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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAMETRO

DISCIPLINA DE DOR ABDOMINAL,


VÔMITOS E ICTERÍCIA

Hepatites
Virais
Dra. Ana Beatriz da Cruz Lopo de Figueiredo
Gastroenterologista
Hepatites agudas
Hepatites agudas são processos inflamatórios que
acometem de maneira difusa o parênquima
hepático e que têm duração, em geral, inferior a
seis meses.

Histologicamente...
Caracterizam-se pela presença de alterações predominantemente lobulares,
representadas por infiltrado inflamatório misto de intensidade variável e
presença de sinais de degeneração de hepatócitos, como a balonização e
retração.
O desafio das hepatites virais

HAV HBV HCV HDV HEV Outros Outras


vírus hepatopatias

Patologia das hepatites virais agudas e crônicas. In: Focaccia R. Tratado de hepatites virais.
2.ed. São Paulo: Atheneu, 2007
O desafio das hepatites virais

HAV HBV

HEV HCV

HDV
HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO HEPATITE A


• Picornaviridae/Hepatovírus;

• Surtos epidêmicos; RNA


• Brasil: apresenta endemicidade intermediária a
baixa para hepatite A. Não cronifica

Essentials of Hepatitis, 2009


HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO HEPATITE A: transmissão


• Transmissão

Transmissão fecal-oral é
a principal.
HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO


HEPATITE A: Quadro clínico
• Assintomático
• Oligossintomático anictérico
• Ictérica
• Colestática
• Prolongada
• Recorrente
• Fulminante

Essentials of Hepatitis, 2009


HEPATITE A: Quadro clínico
HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO

o Hepatite anictérica: é a forma mais comum de hepatite (70% dos casos).


Em geral esta forma passa despercebida e o diagnóstico de hepatite aguda
não chega a ser confirmado.

o Hepatite fulminante: em menos de 1% dos casos de hepatite. Forma mais


temida da doença, pois apresenta elevada taxa de mortalidade (> 80%).
Caracteriza-se: vômitos, sonolência, confusão mental, piora da icterícia e
regressão rápida da hepatomegalia, e laboratorialmente se caracteriza por
queda rápida das aminotransferases e elevação das bilirrubinas.

Tratado de Gastroenterologia: da graduação a pós- graduação, Zaterka, 2016.


HEPATITE A: Quadro clínico
HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO

o Hepatite prolongada: em que a fase aguda se arrasta por mais de quatro


meses, com sinais de melhora progressiva, porém lenta. A evolução para
cura é regra nesses casos. Muitas vezes pode se apresentar com
características de quadro recorrente, com reativação clínica e bioquímica
após recuperação aparentemente completa do quadro.

o Hepatite colestática: caracterizada por prurido intenso, elevação


significativa das enzimas colestáticas e da bilirrubina. Em geral, a evolução é
favorável, com recuperação completa do quadro em 2 a 6 meses.

Tratado de Gastroenterologia: da graduação a pós- graduação, Zaterka, 2016.


HEPATITE A: Quadro clínico
HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO

O quadro clínico das hepatites agudas virais é


bastante semelhante, seja qual for o vírus
envolvido

1. Incubação: é o período que se estende desde o momento da contaminação


até Febre, mal-estar,
o aparecimento náuseas,
do primeiro vômitos,
sintoma. desconforto
É variável conformeabdominal;
o tipo de vírus;
Colúria, acolia fecal, icterícia;
2. Prodrômico: caracteriza-se por manifestações de quadro viral inespecífico.
Raros: mailgia, prurido, diarreia, exantemas.
Dura em média uma semana, podendo ser mais prolongado;

Tratado de Gastroenterologia: da graduação a pós- graduação, Zaterka, 2016.


HEPATITE A: Quadro clínico
HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO

3. Estado: nas formas ictéricas clássicas, a colúria é o primeiro sintoma que


faz sugerir o diagnóstico de hepatite. Precede de 1 a 2 dias o quadro
ictérico. Nesse período, os sintomas inespecíficos da fase prodrômica
tendem a desaparecer e o paciente sente-se melhor;

4. Convalescença: os sintomas desaparecem e exames laboratoriais tendem


à normalização, que em geral ocorre até o quarto mês.

Tratado de Gastroenterologia: da graduação a pós- graduação, Zaterka, 2016.


HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO


HEPATITE A: História Natural

o Período de incubação dura em média 28 dias, podendo variar


de 15 a 45 dias;
o O HAV é excretado nas fezes por 1 a 2 semanas antes do início
dos sintomas e mantém-se por uma semana após o
aparecimento do quadro clínico (maior transmissibilidade da
doença).

Tratado de Gastroenterologia: da graduação a pós- graduação, Zaterka, 2016.


HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO


HEPATITE A: Diagnóstico

o As hepatites agudas virais caracterizam-se, seja qual for o vírus causador,


por níveis de aminotransferases (ALT e AST) em geral superiores a 10X o
LSN (diagnóstico e evolução);

o Os níveis de bilirrubinas atingem seu máximo após o pico das


aminotransferases, e em geral a BT não ultrapassa o nível de 10 mg/dL,
diminuindo mais lentamente que as aminotransferases.

Tratado de Gastroenterologia: da graduação a pós- graduação, Zaterka, 2016


HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO HEPATITE A: Diagnóstico

o O diagnóstico da hepatite A é confirmado pela presença do marcador


sorológico anti-HAV IgM, cuja positividade coincide com o início do
quadro clínico e dura cerca de 3-6 meses. Após a fase aguda, os
anticorpos IgM desaparecem do soro e passam a ser detectáveis
anticorpos anti-HAV IgG, que perduram para o resto da vida,
conferindo imunidade à doença.

Tratado de Gastroenterologia: da graduação a pós- graduação, Zaterka, 2016.


HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO


HEPATITE A
Interpretando as sorologias...
HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO


HEPATITE A: Tratamento

o O regresso às atividades deve ser lento e progressivo e baseado nos níveis
de aminotransferases (< 2X LSN);
o Não há justificativas para dietas especiais;
o A ingestão de bebidas alcoólicas é desaconselhável durante a evolução da
doença, e alguns sugerem que a proibição deva ser mantida até seis meses
após o quadro;
o Na forma fulminante de hepatite aguda → transplante de fígado.

Hepatologia, guia de medicina ambulatorial UNIFESP, 2 ED, 2010


HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO


HEPATITE A
• Complicações:
• Hepatite fulminante
• Necrose tubular aguda
• Pancreatite
• Artrite
• Vasculite
• Anemia aplásica
• Mielite transversa
• Necrose epidérmica tóxica
• Hepatite autoimune

Hepatologia, guia de medicina ambulatorial UNIFESP, 2 ED, 2010


HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO


HEPATITE A
• Prevenção:
: transmissão interpessoal;

vacina com vírus inativado IM. MS→ DOSE ÚNICA COM 15


MESES (ADM ATÉ 4 ANOS);
até 2 semanas da exposição
Pacientes saudáveis entre 12m - 40 anos: dose única
Pacientes imunossuprimidos ou <12 meses/>40 anos: imunoglobilina humana
IM.
HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO


HEPATITE E
• Identificado na década de 1970
• Ú́nico membro da família Hepeviridae RNA
• A prevalência elevada de anticorpos contra o HEV
em usuários de drogas IV e em hemodialisados
sugere que a via parenteral possa estar envolvida
na transmissão;
• Transmissão é fecal-oral, semelhante ao HAV;
• Geralmente é epidêmica;
• Grandes epidemias: Nepal, México..

Tratado de Gastroenterologia: da graduação a pós-graduação, Zaterka, 2016


HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO


HEPATITE E: Quadro Clínico

o Dor epigástrica
o Náuseas
o Vômitos
o Icterícia → em 85% com esplenomegalia
o Colúria e acolia fecal

Dentre as hepatites virais é a mais associada a casos


de hepatite fulminante (3%) na população geral e
20% em gestante (geralmente no 3° trimestre).

Patologia das hepatites virais agudas e crônicas. In: Focaccia R. Tratado de hepatites virais.
2.ed. São Paulo: Atheneu, 2007
HEPATITE E: Diagnóstico
HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO

• Diagnóstico:
Infecção aguda pelo HEV pode ser detectada pela presença no soro de
anticorpos anti-HEV IgM, que permanecem positivos por cerca de 4 a 6
meses após o episódio agudo, dando lugar a anticorpos da classe IgG,
conferindo imunidade definitiva.

o Período de incubação: entre 2 e 9 semanas, com média de 6 semanas.


o Excreção do vírus é pelas fezes;
o Período de viremia: precede detecção fecal, até 45 dias após surgir os
sintomas.

Patologia das hepatites virais agudas e crônicas. In: Focaccia R. Tratado de hepatites virais.
2.ed. São Paulo: Atheneu, 2007
HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO


HEPATITE E: Tratamento
• Tratamento:
o Não há justificativas para dietas especiais;
o A ingestão de bebidas alcoólicas é desaconselhável durante a evolução da
doença, e alguns sugerem que a proibição deva ser mantida até seis meses
após o quadro;
o Na forma fulminante de hepatite aguda → transplante de fígado.

Hepatologia, guia de medicina ambulatorial UNIFESP, 2 ED, 2010


HEPATITES CRÔNICAS
HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO

Definição
✓Reação inflamatória do fígado
✓Principais causas de Hepatites Crônicas Virais:
• HBV
• HBV+HDV Problema de
Saúde Pública
• HCV

PERÍODO > 6 MESES


COMO SE ORIENTAR???
HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO


HEPATITES CRÔNICAS: Transmissão
HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO

• Perinatal (Vertical): Parto normal X Cesária;


• Sexual: mais comum HBV;
• Percutânea;
• Transfusão;
• Outros: horizontal, contato com escovas de dente e
lâminas de barbear, alicates contaminados.

Patologia das hepatites virais agudas e crônicas. In: Focaccia R. Tratado de hepatites virais. 2.ed.
São Paulo: Atheneu, 2007
HEPATITE B AGUDA: Epidemiologia
HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO HEPATITE B AGUDA

• O vírus da hepatite B chega a sobreviver até 7 dias no


ambiente externo em condições normais e com risco de
contaminação (5-40% das pessoas não vacinadas);

• O risco é maior do que o observado para o vírus


da hepatite C → 3-10% ou o da AIDS → 0,2-0,5%.

• 100X mais infeccioso que o HIV;

Patologia das hepatites virais agudas e crônicas. In: Focaccia R. Tratado de hepatites virais. 2.ed.
São Paulo: Atheneu, 2007
HEPATITE B AGUDA: Epidemiologia
HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO HEPATITE B AGUDA

Quando os recém- Cerca de 90-95%


nascidos entram em das infecções
contato com os vírus agudas evoluem
B há 90% de chance
de se tornarem
para cura
cronicamente espontânea
infectados

Patologia das hepatites virais agudas e crônicas. In: Focaccia R. Tratado de hepatites virais. 2.ed.
São Paulo: Atheneu, 2007
HEPATITE B
HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO HEPATITE B AGUDA

O Vírus da Hepatite B...


DNA

✓ É um vírus de DNA;
✓ Família:
Hepadnaviridae;
Patologia das hepatites virais agudas e crônicas. In: Focaccia R. Tratado de ✓ 8 genótipos.
34
hepatites virais. 2.ed. São Paulo: Atheneu, 2007
HEPATITE B: História Natural
HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO


HEPATITE B Manifestações Clínicas
HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO

✓ Os sintomas são tipicamente inespecíficos.


✓ Depende: idade em que aconteceu a infecção,
nível de replicação viral e estado imune;
✓Cerca de 30% desenvolve icterícia fase aguda.
HEPATITE B
HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO

• A doença pode progredir para cirrose,


apresentando a seguinte sintomatologia:

Aranhas Eritema
vasculares Ascite
palmar

Encefalopatia Hálito
Edema
hepática hepático
HEPATITES CRÔNICAS
HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO

Fotos: arquivo pessoal


HEPATITE
HEPATITE BeD
VIRAIS

ANA ANA
DRA. BEATRIZ FIGUEIREDO
BEATRIZ FIGUEIREDO
HEPATITE B: Manifestações Extra Hepáticas

Acrodermatite Papular (Dç de Gianotti)

Poliarterite Nodosa: Cerca de 30% dos


pacientes com PAN apresentam HBsAg+.

Glomerulonefrite: A GN membranosa é a
forma histopatológica mais comumente
encontrada.
HEPATITE B: Diagnóstico
HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO

Exames Inespecíficos
• TGO e TGP: dx e acompanhamento;
• Bilirrubinas: lesão hepatocelular;

Diagnóstico específico:
• Testes rápidos
• Imunoensaios
SOROLOGIAS...
O sufoco nosso de todo dia
HBV ou A arte de embaralhar

Um labirinto???
HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO


HEPATITE B: Sorologias

A tabela da decoreba...
HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO


HEPATITE B: Sorologias

▪ Antígenos (Ag) e Anticorpos para HBV:


HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO


HEPATITE B: Sorologias

▪ Antígenos (Ag) e Anticorpos para HBV:

HBsAg Anti-HBs
Total e
HBcAg Anti-HBc IgM

HBeAg Anti-HBe
HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO


HEPATITE B: Sorologias

HBsAg

Anti-HBs

HBV e o balão!
HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO


HEPATITE B: Sorologias

▪ Antígenos (Ag) e Anticorpos para HBV

HBsAg HBeAg

Anti-HBc Anti-HBe

Anti-HBs São utilizados para avaliar


replicação

São esses os utilizados para DIAGNÓSTICO!


HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO


HEPATITE B: Sorologias

▪ E o que significa???

HBsAg “o vírus ESTÁ aqui”

Anti-HBc “CONTATO com o vírus”

Anti-HBs “Vacina/Imunidade”
HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO


HEPATITE B: Sorologias

▪ Interpretando...

HBsAg + O vírus está aqui?

Anti-HBc + Contato com o vírus?

Anti-HBs - Vacina/imunidade?

TRADUÇÃO: O CONTATO ESTÁ SENDO FEITO!! OU SEJA, PACIENTE COM


HEPATITE B
HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO


HEPATITE B: Sorologias

▪ Interpretando...

HBsAg - O vírus está aqui?

Anti-HBc + Contato com o vírus?

Anti-HBs + Vacina/imunidade?

TRADUÇÃO: O CONTATO FOI FEITO E O PACIENTE “’RESOLVEU”” A HEPATITE B


HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO


HEPATITE B: Sorologias

▪ Interpretando...

HBsAg - O vírus está aqui?

Anti-HBc - Contato com o vírus?

Anti-HBs + Vacina/imunidade?

TRADUÇÃO: PACIENTE VACINADO!!!


HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO


HEPATITE B: Sorologias

▪ Interpretando...

HBsAg - O vírus está aqui?

Anti-HBc - Contato com o vírus?

Anti-HBs - Vacina/imunidade?

Susceptível a infecção pelo HBV


HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO


HEPATITE B: Sorologias

▪ Interpretando...

HBsAg - O vírus está aqui?

Anti-HBc + Contato com o vírus?

Anti-HBs - Vacina/imunidade?

E AGORA???? → SITUAÇÃO ESPECIAL


HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO


HEPATITE B: Sorologias

▪ Interpretando...

HBsAg - 1) “Perda do anti-s”


2) Janela imunológica
Anti-HBc + 3) Erro laboratorial
4) HBV mutante S
Anti-HBs -
HEPATITE B: História Natural
HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO HEPATITE B AGUDA

Infecção Crônica: Persistência do HBsAg > 6 meses.


HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO


HEPATITE B: Tratamento

❑ Critérios de inclusão para tratamento da hepatite B


sem agente Delta:

▪ Paciente com HBeAg reagente e ALT > 2x limite superior da


normalidade (LSN);
▪ Adulto maior de 30 anos com HBeAg reagente;
▪ Paciente com HBeAg não reagente, HBV-DNA (carga viral) >2.000
UI/mL e ALT > 2x LSN.

PCDT Hepatite B e coinfecções, 2017


HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO


HEPATITE B: Tratamento
❑ Outros critérios de inclusão para tratamento independentemente dos
resultados de HBeAg, HBV-DNA e ALT para hepatite B sem agente Delta:

▪ História familiar de CHC;


▪ Manifestações extra-hepáticas com acometimento motor incapacitante,
artrite, vasculites, glomerulonefrite e poliarterite nodosa;
▪ Coinfecção HIV/HBV ou HCV/HBV;
▪ Hepatite aguda grave (coagulopatias ou icterícia por mais de 14 dias);
▪ Reativação de hepatite B crônica ;
▪ Cirrose/insuficiência hepática;
▪ Biópsia hepática METAVIR ≥ A2F2 ou elastografia hepática > 7,0 kPa;
▪ Prevenção de reativação viral em pacientes que irão receber terapia
imunossupressora ou quimioterapia. PCDT Hepatite B e coinfecções, 2017
HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO


HEPATITE B: Tratamento

✓Alfapeguinterferona 2a – 180 mcg/semana


viasubcutânea (SC)
✓Alfapeguinterferona 2b 12 KDa – 1,5 mcg/kg/semana
via SC;
✓Entecavir 0,5 mg – 0,5-1,0 mg/dia via oral (VO).
✓Tenofovir 300 mg- 300 mg/dia VO.
PCDT Hepatite B e coinfecções, 2017
HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO


HEPATITE B: Tratamento

• Análogo de nucleotídeo que bloqueia a ação da enzima transcriptase reversa;


• Quando usar? Todos os pacientes que apresentam os critérios de inclusão de
tratamento;
• Primeira linha de tratamento para a hepatite B crônica;
• Apresenta elevada potência de supressão viral e alta barreira genética de
resistência contra as mutações do HBV;
• Efeitos colaterais: toxicidade renal e a desmineralização óssea.

PCDT Hepatite B e coinfecções, 2017


HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO


HEPATITE B: Tratamento

❑ Contraindicações ao tratamento com tenofovir:


▪ Doença renal crônica;
▪ Osteoporose e outras doenças do metabolismo ósseo;
▪ Terapia antirretroviral com didanosina;
▪ Cirrose hepática (contraindicação relativa);
▪ Intolerância ao medicamento.

O uso de tenofovir em pacientes portadores de cirrose


hepática deve ser realizado com cautela. Quando possível, o
tenofovir deve ser substituído por entecavir.

PCDT Hepatite B e coinfecções, 2017


HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO


HEPATITE B: Tratamento

• Análogo de nucleosídeo;
• Quando usar? Se houver contraindicação ao uso do tenofovir, ou presença de
alteração da função renal em decorrência do seu uso;
• O medicamento de primeira linha para pacientes em tratamento de
imunossupressão e quimioterapia deve ser o entecavir.

PCDT Hepatite B e coinfecções, 2017


HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO


HEPATITE B: Tratamento

▪ Um grupo de proteínas e glicoproteínas com atividade antiviral,


antiproliferativa e imunomoduladora;
▪ Aplicação subcutânea semanal, indicada para tratamento alternativo de 48
semanas;
▪ O ciclo de tratamento do paciente deverá ser realizado uma única vez;
▪ Quando usar? Reservado a pacientes portadores de infecção pelo vírus da
hepatite B com exame HBeAg reagente;
▪ A terapia com alfapeguinterferona em pacientes que não apresentarem
soroconversão do anti-HBs ao final da 48a semana de tratamento deverá ser
substituída por tenofovir ou entecavir.
PCDT Hepatite B e coinfecções, 2017
HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO


HEPATITE B: Tratamento

❑ Avaliação de resposta:

▪ HBsAg, anti-HBs, HBeAg, anti-HBe ao final da 48a semana;

▪ HBV-DNA (carga viral) ao final da 24a e 48a semana de tratamento:


- Pacientes que apresentarem HBV-DNA > 20.000 UI/mL podem ter o
tratamento com alfapeguinterferona substituído por tenofovir ou
entecavir, em virtude da baixa probabilidade de resposta terapêutica.

PCDT Hepatite B e coinfecções, 2017


HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO HEPATITE C: Transmissão

• Pertence ao gênero Hepacivirus, família Flaviviridae; RNA


• A transmissão → via parenteral, contato com sangue contaminado,
compartilhamento de agulhas, seringas e outros objetos para uso de
drogas, reutilização ou falha de esterilização de equipamentos
médicos ou odontológicos, falha de esterilização de equipamentos
de manicure e reutilização de material para tatuagem, além do uso
de sangue e seus derivados contaminados;

• A transmissão sexual do HCV também tem sido relatada de forma


esporádica. Há também a possibilidade de transmissão vertical, em
menor proporção dos casos.
HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO HEPATITE C: Epidemiologia


• Estima-se que cerca de 71 milhões de pessoas estejam
infectadas pelo HCV em todo o mundo e que cerca de 400 mil
por ano vão a óbito devido a complicações dessa doença,

• Exitem 6 genóticos do vírus: 1, 2, 3, 4, 5 e 6;

• O genótipo 1 é prevalente no mundo, sendo responsável por


46% de todas as infecções pelo HCV, seguido pelo genótipo 3
(30%).
HEPATITE C: Sinais
HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO


e sintomas
HEPATITE B AGUDA

• Em geral, a hepatite C aguda apresenta evolução subclínica;


• A maioria dos casos tem apresentação assintomática e anictérica, o
que dificulta o diagnóstico;
• Os sintomas da infecção pelo HCV estão presentes na minoria de
casos (20% a 30%) e geralmente são inespecíficos, como anorexia,
astenia, mal-estar e dor abdominal. Uma menor parte dos pacientes
apresenta icterícia ou escurecimento da urina;
• Habitualmente, a hepatite C é descoberta em sua fase crônica e
pode evoluir durante décadas sem suspeição clínica.
HEPATITE C: História
HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO HEPATITENatural


B AGUDA

Na ausência de tratamento:

Risco anual para o


surgimento de
Em média, 20% carcinoma
evoluem para hepatocelular (CHC) é
cirrose de 1% a 5%
Há cronificação
em 60% a 85%
HEPATITE C:HEPATITE
HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO


Diagnóstico
B AGUDA

• A investigação da infecção pelo HCV pode ser feita em


ambiente laboratorial ou ambulatorial, em ações de rua ou
mediante campanhas: teste rápido.

O anti-HCV é um marcador que indica contato prévio


com o vírus. Isoladamente, um resultado reagente para o
anticorpo não permite diferenciar uma infecção resolvida
naturalmente de uma infecção ativa. Por isso, para o
diagnóstico laboratorial da infecção, um resultado anti-
HCV reagente precisa ser complementado por meio de um
teste para detecção direta do vírus.

Solicitar carga viral (HCV-RNA)


HEPATITE C: História
HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO HEPATITENatural


B AGUDA

Definição da HCV crônica:

• Anti-HCV reagente por mais de seis meses;


E
• Confirmação diagnóstica com HCV-RNA detectável por mais de
seis meses.
HEPATITE C: Estadiamento
HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO HEPATITE B AGUDA

• O tratamento da hepatite C está indicado na presença da


infecção aguda ou crônica pelo HCV, independentemente do
estadiamento da fibrose hepática;
• No entanto, é fundamental saber se o paciente tem fibrose
avançada (F3) ou cirrose (F4), pois a confirmação desse
diagnóstico poderá afetar a condução clínica do paciente e o
esquema de tratamento proposto.
HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO


HEPATITE C: Estadiamento
1. Ganhem tempo! Baixem os aplicativos
2. Saibam quais exames são necessários para o cálculo
APRI e FIB-4 → não
invasivos
* APRI AST + Plaquetas
Biópsia hepática →
invasivo
AST+ ALT + Plaquetas +
FIB-4 Idade

E nos casos de pacientes cirróticos, será importante também:

CHILD BT + INR + albumina +


critérios clínicos
A,B e C (ascite + encefalopatia)

MELD BT + INR + Creatinina


HEPATITE C: Manifestações Extra
HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO


Hepáticas
HEPATITE B AGUDA

• Além das alterações extra-hepáticas, existem manifestações


clínicas e laboratoriais extra-hepáticas fortemente relacionadas
à HCV;
• Dentre estas, podem-se citar as seguintes: crioglobulinemia,
linfoma de células B, porfiria cutânea tarda, líquen plano,
neuropatia e glomerulopatias.
HEPATITE C: Tratamento
HEPATITE VIRAIS
HCV
DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO

• Critérios de inclusão → todos os pacientes com diagnóstico de


infecção pelo HCV.

NOTA INFORMATIVA Nº 13/19-CGAHV/.DCCI/SVS/MS

– Sem tratamento prévio


– Com depuração de creatinina ≥ 30mL/min
HEPATITE C: Tratamento
HEPATITE VIRAIS
HCV
DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO

• Objetivo da terapêutica: RVS

• Um lembrete
HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO


HEPATITE D: Histórico

Descrito pela primeira vez em 1977


por Mario Rizzetto como um novo
antígeno de expressão nuclear nos
hepatócitos de alguns doentes
infectados com o vírus da hepatite B e
associado ao agravamento desta
hepatite coexistente.
HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO


HEPATITE D: Epidemiologia
• Vírus contendo RNA circular; Família Deltaviridae;
• A presença do HDV suprime a replicação do HBV;
• É a forma menos comum de hepatite viral, mas também a mais
grave;
• Em média de 70% dos pacientes evoluem para quadro de
cirrose.

RNA
HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO


HEPATITE D: Epidemiologia

▪ Taxas de prevalência elevadas na Ásia Central, Europa Oriental,


África Subsaariana e Bacia Amazônica;
▪ Também apresenta alta prevalência em pessoas que usam
drogas injetáveis nos EUA e na Europa;
▪ No Brasil, foram notificados 3.494 casos de hepatite Delta no
Sinan, entre 1999 e 2015. Atualmente, 41% e 27% dos casos
notificados concentram-se nos estados do Amazonas e Acre.

PCDT Hepatite B e coinfecções, 2017


HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO


HEPATITE D: Epidemiologia

Co-Infecção

Infecção
simultânea
HBV e HDV

Normamente aguda,
fulminante,
raramente passa
pela fase crônica
HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO


HEPATITE D: Epidemiologia

Super Infecção

Infecção após
contrair HBV

Torna-se crônica em 80%


dos casos, dos quais 40%
evoluem para CH
HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO


HEPATITE D: Diagnóstico

• Diagnóstico é por meio do achado do Anti- HDV em


pacientes com hepatite crônica e HBsAg no soro;
• Anti-HDV: 30-40 dias da infecção aguda.
HEPATITE VIRAIS

DRA. ANA BEATRIZ FIGUEIREDO


HEPATITE D: Tratamento

❑ A hepatite Delta é considerada a hepatite viral de maior


morbimortalidade e de manejo clínico mais complexo entre
as hepatites virais;

❑ O objetivo principal do tratamento é o controle do dano


hepático infligido;

❑ Todos os pacientes portadores de hepatite Delta são


candidatos à terapia composta por alfapeguinterferona 2a
e/ou um análogo de núcleos(t)ídeo (tenofovir ou entecavir);
PCDT Hepatite B e coinfecções, 2017
09/03/2022 84 14
OBRIGADA

VICENT VAN GOGH, 1889

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