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Nasci em uma tribo exótica de tabaxis em meio a florestas próximas ao

que depois seria reconhecido como Thundar. Lá vivíamos de forma simples,


sobrevivíamos com a caça e o plantio, casas construídas em madeira, algumas
sobre os galhos das árvores, éramos os Garras da Terra. Não lembro de muita
coisa, eu era muito pequeno quando veio aquele grande terremoto.

Eu tinha apenas 5 anos quando Grunch invadiu minha terra e varreu


tudo o que havia pela sua frente, nós, os Garras da Terra perecemos. Não
tínhamos a força descomunal desse filho da puta, só houve tempo para minha
mãe, Lua Crescente, me colocar em um pequeno barco me cobrindo com seu
capuz e me deixando à boa sorte rumo aos rios de Windsor, enquanto meu pai,
Sombra Viva correu para o outro lado com um objeto estranho em mãos, não
sei se o acéfalo queria aquilo ou se era algo valioso pra minha família, enfim.

Apenas ouvindo os gritos, as árvores caindo, os machados cortando


tudo pela frente, eu mantive o silêncio, imóvel no único lugar seguro naquele
momento, só me permiti olhar para fora quando não ouvia mais aqueles sons.
Eu estava no mar, no Cerco do Almirante, sem água, comida ou esperança,
quando as gaivotas já pairavam sobre mim foi quando eles chegaram.

Cobrindo a luz do sol, Kiryan desceu e me levou a bordo do Gralha,


navio dos Sussurros do Holandês, foi então que os marujos me levaram em
direção a Gale, o grande e alto meio-orc, capitão do navio. Quando vi sua pele
verde e suas presas parti pra cima com o resto de energia que tinha, mas fui
impedido pelos marujos. Então ele se aproximou de mim, ajoelhou-se e
colocou gentilmente uma adaga no convés logo a minha frente. Em seguida,
ordenou que me soltassem, oportunidade em que peguei a adaga e,
cambaleando, o ataquei com uma estocada. Ele me parou com apenas uma
das mãos, permitindo que a adaga a atravessasse, o seu sangue escorreu pelo
meu braço e então ele disse: “Bem-vindo à família, Davi”. Me desarmou usando
a própria mão machucada, virando-a para o lado, e então me deu um soco no
estômago, tudo ficou escuro.

Orly, o navegador do Gralha, traçou curso para o que pouco mais tarde
se tornou Sicárius, um refúgio para tudo o que deu de errado nesse mundo. Lá
eu aprendi a sobreviver, com algumas dicas de Orly e Kiryan. Aprendi a me
esconder, a passar por lugares sem ser visto, a escalar e também a pegar
coisas “emprestadas”, e pelo caminho conheci Luk, Kuco e Lisa, tínhamos mais
ou menos a mesma idade, éramos uns trombadinhas mesmo, sempre nos
metendo em confusão. Muitas delas eram por minha causa, não conseguia me
segurar em descobrir algo novo ou pegar algo que achasse interessante,
mesmo que fosse burrice às vezes. Pela cidade, por vezes eu via Gale, de uma
certa forma ele sempre esteve presente, como se estivesse vigilante, e Orly e
Kyrian nos ajudavam com o que precisássemos se estivéssemos passando por
perrengue demais.

Com o passar dos anos, eu, Luk, Kuco e Maya ficando melhores em
saquear coisas, enganar, distrair etc. Um dia fomos pegos pelos membros da
Hidra Negra, uma das outras Guildas de Sicários, tínhamos pegado uma
bugiganga que nem sabíamos exatamente o que era, era uma esfera meio
mecanóide que fazia uns barulhos estranhos. Dorian, o líder, ia cortar a mão de
cada um de nós, para servir de exemplo. Porém, Gale interveio dizendo que
nós éramos membros dos Sussurros do Holandês, e que tal punição era
demais para aquele tipo de situação – disse isso com uma das mãos já
segurando o cabo de sua alfanje – para não haver um banho de sangue logo
ali, Dorian então ordenou que lambêssemos suas botas sujas, eu sinto aquele
gosto de couro velho misturado com bosta até hoje, aquele filho da puta...

Gale então me chamou para fazer parte da tripulação dele a bordo do


Gralha, enquanto os meus amigos ficaram na base dos Sussurros ali mesmo
em Sicários, não sei exatamente o porquê dele ter feito isso, porque sempre o
olhei com um olhar desconfiado por ser um meio-orc, mas vi ali uma
oportunidade de conhecer outros lugares e ir rumo ao desconhecido na
tentativa de encontrar meus pais e desbravar esse mundo, foi quando ele me
presenteou com a Palito do Tarrasque (minha rapieira), um chapéu e aquela
adaga. Eu ainda o olhava de uma forma diferente, mas ele, mesmo sabendo
disso, me ensinou tudo o que sei.

Agora, novamente navegando pelo Cerco do Almirante, realizamos


saques e outros contratos, batalhas em alto mar e deixamos vivos aqueles que
não resistem, os outros ficam a cargo do destino nas águas de Windsor. Nunca
perguntei a Gale sobre o porquê de ele ter me salvado, é um meio-orc de
poucas palavras, apenas dando ordens, sem falar sobre assuntos pessoais.
Cheguei a perguntar sobre o assunto para Orly e Kiryan, eles apenas sorriram
e me disseram que eu sou um garoto de muita sorte, que sou alguém especial
para Gale e que ele estava começando a ficar cansado, apenas isso.

Certo dia, Gale aceitou um contrato envolvendo um sequestro, por óbvio


não sabíamos quem era o contratante. Fizemos o serviço de inteligência
fornecido pelos Sussurros do Holandês e saímos em missão. Gale determinou
que eu seria o principal irmão a executar a tarefa, visto que teria que ser feita
de forma sorrateira, o que foi feito. Adentrei nos aposentos do alvo sem ser
visto e o trouxe para o Gralha, em silêncio, sem alarde, durante a noite. Foi
então que a “’carga” se revelou, na verdade, ser o contratante. Estava nos
testando.

Declarou ser um nobre em ascensão e nos ofereceu um acordo. Propôs


aos Sussurros que eu me juntasse à sua empreitada para conseguir influência
e chegar na “alta sociedade”. Em troca, ao atingir tal objetivo, iria mover os
pauzinhos para que os Sussurros do Holandês tivessem todos os seus crimes
perdoados e se tornassem membros da Marinha Real como corsários, além de
fornecer moradia em Porto Real para finalmente sairmos daquela espelunca
gigante chamada Sicárius, o que foi aceito por Gale, assim como por Kiryan,
Orly e o resto da tripulação, não que isso mudasse alguma coisa hahahah, a
palavra de Gale era ordem, sempre, porém suas decisões quase sempre
agradavam a todos.
Lua Crescente Sombra Viva

Kiryan Orly
Gale Dorian

Luk Kuco
Maya

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