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12.VII.

1969 Boletim Epidemiológico 69

NOTAS EPIDEMIOLÓGICAS

HEPATITE NO TERRITÓRIO DE RONDÔNIA


NÚMERO OE INTERNACÕES,CASOS OE HEPATOPATIAS E CASOS
DESTACAOOS DE HEPATITE. NO HOSPITAL SÃO JOSÉ DE
PÔRTO VELHO, TERRITÓRIO FEDERAL DE RONDÔNIA.

Na primeira quinzena de julho, o Govêrno do Território 1.963. -3.969

Federal de Rondônia comunicouao Ministêrio da Saúde a ocor- HEPATITE A VIRU S


INTERNA-HEPATOPATIAS l*1
E ICTERICIA NIo OISTRUTIVA
rência de grande númerode casos fatais de hepatite entre os. ANO COEs
N9 N2 LETALIOADE N9. LfTALIOAOE
pacientes internados no Hospital SãoJose,. de P~rto Velho,
1881 2281 146 8.8 114 1.8
principal centro hospitalar da região.
18622191 171 1.0 142. 1.0
O levantamento preliminar procedido por técnicos do In! 1963 ZZ88 12' 80.4 93 11.0

tituto Evandro Chagas, da FundaçãoSESP,de Belem, mostrou e- 1884 1381 188 10.1 42 35.3
1885 1452 87 88.S ee 21.1
levada frequência de internamentos por hepatopatias no Hospi-
1968 1804 87 20.7 31 193
tal de Pôrto Velho e no de Guajarâ-Mirim. A notificação da
1987 1888 63 50.1 34 38.2
hepatite infecciosa não e feita regularmente e o registro dos 1988 2134 5S 32.7 53 35.3

casos refere-se sõmente aos que são internados. As hepatopa- 1989 1188 Z7 40.7 20 46.0
<I MESES

tias em geral e as hepatites comcaracterísticas clínicas co!!).


(R)O"C..UI,HIPATITIA"RU'.ICTIRIC'A DI TODA' A' CAU'A'.CIOROSI.
patíveis com a hepatite a virus são notadas hâ alguns anos,
comaíta incidência, elevada letalidade, características end~ 1969, mostrou que 27 e 30%, respectivamente, foram diagnosti~
micas e imprecisão quanto ao carater sezonal. cados como casos de malária, com a letalidade de 3,08%, em...
Nos casos registrados não foi observado acometimentode 1968, e 1,9% em 1969, muito inferior, portanto, ã encontrada
grupos familiares; a maior frequência ocorreu no sexo mascul.1. nos casos de hepatite. O agente etiológico predominante na
no e, com leve predominância no grupo etârio de 20 a 40 anos, região e o P~a8modium
fa~oiparum.
atingiu indivíduos de 2 a 70 anos de idade. Os pacientes re- Os registros do Hospital de Guajará-Mirim revelam que
sidem empôrto Velho e emoutras localidades do interior do 31,1% das hepatopatias evoluem para a morte: de um total de
Território. 2.080 internados desde 1967, verificaram-se 45 casos de hepa-
Pelas informações da análise preliminar não foi possí- topatias e 14 óbitos.
vel incriminar agente etiológico específico, fonte comum de Durante a realização do levantamento, a comissão pôde ~
infecção, ou evidenciar a origem de contaminação para os ca- companhar a evolução de um caso diagnosticado clinicamente
sos comcaracterísticas de hepatite infecciosa. de hepatite a virus, confirmado pela necropsia e histopatolo-
E provãvel que alguns casos rotulados como hepatite a
gia.
virus sejam de malária, comicterícia e hemoscopia negativa, Tratava-se de um paciente do sexo masculino, com 33 a-
comofoi comprovadoem duas oportunidades. nos de idade, garimpeiro do Rio Madeirinha, cuja doença se i-
A letalidade entre os internados por hepatopatias, por niciara 15 dias antes da internação com febre, vômitos e do-
tôdas as causas, que era de 6,8%, em 1961, aumentouprogress.1. res lombares. Faleceu no 39 dia de hospita1ização, constando
vamente para 40,'Z%no primeiro semestre de 1969. No grupo do prontuário duas pesquisas para p1asmodio, ambas negativas,
como diagnóstico clinico de hepatite a v{rus atingiu níveis no 19 e 29 dia.
lig~iramente superiores, alcançando 45% no primeiro semestre Outro c~so (26 anos, masculino), procedente de Rondô-
de 1969. nia, clinicamente semelhante, foi examinado no Instituto Eva!!

o levantamento feito no Hospital de Pôrto Velho, dentre dro Chagas em dezembro de 1~68, com confirmação de hepatite a

2.134 internações, em 1968, e 1.199, no primeiro semestre de virus pelo exame histopato1ôgico.

continl«! na pago n
~oletim Epidemiológic, 71
12.VII.1969

HEPATITE -continuação ~ pago 89

Territôrio. inclusive Guajará-Mirim.


Constitui motivo para inql'jrito epidemiolôgico prolong!
do e estudos de laboratório as causas que direta ou indireta~
mente possamcontribuir para a alta letalidade observada. ED.
tre elas podemser aventadas: a) o uso generalizado de inje-
ções semos cuidados de esterilização eficiente. responsável
pela propagaçãoda hepatite por sôro homôlogo; b) a ingestão
de alimentos contaminados por hepatoxinas (aflatoxina. p.ex.)
fato já observado emáreas da Amazôniadevido a hábitos da p.2,
pulação; c) a ação de agentes infecciosos de alta virulên-
cia; d) a possivel concomitância de diversos agentes etiolô-
gicos nas hepatopatias da região.

FONTE:AnáZise preZiminar dOs Drs. Le~iàas Braga Dias e F~~


PopIlZagão
ssn...M (1969, IBJE) do r., :tó"';o F.dBmZ dB Ro..aDm:a , oisco Pinheiro, resp.ctivamente~ patqZogista ~ vi,roZo-
121.000 mbitantBs; municlpios, PoJ'to V.Zho, 68.000, Guajal'á-MiMom, gista dO Ins'tituto Evandro Chagas,Funda"ão Serviço E!
33.000. peoiaZ de saúde ~Uca, BeZém,pazoá.

Os dados disponiveis ate o momentosugeremque a "!ebre


amarela não parece contribuir para essa situação. Nos casos
suspeitos, o examede 37 viscerotomias foi negativo, em 1968
(Pôrto Velho). Examesde material proveniente de viscerotom!
as colhidas nos u1timos 10 anos, inclusive em 4 casos de hep~
~

ti te comêxito letal (1969), resultaram negativos, o que per-


mite supor que a febre amarela e rara ou inexistente na regi-
ão, onde a presença do Aedes aegypti não se verifica há mui-
tos anos e a vacinação anti-amari1ica tem sido extensamenteÊ.
p1icada. As viscerotomias foram feitas em várias áreas do
Solicitamos o fornecimento de dados de ocorrência de quaisquer doenç~s de no-
tificação compulsória ou de outras. que pareçam de interêsse aos encarregados dos
serviios de epidemiologia das Secretarias e/ou Departamentos de Saúde. assim como
aos medicos e outros profissionais de saúde.

CENTRO DE INVESTIGAÇÕES EPIDEMIOL6GICAS (CIE)


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Telefones: 223-9936 e 232-8066. r.206

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