requerido, negligenciou os direitos do Autor em viabilizar, da melhor
maneira possível, omitindo-se de solucionar os problemas da relaçã o consumerista
estabelecida, o que lhe gera o direito a danos materiais e morais.
Destarte, o Requerido violou os Princípios que regem as relaçõ es de consumo, constantes
no art. 4º, I, III e IV do CDC, quais sejam a Boa-fé, Equidade, o Equilíbrio Contratual e o da
Informaçã o.
Art. 4º. A Política Nacional das Relaçõ es de Consumo tem por objetivo o atendimento das
necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saú de e segurança, a proteçã o
de seus interesses econô micos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a
transparência e harmonia das relaçõ es de consumo, atendidos os seguintes princípios:
(Redaçã o dada pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995) I- reconhecimento da vulnerabilidade do
consumidor no mercado de consumo. III- harmonizaçã o dos interesses dos participantes
das relaçõ es de consumo e compatibilizaçã o da proteçã o do consumidor com a necessidade
de desenvolvimento econô mico e tecnoló gico, de modo a viabilizar os princípios nos quais
se funda a ordem econô mica (art. 170, da Constituiçã o Federal), sempre com base na boa-fé
e equilíbrio nas relaçõ es entre consumidores e fornecedores; IV - educaçã o e informaçã o de
fornecedores e consumidores, quanto aos seus direitos e deveres, com vistas à melhoria do
mercado de consumo;
Art. 6º. Sã o direitos bá sicos do consumidor: III- a informação adequada e clara sobre os
diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade,
características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre
os riscos que apresentem.
Neste diapasão, também há a falha na prestação de serviços do Requerido, conforme
dispõe o art. 30 e art. 35, incisos I, II, III, do CDC, in verbis:

Art. 30. Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por


qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços
oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se
utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado.

Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta,


apresentaçã o ou publicidade, o consumidor poderá , alternativamente e à sua livre escolha:
I- exigir o cumprimento forçado da obrigaçã o, nos termos da oferta, apresentaçã o ou
publicidade; II- aceitar outro produto ou prestaçã o de serviço equivalente; III- rescindir o
contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente antecipada,
monetariamente atualizada, e a perdas e danos. Grifamos
Desta feita, ante ao exposto, percebe-se que da situaçã o em tela nã o há dú vidas de que tal
fato gera transtornos para o Autor, visto que nã o houve boa-fé por parte da Requerida,
devendo ser aplicado o disposto no art. 6º, VI, do CDC, que prevê como direito básico do
consumidor, a prevenção e a efetiva reparação pelos danos morais sofridos, sendo a
responsabilidade civil nas relações de consumo OBJETIVA, desse modo, basta apenas a
existência do dano e do nexo causal.
Ainda, o Có digo de Defesa do Consumidor em seu art. 20, protege a integridade dos
consumidores:
Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os tornem
impró prios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da
disparidade com as indicaçõ es constantes da oferta ou mensagem publicitá ria, podendo o
consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: § 2º Sã o impró prios os serviços que se
mostrem inadequados para os fins que razoavelmente deles se esperam, bem como aqueles
que nã o atendam as normas regulamentares de prestabilidade.
Ainda, vejamos o entendimento jurisprudencial:
EMENTA: APELAÇÃ O CÍVEL - INDENIZAÇÃ O POR DANOS MATERIAIS E MORAIS - VÍCIO
OCULTO EM VEÍCULO USADO - COMPROVAÇÃ O DOS FATOS CONSTITUTIVOS DO DIREITO
- RESCISÃ O CONTRATUAL - DANO MORAL - OCORRÊ NCIA - SENTENÇA PARCIALMENTE
REFORMADA - RECURSO PROVIDO EM PARTE. - A prova do vício oculto no produto
possibilita ao consumidor a redibiçã o do negó cio jurídico, respondendo objetivamente o
fornecedor pelos danos originados do defeito - O dano moral caracteriza-se pela violaçã o
dos direitos integrantes da personalidade do indivíduo, atingindo valores internos e
anímicos da pessoa, tais como a dor, a intimidade, a vida privada e a honra, entre outros.
(TJ-MG - AC: 10024133970301001 MG, Relator: Maurício Pinto Ferreira (JD Convocado),
Data de Julgamento: 30/10/2018, Data de Publicaçã o: 09/11/2018).
Deste modo, com amparo na legislaçã o, doutrina e entendimento jurisprudencial, o Autor
deverá ser indenizado pelos danos que lhe foram causados.
V– DA INVERSÃO DO ÔNUS PROBATÓRIO
Com o escopo ú nico de facilitar a defesa do consumidor, parte hipossuficiente na relaçã o, a
inversã o do ô nus da prova destaca-se como instrumento de grande relevâ ncia nas
demandas fundadas em casos de consumo.
No contexto da presente demanda, há possibilidades claras de inversã o do ô nus da prova
ante a verossimilhança das alegaçõ es, conforme preleciona o art. 6.º, inciso VIII, do CDC, in
verbis:
Art. 6.º, VIII, CDC: Sã o direitos bá sicos do consumidor: VIII – a facilitaçã o da defesa de seus
direitos, inclusive com a inversã o do ô nus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a
critério do juiz, for verossímil a alegaçã o ou quando for ele hipossuficiente, segundo as
regras ordiná rias de experiências.
No caso em tela, nã o há dú vidas quanto à relaçã o de vulnerabilidade do Requerente frente
a Requerida, por isso, em razã o da hipossuficiência técnica do Autor, bem como da
verossimilhança das alegaçõ es ora relatadas, em relaçã o ao Demandado, mister seja
determinada a inversã o do ô nus da prova.
VI – DOS DANOS MATERIAIS E MORAIS
Na presente demanda, vê-se claramente que o Requerido nã o se prontificou em resolver o
problema de forma definitiva, seja pelo conserto do veículo em tempo há bil, ou mesmo a
restituiçã o da quantia paga. Isto, traz ao Autor transtornos que ferem a sua dignidade.
O desgaste emocional que passa o Requerente ainda é maior pelo fato de ter procurado
vá rias vezes o Requerido para resolver os problemas, todavia, nã o logrando êxitos em suas
tentativas. Desta forma, a esfera patrimonial e emocional foram plenamente atingidas, o
que o deixa completamente abalado.
Os danos patrimoniais e morais sofridos pelo Requerente, sã o explícitos face a ardileza do
Demandado, sendo que sua conduta fez com que o Autor compromete-se o seu sustento e o
de sua família, para tentar solucionar os problemas, e até o momento está impossibilitado
de trabalhar com o veículo.
Por todo o exposto, merece o Autor o ressarcimento das quantias já gastas, cerca de
R$ 1.910,87 (um mil, novecentos e dez reais e oitenta e sete centavos), e a restituição
imediata da quantia paga pelo veículo, monetariamente atualizada, conforme o
disposto no art. 18, § 1º, inciso II, do CDC.

VII – DA TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA


Inicialmente, no tocante a esse tó pico, cumpre-nos o dever de enfatizar que é notó ria a
necessidade de concessã o da tutela antecipada, tendo em vista que O VEÍCULO CONTINUA
PARADO E O REQUERENTE NÃ O POSSUI CONDIÇÕ ES FINANCEIRAS PARA ARCAR COM OS
CUSTOS NECESSÁ RIOS PARA FAZER O VEÍCULO VOLTAR A FUNCIONAR. E nã o é só , o
Requerente investiu todas as suas economias para realizar a compra do veículo que seria
destinado ao seu trabalho.
Além do que, há nos autos provas inequívocas e suficientes para o preenchimento de todos
os seus requisitos, bem como perigo de grave dano ou de difícil reparaçã o, conforme
preceitua o art. 294, do Có digo de Processo Civil.
Verifica-se, Meritíssimo Juiz, que a situaçã o do Autor atende perfeitamente a todos os
requisitos esperados para a concessã o da medida antecipató ria, pelo que se busca, antes da
decisã o do mérito em si, a ordem judicial para que o Requerido devolva o valor
investido para a compra da van, bem como dos valores já gastos, visto que não
subsiste mais o interesse de substituição do veículo, muito menos o conserto do
mesmo; para tanto, requer que Vossa Excelência, se digne a determinar a expediçã o de
Ofício à empresa Ré, para que proceda a devoluçã o dos valores e a busca do bem avariado.

VII – DOS PEDIDOS


Pelo exposto, considerando que a pretensã o do Autor encontra arrimo nas disposiçõ es
legais já mencionadas, requer a Vossa Excelência:
a) Seja determinada a citaçã o do Requerido, no endereço fornecido nesta inicial, na pessoa
de seu representante legal para, querendo, contestar a presente açã o no prazo legal, sob
pena de revelia e confissã o quanto à matéria de fato e direito alegadas;
b) Requer a concessã o de TUTELA ANTECIPADA in limine, inaudita altera pars, para
determinar que o Réu, imediatamente, devolva os valores pagos para a aquisiçã o do
veículo, bem como requer o ressarcimento das quantias gastas;
c) Procedência do pedido, com a condenaçã o do Requerido ao ressarcimento imediato da
quantia paga pelo veículo no valor de R$ 38.000,00 (trinta e oito mil reais), bem como o
ressarcimento dos valores gastos pelo Requerente para transporte e identificaçã o vícios
ocultos no valor de R$ 1.910,87 (um mil, novecentos e dez reais e oitenta e sete centavos),
acrescidos de juros e correçã o monetá ria, conforme o disposto no art. 18, do Có digo de
Defesa do Consumidor;
d) Conceder, nos termos do art. 6º, inc. VIII, do CDC, a inversã o do ô nus da prova contra o
Requerido;
e) Condenar o Requerido, nos termos dos art. 5º, inc. V, da CF/88 c/c art. 186 e art. 927 do
CC/2002 e art. 6º, inc. VI da Lei. 8.078/90 a pagar ao Autor os danos morais causados, ou
seja, ao final, julgada procedente a presente demanda, impor ao Requerido ao pagamento
de indenizaçã o por danos morais ao Requerente, no valor de R$ 15.000,00 (quinze mil
reais) ou outro valor a ser arbitrado por Vossa Excelência, tendo em vista a prá tica abusiva,
a fim de repercutir nã o só a efetiva reparaçã o do dano, como também o cará ter preventivo-
pedagó gico do instituto, no sentido de que no futuro tenha mais cuidado e zelo, sem que
isso caracterize hipó tese de enriquecimento ilícito por parte do Autor, haja vista que o
Princípio da Razoabilidade das indenizaçõ es por danos morais é um prêmio aos maus
prestadores de serviços, pú blicos e privados. O que se reclama uma correçã o do desvio de
perspectiva, pela guisa de impedir o enriquecimento sem causa do lesado, sem perceber,
admitem um enriquecimento indireto do causador do dano;
f) Conceder ao Requerente os benefícios da Justiça Gratuita, eis que nã o tem condiçõ es de
arcar com o pagamento das custas processuais e dos honorá rios advocatícios;
g) Requer a designaçã o de audiência prévia de conciliaçã o, nos termos do art. 319, inciso
VII, do Có digo de Processo Civil;
h) Incluir, na esperada condenaçã o do Demandado, a incidência de juros e correçã o
monetá ria na forma da lei em vigor, desde a respectiva citaçã o;
i) Seja julgada totalmente PROCEDENTE a presente açã o, com o seu conhecimento e
integral provimento nos termos ora requeridos;
j) Condenar o Requerido ao pagamento das custas processuais que a demanda por ventura
venha ocasionar, tais como as perícias que se fizerem necessá rias, exames, laudos, vistorias,
conforme arbitrados por esse D. Juízo e dos honorá rios advocatícios, estes devendo se
pautar na base de 20% (vinte por cento) do valor da condenaçã o.
VIII – DAS PROVAS
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito, especialmente
pela produçã o de prova documental, testemunhal, e através depoimentos das partes e
perícias.
Atribui-se à causa o valor de R$ 54.910,87 (cinquenta e quatro mil, novecentos e dez reais e
oitenta e sete centavos).
Nestes Termos,
Pede Deferimento.
Luís Eduardo Magalhã es/Bahia, 27 de abril de 2019.
ADVOGADO
OAB/XX 000000

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