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FERNANDO MONTEIRO

BIOMATERIAIS – INTRODUÇÃO

Um biomaterial é um material usado em contacto com sistemas biológicos para diagnosticar, tratar ou
substituir qualquer tecido, órgão ou função do corpo. Podem ser usados no interior ou no exterior do
corpo (por exemplo, lentes de contacto). Podem ser usados em dispositivos, mas não são dispositivos.

A resposta imunológica desencadeada por contacto com um objeto estranho varia de sistema
imunitário de uma pessoa para outra.

• Um biomaterial tem de ter características próprias para não haver encapsulamento


(desenvolvimento de uma capa fibrosa à volta de todo o dispositivo).
• Um material biocompatível não causa reação ao corpo estranho, não é rejeitado pelo organismo e
cumpre uma função para o qual está destinado.

REVISÃO DAS PRINCIPAIS PROPRIEDADES MECÂNICAS

Comportamento elástico: um material sólido sujeito a uma força tensil estende na direção de tração
por uma quantidade que é proporcional à força (lei de Hooke).

Tensão e deformação: a extensão para uma dada força depende


da geometria do espécime, assim como da sua composição.
Então, é difícil comparar a dureza relativa de diferentes
materiais ou de prever a sua capacidade de aguentar certas
forças quando têm formas complexas. Para resolver isto, a força
é dividida pela área de secção que suporte essa força, e a
extensão é dividida pelo comprimento original do espécime.
Então, a carga é considerada como carga por unidade de área,
e a deformação é a elongação por unidade de comprimento na
direção em que ocorreu. A carga normalizada (F/A) é a tensão
σ e a deformação normalizada é a deformação ε.

A área por baixo da curva de tensão/deformação é


proporcional ao trabalho necessário para deformar um
espécime até à falha. A área por baixo da curva toda é
proporcional ao produto da tensão e da deformação, e tem as
unidades de Energia por unidade de volume. O trabalho até à
fratura depende da dureza e reflete a resistência de um
material à propagação de fendas.

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Tensão de cisalhamento/tensão de corte (Shear strain): nestes casos, a carga aplicada é paralela à
área que a suporta, e a alteração dimensional é perpendicular à dimensão de referência.

Fadiga: alguns materiais fraturam mesmo quando as tensões à qual estão sujeitos são muito menores
que a tensão de falha. Isto ocorre quando as cargas são aplicadas e removidas ciclicamente, como no
caso das válvulas cardíacas e nas articulações.

Tenacidade: medida de quantidade de energia que um material pode absorver antes de fraturar

METAIS E LIGAS METÁLICAS

• Compostos ligados por ligações metálicas


• Apresentam excelente resistência à corrosão. Exemplo: ouro, para a não oxidação de um coração
artificial.

AÇO INOXIDÁVEL

Já está oxidado, tendo uma camada de óxido de crómio (Cr2O3) para além de Fe, Ni e Mo.

O crómio tem grande tendência para se ionizar (+3 ou +6), tendo o seu ião grande aptidão para se ligar
ao oxigénio. Se é colocado dentro de uma liga em contacto com o ambiente (corpo/sangue) vai
trocando com outros iões da rede cristalina até chegar à superfície e reagir com o oxigénio, formando
o óxido.

O crómio forma, assim, um filme passivo:

• Cerâmico
• Muito fino (na ordem dos nm)
• Transparente
• Mau condutor de eletricidade (não permite movimentos de cargas elétricas no seu interior)

Confere resistência à corrosão, no entanto, ao fim de algum tempo, esta pode existir.

+ O aço inoxidável é produzido em grande quantidade com pequeno número de imperfeições.


+ Tem um módulo de elasticidade (E) elevado. Composição exemplo de um aço inoxidável: 10% Ni e
20% Cr.

Graças ao níquel, que expande o domínio austenítico, a liga apresenta-se na forma austenítica à
temperatura ambiente.

Temos 3 fases: ferrítica, austenitica e martensitica. Estas têm diferentes composições químicas.

A austenítica é a mais resistente à corrosão.

A austenite apresenta uma estrutura CFC (cúbica de faces centradas):

• Mais facilmente moldável/maleável


• Maior número de interstícios, apesar de serem de pequenas dimensões, sendo o carbono mais
solúvel (mais carbono -> mais duro mas mais frágil)

+ Com a corrosão do aço inoxidável podem libertar-se partículas tóxicas: os iões pesados (como o
crómio) não são excretados e acumulam-se nos órgãos (o chumbo acumula-se no sistema nervoso

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central, levando à morte por asfixia). Desta forma, uma prótese de aço inoxidável provavelmente
tem de ser substituída ao fim de um certo período de tempo, tendo a pessoa que ser reoperada.

A nível médico temos aço inoxidável com muito pouco carbono. Podemos adicionar elementos que
preferencialmente se ligam ao carbono e impedem que este se ligue ao crómio, diminuindo a corrosão
(weld decay – temos menos crómio, as zonas ficam mais suscetíveis à corrosão). Exemplos desses
elementos são o titânio e o cobalto.

Inicialmente, a prótese da anca era totalmente de aço inoxidável, pois este é barato e facilmente
moldável! Mais tarde, viu-se que a cabeça do material era facilmente desgastável pelo que não se
usa hoje em dia. Com o desgaste, são libertadas partículas tóxicas.

LIGAS CR-CO

Bom para próteses ortopédicas para articulações.

+ Resistente ao desgaste, mas rígido e pouco flexível. Acaba, no entanto, por haver sempre
degradação.
+ Tem módulo elástico elevado (semelhante ao aço inoxidável).

As ligas são mais simples de produzir no que toca a moldes e são resistentes ao desgaste, no entanto
são mais rígidas (desvantagem).

LIGAS DE TITÂNIO (TI-6AL-4V E TI-AL-FE)

O titânio é muito usado como biomaterial.

+ Não tóxico
+ Muito leve (pouco denso)
+ Grande resistência mecânica
+ Biocompatível mas não é bioativo: causa inflamação mas não desencadeia reação ao corpo
estranho (encapsulamento).
+ Tem um módulo de elasticidade próximo do osso
+ Pode-se tornar muito resistente com revestimentos
+ Tem estrutura HCP. Tem um óxido muito mais plático do que aquele que se forma no aço inoxidável
- deformável plasticamente
- Menor resistência ao desgaste, não sendo indicado para articulações em geral. (não usar, por
exemplo, na cabeça do fémur)
- Caro

LIGAS NI-TI

São ligas com memória de forma: podemos deforma-las que depois, alterando a temperatura,
conseguem recuperar a forma inicial. Isto é: é possível alterar o Sistema cristalino e depois voltar ao
anterior.

Uma das aplicações são os stents, que servem para reforçar veias e artérias: à temperatura de 36,5ºC
(corporal), a liga “relembra-se” da sua forma inicial e transforma-se/expande-se. Outra aplicação são
os aparelhos dentários.

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TITÂNIO OU AÇO INOXIDÁVEL?

O material a escolher para o implante dependerá, em parte, do tempo que o paciente o usará.

Sendo um idoso, não há necessidade de utilizar um material mais caro como o titânio, pois a duração
da utilização será curta e não levará a problemas de toxicidade. Noutros casos, o titânio é vantajoso,
pois, apesar de caro, não causa reação ao corpo estranho.

Comparação do módulo de elasticidade: o osso é um material


elástico. O titânio tem um módulo de elasticidade mais próximo do
osso, o que é favorável. Isto porque ao colocar em substituição do
osso um material demasiado forte, que suporta muita força, o osso
ao redor vai deixar de ser estimulado e perder densidade óssea.

CERÂMICOS

Compostos ligados por ligações covalentes ou iónicas.

Alguns podem ser utilizados em aplicações médicas (densos ou como revestimento) sendo eles os
cerâmicos:

• biotolerados (bioinertes)
• bioativos.

Os cerâmicos são no geral:

+ muito resistentes à compressão e muito inertes, uma vez que são quimicamente estáveis por
terem as suas ligações saturadas.

BIOTOLERADOS

Cerâmicos duros, densos e usados com o objetivo de serem inertes.

Utilizados para aplicações com transferência de carga.

+ Muito duros - resistentes ao desgaste.


+ Em contacto com o tecido não promovem o crescimento deste (ao contrário dos bioativos)
+ Não são quimicamente reativos pelo que nã danificam a superfície em redor

São usados para implantes nas junções do joelho e da anca. Na realidade, as articulações do joelho e
da anca são lubrificadas e, por isso, interagem perfeitamente. Quando se coloca uma prótese, os
materiais não podem ser metal-metal porque a fricção seria insustentável. Então usam-se cerâmicos
biotolerados (bioinertes) que são resistentes ao desgaste/corrosão.

São eles:

• óxidos metálicos duros (alumina e zircónia).


• cerâmicos técnicos (TiC, TiN, Si3N4).
• carbono (DLC).

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ÓXIDOS METÁLICOS DUROS

A zircónia forma o óxido de zircónia (ZiO2) que é utilizada como biomaterial.

+ Muito dura e mais rígida


+ É um material forte, que absorve o choque.
+ Tem alta tenacidade à fratura/tração.

Tem várias fases e várias estruturas possíveis (polimórficos), isto é, os átomos combinam-se de formas
muito diferentes/podem cristalizar em sistemas diferentes (alterando conforme a temperatura
ambiente).

- Com a aplicação de cargas baixas podem explodir.


- Apesar de mais resistente ao impacto tem menor resistência ao desgaste do que a alumina

É frequentemente contaminado com ítrea (Y2O3), cerca de 3%-6%, para evitar o problema de transição
de fases e a propagação de fissuras (a lixiviação da ítrea leva ao problema inicial e à remoção do
material). Também pode ser contaminado com ClO2, MgO ou até Al2O3 (alumina), pois esta última é
bastante estável.

O problema de contaminar a zirconia com ítrea é que esta é eliminada ao longo do tempo. A melhor
solução passa por utilizar zircónia com alumina.

A alumina é boa em termos de desgaste mas não em termos de impacto (propagação elevada de
impacto -> fissuras). É normalmente reforçada com zircónia (que não parte tão facilmente), mas
também acontece o inverso.

CERÂMICOS TÉCNICOS

Os cerâmicos técnicos são muito duros e têm grande resistência mecânica.

• TiC e TiN são muito finos – uma camada muito fina é suficiente para um aumento significativo da
resistência ao desgaste e corrosão

São usados, por exemplo, para produzir as esferas das próteses da anca.

• Têm hibridações sp2 ou sp3.


• Revestimentos TiN são usados em componentes da prótese do joelho e da anca, com boa
resistência ao desgaste e à corrosão. Tem cor dourada.

DLC – DIAMOND LIGHT CARBON

O diamante é muito duro devido à sua conformação sp3 - um


carbono está no centro do tetraedro, e este arranjo ocorre num cubo
muito compacto, pelo que não há mobilidade dos átomos que o
rodeiam. O DLC não tem exatamente a mesma estrutura mas é
parecida - pode ser usado em coating de materiais, tornando-os mais
duro.

+ Barato
+ Fácil de fazer.

DLC é usado sobre ligas Co-Cr, por exemplo, para elevada resistência ao desgaste.

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• Têm cor preta e são usados em componentes de articulação submetidos a esforços de carga.

REVESTIMENTOS FINOS

Maquinar um cilindro para produzir a parte esférica de uma prótese não é fácil, por isso, maquina-se
um metal (mais fácil) e cobre-se a superfície com um revestimento cerâmico que dá resistência ao
desgaste.

Entre estes revestimentos podemos encontrar os revestimentos de DLC e os revestimentos de TiN.

BIOATIVOS

Promovem a fixação ao osso. Podem ser:

• fosfatos de cálcio (HA, TCP, OCP, outros): correspondem à componente mineral da matriz
extracelular.
• vidros bioativos.

FOSFATOS DE CÁLCIO

A hidroxiapatite (Ca10(PO4)6(OH)2) está presente no osso em forma de nanocristais entranhados em


colagénio, conferindo resistência mecânica.

A que é produzida em laboratório é tão semelhante à natural que acaba por não ser reconhecida como
um corpo estranho (trifosfato de cálcio -Ca3(PO4)2 é um outro exemplo de um fosfato de cálcio) –
biocompatível.

Um scaffold de HA tem a possibilidade de ter cor azulada devido à presença de Mg na sua


sintetização.

São as fibras de colagénio que sustentam a componente mineral do osso que é responsável pela
flexibilidade do mesmo.

VIDROS BIOATIVOS

É exemplo o bioglass.

+ São extremamente solúveis.


+ Têm aplicações dentárias e ortopédicas, não provocando estragos.

Não têm uma estrutura organizada. Quando existe uma esfera de vidro bioativo normalmente tem de
ser bem polido e parece um espelho.

POLÍMEROS

Podem ser divididos em:

• homopolímeros (constituídos por apenas um tipo de monómeros)


• copolímeros (constituídos por mais do que um tipo de monómeros)
• biodegradáveis
• naturais.

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+ São mais fáceis de alterar do que os metais, sendo possível ajustar (química e fisicamente) as
suas propriedades.

No entanto isto significa que...

+ Podem causar mais problemas, alterando-se dentro do organismo

Exemplos de aplicações:

• polímero biodegradável: podemos ter uma esfera com medicamento dentro e que seja sensível ao
pH. Assim, a alteração do pH pode levar à degradação da esfera e libertação do medicamento.
• Esponjas de quitosano (provem de cogumelos, crustáceos...), podem ser usadas para fazer
scafflods – é muito flexível e biocompativel
• Uma lesão nos nervos pode ser tratada usando um polímero como substituto, com cortes
longitudinais.

O colagénio é um polímero e é a macromolécula mais abundante no corpo humano, existindo como


matriz extracelular de vários tecidos.

+ Excelente biocompatibilidade
+ Excelente degradabilidade
+ Adequadas interações com muitas moléculas (proteínas, proteoglicanos, …).
+ É considerado promotor da ligação entre células/tecido e do crescimento – pensos de colagénio
são usados para fortalecer regiões fragilizadas (por exemplo, após operação ao intestino)

“Electrospining” pode ser usado para criar um polímero poroso através de uma técnica de diferença
de potencial, levando à criação de fibras.

COMPÓSITOS

Podem ser compósitos de matriz polimérica, de matriz cerâmica, carbono e fibras reforçadas. São
obtidos por diferentes combinações de materiais de forma a terem as propriedades pretendidas.

PRÓTESES E IMPLANTES

DENTES

PRÓTESE DENTÁRIA

A parte metálica é uma liga de Cr-Co com fundição de precisão, com um intervalo de arrefecimento
muito bom, resultando numa resistência mecânica muito grande (podendo ser fina). Esta não se funde
com os outros dentes.

A parte do dente postiço é de alumina e permite acertar a tonalidade. Também pode ser um compósito
de base polimérica revestida a cerâmico para dar resistência mecânica e não desgastar, sendo mais
barato e fácil de fazer e substituir.

Outros dentes servem de pilar para a prótese – não há substituição da raiz do dente.

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IMPLANTE DENTÁRIO

Parafuso externo – deve ligar ao osso. Características:

• Aguenta um torque muito elevado


• Biocompatível
• Bioativo – promove o crescimento do osso
• Aguenta forças de flexão
• Tem carga distribuída homogeneamente
• É coberto pela gengiva sem provocar inflamações.
• É poroso para promover a adesão celular.

Deste modo, utiliza-se normalmente o titânio. Este é um material poroso, o que vai facilitar o
crescimento sendo que com o tempo o osso cresce à volta do implante e fixa-o. O titânio é
osteoconductivo e biocompatível o que facilita a penetração das células.

Para melhorar a superfície do contacto:

• ou se utiliza uma superfície rugosa (criada com jatos de quartzo ou sílica) para aumentar a área
de contacto entre a prótese e o osso
• ou um revestimento de hidroxiapatite, mais aceite pelo organismo, mas implicando cuidados para
garantir que não parte devido à sua fragilidade.

Queremos que o parafuso adira fortemente ao osso, logo a área de contacto tem de ser elevada e o
osso deve crescer na direção do implante.

Parafuso interno – tem um espigão ligado ao dente cerâmico.

O processo de cicatrização é demorado:

1) põe-se um parafuso provisório dentro do parafuso maior, apenas para fechar o buraco e dá-se
um ponto, pondo-se um dente provisório por cima.
2) Quando começa a cicatrizar e o parafuso exterior está fixo ao osso, substitui-se o parafuso de
dentro pelo implante final.

Apenas 8% dos implantes dentários falham: um pequeno número, por erro médico, outro por corrosão
do osso.

• Usam-se ligas de titânio, alumínio e vanádio, podendo haver reações nefastas a alguns iões de Al
e V ou uma infeção bacteriana na parte de contacto implante/gengiva.
• Podem surgir zonas cinzentas devido ao desaparecimento do osso: o implante (titânio) fica à vista,
podendo até mesmo cair.
• Periodontite é o desaparecimento do osso devido a bactérias que entram pelos tecidos moles e
começam a libertar ácido que dissolve o osso. É necessário evitar que as bactérias entrem
aquando da introdução e adesão do implante ao osso, uma vez que após a sua inserção,
comunicam umas com as outras, formando um biofilme.

Métodos alternativos podem passar por métodos de pressfit (isto é: o buraco feito é menor do que o
implante). São alternativas para o titânio um cerâmico suficientemente resistente mecanicamente e
que permite dar-lhe forma e não é escuro: zircónia. Em contrapartida, não é bioativa.

APARELHO ORTODÔNTICO

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Recorre-se a ligas com memória de forma, uma vez que se tratam de estruturas metálicas
suficientemente flexíveis e resistentes para formar fios ortodônticos capazes de puxar um dente para
o sítio, aplicando uma carga muito forte e depois voltando ao normal (superelasticidade).

• Ligas de nitinol permitem fios mais finos que os aços inoxidáveis.

OUVIDO

OSSO DO OUVIDO INTERNO

Substituição do martelo por uma prótese feita de titânio coberta por hidroxiapatite.

IMPLANTE COCLEAR

Reestabelece a conexão elétrica entre o cérebro e o ouvido, quando esta não existe. Feito normalmente
com cabos de ouro (eletrónica), pouco sofisticado em termos de materiais, pois pretende-se apenas
que não se degradem, sem ser preciso grande resistência mecânica e outras capacidades.

CORAÇÃO E SISTEMA VASCULAR

Os materiais que contactam com o sangue têm de ser preparados/tratados. No geral, o sangue
coagulará em contacto com qualquer material e é preciso evitar isso. Para evitar a agregação das
plaquetas é feita, por exemplo, um revestimento de albumina (proteína mais abundante no sangue).

PACEMAKER

Temos 2 eletrodos ou mais que vão estimular eletricamente o coração. O fio é feito de ouro para não
oxidar.

PRÓTESES VASCULARES

Substituem vasos – não confundir com os stents!!!

Material muito utilizado é o DACRON. Relativamente às próteses, deixa passar a água pelos seus poros,
mas não deixar passar o sangue porque as plaquetas aderem à superfície porosa e os poros fecham.

Exemplos de aplicação:

• há acumulação de colesterol impedindo a passagem de sangue no vaso, isto faz aumentar a


velocidade do sangue tornando-o mais abrasivo. Vai haver desgaste das paredes do vaso com
formação de buracos que são tapados por próteses vasculares.

• Aorta – ao sair do coração a aorta tem uma grande curva, havendo uma mudança termodinâmica
no percurso do sangue nessa região. Essa curva potencia a deposição de gordura (ou ingerida ou
não excretada) imediatamente antes ou depois dela. Consequentemente, ocorre uma limitação no
percurso do sangue, isto é, com a deposição o vaso fica mais estreito (“limitation of blood
pathway”). A velocidade de fluxo do sangue aumenta para tentar compensar a menor passagem
do mesmo e isso pode levar a uma maior erosão na zona da gordura acumulada. Assim, existe a
possibilidade de ocorrer uma “explosão” dessa gordura consequente da erosão (rutura de
aneurisma). Para evitar este problema a tempo, uma das soluções encontradas é fazer um “clamp”
(bloqueio de zona da aorta) e fazer um desvio da circulação do sangue através de uma prótese

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vascular (para efetuar este procedimento é necessário recorrer à circulação externa no processo),
com um material semelhante ao tecido de paraquedas, que é uma rede que faz com que as
plaquetas se agarrem à parede e o sangue não saia. Depois de colocada a prótese o paciente irá
para sempre tomar medicamentos para garantir a fluidez do sangue (anticoagulantes).

VÁLVULAS CARDÍACAS

Uma válvula abre e fecha de acordo com a pressão sanguínea. As próteses de válvulas fazem o mesmo.
Os folhetos são as partes móveis da válvula e têm o mesmo peso específico do sangue, de modo a que
um pequeno fluxo de sangue consegue fazer com que estes se movam.

Estado normal de uma válvula: dinâmica ótima, em média, abre e fecha cerca de 103000 vezes por
dias, cerca de 3,7 biliões de vezes, durante a sua vida.

+ Suporta pressões variáveis


+ Pode sofrer curvaturas complexas de forma reversível
+ É sujeita a biliões de ciclos de flexão, o que mostra bem as suas excelentes propriedades
mecânicas.

Tecido das válvulas: conetivo, não vascularizado, denso, constituído por fibras de colagénio e elastina
ligadas a proteoglicanos e glicosaminoglicanos.

Causa da deterioração de válvulas e consequências: com a deposição de fosfato de cálcio, a válvula


torna-se rígida, não fechando/abrindo bem e havendo refluxo/mistura de sangue – calcificação das
válvulas.

Diz-se que há estenose (constrição), com maior espessura do folheto e perda de flexibilidade.

Os depósitos de cálcio podem também levar à fragmentação do folheto, havendo rasgões e levando a
regurgitação.

Requisitos para uma prótese cardíaca:

• boas características termodinâmicas, durabilidade


• biocompatibilidade
• serem fáceis de manipular pelos cirurgiões
• facilmente estilizáveis
• estarem disponíveis em vários tamanhos
• não serem demasiado caras.

VÁLVULAS MECÂNICAS

+ Longa durabilidade (mais de 25 anos)


- Risco de oclusão trombótica (necessidade de terapia de anticoagulação para o resto da vida).
- As suas dinâmicas de fluxo são diferentes das válvulas nativas.

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• Anel metálico feito de Cr-Co-Mo.
• 2 ganchos de Cr-Co soldados
• Bordo de teflon (para poder ser cosido)
• Componente móvel de carbono obtido, fundido e depositado a altas temperaturas - carbono

piralítico.

Não podem ser usados elementos como Cu ou Al porque são tóxicos.

- Cr é resistente e não deformável.


- O carbono piralítico tem uma superfície resistente, mas leve e polida – revestimento de carbono
sobre carbono. Este carbono é também muito resistente à oxidação provocada pelo sangue.

Existem em forma de borboleta (abre/fecha), disco ou com uma bola que sobe/desce conforme a
pressão, deixando ou não passar o sangue. Têm embebido um tecido para rutura.

VÁLVULA BIOLÓGICA

+ Não há necessidade de tomar anticoagulantes, uma vez que utilizam tecido do pericárdio de porco
ou vaca descelularizado (também se pode usar válvulas aórticas de suínos e tecido de avestruz),
o que faz com que não haja contaminação porque só resta a estrutura do tecido/colagénio (base)
que pode ser moldado ao formato que é parecido com as nossas válvulas naturais. Este material
denomina-se XENOGRAF.
+ Têm hemodinâmicas aproximadas ao tecido não tratado.
- São necessários tratamentos de reticulação (Ga) para aumentar a resistência à degradação
química/enzimática, para suprimir a resposta imunitária, esterilizar o tecido, reforçar as
propriedades mecânicas e preservar a flexibilidade.
- Estas válvulas são semelhantes às naturais, podendo sofrer processos de calcificação.

Podem ser sem anel (com revestimento em Dacron) ou com anel de propileno (estrutura em Dacron).

Como fixar as válvulas se não podemos aparafusar, uma vez que, o coração é muito elástico?

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Com um pouco de fibra de tecido (semelhante a roupa) à TEFLON.

STENTS CORONÁRIOS

São molas (“springs”) poliméricas ou de metal (liga níquel/titânio) com memória de forma.

• Expande o calibre do vaso e expande a área sobre a qual é exercida pressão. Inicialmente é muito
fino, pode ser levado por um cateter até ao local do problema.

A liga níquel-titânio, por exemplo, apresenta transição entre fase austenite e martensite, de forma
semelhante ao que acontece nos aços (austenite e martensite têm diferentes sistemas
cristalográficos). Conseguimos então alternar entre as duas estruturas (uma muito fina e outra
expandida), sendo isto controlado pela temperatura.

Quando um stent expande, causa tensão na superfície do vaso sobre uma área alargada (“spread out”),
pelo que não se trata de uma “má pressão”: pressão excessiva como no caso da exercida pela gordura.

Os stents poliméricos têm a vantagem de conseguirem carregar um fármaco que vai sendo libertado
ao longo do tempo para o vaso voltar ao normal (este perde elasticidade devido à carga cíclica a que
está sujeito).

Tratamento depois de uma acumulação de gordura:

• Primeiro coloca-se um primeiro cateter, desde a perna/braço até perto do cérebro onde se
encontram os principais vasos que levam o sangue até à cabeça onde se se costumam encontrar
mais problemas. No cateter pode estar um líquido que permite ver por raios X se o sangue está a
circular.
• No cateter pode ser colocado um balão que vai muito estreito até ao local de acumulação e lá
insufla, alarga e suga a gordura que está acumulada. Também se pode aplicar um “vortex” artificial
na zona para destruir o que está acumulado em partículas e desaparecerem, mas não é tão usado.
• No caso de haver muitos danos à colocação de stent: stents são aplicados a pessoas que estão
em risco de AVC, ataques cardíacos, etc., quando estes procedimentos não são suficientes.

AVC = acidente vascular cerebral = falta sangue chegar a parte do cérebro, que leva a morte cerebral
nessa região e consequente perda de capacidades.

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CORAÇÃO ARTIFICIAL

Dois depósitos (esquerdo e direito) que se ajustam/juntam através de 3 ou 4 peças de velcro e


permitem flexibilidade, pois o coração e sua colocação vai variar de pessoa para pessoa. Este vai
adaptar a velocidade de bombeamento conforme a necessidade.

O formaldeído é um bom crosslinker que permite que a degradação do plástico (material do coração
artificial) seja lenta, embora seja mau para as células que vão estar em contacto (mas não é muito
grave).

Para receber um Coração Artificial precisa-se de ter uma esperança de vida menor ou igual a um mês
– este tratamento é apenas temporário, para casos em que o coração está a funcionar mal e a pessoa
está, por exemplo, à espera de um transplante. Tem uma duração máxima de dois anos.

CORREÇÃO ESTÉTICA E TECIDOS MOLES

IMPLANTES MAMÁRIOS

Consistem em pequenos “sacos” preenchidos, constituídos por 2 tipos de silicone.

A parte externa é constituída por um silicone bastante sólido e tratado com “crosslinking” para que a
forma se mantenha. Tem uma consistência semelhante a borracha flexível, mas mantém uma certa
forma. É o saco em si.

A parte interna, ou seja, o conteúdo do saco, pretende-se que se aproxime o máximo possível do tecido
natural, que é um género de gordura.

Evolução da composição da parte interna dos implantes...

• Inicialmente esse conteúdo era, então, monómeros livres de silicone formando um líquido
viscoso. No geral, esta correção dos implantes aproximava-se de um verdadeiro peito, em termos
de sensação e em termos visuais.
• No entanto, começaram a surgir problemas: o saco externo da prótese/implante apresentava
buracos pois o “crosslinking” não assegura a não existência de poros. Alguns monómeros saiam e
estavam a espalhar-se pela corrente sanguínea, causando uma resposta agressiva e consequente
inflamação, por exemplo, nas articulações. Um famoso acidente relacionado com implantes foram
os peitos que rebentaram num acidente de carro, no qual a pessoa morreu devido à toxicidade,
pois os monómeros de silicone líquido não são biocompatíveis.
• Para resolver o problema, o silicone tóxico do interior dos implantes foi substituído por soro
fisiológico (solução salina). Apesar de a sensação não ser tão verdadeira, não é tóxico.
• Assim, atualmente, usa-se silicone outra vez, mas parcialmente “crosslinked”, sendo mais viscoso
(textura de queijo da serra).

Em termos de técnicas cirúrgicas, inicialmente implicavam um corte à volta de todo o peito (meridiano)
e cicatrizes. Hoje o silicone pode ser introduzido por trás do peito, entrando desde a axila, mão ou
braço, etc.

Um dos problemas que pode ocorrer com os implantes mamários é a rejeição, na qual o corpo cria
uma camada de tecido em redor do implante e expele-o, como corpo estranho.

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PELE ARTIFICIAL

A pele:

• Mantem o equilíbrio de líquidos no corpo, sendo que sem ela, ocorre grande perda de líquidos
• É uma importante barreira contra as bactérias

Quando temos uma ferida (pequenos defeitos) a pele regenera, mas quando são maiores, como por
exemplo nos queimados (perda de muita pele) há grande probabilidade de infeção.

Como produzir pele?

São colocados balões de ar na barriga sendo cheios ao longo do tempo. A pele estica e cresce sendo
depois cortada e repetido o processo.

Como é muito difícil encontrar um material que imite a pele, a melhor solução é a medicina
regenerativa/engenharia de tecidos. Os polímeros existentes para substituição da pele são
temporários porque desidratam e ficam contaminados com bactérias.

RECONSTRUÇÃO FACIAL

Injeção de botox que é uma toxina que paralisa os nervos e músculos.

Alternativa é utilizar colagénio ou ácido hialurónico para preencher espaços vazios, mas dissolve-se
passado alguns meses, pelo que não é muito utilizado.

RECONSTRUÇÃO MAXILA-FACIAL

Recuperação de partes da maxila com placas de titânio com parafusos (reconstrução mecânica) para
proteger o cérebro.

Note que é utilizado titânio porque este promove o crescimento ósseo. Posteriormente há adição de
dentes ao implante.

Expansão/retração da mandíbula com colocação de implantes/cortes (sem destruir vascularizações)


de parte da mandíbula, mover dentes, etc.

OLHOS

LENTES DE CONTACTO

São feitas de polihidroxietilmetacrilato (PHEMA), que é um polímero:

• Barato
• Flexível
• Transparente
• Permite colocar por dentro um anti-inflamatório.

Servem para corrigir ângulos e/ou alterar a cor dos olhos. Dantes os olhos chegavam à noite
inflamados (agressivo). Agora é usado um líquido/substância anti-inflamatória na superfície interna
das lentes e já não é tão agressivo.

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Método de produção: moldagem por injeção (abre e fecha para cada amostra). Produção em massa
com baixo custo.

LENTES INTRAOCULARES

Resolução das cataratas, que consistem numa deficiência no cristalino, uma barreira que costuma ser
transparente e que se degrada (polímero) e se torna opaca fazendo com que as pessoas vejam
sombras.

A solução passa por fazer um pequeno buraco no olho com um laser e colocar um vibrador de ultra-
som que com as vibrações destrói a membrana cristalina e a remove. Depois coloca-se uma lente
polimérica suave/macia que automaticamente se posiciona e orienta, graças à sua forma (existência
de umas “pernas”), rodando, ficando no local apropriado. Esta cirurgia forma uma cicatriz muito
pequena. Antigamente, era preciso esperar 1 mês entre retirar membrana e colocar nova lente de
vidro.

PRÓTESE OFTALMOLÓGICA

Feita de hidroxiapatite.

ANTICONCETIVOS

POLÍMERO BIODEGRADÁVEL COM ESTROGÉNIO

Implante de material inteligente que liberta controladamente uma determinada quantidade de


substâncias por dia. Degrada-se a uma taxa controlada enquanto liberta a substância.

DIU (DISPOSITIVO INTRA-UTERINO)

Trata-se de um material que não pode ser biocompatível. Em forma de T, normalmente feito de cobre
que é (efeito duplo):

• uma barreira física (impede os espermatozoides de chegar às trompas, como se tratasse de uma
parede)
• uma barreira química - é citotóxico matando espermatozoides

Introduzindo na vagina fechado, sendo que abre como um guarda-chuva no fundo do útero.

Os mais recentes são feitos de uma esponja polimérica que produz uma espuma, havendo um efeito
triplo:

• forma do dispositivo constitui barreira física;


• espuma bloqueia o movimento dos espermatozoides
• espuma também os mata (químico).

DISFUNÇÃO ERÉTIL

Utilização de um polímero cujas propriedades mecânicas são fáceis de alterar conforme o


manipulamos (exemplo: apertar). Este muda o seu comportamento conforme o desejado, atuando
quando necessário.

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Tem um reservatório para fluido, uma bomba de ativação/desativação por baixo da pele do escroto e
dois cilindros erécteis colocados no pénis. Quando o homem quiser ativar, mexe na bomba de ativaçã
e quando quiser desativar, carrega num botão.

ESQUELETO

Os ossos são constituidos por compostos orgânicos e minerais (na matriz extracelular – dão rigidez).

Temos uma rede de colagénio com cristais cerâmicos (hidroxipatite) incorporados. As células que
produzem esta matriz são os osteoblastos (criados a partir das células estaminais da medula).

Os ossos são permanentemente criados (osteoblastos - criados a partir das células estaminais da
medula) e destruídos (osteoclastos – libertam enzimas muito ácidas para o osso; abrem espaço para
o crescimento de novo osso):

• em criança: produz-se mais do que se destrói (crescimento)


• adultos: equilíbrio entre gradientes
• envelhecimento: decréscimo da altura

FIXADORES EXTERNOS

Aplicados em fraturas expostas para imobilização ou para provocar crescimento (altura), por aplicação
de stress mecânico, ao qual o osso reage.

- não é prático, por dificultar o movimento


- é propício a infeções devido aos buracos que têm de ser feitos para serem atravessados pela
prótese.
- é elevado o risco de contaminação por bactérias neste processo e é muito perigoso porque a
estrutura do osso apresenta localizações fáceis para bactérias se alojarem e produzirem biofilmes
que as protegem, por exemplo, da ação de medicamentos.

Os fixadores externos também são, por vezes, utilizados em animais.

PRÓTESE EXTERNA DE MEMBROS

Estes dispositivos têm de ser comandados para desempenharem ações, tal como os nossos membros
são controlados pelos nervos e cérebro. É necessário aprender a controlá-los, por exemplo, com
sensores de pressão num músculo para que, quando esse é acionado, leve ao movimento dos dedos.
Os mais avançados tentam já desencadear as ações conforme o pensamento/ordens do cérebro.

Com recurso a polímeros e silicone para aderir à prótese é cada vez mais fácil produzir próteses
realistas, imitando a forma, cor e brilho da pele. A prótese é normalmente feita de fibra de carbono.

PLACAS E PARAFUSOS DE OSTEOSSÍNTESE

Utilizadas para quando ocorre fratura.

• Imobilizam/estabilizam o osso, reduzindo ao máximo micromovimentos


• Exercem stress compressivo sobre o osso, induzindo a estimulação da atividade dos osteoblastos
e, portanto, da formação de osso.
• Produz-se mais hidroxiapatite e mais colagénio e forma-se osso mais duro e mais forte, de forma
mais rápida, no local da fratura (“bonding” mais forte) – calo ósseo.

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Consiste numa placa com buracos onde encaixam parafusos. Estes têm um design característico,
sendo que, na parte de enrascar, abre o osso sem ser preciso a existência de um buraco de antemão.
Na sua cabeça, o tipo de superfície não causa danos nos tecidos e tem um buraco para que com uma
chave seja fácil retirá-los.

Existem placas de diferentes materiais:

• aço inoxidável (cerca de 1€)


• titânio (cerca de 5€).

Normalmente a escolha recai sobre o aço, que contém habitualmente crómio e níquel. Embora estas
não possam ser mantidas por muito tempo, por causa do níquel que provoca alergias e do crómio que
é tóxico e difícil de expulsar, são as mais escolhidas por serem baratas, mas para usos temporários. O
titânio é mais caro, mas bastante mais biocompatível.

Estas placas não se podem colocar em articulações porque o desgaste seria demasiado grande!

IMPLANTES ARTICULADOS

Tentou-se usar um dispositivo que não implicasse a utilização de duas partes diferentes da prótese,
por exemplo, do dedo, para não estar a ocorrer fricção constantemente. Como mexemos muito os
dedos, tentou-se desenvolver uma peça única que juntasse as duas partes. Para tal usa-se polímeros
e compósitos.

É importante ser resistente, mas principalmente não originar fadiga porque, no caso do dedo, a carga
não é elevada, mas os ciclos são muitos.

PRÓTESE DO OMBRO

O ombro apresenta muitos movimentos, pelo que é difícil ter uma prótese que dure muito tempo e que
permite ao paciente restabelecer o movimento total da articulação.

No entanto, a carga não é muito elevada, daí a prótese poder ser pequena. É colocada por pressão.

LIGAMENTOS E TENDÕES ARTIFICIAIS

Para já é impossível encontrar material para mimetizar tendões por


serem muito complexos. A solução são as fibras de carbono que são
atualmente usadas para ligar as duas partes que sofreram rutura.
Não vai responder localmente como desejávamos, mas é a solução
que existe.

IMPLANTE DA COLUNA VERTEBRAL – PRÓTESE DE DISCO INTERVERTEBRAL

A coluna vertebral protege a medula espinal, pertencente ao sistema nervoso central. As vértebras da
coluna encontram-se separadas por discos intervertebrais, que se tornam mais finos nos idosos (as
pessoas “encolhem”) e que podem sofrer rutura (hérnias).

Relativamente às próteses para discos intervertebrais, quando se cola apenas as vértebras, o


movimento fica limitado e o resultado é pouco natural. Simular um material semelhante ao disco requer
criar um hidrogel com diferentes viscosidades e densidades em diferentes regiões do disco, o que é
um problema porque é muito difícil.

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Recentemente tem-se tentado regenerar tecido do disco para ser uma solução. Uma solução passa
por usar PTFE (Politetrafluoretileno).

RECONSTRUÇÃO DO PUNHO

O punho tem um movimento muito complexo. Não está sujeito a muita carga, mas há muito movimento
e exige muita flexibilidade.

PRÓTESE DO JOELHO

Parte do corpo sujeita a muito peso e movimento, ou seja, muita energia aplicada numa pequena área

É necessário utilizar para a prótese um material:

• estável, quimica e mecanicamente, que uma vez implantado não se


degrade nem induza uma resposta imunológica que tente isolar e
expulsar material.
• Que mimetize a função normalmente desempenhada pelo líquido
sinovial que lubrifica a cartilagem da articulação.

A pega que encaixa na tíbia é uma liga de titânio, alumínio e vanádio,


bastante biocompatível.

As peças relativas à articulação são de crómio e cobalto, que apresenta


resistência ao desgaste, aguentando fricção ao longo de um largo
período.

A zona móvel da articulação (mais sujeita à fricção) é feita de UHMWPE (ultra high molecular weight
polyethilene), branco. Este componente serve para substituir a cartilagem (lisa e macia), que é
resistente ao desgaste e transmite força.

A zona da articulação apresenta, então, porções em Cr-Co e outras feitas de UHMWPE. Ambos os
materiais devem estar bem polidos e, mesmo assim, podem vir a surgir problemas de desgaste, nos
quais o polímero é mais macio e, portanto, se dissolve/degrada mais rapidamente com o uso e com o
tempo.

Uma alternativa à utilização do polímero na articulação é usar um cerâmico (zircónia e alumina) ou o


metal (Cr-Co) revestido com um cerâmico como o TiN, que é inerte e tem alta resistência à compressão
e cargas elevadas.

A prótese do joelho permite mover a articulação do mesmo, mas normalmente não permite
movimentos laterais.

Quando parte do osso foi removida, por exemplo, devido a cancro, a prótese é muito diferente porque
tem de ter a parte que lá falta. Pretende-se, nestes casos, que o material da prótese seja poroso para
aumentar a área de contacto com o osso que resta. Retirar uma prótese destas, caso seja necessário
devido a problemas, é muito difícil porque destrói tudo o que estava à sua volta. Estas próteses são
habitualmente maiores e personalizadas ao paciente. Normalmente são coladas com PMMA.

Fixação da prótese: abrem o joelho, bloqueiam o sangue, cortam a parte terminal do fémur e da tíbia,
fazem um buraco e colocam um líquido semelhante a uma cola/cimento (polímero) juntamente com a
peça. Depois, o líquido solidifica e o componente fica fixado. Faz-se isto para ambas as componentes.
A cola utilizada (PMMA) é um copolímero – 2 polímeros que se juntam em líquido. A reação de

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polimerização é exotérmica (aproximadamente 70 ºC), pelo que quando o osso contacta com esta, a
temperatura está acima do que as células conseguem aguentar (aproximadamente 43 ºC) e, por isso,
a primeira camada de células morre. Isso pode ser um problema, visto que desencadeia uma resposta
imunológica que tenta livrar-se do material, envolvendo-o numa cápsula fibrosa. Pode levar a
problemas de fixação da prótese.

PRÓTESE DA ANCA

ESTRUTURA DA ARTICULAÇÃO DA ANCA

Suporta 8 vezes o peso da pessoa e velocidades de movimento até 40 mm/s.

Elementos: ligamentos, cápsula articular, membrana sinovial, líquido sinovial, cartilagem articular.

O líquido sinovial permite o movimento e não permite que os tecidos, devido à fricção, atinjam
temperaturas elevadas (que danificam os tecidos). Assim, numa situação saudável é um removedor
de calor.

CAUSAS PARA NECESSIDADE DE RECORRER À PRÓTESE

A artrite consiste num problema de danificação da cartilagem, na qual a cartilagem passa de lisa,
macia e resistente para frágil e rugosa. A causa para isto acontecer pode ser:

• um contínuo atrito que causa desgaste à medida que uma pessoa envelhece
• desporto - a viscosidade do líquido sinovial depende da temperatura, então quando o exercício é
intenso e a articulação é muito usada este pode aquecer e tornar-se muito líquido, não lubrificar
tão bem e levar ao desgaste da cartilagem. Este problema causa dor, pelo que as pessoas tendem
a evitar o movimento. A artrite pode estar relacionada com problemas do coração e reumatismo.

Uma fratura femural pode necessitar de prótese. Numa fratura com necrose tecidular, o sangue não
está a circular como deveria no tecido e isso induz a necrose do tecido e consequente fratura.

COMPONENTES

CORPO DA PRÓTESE

Pode ser constituído por aço inoxidável ou por titânio.

• O titânio é mais leve, não oxida tanto, é mais biocompatível e tem um módulo de elasticidade e
propriedades mecânicas mais próximos do osso.
• O aço inoxidável, o problema de “stress shelding” causado pelo facto de o módulo de elasticidade
do aço ser muito superior ao do osso leva a que a pressão atue sobre a prótese e o osso deixe de
ser estimulado, podendo levar a perda óssea.

No entanto, o aço é muito barato de produzir, ao contrário das peças de titânio que são produzidas por
“machining” (começa-se com um bloco e vai-se cortando) que tem um custo muito mais elevado e uma
produção menos eficiente. O custo advém da necessidade de realizar todo este processo em fase
sólida porque é difícil liquidificar o titânio sem que este oxide – necessidade de vácuo.

O corpo da prótese encontra-se em contacto com o osso, sendo que este contacto pode ser
estabelecido por:

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• uma cola
• com superfície rugosa e porosa (exemplo: pequenas esferas no titânio) que facilitam a ligação ao
osso, associadas a um revestimento de hidroxiapatite (cerâmico bioativo).

No caso de o corpo ser de titânio, existe um fino filme de óxido de titânio à superfície. Este apresenta
normalmente cor branca, mas como é um filme com nanómetros de espessura, a interação com a luz
pode fazer variar a cor conforme a sua espessura (separação de comprimento de onda conforme
espessura – dai haver alguns azuis). Este aspeto não é muito relevante em termos funcionais. É usado,
por vezes, para efeitos de marketing.

CABEÇA DA PRÓTESE

Crómio e cobalto habitualmente. No entanto, usar apenas o metal pode levar a desgaste no fim de
algum tempo e libertação de partículas.

Alternativa: esferas de cerâmicos (zircónia, alumina) por serem resistentes à compressão, estáveis
(inertes) e duros. No entanto, para além de ser difícil maquinar uma esfera cerâmica, há problema de
propagação de fraturas e de “stress shelding”.

Assim, outras das opções estudadas para a cabeça é a utilização de crómio-cobalto revestido por
cerâmico como TiN, DLC, zircónia ou alumina.

O tamanho da cabeça dependerá do peso da pessoa. Quanto maior for, melhor é a carga distribuída.

ACETÁBULO

Única parte fixa da prótese da anca, o que é importante porque a alteração o ângulo relativo à cabeça
pode levar a problemas de desgaste. É importante o aumento da área de contacto no acetábulo para
que a pressão exercida e o desgaste em cada ponto sejam menores.

A parte de dentro (côncava) é de UHMWPE (ultra high molecular weight polyethilene), porque tem de
permitir o movimento da cabeça da prótese e ser resistente ao desgaste (absorver bem vibrações).

Por fora o acetábulo tem uma “cup” porosa de titânio habitualmente coberta por hidroxiapatite.
Essa “cup” apresenta linhas na sua textura que permitem “atarraxar” a prótese ao osso, mas podem
ser adicionalmente usados parafusos se necessário.

Como a utilização de UHMWPE induz uma fricção polímero/cerâmico da cabeça, promove a libertação
de partículas.

Sendo o contacto cerâmico/cerâmico o que promoverá um menor desgaste, é adicionada uma camada
de cerâmico na parte interior do acetábulo, mantendo o polímero por questões de amortecimento
(absorção de tensões). Mas qual é o cerâmico?

A zircónia é mais resistente que a alumina. No entanto, já teve problemas de utilização devido a um
dos seus isótopos ser radioativo e de criar fissuras quando alterna entre as suas duas formas
cristalinas.

Uma solução para este último problema é a contaminação de zircónia com óxidos que desviam as
fissuras e impedem a mudança cristalográfica, evitando problemas. Um dos contaminantes muito
usados é ítrea (Y2O3) que resolve o problema, mas que é dissolvida/desaparece/inativada pelos fluidos
que estão sobre pressão, o que acontece nas próteses.

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Então agora, a ítrea só é usada com este fim para próteses que não sofrem grandes pressões (exemplo:
dentes). Para outras aplicações, hoje em dia, usa-se ATZ (alumina com zircónia) ou, em alguns casos,
ZTA (zircónia com alumina).

Podemos encontrar um anel de metal no acetábulo, cujo único objetivo é o de ser visto nas radiografias
para confirmar que o ângulo está correto, pois o resto do acetábulo é transparente.

EM RESUMO

Acetábulo (do contacto com o fémur para o contacto com o ilíaco)

• camada interna de alumina em contacto com revestimento de alumina da cabeça;


• camada de UHMWPE para absorção do choque/vibrações. A sua fluência (“creep”) serve para
diminuir pressões de contacto e aumentar a área de contacto cup-cabeça, semelhante a um
comportamento viscoelástico;
• titânio;
• revestimento de hidroxiapatite (cerâmico bioativo), que se liga ao osso.
• Prótese atarrachada ao osso ou com parafusos, não é preciso cola.

Cabeça

• crómio de cobalto revestidos por cerâmico inerte/duro, que conduz ao menor desgaste possível
em contacto com cerâmico do acetábulo. Assim a interação ilíaco-femur é do tipo
cerâmico/cerâmico (menor desgaste)

Corpo/Haste

• titânio revestido por hidroxiapatite (por vezes titânio poroso – exemplo: esferas).

FIXAÇÃO DA PRÓTESE AO TECIDO

A hidroxiapatite pode ter vários usos no que toca a próteses: pode ser usada sobre uma forma densa,
como por exemplo, para uma formar uma cunha de correção de joelho; pode ser usada sobre uma
forma porosa, como por exemplo, grânulos de crescimento e, também, como revestimento, no caso da
prótese da anca.

PROTESES NÃO CIMENTADAS

Próteses são fixadas à pressão (press-fit) porque o titânio da haste é biocompatível. Podem ter
revestimentos bioativos (como o biovidro e fosfatos de cálcio).

As próteses são inseridas fazendo um buraco na medula do fémur, estas tem de ser rugosas de forma
a aumentar a área de contacto. O acetábulo pode ser fixo recorrendo a parafusos.

+ Osso fica bem fixo ao implante e não se solta


- Casos de osteoporose podem ser impeditivos do uso desta técnica
- O buraco que se faz no fémur tem de ser muito rigorosamente do tamanho da prótese. É necessário
um bom cirurgião para esta precisão.
- É muito mais difícil remover a prótese sem danificar o osso.

REVESTIMENTOS ATIVOS

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Por cima da haste de titânio existe uma camada/revestimento de hidroxiapatite que estará em
contacto com as células do tecido ósseo. A hidroxiapatite é semelhante à matriz extracelular das
células e, por isso, não é reconhecida como um corpo estranho, pelo que, apesar de haver a habitual
inflamação, não é criado um tecido defensivo com intenção de isolar e expulsar a prótese. As células
começarão a crescer de encontro à porosidade da hidroxiapatite (ligação fisiológica), não sendo preciso
uma cola.

A hidroxiapatite é um composto estequiométrico e a que produzimos é parcialmente cristalizada e nela


são substituídos alguns iões, por exemplo: Ca pode ser substituído por Mg ou Li.

+ Não há uma barreira física entre o material e o tecido (biointegrado)


+ Dissolução inicial do cálcio e fosfato faz com que as proteínas que contribuem para a formação do
osso cheguem ao local contribuindo para a regeneração óssea
+ A porosidade permite o crescimento intersticial
- Possibilidade de a dissolução ser mais rápida que o crescimento ósseo como consequência de
inflamação e infeção que tornam o pH ácido e aceleram a dissolução. Esta dissolução pode ser
acelerada por infeções.
- Se o revestimento for demasiado fino, pode sofrer delaminação

Dantes só se utilizavam próteses não cimentadas, mas havia cerca de 20% de falhas (o que levava a
ter de recorrer a uma segunda cirurgia). Começaram a surgir novas opções no sentido de evitar ao
máximo uma segunda cirurgia, embora, quando ainda são pessoas muito novas, seja provável. A
primeira regra é adiar ao máximo a colocação da prótese com recurso a, por exemplo, medicamentos,
porque quanto mais cedo for colocada mais depressa começa o desgaste. Também depende da
pessoa: peso, atividade física, …

PRÓTESE DA ANCA CIMENTADA

+ Técnica pouco sofisticada, pelo que os materiais são baratos e o paciente recupera rapidamente
após a cirurgia
+ No dia seguinte à cirurgia já se pode colocar carga sobre a prótese, ou seja, não requer imobilização
(fixe quando temos pacientes com mais idade em que o estar parado pode levar a problemas
graves de saúde)
+ Buraco para a prótese não precisa de ser tão certeiro, o que significa que o cirurgião não precisa
de ser tão bom
- A reação de “crosslinking”/polimerização associada à utilização do PMMA (cola) é exotérmica,
gerando muito calor (75 ºC, o corpo só aguenta até 43 ºC), que vai danificar os tecidos
circundantes.
- A resposta inflamatória gerada pelos monómeros soltos vai fazer com que os macrófagos sejam
atraídos para o local e fagocitem essas moléculas. O encapsulamento vai fazer com que a zona
perca resistência mecânica e a prótese, em vez de fixa, ganha movimento.
- Perda de fixação com o tempo
- Fadiga do PMMA pode ser um problema

Biovidro não poderia ser usado porque tem uma dissolução demasiado rápida.

Aplicação do revestimento: através de um plasma spray – gás iónico viscoso que lança iões, todos com
a mesma carga, iões esse que se repelem originando colisões que libertam muita energia e dão origem
a temperaturas muito altas (chama; aproximadamente 10 000 ºC). Quando essa chama incide em
hidroxiapatite adquire partículas deste cerâmico, fundindo-as. A hidroxiapatite é transportada pela

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chama como uma gota até à prótese, que como está fria, promove a cristalização da hidroxiapatite
formando uma camada porosa e espessa.

O processo não pode ser eletroquímico porque o cerâmico (hidroxiapatite) não é condutor. A ionização
do gás para a formação do plasma é feita fazendo o gás atravessar com a diferença de potencial criada
entre 2 elétrodos de cerca de 20 kV. São removidos os eletrões …

Por vezes, antes do plasma spray coloca-se, por exemplo, areia na superfície da prótese para a tornar
mais rugosa e com menor área de contacto para que a hidroxiapatite adira melhor.

Este processo de “coating” implica muita energia, pelo que tem de ser realizado dentro de uma cabine.
É um robot que transporta a chama e deposita a hidroxiapatite. Este processo permite revestir com
cerca de 100 µm. É o mínimo que consegue ser transportado pela chama, mas pode querer-se mais
fino. Como tal, é utilizado o PVD, semelhante a um chuveiro, que bombardeia hidroxiapatite com
eletrões e lhe começa a remover partículas. Depois estas são transportadas por um plasma – quente
(aproximadamente 300 ºC) para fazer o “coating” de 3/4 µm.

Próteses com revestimento bioativo (apatite e poroso) são as que apresentam uma menor taxa de
falha em pacientes jovens.

RAZÕES QUE LEVAM À FALHA DAS PRÓTESES

A artroplastia total da anca é uma cirurgia de sucesso, com uma taxa de insucesso de
aproximadamente 10% (máximo), dez anos depois da cirurgia, nos últimos cinquenta anos. As causas
para a falha são principalmente “aseptic loosening” de um ou ambos os componentes, devido ao
desgaste e design utilizado.

O desgaste ocorre como resultado da fricção entre duas superfícies sólidas em contacto e caracteriza-
se por perda progressiva do material. Tal como a fricção, o desgaste não é uma propriedade do
material, mas sim uma resposta complexa aos fenómenos que lhe acontecem. Pode ocorrer através
de dois mecanismos:

- adesivo, que consiste na transferência de material


entre duas superfícies ou perda de qualquer superfície,
devido à ligação localizada entre as rugosidades que
contactam;
- abrasivo (3 corpos), que corresponde à remoção de
material por micro corte pela passagem de partículas
rígidas ou superfícies ásperas sobre uma superfície
macia deixando sulcos. Com 3 corpos, as partículas
resultantes do desgaste estão livres para rolar e inserir-
se no meio de duas superfícies.

As partículas que se soltam, resultantes dos mecanismos de degaste, provocam a ativação dos
macrófagos que, por sua vez, desencadeiam a atividade dos osteoclastos que destroem (através de
ácido) o tecido ósseo:

- osteólise, que é perda de massa óssea (levando a “aseptic loosening” - a causa mais frequente da
revisão de uma prótese de anca)
- osteopenia, que é menor densidade óssea (também podem ser causadas por “stress shielding”).

A perda de osso deixa espaço para invasão partículas, o que gera mais perda de osso.

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“stress shielding” está associado aos micromovimentos e contribui para a osteólise por contribuir para
o alargamento da área de junção, facilitando o acesso de partículas resultantes do desgaste. Variações
genéticas individuais na resposta imunológica afetam a resposta da osteólise.

A intensidade e frequência do uso da prótese variam com a idade, sexo, índice de massa corporal e
atividade e influenciam o desgaste da mesma.

Qual é o principal problema com a substituição total da anca em pacientes jovens?

As próteses têm uma grande tendência para perderam a sua fixação, demasiado cedo. Os pacientes
jovens são, geralmente, mais ativos, pondo mais stress na prótese e na interface que assegura a sua
fixação. Isto vai levar a um desgaste acentuado, provocando o aparecimento de partículas resultantes
do desgaste nas articulações, levando a osteólise. Há também uma falha acrescida da prótese se o
paciente jovem tiver sofrido uma fratura de anca previamente.

A abdução (afastamento da linha mediana) do acetábulo afeta o desgaste do polietileno, uma vez que
vai influenciar as forças de contacto. Uma abdução da “cup” com um ângulo superior a 45º vai
aumentar 40% o desgaste do polietileno.

A seguir à substituição total da anca, o UHMWPE do acetábulo vai sofrer fluência (deformação de um
material com o tempo; “creep”) rapidamente.

A fluência tem dois tipos de efeitos:

- permite um ajuste melhor entre a cabeça e o acetábulo, diminuindo o stress, o que leva a um
menor desgaste.
- a superfície de contacto aumenta, ou seja, aumenta o espaço disponível para o desgaste ocorrer,
o que pode conduzir a todas as consequências já vistas.

Estas duas consequências contraditórias fazem com que, a longo prazo, a fluência tenha uma
consequência nula.

O tamanho da cabeça do fémur tem um impacto considerável no desgaste e penetração, enquanto


que a espessura da camada de UHMWPE tem apenas um impacto na penetração inicial.

Temos duas zonas de contacto principais onde ocorrem dois tipos de desgaste:

- na interação acetábulo/cabeça temos “sliding wear” – associado a movimentos de grande


amplitude
- interação entre o cimento/haste e o osso (fémur) temos “fretting wear” - associado a movimentos
de baixa amplitude.

O desgaste pode levar a uma falha mecânica da prótese que deixa de ter o tamanho apropriado e tem
de ser substituída. A penetração da cabeça da prótese no acetábulo tem resultados catastróficos.

A percentagem de infeções cirúrgicas associada a próteses de anca é de 1-3% e associada a revisões


e remoções é de 0,3%.

Existem problemas associados aos estudos de longo tempo, uma vez que estes avaliam designs e
tecnologias já ultrapassadas. A comparação entre próteses com diferente fixação (cimentada e não
cimentada) é muito limitada, uma vez que há grandes diferenças regionais na preferência, muitos
diferentes modelos que tornam os estudos não viáveis, não parecendo haver nenhuma vantagem em
nenhuma das técnicas.

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MINIMIZAR O DESGASTE

UHMWPE com muito cross-linking está a ser estudado porque:

+ elimina a presença de radicais livres


+ é mais resistente à oxidação
+ é mais estável - as suas propriedades mecânicas mantêm-se mesmo com o envelhecimento.
+ a sua utilização denota uma menor destruição da prótese causada por penetração da cabeça no
acetábulo.

Quanto à comparação entre interação metal-metal e cerâmico-cerâmico:

- ao fim de dez anos, à uma redução de 70 vezes do desgaste entre metal-metal em relação a
cerâmico-cerâmico
- os cerâmicos mostram uma diferença de três ordens de magnitude (103) em relação ao polietileno
(acetábulo)
- metal-metal gera um desgaste cerca de 200 vezes menor que metal-UHMWPE.

Mas...

Há um risco acrescido de desenvolvimento de linfoma em pacientes com inflamação crónica que se


submetem a próteses metal-metal. No caso de Cr-Co, as bactérias podem ter a capacidade de
discriminar entre as formas particuladas e iónicas destes metais, uma vez que existe uma membrana
permeável a Ni/Co, ou seja, bactérias com transportadores para esta liga, permitem iões, mas não as
partículas resultantes do desgaste.

Ao usar cerâmicos na cabeça da prótese há um risco de falha e muito difícil de detetar num raio X.

TECIDO ÓSSEO

O tecido ósseo é um tecido vivo em crescimento constante, com capacidade de regeneração. Consiste
numa estrutura mineralizada porosa constituída por células, colagénio e cristais de fosfato de cálcio
(hidroxiapatite).

O osso tem várias funções:

- suporte do peso do corpo


- proteção dos órgãos internos
- acumulação de minerais (são armazéns de minerais)
- produção de eritrócitos (a medula que se encontra no interior do osso, produz células sanguíneas
e células estaminais mesenquimais multipotentes).

O módulo de Young dos ossos é baixo, ou seja, são muito elásticos.

ESTRUTURA DO OSSO

- A parte mais externa do osso chama-se periósteo.


- O osso trabecular é porção do osso mais esponjosa e macroporosa
- o osso cortical é mais denso (tem parte externa dura e parte interna
esponjosa)

O osso é anisotrópico porque as propriedades variam com a direção.

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Sendo um tecido vivo, é preciso remover e levar até às células do osso substâncias, pelo que há um
sistema vascular associado ao osso. Pelo contrário, a cartilagem é muito pouco vascularizada. Além
disto, nós “sentimos” os ossos, pois eles são enervados – o sistema nervoso ajuda o tecido ósseo a
desenvolver-se.

COMPOSIÇÃO

A matriz do osso contém não só parte orgânica, como inorgânica abundante.

- 20% de água
- 20% de proteínas
- 60% de sais minerais.

O seu principal componente inorgânico é a hidroxiapatite, que dá ao osso a sua excecional resistência
à compressão.

- É um mineral e um cerâmico, com nano cristais.


- É duro e frágil.
- A sua fórmula é Ca10(PO4)6(OH)2.
- Pode haver outros fosfatos de cálcio, mas havendo é patológico.

O componente orgânico, também chamado de osteoide, consiste em: proteoglicanos, glicoproteínas e


fibras de colagénio que se orientam conforme seja necessário mais robustez ou mais flexibilidade.

O colagénio é um polímero natural em dupla hélice, com ótimas propriedades mecânicas.

- É muito flexível.
- É anisotrópico, uma vez que as suas propriedades mudam consoante a direção, uma vez que é
formado por um conjunto de fibras organizados numa maneira muito característica.
- O colagénio tipo 1 é o que está presente no osso.
- Confere flexibilidade e resistência à tração.

CÉLULAS

O osso está constantemente a renovar porque as células crescem, mas também se destroem
(passamos por 7 a 9 esqueletos em média, numa vida). As células do osso são:

- osteócitos (principais, responsáveis pela estrutura)


- osteoblastos (produzem matriz)
- osteoclastos (destroem matriz).

As células osteoprogenitoras são células indiferenciadas que sofrem mitose e se desenvolvem como

Þ osteoblastos. Os osteoblastos segregam a matriz extracelular (hidroxiapatite e colagénio) e quando


amadurecem formam

Þ osteócitos, que já não produzem matriz – organizam-se em tubos (canais Haversianos), constituem
a maioria das células do osso e a sua organização define os 2 tipos de osso: cortical e trabecular.

Os osteoclastos destroem a matriz por reabsorção do osso.

- São gigantes comparativamente com os osteoblastos

26
- Podem ser multinucleadas e destroem células que estão envelhecidas e pouco ativas – aderem à
célula e libertam enzimas (ácido) que as dissolve. Essas células movem e as que estavam por baixo
são estimuladas a desenvolver-se. Sinais químicos são gerados para chamar células multipotentes
ao local para se transformarem em osteoblastos.

O equilíbrio entre a reabsorção do osso velho pelos osteoclastos e formação do novo osso pelos
osteoclastos contribui para a manutenção da integridade do osso e da homeostase mineral, bem como
a renovação do esqueleto. Quando estamos a crescer os osteoblastos estão mais ativos.

OSTEOPOROSE

A osteoporose corresponde à falta de osso e possibilidade de colapso, devido a uma incapacidade de


produzir ao ritmo normal o osso, havendo mais destruição (mais osteoclastos) que formação de osso.
É uma doença silenciosa que não dói todos os dias e não sabemos quando começa, pelo quando se
identifica já vai num estado avançado.

As mulheres sofrem mais de osteoporose. Enquanto têm o período produzem estrogénio, que é crítico
para um bom balanço/equilíbrio dos ossos. Na menopausa, há menos estrogénio e menor produção
de osso, o que leva a perda de massa óssea que se pode traduzir cedo em osteoporose. Uma das
consequências pode ser o colapso (súbito) de vértebras porque o osso ficou tão fino que o simples
peso da pessoa causa colapso.

Osteoporose também pode acontecer depois de uma gravidez.

SUBSTITUIÇÃO ÓSSEA

Regeneração é diferente de substituição óssea. Regeneração implica introduzir um material que induza
o crescimento do osso – osteoindutivo - e substituição consiste em substituir o osso por um material
semelhante - biocompatível e osteocondutivo (as células podem entrar no material e crescer).

- Um material osteocondutivo orienta a produção de osso, necessitando de células ósseas nas


redondezas.
- Um material osteoindutivo induz a produção de osso, não necessitando de células ósseas.

Hidroxiapatite, por si só, é osteocondutiva, podendo ser osteoindutiva associada, por exemplo, a certos
fatores de crescimento.

São exemplos de enxertos para substituição óssea:

- Autograft = osso da própria pessoa, retirado de outra parte do corpo.


- Albgraft = de outra pessoa. *
- Xenograft = de outra espécie (por exemplo, ossos de vaca, moídos e aquecidos a altas
temperaturas). *
- Material sintético.

* rejeitado por ter material genético diferente. Quem recebe tem de fazer tratamento que bloqueia o
sistema imunitário para sempre, o que é, logicamente, perigoso.

Os materiais obtidos de osso real resultam do aquecimento deste até a um ponto em que só temos
fosfato de cálcio em pó (e não temos colagénio) e usá-lo como material.

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Quanto ao material sintético, temos “scaffolds” de hidroxiapatite sintética macroporosa e com os poros
interconectados para permitir vascularização e movimento das células e também para fixar algumas
células.

- A hidroxiapatite macroporosa pode substituir localmente porções de osso mineral.


- A hidroxiapatite sintética não será reconhecida como corpo estranho porque é semelhante à
hidroxiapatite natural. É um material osteocondutivo porque permite modelidade das células
ósseas.

É ideal que os “scaffolds” sejam biodegradáveis, no entanto, tendo em conta a taxa a que a
substituição é feita, haverá sempre material sintético no corpo.

Trifosfato de cálcio (Ca3(PO4)2), não é um bom exemplo, porque a sua dissolução é mais rápida que o
crescimento do osso.

Quando se parte um braço, basta um bocado de gesso para curar, uma vez que, com o gesso o osso
está na posição correta. O que acontece é que há formação de calo no osso, crescendo mais osso que
o normal. Porém quando partimos a sério uma perna, basta que uma parte do osso (menos que 3 mm
– crescimento crítico do osso, a partir deste valor células deixam de conseguir fazer cross-talk entre
elas) desapareça para que não ocorra a regeneração natural, pois não há reconhecimento do osso na
vizinhança. Uma solução pode passar por tirar um bocado do osso ilíaco (em casos de osteoporose,
pode gerar um problema novo ou pode não ser possível) e pôr na perna.

ENGENHARIAS DE TECIDOS E OUTRAS APLICAÇÕES

A engenharia de tecidos permite regenerar zonas danificadas sem necessitar de introduzir materiais
externos, evitando as complicações associadas, nomeadamente a alteração da biomecânica do corpo.
Recorre a células estaminais e scaffolds (que desaparecem ao fim de algum tempo – biodegradáveis
– como, por exemplo, biovidro) e faz com que estas células cresçam e se multipliquem fora do corpo
(por exemplo, num bioreator). Seguidamente, o material é implantado novamente no paciente e é
capaz de regenerar o tecido/osso em causa.

As células estaminais têm a capacidade de se diferenciarem em qualquer tipo de células. Aderem,


proliferam e podem ser modificadas. Vão crescer conforme o suporte/“scaffold” onde estão os
estímulos químicos a que são sujeitas. Podemos encontrar células estaminais na medula óssea e
sangue, assim como, na gordura ou nos dentes.

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Têm necessidade de estímulos, por exemplo, fatores de crescimento, para se diferenciarem. A
diferenciação passa por um estado preliminar, que pode ser estimulado fora do corpo, sendo as células
inseridas neste estado no corpo, com os estímulos naturais do corpo (proteínas) a assegurar o resto
da diferenciação.

Usando matrizes descelularizadas podemos reparar sem haver rejeição. Obtém-se a matriz extracelular
de outra pessoa (sem células) e células estaminais do paciente.

Exemplos de aplicação:

• Regeneração da espinal medula: quando a medula é cortada, forma-se um tecido cicatrizado que
impede a comunicação. Tentou-se então criar um modo de regenerar a medula espinal - um
material poroso mas com poros alinhados, para haver comunicação entre os axónios. Usa-se uma
matriz porosa de quitosano, estimulando a atração química entre células, ou aplicando um campo
elétrico. Assim podemos regenerar a zona da cicatriz, usando as matrizes como “scafolds”, e
reestabelecer a comunicação nervosa ao cérebro. A adesão de células à matriz pode ser induzida
com campos magnéticos, entre outros estímulos.

• Hidrogéis: a vantagem é que podem ser injetados como um material pouco viscoso num defeito, e
cross linked para ficar mais viscoso. No interior podemos ter fatores de crescimento, etc...

• Microesferas de hidrogéis: podem ser usadas para a libertação controlada e localizada de


fármacos e terapias celulares, aumentando a eficácia do produto. No caso de fármacos, o
comprimido chega ao estômago e liberta microesferas: cada uma delas, à medida que absorve o
líquido estaminal, liberta a droga que contém, gradualmente e não toda de uma vez. Podem,
também, conter células e proteínas. Quando contém células, podem ligar-se e preencher espaços
dentro do osso com matriz celularizada. Podemos ter microesferas de material polimérico,
microesferas de material compósito (polímero e cerâmico) e microsferas de material cerâmico.
o vantagem da libertação controlada de fármacos: uma bactéria pode sobreviver a um
comprimido normal, multiplicando-se até à próxima dose, levando muito tempo até todos
eles serem eliminados. Aqui, como a libertação é lenta e contínua, o fármaco é sempre
libertado até à próxima dose.

• Matrizes porosas de hidroxiapatite: têm macroporos e microporos. Os microporos prendem as


células e podemos usar um mil-CT para medir o diâmetro dos poros e ver se as células vão
conseguir penetrar. Podemos utilizar estruturas macroporosas de hidroxiapatite. São
osteocondutivas. Osteoblastos em contacto com esponjas de hidroxiapatite vão criar hidroxiapatite
e fibras de colagénio. Uma ideia alternativa é juntar colagénio à estrutura, com e sem crosslink.
Com colagénio, a hidroxiapatite torna-se osteoindutiva.

• Nanopartículas: são aplicáveis em materiais injetáveis para cirurgia minimamente invasiva. A sua
grande vantagem é que têm um amior rácio superfície/volume pelo que a reatividade é maior..
Nanopartículas de hidroxiapatite são obtidas por precipitação. Nanopartículas são difíceis de
isolar, mas podem ser controladas em agregados. Podemos assim obter esponjas de matriz de
colagénio (flexíveis) com nanocristais de hidroxiapatite na superfície.

• Os sabões contêm químicos que removem bactérias. O sabão molha a nossa pele, pois sem ele as
gotas de água não aderem à nossa pele, ou seja, o sabão torna a nossa pele hidrofílica.

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• Microesferas de quitosano podem ser tratadas com revestimentos específicos que vão, quando
introduzidas no organismo, fazer com que os biofilmes de H. pylori, por exemplo, adiram à esfera,
sendo assim controlados (não eliminados, no entanto).

• Material para substituição do titânio nos implantes dentários: Começou-se com zirconia, que não
era suficientemente bioativo. Podemos depositar um filme fino de sílica a baixas temperaturas
(SolGel) e através de técnicas litográficas imprimir um padrão no material, para ver o
comportamento das células. Numa superfície lisa, estão em posição aleatórias, mas neste caso,
crescem alinhadas. Se tivermos duas zonas separadas (uma lisa e outra com orientação) as
células na zona lisa acabam por se alinhar. O efeito da geometria afeta muito o crescimento de
células e bactérias!

Na osteomelite (infeção no osso), as bactérias juntam-se e podem sofrer diferenciação formando


biofilmes que os antibióticos não conseguem combater. Uma infeção desta dimensão pode precisar
de muitos antibióticos e em todo o corpo para garantir que se encontra a infeção. O desafio é
administrar localmente para não haver danos colaterais, através de nanoestruturas (“scaffolds” de
colagénio com nanocristais de hidroxiapatite). Tem que se ter o cuidado de não dar uma dose baixa de
forma a que as bactérias ganhem resistência.

A topografia, geometria e a composição da superfície de um material alteram o comportamento da


mesma. Se o material apresenta carga, quando o colocamos no corpo, a primeira coisa que acontece
é a adsorção de proteínas. Podemos, assim, moldar a forma como as células reagem ao material
alterando a superfície do mesmo. Por exemplo, pontas e relevos vão levar a uma adesão celular
acumulada.

ALGUMAS QUESTÕES

1. Em próteses ortopédicas destinadas a suportar esforço e a permitir movimento, como são a


prótese da anca e a do joelho tem havido uma evolução considerável em termos da utilização
de materiais responsáveis pelos componentes que asseguram a mobilidade de componentes.
Dê uma visão sobre essa evolução e comente sobre as opções que considera de maior sucesso.

2. Comente em termos de vantagens e desvantagens relativas e situações de aplicação


preferencial as alternativas mais relevantes em termos de próteses para substituição de
válvulas cardíacas, quer em termos de design quer dos materiais usados.

3. Em que componentes das próteses totais da anca se utiliza hidroxiapatite e polietileno de alta
densidade? Que problemas estão associados ao uso destes materiais?

4. Os revestimentos de componentes metálicos de próteses e implantes com cerâmicos bioativos


têm inúmeras aplicações em biomedicina. Existem numerosas técnicas de aplicação destes
revestimentos, bem como alternativas quanto à sua composição. Indique os princípios gerais
de aplicação de uma das técnicas possíveis e justifique a respetiva escolha para uma ou mais
aplicações específicas. Indique vantagens e desvantagens que lhe são associadas.

5. Descreva os processos de degradação da matriz óssea.

6. Indique as vantagens e desvantagens da utilização de polímeros de origem natural em sistemas


implantáveis para libertação controlada de substâncias bioativas.

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7. Indique esquematicamente como é produxida uma prótese esquelética em crómio cobalto
molibdénio.

8. Como é possível revestir alguns componentes da prótese anterior de forma a simular o dente
natural?

9. Descreva os processos de degradação de matriz óssea.

10. Nos materiais para medicina dentária quais são, na sua opinião, os avanços mais significativos?
Relacione-os com os problemas a que se dirigem.

11. Em que circunstâncias aconselharia a utilização de uma prótese total da anca e que materiais
escolheria para a sua constituição? Faça uma comparação critica das várias alternativas,
nomeadamente em termos de durabilidade, comportamento biomecânico e preço.

12. Faça uma discussão critica sobre as vantagens e os incovenientes de polimeros naturais como
materiais de implante. Situe a discussão em relação a aplicações especificas.

13. Utilizando os exemplos duma prótese da anca, duma prótese vascular – aorta – e de
membranas para a regeneração óssea guiada, refira a evolução do conceito inicial de
biomaterial – feito para resistir – até aos conceitos que admitem uma vida efémera para os
produtos.

14. Apesar dos progressos, subsistem muitos problemas associados ao uso de bomateriais e
muitas área para as quais ainda não há soluções. Exemplifique.

15. Considere a necessidade de definir os materiais que utilizaria para conceber uma prótese
articular do joelho, que tendo embora pequenas particularidades de design próprias terá um
principio de funcionamento semelhante às tradicionais. Indique as opções que faria em termos
de seleção de materiais para os diversos componentes da prótese, justificando a sua escolha,
na perspetiva de obter como resultado uma prótese da melhor qualidade possível, nas
condições atuais da tecnologia possível.

16. Explique o funcionamento de uma prótese vascular “stent”, indicando as situações em que um
tal dispositivo é necessário e as principais alternativas que se colocam em termos dos materiais
utilizados e respetivas especificidades.

17. Que eventos ocorrem numa superficie exposta ao meio extracelular até que as células adiram?

18. Quais os materiais (e suas características) mais usados nos implantes dentários dentro do
osso?

19. Diga o que entende por corrosão intergranular e dê um exemplo concreto.

20. Quais as vantagens do polietileno de ultra elevada densidade em relação ao polietileno de baixa
densidade em relação às propriedades tribológicas (atrito e desgaste)?

21. Indique a resposta errada: A fratura de fadiga:


i) Ocorre mais frequentemente nos metatacianos (antepé)
ii) Deve-se à solificação repetitiva em microflexões de diáfise de um osso long
iii) Pode também ser ocasionada por uma única força dinâmica de alta energia

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iv) A linha fraturária pode passar despercebida no RX inicial
v) É também uma forma de rotura do metal na osteossíntese

22. Indique a resposta certa: O fenómeno de descolagem nas próteses articulares (a osteólise
periprostética) foi inicialmente atribuída ao cimento ósseo. Hoje, como também acontece nas
próteses não cimentadas, a responsabilidade é atribuída:
i) À incompatibilidade biológica das ligas metálicas utilizadas (metalose)
ii) À reação inflamatória às micropartículas de desgaste do polietileno
iii) À osteoporose, própria das pessoas idosas que recebem os implantes
iv) A causa desconhecida
v) À carência alimentar em vitamina D e cálcio
vi) É também uma forma de rotura do metal na osteossíntese

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DOMINGOS SANTOS
Metais – camada de crómio funciona como uma camada protetora

Se o carbono reage com o cromio do aço e forma carbonetos de cromio (Cr23C26) estes carbonetes
são muito ricos em crómio retirando crómio à superfície. Mas o crómio e o níquel, mas mais o crómio,
é fundamental para apassivação do material, protege o material da corrosão. Assim se é retirado e
concentrado nestes carbonetos falta crómio dos outros lados.

Fase astenitica - tamanho de grão deve ser no máximo 6 ASTM (um standard americano). Maior
tamanho de grão, diminuição das propriedades mecânicas

INTRODUÇÃO

A densidade óssea estabiliza a um certo ponto da vida, por volta dos 20 anos e pode até decrescer
com a idade. Ocorre:

• uma diminuição da tenacidade, resistência mecânica e módulo de elasticidade do osso com a


idade.
• um aumento da porosidade e, consequente, perda de densidade óssea com a idade, sendo que
esta é mais acentuada nas mulheres devido à diminuição da produção de estrogénio depois da
menopausa.

Há, assim, um aumento do risco de fratura com a idade, devido à perda de densidade óssea e perda
de características do osso.

• Este comportamento é típico dos cerâmicos, uma vez que estes são sensíveis ao aparecimento de
uma fissura e falham por falha catastrófica na zona elástica, ou seja, a partir da primeira fissura,
a fratura está facilitada.

Em termos de composição mineral, o osso tem muito cálcio e fósforo e ainda outros elementos que
têm propriedades específicas. É exemplo fluor, magnésio e silício que aumentam a densidade óssea.

Nem todos os materiais podem ser utilizados para aplicações biomédicas. Os cerâmicos, vidros e vidros
cerâmicos são geralmente usados para reparar ou substituir tecidos, sendo que o seu sucesso
depende do estabelecimento de uma ligação estável ao tecido conjuntivo. Os cerâmicos são
particularmente usados em regeneração óssea, na área dentária (implantes dentários) e ortopédica.

• Se um material é tóxico, o tecido onde o material é implantado morre.


• Se o material é não tóxico e biologicamente inativo (inerte), forma-se uma camada fibrosa, de
grossura variável. Se o material é não tóxico e biologicamente ativo (bioativo), forma-se uma
ligação de interface.
• Se o material é não tóxico e se dissolve, é substituído pelo tecido que o envolve.

A sílica é o exemplo de um componente muito vantajoso na regeneração óssea, apesar de não se


encontrar necessariamente na composição do osso.

Quem descobriu o “bioglass” inclui sílica porque constatou que num grupo de galinhas alimentadas
com uma dieta com sílica, o crescimento foi maior. No entanto, não se encontra necessariamente na
composição do osso.

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A composição mineral do osso é muito semelhante à composição da hidroxiapatite, pelo que podemos
usá-la em regeneração óssea: é rica em cálcio e fósforo, pode substituir osso e é um cerâmico que
pode ser produzido em laboratório.

1. Podemos sintetizar hidroxiapatite por precipitação de apatite:

Ca(OH)2 + H3PO4 à Ca10(PO4)6(OH)2 + H2O

(hidróxido de cálcio) + (ácido fosfórico) à (hidroxiapatite) + (água)

2. Seguidamente, realiza-se uma filtração para retirar o excesso de água e podemos prensar e
sinterizar o pó, o que nos permite fazer qualquer peça que se encaixe no osso.

3. É feito um molde que é o negativo daquilo que queremos obter, para regenerar o osso.

4. Aquando da sinterização (calor), a hidroxiapatite sofre uma transformação de fase e forma β-


TCP (Ca3(PO4)2) e CaO, aumentando a sua resistência. O grupo OH da hidroxiapatite, sendo
volátil, desaparece, ou seja:

Ca10(PO4)6(OH)2 à Ca3(PO4)2 + CaO + H2O

Visto que se pretende obter hidroxiapatite, a atmosfera do forno na qual esta reação é feita é
enriquecida com vapor de água, forçando a reação tem tendência a ocorrer no sentido contrário.

O osso tem cálcio em excesso, sendo que, numa reação de combustão, forma óxido de cálcio, por
oxidação, e hidroxiapatite (enriquecida em cálcio). A queima é feita com a presença de oxigénio no
forno.

No osso biológico, o silício e o flúor têm influência decisiva na regeneração. Ainda não foi possível
reproduzir a composição exata do osso, no entanto, o importante é que a composição química do
material de enxerto seja tão semelhante de forma a que as células não reconheçam o material como
estranho, pretendendo-se então incluir na composição iões como Mg, Si e F, para além de Ca e P.

Colocando hidroxiapatite num defeito ósseo em jovens, em 5 anos, temos 30% do material. O
importante é estabilizar o defeito, não haver biodegradação completa. O osso regenera por condução,
ou seja, o substituinte tem de estar em contacto com o osso e, normalmente, criam-se lacunas para
passarem vasos. Em pessoas de idade avançada, a taxa de regeneração é mais baixa, não se podendo
definir um tempo de substituição.

São usadas partículas esféricas (produzidas por extrusão e esferização) para estabilizar estes defeitos,
uma vez que, é muito menos agressivo para o tecido e é mais fácil de injetar com uma seringa, já que
rolam, ao contrário dos materiais aciculares. Caso se usassem materiais aciculares, poderiam
provocar-se micro-movimentos que podem ferir o tecido circundante.

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TIPOS DE CERÂMICOS/VIDROS

A – Bioglass, C-A/W Glass ceramic, E – HA

TIPO 4 – REABSORVÍVEIS (MENORES VALORES DE CA/P)

Reagem com o corpo, degradando-se. Um exemplo é o sulfato de cálcio (gesso) ou outros cimentos
ósseos (exemplo: burchite).

+ Não é necessário remover o material posteriormente, já que é reabsorvido.


• Pode desaparecer demasiado rapidamente, levando a que as propriedades mecânicas diminuírem
imediatamente após a colocação. Pode ser difícil igualar a taxa de reabsorção à taxa de
substituição pelo tecido.

O α-fosfato tricálcico (Ca3(PO4)2), macroporoso e de paredes finas, está no limite de ser reabsorvível.

• Relação cálcio/fósforo de 3/2 (1,5)


• É mais reabsorvível que a hidroxiapatite (relação cálcio/fósforo de 10/6 (1,6(7)).

Quanto mais baixa a relação Ca/P for (quanto menos cálcio tiver), mais reabsorvível é o material,
porque é mais solúvel em pH fisiológico.

Alguns biovidros são reabsorvíveis, mas não têm aplicação clínica.

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TIPO 3 – BIOATIVOS

intermédios entre inertes e reabsorvíveis. Preservam-se/mantêm-se no corpo por mais tempo


(aproximadamente 1 ano), estimulando ligação entre o tecido e o material. Assim sendo, é importante
que a composição do cerâmico e do osso sejam iguais, ocorrendo uma resposta biológica na interface
entre o tecido e o material.

São bons exemplos: hidroxiapatite, bioglass 45 SS, TCP, vidros cerâmicos, cerâmicos bioativos como
Ceravital, …

TIPO 2 – POROSOS (“POROUS INGROWTH”)

Esta classificação não depende da composição, mas sim da estrutura: é porosa e permite o
crescimento de células para dentro dos seus poros.

Há uma estabilização da prótese por ação mecânica (“interlocking”) e biológica, ocorrendo a formação
de pontes ósseas.

• O aumento da área interfacial entre o implante e os tecidos resulta num aumento da resistência
ao movimento do implante. A limitação é que os poros devem ser relativamente grandes (mais que
50-150 µm) para permitir a vascularização no novo tecido conjuntivo.

São exemplos: biovidro poroso, hidroxiapatite porosa, …

Para implementar o material cria-se uma estrutura em forma de “cama óssea”, uma falha de 3
paredes, em que o osso apresenta uma fissura cuja parede inferior é mantida e o material
implementado sobre ela, entre as duas partes do osso a ligar.

TIPO 1 – INERTES (MAIORES VALORES DE CA/P)

São praticamente inertes. Usados quando não queremos que o material se degrade ao longo do tempo
em que está implantado.

A reação com o hospedeiro é muito reduzida, ocorre apenas uma pequena resposta inflamatória.
Exemplos: alumina e zircónia.

• A alumina (Al2O3) tem estrutura hexagonal compacta e é o óxido de maior estabilidade


termodinâmica (ΔG muito elevado). A força de ligação é tão grande entre o Al e o O, que estes não
reagem com o ambiente. É usada em próteses articulares, mas também em velas de motores,
onde resistem a altas temperaturas sem se degradarem.

CERÂMICOS BIOATIVOS

Cerâmicos bioativos são aqueles que desencadeiam uma resposta biológica específica na interface de
um material, resultando na formação de uma ligação entre os tecidos e o material.

Existem vários fosfatos de cálcio utilizados como cerâmicos bioativos. Isso vai depender da sua
proporção Ca/P como vimos anteriormente.

Podem todos ser sintetizados em laboratório. Aqueles que se encontram abaixo da hidroxiapatite na
tabela são menos solúveis/reabsorvíveis que ela e os que se encontram acima são mais solúveis. No
topo da tabela encontramos o sulfato de cálcio, que é muito solúvel.

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• A fluoroapatite é usada e aparece naturalmente nos dentes: o fluor substitui o OH na fórmula da
hidroxiapatite.
• A brushite (“dicalcium phosphate dihydrated” DCPD - CaHPO4.2H2O) é usada em cirurgia
maxilofacial como cimento ósseo (formado a partir da junção de pó a água), assim como o sulfato
de cálcio. Usam-se cimentos porque é mais fácil modelar um cimento que uma peça metálica e na
cara qualquer desalinhamento torna-se muito visível.
• O fosfato de monocálcio não é muito usado.

Quanto menor é a quantidade de cálcio (menor rácio), mais solúvel é o material, pois o fosfato é muito
solúvel. A pH fisiológico (pH = 7), a hidroxiapatite não é muito solúvel, daí ser tão utilizada.

• Rácio < 1,7 à mais solúveis;


• Rácio > 1,7 à menos solúveis, mais inertes

Em termos de solubilidade, a hidroxiapatite é menos solúvel que β-TCP. Portanto, para existir um
equilíbrio entre a velocidade de crescimento do osso e a reabsorção do cerâmico implantado, pode
jogar-se com as quantidades relativas de hidroxiapatite e β-TCP a utilizar.

• Nos idosos deve-se usar hidroxiapatite – dá tempo para o osso crescer


• Nos jovens é aconselhável usar hidroxiapatite com β-TCP, pois, como têm maior atividade óssea,
o material deve ser mais reabsorvível para deixar o osso crescer.

Aumentando a temperatura, por sinterização (para dar resistência), podemos produzir α-TCP a partir
de β-TCP. O α-TCP é mais absorvível que o β-TCP.

Mas durante a sinterização, os poros desaparecem, então é preciso implementar métodos para os
manter. Como produzir cerâmicos porosos?

1. Adicionam-se bolas de cera, celulose ou amido.


2. A 900 ºC, combusta tudo e permanecem os poros – cera sai sob a forma de CO2 .

O tamanho dos poros (macroporos) é dado pelo tamanho das esferas.

APATITE

A apatite é uma família de materiais, não um material!!!

É possível fazer substituições iónicas.

• A apatite de bário não é utilizada em aplicações médicas.


• A utilização de magnésio faz sentido visto que este se encontra presente no osso. Na posição do
grupo fosfato podemos ter ainda HPO4- (apatite deficiente em cálcio). As substituições iónicas que
podem ser feitas são apenas de grupos que a malha consiga suportar.

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O grupo fosfato é um tetraedro porque o P tem 5 eletrões de valência. Temos um gap onde ocorre a
ligação dupla, pois nas restantes zonas pode haver ligação com outros fosfatos, mas nessa não.
Portanto, os materiais com fosfato são muito solúveis, já que a água pode entrar na malha,
desagregando-a.

Não podemos ter simplesmente materiais que igualem a composição química do osso por causa da
sua solubilidade, daí se usar biovidro 45S5, que tem 45% de Sílica (SiO2), também tetraédrica, mas
que, ao contrário do fosfato, consegue fazer ligações a outras sílicas a toda a sua volta.

O biovidro CaO-P2O5 é um exemplo de um vidro muito solúvel, no entanto, apesar destes problemas, a
sua temperatura de fusão é mais baixa que a do bioglass 45S5 (1400ºC), tornando o primeiro mais
barato de produzir.

Quando as estruturas são compatíveis e os raios atómicos são semelhantes, é relativamente fácil fazer
substituições. Note-se que num material não podemos ter cargas circulantes, mas podemos ter
materiais carregados eletricamente a um certo grau. Na hidroxiapatite é possível substituir o grupo PO4
por 𝑆𝑖𝑂4−4 ,o que gera uma carga negativa. Esta carga atrai o cálcio e facilita a sua fixação. O valor do
potencial zeta medido é muito alto.

CERÂMICOS POROSOS (“POROUS INGROWTH”)

São porosos e pertencem ao tipo 2 de cerâmicos falados anteriormente.

Usa-se cerâmicos porosos bioativos para permitir o movimento das células entre poros, pelo que estes
têm de ter um tamanho suficiente que permita que as células proliferem dentro do material. Estes
também devem estar interconectados.

A interconectividade é uma propriedade muito importante, isto é, as células podem ir de poro para poro
– existe uma comunicação entre os diferentes poros que facilidade a proliferação celular.

Assim, por a área de contacto ser maior, permitem a penetração dos tecidos e aceleram a cinética de
deposição da apatite (adsorção de proteínas). Providenciam estabilidade e fixação mecânica.

Não têm estrutura química diferente, necessariamente, mas têm “mechanical interlocking”: há
crescimento celular no meio da prótese, e esta é fixada. Se o material é fosfato de cálcio e o osso
também, logo a ligação também o será. Aceleram assim a
ligação entre o material e o hospedeiro.

Devem existir macroporos (> 150 µm) para possibilitar o


movimento de partículas e penetração dos tecidos, mas estes
não devem ser excessivamente grandes (máximo 500 µm)
para que o material não se torne demasiado frágil (o poro tem
resistência nula pelo que um material demasiado poroso tem
uma menor resistência mecânica). Também é importante a
existência de macroporos para fixação das células. Devem,
assim, ser usados para aplicações de baixa carga.

São exemplos: ChronOS e Kasios TCP (figura ao lado). São


cerâmicos TCP com macroporos (e o Chronos tem microporos).

VIDROS

Um biovidro é um material feito a partir da sílica. Pode ser utilizado no processo de regeneração óssea.

38
A principal diferença entre um vidro e um cristal é que no ponto de fusão exite um fenómeno chamado
cristalização (quando se torna sólido é composto por cristais hexagonais/cúbicos/...) que ocorre ao
mesmo tempo que ocorre a solidificação.

Os vidros por sua vez são amorfos, ao contrário de materiais cristalinos, porque são arrefecidos
rapidamente e não tiveram tempo de adquirir a sua posição estável. São, assim, materiais
metaestáveis. Num material cristalino, os átomos inicialmente dispersos em líquido, vão formando
pequenas células organizadas (estado de maior
energia). Note que, se não deixarmos o material
cristalizar, temos a formação de um líquido
sobrearrefecido. Tem algumas alterações na posição
atómica em relação ao estado de maior desordem,
mas ficou “a meio caminho” e, portanto, não é
totalmente sólido. Note-se que nos sólidos, a
mobilidade dos átomos é menor.

Está tudo relacionado com o tempo/velocidade do


arrefecimento. Existem alguns materiais que
naturalmente formam vidros e outros que
normalmente formam materiais cristalinos. Isto não
está relacionado com o tempo de arrefecimento mas
sim com o tipo de material.

No caso dos vidros, a estrutura é amorfa porque:

• o arrefecimento é rápido: os átomos não têm tempo para se dispor de forma organizada;
• o líquido é viscoso: líquidos viscosos não tendem a formar estruturas cristalina porque os átomos
não conseguem mover-se tão rápido e facilmente para as suas porções.

A estrutura vítrea é amorfa, mas não na sua totalidade. Temos vários tetraedros, então a curta
distância há regularidade, mas a média e longa distância, tal não acontece. Quanto mais lento for o
arrefecimento, menos volume terá o vidro (estrutura organizada) e as características estarão mais
próximas da estrutura cristalina.

Os vidros têm a vantagem de apresentar uma estrutura química aberta, pois temos muitos
buracos/interstícios, sendo possível introduzir/incorporar elementos como a sílica, o sódio, o
magnésio, … Nesta incorporação é importante manter a carga neutra. Esta característica de
incorporação pode ser muito útil para libertação de fármacos.

O bioglass também é uma aplicação desta característica, sendo um vidro muito rico em sílica. Embora
tenha uma percentagem de fosforo e cálcio esta percentagem é reduzida quando comparada com o
osso. Deste modo, quando há uma reação entre o biovidro e o osso que quer substituir, há uma
acumulação de sílica demasiado grande.

A maioria destes materiais são implantados em pessoas de idade, nas quais não há formação de
ossos.

Algumas vantagens destes materiais:

+ São materiais coloríveis (por exemplo, por adição de óxido de ferro ficam castanhos, que é o caso
dos vidros de cerveja).

39
+ Com a mesma composição química, podemos ter várias estruturas cristalinas - aquecendo um
material, podemos dar-lhe a liberdade para os átomos se moverem para as suas posições de
equilíbrio. O volume é maior quanto menor for a organização estrutural. Vidros bioativos

Constituídos essencialmente por SiO2 (sílica), Na2O (óxido de sódio) e CaO (óxido de cálcio). Por vezes
também apresentam P2O5.

Começou-se por usar vidros cerâmicos para próteses. Estes vidros são feitos com um tratamento
térmico: Aquece-se um vidro até uma determinada temperatura durante um dado intervalo de tempo,
e começa-se a formar um cristal. Parte da estrutura fica cristalina, ocorrendo precipitação de cristais.

Um exemplo de um vidro cerâmico é o das placas de fogão da cozinha, que são transparentes, mas
têm cristais, e são muito mais resistentes do que apenas vidro.

O Ceravital só começou a ser usado na área dentária dois anos depois de ser aprovado pela FDA. Esta
área é muito usada para teste de biomateriais pois é uma região de fácil acesso, sendo, portanto fácil
de controlar e remover caso haja problema. Um dos grandes problemas da área dos biomateriais é o
tempo que se demora a desenvolver e a aprovar um material. Normalmente, começa-se em áreas onde
a quantidade de material é pequena.

Na área farmacêutica, é ainda pior, pois temos efeitos sistémicos para além dos efeitos locais
normalmente observados nos materiais.

Os processos que ocorrem quando um vidro é implantado são principalmente a precipitação de fosfato
de cálcio amorfo, que se transforma numa camada de apatite. Há adsorção de proteínas à superfície
e, mais tarde, adesão celular. Por trás da camada de apatite, temos uma camada de sílica. O cálcio é
que permite a formação da camada de apatite, pelo que vidros sem cálcio não funcionam.

INDICE DE BIOATIVIDADE

Os processos que ocorrem quando um vidro é implantado são principalmente a precipitação de fosfato
de cálcio amorfo, que se transforma numa camada de apatite. Há adsorção de proteínas à superfície
e, mais tarde, adesão celular. Por trás da camada de apatite, temos uma camada de sílica! O cálcio é
que permite a formação da apatite layer, pelo que vidros sem cálcio não funcionam.

O indíce de bioatividade é o tempo que demora a que 50% da interface se ligue ao implante. É tanto
maior quanto menos bioativo for o material.

I = 100/t0.5bb

40
Não é muito usado hoje em dia. Foi substituída pela análise histomorfométrica. Um material com IB
maior que 9, como o biovidro 45S5, liga-se tanto a tecidos moles como duros. Materiais com 0 < IB <
8 só ligam a tecidos duros.

ANÁLISE HISTOMORFOMÉTRICA

Temos um grânulo de material implantado (vidro) e novo


osso ao lado. Para um certo grânulo, temos um certo
perímetro, e para o novo osso, temos o perímetro de
contacto. Então, calcula-se a razão entre o perímetro de
contacto com o osso e o perímetro total do grânulo. Faz-
se isto para um grande número de grânulos em função
do tempo de implantação.

Os resultados mostram que o bioglass permite formar


mais osso que a hidroxiapatite. Mas certamente este
material terá algumas desvantagens.

DIAGRAMA TERNÁRIO

Num diagrama ternário, a região A corresponde a


uma composição balanceada entre o Na e o Ca, de
tal forma que promove a ligação ao osso, ou seja,
temos vidro bioativo.

A região B corresponde a vidro com grande


percentagem de sílica e, por isso, não é bioativo,
ocorrendo encapsulamento, pois falta o cálcio e o
fósforo. Por exemplo, temos o vidro de janela e o
vidro das garrafas.

A região C é constituída por vidros reabsorvíveis,


que desaparecem em 10 a 30 dias (por vezes, um material que é degradado demasiado depressa não
tem grande utilidade). Por fim, a região D é constituída por vidros que não são práticos de usar, pois
têm pouca sílica, que é um importante formador de vidro.

O sucesso dos biovidros deve-se, assim, a terem cálcio, fósforo (apatite semelhante ao osso) ou sílica
(exemplo das galinhas).

Como todos os vidros, o bioglass é um material frágil, não podendo ter aplicações na ortopedia, onde
as cargas são muito elevadas. Assim, tentou-se diferentes soluções misturando-os com outros
compostos – Compósitos!

COMPOSTOS PLA

Vidro bioativo envolvido por um polímero PLA.

- Têm a desvantagem de as partículas não se ligarem


fortemente à matriz, fazendo fendas e levando a que as
partículas tendam a saltar.

41
Têm como objetivo acrescentar a componente de colagénio que existe nos ossos.

COMPÓSITOS – JUNÇÃO COM HIDROXIAPATITE

Combinação de vidros e cerâmicos. Aproveitando a estrutura aberta dos vidros (grande latitude),
podemos combinar estes com hidroxiapatite, por exemplo, através de uma sinterização em fase
líquida.

O material torna-se:

- mais resistente, pois os poros da matriz do cerâmico são preenchidos com o vidro.

São compósitos com fase vítrea e cristalina.

A substituição de hidroxiapatite no vidro está


muito limitada. O P2O5 é um bom formador de
vidro muito solúvel, pois absorve água devido à
ligação dupla do oxigénio ao fósforo, que se liga
ao hidrogénio da água. Por si só, os vidros de P2O5
não são uma boa alternativa para os materiais de
regeneração óssea, mas podem ser usados como
agentes de sinterização (aquecimento) para a
hidroxiapatite. Mantemos os mesmos elementos da hidroxiapatite, mas como temos um vidro,
podemos jogar muito com os iões que vamos acrescentar.

Isto é facilmente feito através da adição de uma pequena quantidade de vidro (2-4%), e é neste que
adicionamos facilmente iões.

1. Fazemos pó de vidro, misturamos com pó de hidroxiapatite


2. Aumentamos a temperatura para 1400ºC, o vidro funde
3. A hidroxiapatite permanece sólida, sendo possível juntar o vidro com hidroxiapatite.

Se tivermos vidros de sílica, forma-se silicato de cálcio, nada


benéfico em termos biológicos: é extremamente duro e na
forma de agulhas. Por outro lado, usando um vidro com P e Ca,
já podemos misturar com hidroxiapatite. Temos um compósito
com iões semelhantes à hidroxiapatite, e não temos fases
estranhas. Permite formar vários tipos de TCP.

Distribuição de Webull: dá-nos a probabilidade de falha para


uma certa carga. Com sinterização na fase líquida, o material
tem probabilidades de falha menores. Revela que a
hidroxiapatite combinada com o vidro é mais resistente.

Em resumo: a combinação de vidro com hidroxiapatite vai permitir-nos manter as propriedades fixes
da hidroxiapatite (biocompatibilidade) mas dar-lhe mais resistência (cerâmico) e iões úteis.

VIDROS CERÂMICOS

Formamos um vidro e depois sujeitámo-lo a um tratamento térmico (cristalização) Conforme o seu


diagrama de fases, é escolhida a temperatura à qual precipitam as fases que nos interessam.
Aquecemos o vidro lentamente a essa temperatura para precipitar uma certa fase. No final temos uma
estrutura compósita: vidro amorfo com precipitados cristalinos.

42
A maioria dos vidros cerâmicos são derivados de bioglass. Ter uma estrutura cristalina ajuda a que as
propriedades mecânicas, tais como o módulo de elasticidade e a resistência à compressão, sejam
incrementadas. O material torna-se mais forte e é muito utilizado, por exemplo, em cirurgias à coluna
(ceravital, cerabone).

Um vidro cerâmico combina as propriedades frágeis de um vidro com as propriedades fortes de um


cerâmico. Exemplos de fases precipitadas: MgO, K2O, CaP2.

A partir do biovidro 45S5 é possível obter vidros cerâmicos como é exemplo o Ceravital que, no
mercado, é o mais usado: não tem Na+, mas tem Mg2+, e tem uma fase de hidroxiapatite. Este tem 10
vezes mais resistência que o biovidro, maior módulo elástico, e deixa de ser transparente.

A Wollastonite é um silicato de cálcio que não é bioativo, e aparece nos vidros cerâmicos sob a forma
de cristais aciculares, sendo muito resistente. O módulo de elasticidade e a resistência à compressão
são muito maiores nestes vidros cerâmicos. A grande aplicação é a nível da coluna, pois têm uma
bioatividade reduzida, sendo normalmente usados para fusão vertebral.

O flúor nos biovidros é importante - é normalmente dado a mulheres após menopausa, para compensar
a perda óssea.

MECANISMOS DE FORMAÇÃO

• Cristalização controlada:
o Nucleação homogénea vs nucleação heterogénea
o Nucleação à superfície vs nucleação em volume
o Vidros cerâmicos (10% de fase cristalina)
o Sinterização de vidros
• Desvitrificação: cristalização não-controlada

TEORIA CINÉTICA

Assim, no limite, qualquer material pode ser vítreo: podemos falar de metais e polímeros vítreos. A
velocidades de arrefecimento muito rápidas, é possível formar a estrutura amorfa característica do
vidro. Esta teoria toma a estrutura como dependente apenas da velocidade de arrefecimento.

Há que ter em conta, no entanto, que materiais como a sílica, que já de si tendem a arrefecer sob a
forma de vidro, já que leva muito tempo a cristalizar, mesmo com velocidade de arrefecimento (Rc)
muito baixa, podem ser considerados bons formadores de vidro, mas outros não. Há materiais que têm
de ter uma Rc mesmo muito alta para não passarem o “nariz” da cristalização, daí não importar apenas
a cinética, mas também se tem de fazer distinção em termos de composição.

TEORIA ESTRUTURAL

Os líquidos viscosos têm mais tendência a formar vidro porque os átomos têm menor mobilidade. Só
os materiais com estruturas triangulares/tetraédricas é que formam vidros, pois os outros tendem a
emparelhar em faces (estruturas CFC, HCP…). A sílica é um bom formador de vidro porque é um
material muito viscoso.

43
Esta curva (curva TTT) explica porque é que a sílica é um bom formador de vidro - é um material muito
viscoso. No eixo dos yy temos a temperatura, e no xx o tempo de tratamento. Se tivermos o material a
arrefecer à esquerda da curva, tem mais tendência para formar um vidro, dependendo obviamente do
tempo de arrefecimento.

NUCLEAÇÃO

A nucleação corresponde à primeira etapa da cristalização (tratamento da precipitação de fases) e


consiste no aquecimento da matriz vítrea até ao aparecimento de pequenos precipitados (embriões).
Para que ocorra separação de fases, ou seja, para que se formem estes embriões, é preciso fornecer
energia para ultrapassar uma barreira interfacial, pois a energia interfacial líquido-líquido é menor que
a sólido-líquido, ocorrendo assim a formação de nova superfície.

No fim/bordo do líquido já existe uma interface deste género, logo esta barreira já foi ultrapassada.
Então, é mais fácil formar-se aí o cristal, ou seja, ocorrer nucleação desde a superfície/bordo do líquido
para o interior. No entanto, isto não é desejável, por se tratar de uma nucleação à superfície, ou seja,
uma nucleação heterogénea. Por isso, se chama nucleação não controlada ou desvitrificação. Não ter
homogeneidade do material é mau, em termos de propriedades mecânicas.

Para se obter uma nucleação homogénea e em volume, recorre-se a uma nucleação controlada, com
o contributo de um agente de nucleação.

O agente deve ser um material sólido misturado no líquido em muito baixa percentagem (exemplo:
0,02%, alumina, MgO, …). Este deve formar pontos sólidos (núcleos) de descontinuidade no líquido,
criando uma nova superfície/interface, de forma a que, depois, os cristais comecem a formar-se em
cima destes pontos a partir dos quais é fácil cristalizar porque já está formada uma interface, isto é, já
está ultrapassada a barreira energética de criação da mesma. O agente de nucleação deve ter como
características:

• ser solúvel à temperatura de preparação do vidro, mas apresentar baixa solubilidade a baixas
temperaturas (para formar pontos sólidos);
• elevada difusão na estrutura do vidro
• baixa energia interfacial vidro/agente nucleante
• baixa energia de ativação para nucleação homogénea (facilitando a reação)

44
• a estrutura cristalina e os parâmetros de malha devem ser semelhantes à fase cristalina a
cristalizar. Se queremos precipitar uma fase apatítica, que tem cristais hexagonais, temos de
usar um agente hexagonal e com parâmetros de malha semelhantes.

Vai haver:

• Separação de fases
o Energia interfacial líquido-líquido < líquido-sólido (redução da energia de nucleação)
o Uma das fases amorfas possui composição mais próxima da fase sólida cristalina a
nuclear
• Separação de fases e cristalização
o Formação de uma fase cristalina metastável que dá origem a uma fase cristalina
estável

CRISTALIZAÇÃO

A cristalização vai depender:

• Número de núcleos
• Taxa de crescimento de cristais
• Viscosidade do vidro

Podemos fazer cristalização controlada em dois


estágios começando por fazer nucleação e só
depois promover o crescimento.

O crescimento corresponde à segunda fase de


cristalização, em que alguns dos embriões
crescem e individualizam-se como fase
cristalina.

A cristalização vai depender:

• Número de núcleos
• Taxa de crescimento de cristais
• Viscosidade do vidro

A cristalização pode ser feita em 1 ou 2 etapas.

45
No processo A, temos 2 processos a acontecer em simultâneo: uns cristais ainda estão na fase de
nucleação e outros já estão em crescimento. No fim, o vidro não será homogéneo. Isto acontece porque
a temperatura atingida no processo permite a ocorrência de ambas as etapas ao mesmo tempo.

O processo B é preferível. A separação em 2 etapas leva um processo controlado, que permite controlar
o tamanho e o número de partículas, originado uma estrutura homogénea – muitos cristais finamente
dispersos. Isto porque, numa primeira fase, à temperatura de nucleação (temperatura a que aparece
uma certa fase, consultar diagrama) os núcleos nascem e criamos muitos núcleos pequenos, dando
condições para estes aparecerem. Depois, quando estes já estiverem formados, passa-se a uma
segunda etapa, na qual se aquece até à temperatura de crescimento dos cristais para que estes
cresçam. No final todos os cristais terão aproximadamente o mesmo tamanho porque foi dado tempo
para que todos os núcleos acabassem de se formar e começassem a crescer ao mesmo tempo.

Idealmente a nucleação deve ocorrer a temperaturas diferentes do crescimento de forma a termos


muitos cristais dispersos.

A temperatura de transição vítrea é a temperatura abaixo da qual o material já se define como um


sólido. Definida pela interseção entre uma reta tangente à curva de sobrearrefecimento e do estado
sólido. Este valor é específico da velocidade de arrefecimento, ou seja, depende do estado vítreo,
definindo a transição para estados vítreos diferentes, mais ou menos cristalinos. Se demorarmos mais
tempo antes de vazar o vidro, temos diferenças: com o “slow cooling”, estamos mais próximos da curva
de equilíbrio. No limite, com arrefecimento muito lento, forma-se um cristal.

METAIS

Ao contrário dos materiais reabsorvíveis, utilizados para “scaffolds”, engenharia dos tecidos e
regeneração, os materiais não reabsorvíveis, como metais, são uteis na produção de implantes
permanentes (ex: placas de fixação, parafusos, prótese da anca...). O grande problema é a corrosão.
Os principais metais/ligas metálicas utilizadas na área da saúde são o aço inoxidável, ligas de crómio-
cobalto, o titânio e o oxínio. Tirando este último, que foi desenvolvido a partir de um tratamento térmico,
nenhum foi desenvolvido apenas para a área médica. Dependendo da zona a que o material vai estar
exposto, temos diferentes normas. Estes materiais são materiais de estabilização mecânica.

AÇO INOXIDÁVEL

Constituído por:

• Fe • Mo (2-4%)
• Cr (17-20%) • C (0,03%)
• Ni (10-17%) • Impurezas: Mn, P, S, Si. Mn, P, S e Si.

46
Estrutura austenítica, pelo que tem elevada resistência à
corrosão.

O crómio e o níquel são autopassivantes - formam uma fina


camada de óxido que protege o material (Cr2O3), em
contacto com o meio fisiológico. É uma película protetora
num ambiente de oxigénio que reduz a libertação de iões
de metais pesados para o meio fisiológico. Estes também
asseguram que o aço esteja no domínio austenítico.

Contém carbono em muito pouca quantidade (aço


inoxidável 316 L com L de low carbon), pois se estiver em quantidade superior a 0,03% combina-
se/reage com o crómio e precipita na forma de carbonetos de crómio (Cr23C6). Estes precipitados
localizam-se nas fronteiras de grão.

- Fragilizam o material (carbonetos são frágeis, cerâmicos)


- Fazem com que a quantidade de crómio disponível para formar a camada de filme passivo fique
reduzida.

Assim, fica comprometida a proteção do material da corrosão/oxidação, normalmente assegurada pelo


filme passivo. Daí as normas standard para a saúde serem tão rigorosas (não permitem + 0,03%).

Como obter aço inoxidável?

• Recozimento (tratamento térmico, que alivia as tensões e diminui a dureza)


• Forjando o fio (maior dureza, por causa do encruamento).

Sempre que ocorre deformação plástica, as propriedades mecânicas são melhores.

Aplicações: placas de osteossíntese, por ser barato e temporário, pois acarreta problemas de
corrosão/degradação a longo prazo.

Dos 3 metais estudados nesta secção, são os materiais com maior tensão de cedência (“yield
strength”).

LIGAS DE CRÓMIO-COBALTO

Ligas Co-Cr-Mo. Também formam um filme passivo semelhante aos aços inoxidáveis, mas têm:

- uma maior resistência ao desgaste que estes.

Aplicações: próteses esqueléticas (próteses dentárias temporárias) e que se fazem moldagem em


fundição de cera perdida.

Dependo das aplicações que pretendemos para o material, este pode ser obtido por:

• casting (vazamento)
• recozimento
• forjado a quente ou frio
• HiP (compressão do material quando está a altas temperaturas através de pressão isostática).

Diferentes tratamentos térmicos fazem com que os materiais possam aguentar mais ou menos carga.

47
LIGAS DE TITÂNIO

Destes 3 metais/ligas é o mais macio, com propriedades mecânicas mais baixas. É um material leve
(baixa densidade) e com elevada resistência à corrosão, mas tem baixa resistência ao desgaste. O
titânio comercial é muito pouco duro, não é suficientemente resistente para ser usado na prótese da
anca, daí usar-se a liga com alumínio e vanádio.

Os materiais metálicos podem ser obtidos de várias formas, como por exemplo forjados a frio, que
origina materiais mais resistentes que com recozimento (“annealing”). O aço inox forjado a frio tem
uma resistência de mais de 1000. Isto deve-se ao encruamento do material, que provoca aumento da
densidade de deslocações, entrelaçando os planos de deslocamento, eliminando os planos de
deslizamento existentes. Quanto maior a taxa de encruamento, maior a deformação plástica, e
melhores as propriedades mecânicas do material. No caso dos materiais metálicos, o que interessa é
a sua capacidade de estabilização mecânica, pelo que as suas propriedades mecânicas são fulcrais.

COMPARAÇÃO ENTRE OS METAIS, VANTAGENS E DESVANTAGENS

Tensile Strength (Psi) Módulo de Elasticidade (106 Psi)

Aço Inoxidável 90 000 28

Liga Cr-Co 150 000 35

Titânio 150 000 16

Osso 10-15 000 2-3

Os 3 tipos de metais apresentam em comum o facto de terem um módulo de elasticidade bastante


superior aos dos ossos.

- Quando dois materiais com módulos de elasticidade diferentes são colocados em contacto,
quando o mais elástico se deforma, o outro não consegue acompanhar a deformação e, no limite,
separam-se (“stress shelding”).
Para além disso, no caso dos ossos, o “stress shelding” afeta outro problema: como o seu
módulo de elasticidade é muito mais baixo, a tensão vai ser exercida continuamente no
metal/prótese e o osso não vai ser estimulado, podendo levar a perda óssea e problemas
como a osteoporose. (nota: mas o que é isto do stress shelding? Refere-se à redução da
densidade óssea resultante da remoção da carga exercida num osso por um implante)

O titânio acaba por ser o mais vantajoso por ser o que mais se aproxima do osso.

No entanto o aço inoxidável é fácil de fabricar comparativamente com o titânio. No caso do aço
inoxidável, pode ser facilmente obtido por fundição e vazamento para um molde. No caso do titânio,
por este ser muito reativo (grande afinidade para o oxigénio), o processo tem de ser realizado no vácuo
ou o titânio terá inclusões de óxidos, que fragilizam o material. Não existe em Portugal esta técnica
para a produção de peças em titânio. Assim, este é usado para próteses de menor duração (por
exemplo em pessoas de idade.

Em resumo:

48
Vantangens Desvantagens

• Resistência mecânica • Potencial corrosão


Aço Inoxidável • Facilidade de fabrico • Módulo de elasticidade elevado
• Disponibilidade

• Resistência mecânica • Módulo de elasticidade elevado


Liga Cr-Co
• Resistência ao desgaste

• Resistência mecânica
Titânio • Baixo módulo de elasticidade • Baixa resistência ao desgaste
(mais próximo do osso)
• Resistência à corrosão

FORMAÇÃO DE ÓXIDOS METÁLICOS

Os 3 metais discutidos formam um filme de


óxido, espontaneamente, à superfície, o que
evita corrosão/degradação. No caso do titânio,
o óxido/cerâmico é particularmente aderente
ao material base (titânio).

A presença de óxido (cerâmico em cima do


metal) consiste no contacto entre dois
materiais que sofrem diferentes deformações
para a mesma carga, levando ao problema do
“stress shelding” – o implante suporta mais
carga do que um osso normal, portanto o osso
fica preguiçoso.

Consequentemente, pode haver arrancamento e libertação de pequenas partículas de óxido. Ou seja,


o filtro passivante permite que uma molécula não se degrade e não se libertem partículas deste, mas
ao mesmo tempo, potencia, de certa forma, a libertação de partículas de óxido.

Sendo assim, e visto que um filme passivante pode trazer vantagens, mas também desvantagens, é
importante avaliar as principais características dos óxidos que afetam o seu desempenho:

• Espessura – não deve ser tão baixa (e a camada tão pouco densa) que permita a passagem de
iões metálicos para o organismo nem tão espessa que conduza ao seu arrancamento, por stress
shielding. Como tal, a barreira deve ter entre 10 nm e 10 μm. A do titânio é a mais fina, feita de
titânia - TiO2.
• Adesão ao substrato metálico – deve ser alta. Assim o óxido de ferro é um mau óxido porque é
muito frágil e pouco aderente, protegendo pouco e corroendo ao fim de algum tempo.
• Porosidade/ densidade/ resistência mecânica – o óxido deve ser denso (pouco poroso) para não
haver difusão de iões metálicos e muito resistente

Sobretudo devido à aderência e auto-passivação (forma uma camada passiva por si – não é necessário
acrescentar um revestimento para esse efeito), o que tem melhores caraterísticas no seu óxido é o
titânio.

49
OXÍNIO

Especificamente produzido para ser usado em próteses. Conjuga o melhor de um metal e de um


cerâmico.

Novo material, já utilizado nos hospitais, dedicado à área médica, que combina:

+ biocompatibilidade/inerte;
+ resistência mecânica (“strength”);
+ baixo módulo de elasticidade (semelhante ao titânio);
+ resistência ao desgaste (menos desgaste abrasivo que o polietileno);
+ lubrificante;
+ não alergénico.

Consiste numa liga metálica de zircónio e nióbio (Zr-Nb, com 2,5% de Nb), que tem um processo de
passivação especial que conduz a propriedades vantajosas do filme: mais espesso e uma progressão
gradual de propriedades mecânicas (resistência ao desgaste).

1. O processo de oxidação consiste em elevar a


temperaturas (tratamento térmico a
aproximadamente 500 C) numa atmosfera
º

rica em O2.
2. A malha abre, o O2 difunde-se forçado pelo
aquecimento (oxidação forçada) e origina-se
zircónia (dióxido de zircónio).
3. Como o O2 se difunde numa direção específica,
levando os átomos de zircónio a difundirem-se
para fora da liga na direção oposta, forma-se
um gradiente de concentração de O2 desde a
superfície até ao interior (maior concentração
de O2 na superfície e menor concentração junto ao zircónio). Assim, não há uma separação tão
acentuada entre os dois materiais, ou seja, uma mudança abrupta das propriedades/zona de
laminação entre o metal e o cerâmico, não havendo também as consequências associadas a isso.
Elimina o problema de “stress shelding” e não compromete a aderência ente estes.

Há uma transição gradual.

O oxínio tem um filme passivante com cerca de 5 μm de espessura, enquanto que no crómio-cobalto,
por exemplo, tinha 0,01 μm (500 vezes mais). Isto melhora a resistência ao desgaste porque o
desgaste do óxido vai demorar mais tempo e as próteses terão maior durabilidade.

Porque não pode ser aplicado estre processo de


aquecimento a outros metais?

Formar-se- iam carbonetos e não filmes


passivantes mais espessos, por causa da
temperatura.

O facto dos cristais de zircónia terem a forma de


colunas ajuda o material a ter um

50
comportamento semelhante a uma parede de tijolos.

DESGASTE

As próteses da anca sofrem desgaste adesivo e


abrasivo.

• Desgaste abrasivo ocorre quando os dois


metais têm durezas muito diferentes e o
material duro tem partículas/protuberâncias
que são forçadas contra o material mais macio
e deslizam sobre ele, arrancando-lhe
partículas.
• Desgaste adesivo ocorre quando partículas do
material mais macio se soltam e se ligam ao material mais duro (por exemplo, por efeito do calor).

A tribocorrosão consiste em desgaste e depois corrosão. São libertadas pequenas partículas com
grande área superficial que facilmente sofrem corrosão, passando a iões.

Fadiga: quando ações repetitivas (cargas cíclicas) provocam fraturas.

Estes mecanismos de desgaste podem ser atenuados por presença de líquidos lubrificantes como é o
caso do líquido sinovial. Quanto melhor a lubrificação, menor a fricção e menor o desgaste.

Coeficiente de fricção: quociente entre a força lateral e a força normal. Pode ser calculado, por
exemplo, para uma prótese da anca, através da técnica “pin on disk” com um pin de polietileno e um
disco de metal. Permite também calcular outras variáveis como a perda de peso do pin ao fim de x
rotações/ciclos, ver se forma estrias, avaliar desgaste, ...O oxínio tem um menor coeficiente de fricção
que outros metais.

Devido ao desgaste, grande parte das próteses têm de ser removidas ao fim de 10/15 anos, sendo
que hoje há inúmeras cirurgias de revisão da prótese da anca. Estas apresentam estrias que se podem
dever, por exemplo, ao desgaste do polietileno. Por vezes, existem até zonas onde o polietileno é de
tal forma desgastado e também empurrado que existe contacto metal-metal entre a cabeça e o
acetábulo da prótese.
11
O número de partículas gerado nas próteses é de 7x10 por ano, mas o sistema imunitário consegue
libertar-se da maioria.

Aquando do desgaste e da libertação de partículas ocorre no organismo uma reação inflamatória (onde
são chamados os macrófagos). Isto leva à ativação dos osteoclastos, que libertam enzimas para
digestão do osso (reabsorção), num fenómeno chamado de osteólise. As partículas mais pequenas são
drenadas para o sistema linfático, fazendo com que os macrófagos as tenham de fagocitar nos nódulos
linfáticos (linfadenopatia – com aumento do tamanho dos nódulos).

BIOMODELAÇÃO 3D

Traduz-se na capacidade de replicar a morfologia de uma substância sólida.

É muito utilizada em cirurgia dentária e maxilo-facial, uma vez que na face, as estruturas ósseas são
muito complexas e a biofuncionalidade é um aspecto crítico (exemplo: a mandíbula e a maxila devem

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estar completamente alinhadas para conseguirmos falar). Para além disso, defeitos na cara
correspondem a problemas estéticos.

As próteses podem ter diferentes tamanhos, e nalgumas áreas podemos ter próteses de tamanho
diferente, adaptável para os pacientes de diferentes alturas e idades. Mas isso não funciona bem em
todas as áreas - na face, um deslizamento de 1mm é extremamente visível, e causa desconforto. É,
assim, importante a produção de peças personalizadas.

A produção clássica de peças passa por:

1. Desenho de uma peça, para termos um molde negativo da peça que queremos
2. Vazar nesse molde o metal
3. Produzir a peça.

A tecnologia aditiva/prototipagem rápida, permite passar do desenho para a peça, sem nenhum molde.
Permite também alterações rápidas. Na tecnologia clássica, se quisermos alterar o desenho temos de
alterar o molde. É uma revolução tecnológica, muito mais barata, pelo que pode vir a substituir a
indústria dos moldes. O tempo para pôr uma peça no mercado é muito reduzido. A grande vantagem é
uma completa liberdade de forma.

Uma das desvantagens é que nem todos os materiais podem ser impressos (os que exigem altas
temperaturas, por exemplo). Adapta-se bem a alguns cerâmicos e metais, mas o melhor material a
usar é um polímero (termoplástico, de preferência, que é processado a baixa temperatura).

Esta técnica adapta-se bem a pequenas séries, mas não a grandes séries, como se faz uma a uma: a
questão do tempo/produtividade é importante. As propriedades mecânicas das peças tendem a ser
muito piores pois a produção é feita por camadas - criamos pontos de fragilidade, devido às várias
interfaces.

PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO DE UMA IMAGEM NUM MODELO 3D

1. Software de importação de imagens médicas (MRI, TAC, ultrassons, ...). Uma TAC (tomografia
computorizada) corresponde a uma sequência de radiografias alinhadas segundo o eixo dos zz,
nas quais o branco corresponde ao osso.

2. Software de visualização e seleção das regiões de interesse da imagem (diferenciar o tecido do


osso, por exemplo).
3. Criação de um modelo 3D virtual por combinação das imagens 2D. Estando todas as imagens 2D
alinhadas, é possível transformá-las num volume e conjuga-las num único molde. Tem a vantagem
de não necessitarmos de olhar para várias radiografias em simultâneo e de ser um “medical
output”, isto é, podem ser manipulados: cortar, selecionar, duplicar, ... no sentido de permitirem
aos médicos planear o seu trabalho. Podemos selecionar uma certa densidade mineral para todas
as imagens (através de um determinado “threshold”), podendo descartar um tecido mole, e
construir a imagem do paciente naquilo que corresponde ao tecido ósseo. Muitos médicos ainda
recorrem a várias imagens 2D de radiografias, e tentam adivinhar um pouco o efeito volumétrico.
Recorrendo a modelos 3D, podemos ter uma imagem virtual da anatomia do paciente, saber o
tamanho de um dado defeito, etc...

4. Construção do modelo 3D físico através de prototipagem rápida: este é também um “medical


output”, uma vez que permite a utilização por parte dos médicos.

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VANTAGENS DA BIOMODELAÇÃO

A criação de modelos físicos e virtuais têm várias vantagens:

+ conferem a possibilidade de fazer planeamento pré-cirúrgico no computador (modelo virtual) ou


com o modelo físico, de forma a diminuir os riscos e alcançar melhor precisão na cirurgia. O erro
de cálculo de dimensões por parte do cirurgião é muito menor, e o tempo de planeamento é muito
reduzido.
+ facilitam a comunicação entre o paciente e os cirurgiões, já que se torna mais fácil mostrar ao
paciente o que se vai fazer.
+ permitem estabelecer critérios de biofuncionalidade.
+ permitem o fabrico de próteses personalizadas e especificamente adotadas a um paciente em
particular.
+ evita a utilização de moldes.
+ permite um maior detalhe.
+ liberdade de forma total/infinita porque partimos do zero e construímos a peça por planos, logo
podemos fazer “uma peça com coisas por dentro”, por exemplo: fazer uma esfera com outra esfera
lá dentro (sem precisar de um molde e contra-molde).

TÉCNICAS DE PROTOTIPAGEM RÁPIDA

Permitem obter peças sem necessitar de moldes e conferem total liberdade de forma, pois partem do
zero e o processo é aditivo, ao contrário dos processos tradicionais, que são subtrativos. Para além
disso, requerem menos mão de obra, energia e matéria prima.

ESTEREOLITOGRAFIA (SLA)

1. Criação de modelos translúcidos a partir de uma resina


hepoxídica.

2. Fotopolimerização da resina com um laser UV ou outra forma


de energia, camada a camada. A resina líquida está num
recipiente e há uma plataforma que vai mergulhando,
enquanto o laser irradia e ao incidir na resina criar um sólido
dentro do recipiente.

Bastante útil em cirurgia, nomeadamente ocular, pelo facto de a


transparência deixar ver os vasos. Tem custo elevado, pode ser
esterilizado, permite ter duas cores, é moderadamente
trabalhável. No fim de criada a prótese, é lavada e corada.

SINTETIZAÇÃO SELETIVA A LASER (SLS)

Utilização de um laser para sinterizar um pó (cerâmico ou metal)


nas pastas de espaço definido pelo modelo virtual, agregando o
material. É possível esterilizar. É usado em cirurgia, tem custo
médio e apenas uma cor.

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IMPRESSÃO 3D

Funcionamento por agregação de partículas após fundição de material. Não é possível esterilizar e é
pouco usado em cirurgia. Baixo custo, milhões de cores, facilmente trabalhável.

Outras: “termoget printing”, “laminated object manufacturing” (LOM), FDM, ...

APLICAÇÕES CLÍNICAS

Cirurgia maxilofacial: obtendo um modelo da cabeça (assim não é tirado osso a menos nem a mais), o
cirurgião pode projetar uma cirurgia complexa, por exemplo, da remoção de um tumor seguida de
implantação de osso do perónio para substituição na mandíbula. Com o modelo, pode estudar e
projetar a quantidade certa de osso peronial que precisará, bem como estudar o seu comprimento,
volume, ângulos, formato, ... Mesmo durante a cirurgia, o modelo é usado para comparação: ver se
está na posição certa, moldá-lo, ...

É usado o perónio porque não é indispensável e tem forma semelhante ao osso da mandíbula. O osso
peronial, com o tempo, na boca, torna-se do mesmo tamanho do outro lado da mandíbula. Com os
movimentos, há uma estimulação simétrica da mandíbula e ao fim de algum tempo (aproximadamente
um ano), o osso peronial tem a mesma largura da mandíbula do outro lado, por ter ocorrido
regeneração. Tendo a mesma largura e densidade, podem ser aplicados implantes.

Cirurgia ortogonática: procedimento cirúrgico odontológico que visa restabelecer um padrão facial
normal em pacientes adultos que apresentam um desenvolvimento ósseo facial fora do ideal. No
computador podemos simular como ficarão as deslocações a fazer (modelação virtual).

Próteses externas: possível produzir orelha simétrica (por SLA).. Fazemos um positivo e um prototipado
que depois enchemos de silicone. Como se fixa? Uma delas é com 2 imanes e é uma coisa de tirar e
por...

Implantologia: tubos que guiam a colocação dos parafusos. Por exemplo: colocação de implantes nos
zigomáticos/fixação de uma prótese.

Próteses/“meshes” de titânio: prototipagem rápida da parte que falta. Soldadura a pequenas peças
que depois aparafusam à cabeça. Peça produzida com dimensões necessárias.

Scaffolds: biomodelação/produção de implantes para engenharia de tecidos.

Estimulação do crescimento nervoso: Um nervo pode ser afetado de duas formas:

• Seccionamento (mais grave) – por modelação podemos arranjar um tubo que metemos à volta do
nervo, este é suturado. Enchemos este tubo com células e criamos um microambiente que vai
permitir o crescimento celular. Como estas células tem tendência a crescer linearmente o tubo tem
umas estrias internas para permitir que as células cresçam. Crescimento celular guiado – guiado
no sentido de guiar as células. Estes tubos até podem ser em materiais piezoelétricos (há
polímeros piezoelétricos: aplico pressão e dá uma saída elétrica).
• “Fragilização” menos grave

ALGUMAS QUESTÕES

1. Os biocerâmicos dividem-se em 4 categorias, de acordo com a sua interação com o tecido


ósseo hospedeiro. Descreva, justificando, essas 4 categorias e dê um exemplo de um
biocerâmico que pertença a cada uma delas.

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2. Refira-se, justificando, às vantagens e desvantagens da utilização de biocerâmicos
macroporosos em cirurgias do tecido ósseo.

3. O que entende por cristalização controlada de um vitro-cerâmico? Qual a relação que deve
existir entre a velocidade de nucleação e a velocidade de crescimento de cristais? Justifique a
resposta.

4. Os biometais usados em ortopedia são metais e ligas metálicas de 3 tipos indique as


vantagens e desvantagens de cada um deles. Justifique a resposta.

5. Descreva as diferenças físico-quimicas que ocorrem na transformação de sulfato de cálcio


hemi-hidratado para o hidratado. Diga quais as diferenças entre a fase alfa e a fase beta deste
composto.

6. A liga Zn-Nb (oxinio) é utilizada em próteses articulares. Refira as vantagens desta liga. Diga
como ocorre a formação do filme de óxido.

7. Descreva as etapas de fabrico principais dos biocerâmicos macroporosos utilizando agentes


porogénicos

8. Defina apatite substitucional. Diga qual o interesse destas apatites na regeneração óssea.

9. Explicar o que são vidros cerâmicos e comparar com o fosfato de cálcio.

10. Quais as etapas fundamentais da técnica de biomodelação tridimensional? Indique,


justificando, as vantagens da aplicaçõ desta tecnologia na área médica

11. Os biocerâmicos são classificados em função da sua bioreatividade com os tecidos


envolventes. Descreva cada um dos tipos de biocerâmicos que conhece e represente
graficamente a sua bioreatividade em função do tempo de implantação. Justifique a sua
resposta.

12. Descreva os passos principais que conduzem à formação da camada de apatite à superfície
de biovidros do sistema SiO2- Na2O – CaO – P2O5, indicando o efeito de cada um dos óxidos
no processo.

13. Refira as propriedades mais importantes dos vidros cerâmicos usados na reconstrução
dentária

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