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Segunda Opinião Formativa (SOF)

Como são Área temática: Sinais e Sintomas

transmitidas e quais Profissional Solicitante: Agente


Comunitário de Saúde
os sintomas da CIAP2: D97 Doenças do fígado/ NE
hepatites A, B e C? DeCS/MeSH: Hepatite Viral Humana

As hepatites virais são doenças utensílios para colocação de piercing e


confecção de tatuagens e outros
provocadas por diferentes vírus, que têm
instrumentos usados para uso de drogas
em comum o fato de infectarem as células
injetáveis e inaláveis.
do fígado. Apresentam, porém,
Há também risco de transmissão
características epidemiológicas, clínicas e
através de acidentes perfurocortantes,
laboratoriais distintas. Os agentes
procedimentos cirúrgicos e odontológicos
causadores das hepatites virais mais
e hemodiálises sem as adequadas normas
relevantes do ponto de vista clínico e
de biossegurança. Hoje, após a triagem
epidemiológico são designados por letras
obrigatória nos bancos de sangue (desde
do alfabeto, especialmente os vírus A, B e
1978 para a hepatite B e 1993 para a
C. São designados rotineiramente pelas
hepatite C), a transmissão via transfusão de
seguintes siglas: vírus da hepatite A
sangue e hemoderivados é relativamente
(HAV), vírus da hepatite B (HBV), vírus
rara.
da hepatite C (HCV).
A transmissão por via sexual é mais
Quanto às formas de transmissão, as
comum para o HBV que para o HCV. Na
hepatites virais podem ser classificadas em
hepatite C poderá ocorrer a transmissão
dois grupos: o grupo de transmissão fecal-
principalmente em pessoa com múltiplos
oral (em que está o HAV) tem seu
parceiros, coinfectada com o HIV, com
mecanismo de transmissão ligado a
alguma lesão genital (DST), alta carga
condições de saneamento básico, higiene
viral do HCV e doença hepática avançada.
pessoal, qualidade da água e dos alimentos.
Os vírus das hepatites B e C possuem
transmissão percutânea (inoculação
também a via de transmissão vertical (da
acidental) ou parenteral (transfusão) do
mãe para o bebê). Geralmente, a
vírus A são muito raras. O segundo grupo
transmissão ocorre no momento do parto,
(em que se incluem o HBV e o HCV)
sendo a via transplacentária incomum.
possui diversos mecanismos de
As manifestações clínicas das hepatites
transmissão, como o parenteral, sexual,
virais dividem-se em quadro agudo,
compartilhamento de objetos contaminados
crônico, ou doença hepática fulminante.
(agulhas, seringas, lâminas de barbear,
Após entrar em contato com o vírus da
escovas de dente, alicates de manicure),
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hepatite o indivíduo pode desenvolver um outros ligados ao indivíduo infectado.


quadro de hepatite aguda, podendo De modo geral, a taxa de cronificação do
apresentar formas clínicas com pouco ou HBV é de 5% a 10% dos casos em adultos.
nenhum sintoma ou com várias Todavia, esta taxa chega a 90% para
manifestações clínicas. menores de 1 ano e 20% a 50% para
No primeiro caso, as manifestações crianças de 1 a 5 anos.
clínicas estão ausentes ou são bastante Pessoas com qualquer tipo de
leves e inespecíficas, simulando um quadro imunodeficiência também têm maior
gripal. No segundo, a apresentação é típica, chance de cronificação após uma infecção
com os sinais e sintomas característicos da pelo HBV. Para o vírus C, a taxa de
hepatite como febre, icterícia (“amarelão”) cronificação varia entre 60% a 90% e é
e colúria (escurecimento da urina). No maior em função de alguns fatores do
nosso meio, a maioria dos casos de hospedeiro, como sexo masculino,
hepatite aguda sintomática deve-se aos imunodeficiências, idade acima de 40 anos.
vírus A e B. O vírus C costuma apresentar Os indivíduos com infecção crônica
uma fase aguda com pouco ou nenhum funcionam como reservatórios do
sintoma. respectivo vírus, tendo importância
Caracteristicamente, a fase aguda, epidemiológica por serem os principais
hepatite aguda, atravessa três estágios. A responsáveis pela perpetuação da
primeira fase, período prodrômico ou pré- transmissão. Eles se dividem entre
ictérico, é o período após a fase de portadores assintomáticos e doentes por
incubação do vírus e anterior ao hepatite crônica.
aparecimento da icterícia. Os sintomas são Os primeiros são indivíduos com
inespecíficos, como inapetência, náuseas, infecção crônica que não apresentam
vômitos, diarreia, ou raramente manifestações clínicas, que têm replicação
constipação, febre baixa, dor de cabeça, viral baixa ou ausente e que não
malestar, fraqueza, cansaço e dores apresentam evidências de alterações graves
musculares. em biópsia do fígado. Em tais situações, a
A segunda fase, fase ictérica, como o evolução tende a ser benigna, sem maiores
nome diz, inicia com o aparecimento da consequências para a saúde. Contudo, tais
icterícia e em geral há diminuição dos indivíduos são capazes de transmitir
sintomas prodrômicos. Existe aumento de hepatite.
tamanho do fígado, que se torna doloroso, Os portadores de hepatite crônica são
com ocasional aumento do baço. indivíduos com infecção crônica que
A terceira fase, fase de convalescença, apresentam sinais de atividade da doença
é o período que segue ao desaparecimento em biópsia e exames de sangue que
da icterícia, quando retorna indicam multiplicação ativa do vírus no
progressivamente a sensação de bem-estar. organismo. Podem ou não apresentar
A recuperação completa ocorre após sintomas na dependência do grau de dano
algumas semanas, mas a fraqueza e o hepático (deposição de fibrose) já
cansaço podem persistir por vários meses. estabelecido. Apresentam maior propensão
A fase aguda, hepatite aguda, tem seus para uma evolução desfavorável, com
aspectos clínicos e virológicos limitados desenvolvimento de cirrose e suas
aos primeiros seis meses da infecção. A complicações. Eventualmente, a infecção
persistência do vírus após este período crônica só é diagnosticada quando a pessoa
caracteriza a cronificação da infecção. já apresenta sinais e sintomas de doença
Os vírus B e C têm potencial para hepática avançada (cirrose e/ou câncer de
desenvolver formas crônicas de hepatite. O fígado).
potencial para cronificação varia em A hepatite fulminante é o
função de alguns fatores ligados aos vírus e desenvolvimento de insuficiência hepática
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no curso de uma hepatite aguda. É


caracterizada por comprometimento agudo
da função do fígado, manifestado por
diminuição dos fatores da coagulação e
presença de alterações do funcionamento
cerebral (encefalopatia hepática) no
período de até oito semanas após o início
da icterícia. A mortalidade é elevada (40%
e 80% dos casos).
A etiologia da hepatite fulminante
varia conforme as regiões geográficas. Nos
países mediterrâneos, a maioria dos casos
(45%) é de origem indeterminada e a
hepatite A e B representam 15% e 10% dos
casos, respectivamente.

Bibliografia Selecionada

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria


de Vigilância em Saúde. Guia de
vigilância epidemiológica. Brasília:
Ministério da Saúde, 2009. (Série A.
Normas e Manuais Técnicos). Disponível
em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoe
s/guia_vigilancia_epidemiologica_7ed.pdf
>. Acesso em: 21 Maio 2015.

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