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janeiro de 2024
Resumo
Este trabalho, numa primeira fase, tem como principal objetivo expor os
conceitos de criatividade e pensamento divergente relacionando-os, recorrendo a
material científico do estudo da psicologia da criatividade. Na fase final pretende-se
enquadrar os termos ao ensino tradicional e do violoncelo, podendo refletir e interligar
todos os conceitos assinalados.
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Índice:
1. Introdução ……………4
2. Criatividade: Abordagem Histórica……………………….……….5
3. Criatividade. Atualmente………………………………………… 7
4. Pensamento Divergente 9
4)a.Definições… …………………………………………………….………….9
4)b. Estudo do pensamento divergente e convergente e a sua relação com a inteligência
……………………………………………………………………….…………10
5. Pensamento Divergente e o Ensino 13
6. Criatividade e Pensamento Divergente no Ensino do
Violoncelo……………………………………………………… .……
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7. Conclusão………………………………………………………….17
8. Bibliografia……………….…… ……………………………20
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1. Introdução
No 1.º capítulo haverá uma introdução histórica sobre o termo criatividade onde
se exporá a diferença entre inspiração e criatividade. No seguido capítulo, será sobre a
criatividade atualmente, que visará explicitar uma definição consensual, o seu valor e
fator social, incluindo outras questões impactantes para o seu desenvolvimento bem
como o famoso processo criativo. No 3.º capítulo constará material científico sobre o
pensamento divergente, numa subdivisão a mais dois capítulos. Primeiro: sobre diversas
definições, e segundo: um estudo sobre o pensamento divergente e convergente e a sua
relação com a inteligência. O 4.º e 5.º capítulo serão direcionados ao ensino, refletindo
os problemas do sistema educativo tradicional na fomentação da criatividade (4.º), e
explorando técnicas, e uso do pensamento divergente para uma abordagem mais eficaz
o ensino do violoncelo (5.º).
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Como bibliografia recorri a dois livros e um artigo referentes à criatividade, dois
livros a propósito da criatividade e pensamento divergente no ensino, e um livro sobre
técnica do violoncelo adaptada ao ensino, que nomearei na bibliografia.
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culminação da identidade de: “génio criativo” (Kaufman & Sternberg, 2019). Aliado a
isto, surgiram perguntas relativas à criatividade: o que é a criatividade? Quem é
criativo? Quais são as características das pessoas criativas? Como trabalham? (Lubart,
2009, p.12). O psicólogo Francis Galton (1879-1883) tenta responder às questões
anteriores com alguns esboços de estudos, afirmando que capacidades mentais e
caraterísticas psíquicas têm origem genética, para rematar esta ideia, Galton recorreu a
eminentes figuras da sociedade, com extensa obra e consideradas geniais, pode-se
considerar isto como o início do estudo empírico da criatividade (Lubart, 2009, p.12).
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9. Amabile (1950) com os seus colaboradores estudou o papel da motivação
intrínseca na criatividade (Lubart, 2009, p.13).
10. Simonton (1948) constatou que certas características das sociedades, como a
diversidade política, influenciam a criatividade de seus membros ao longo da
história (Lubart, 2009, p.13).
3. Criatividade. Atualmente
Após a contextualização do termo criatividade, bem como a nomeação de
autores importantes para o seu estudo, podemos atualmente encontrar uma definição
consensual: a criatividade, é a capacidade de realizar uma produção que seja ao mesmo
tempo nova e adaptada ao contexto na qual ela se manifesta (Amabile, 1996; Barron,
1988; Lubart, 1994; MacKinnon, 1962; Ochse, 1990; Sternberg e Lubart, 1995, citado
por Lubart, 2009, p.13). Essa produção pode ser, por exemplo, uma ideia, uma
composição musical, uma história ou ainda uma mensagem publicitária (Lubart, 2009,
p.13).
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Há que realçar que para além de aspetos cognitivos a criatividade é igualmente
dependente de aspetos conativos, que se entendem como comportamentos e intenções.
Nestes aspetos conativos podemos observar a personalidade (certos traços de
personalidade existem como caraterística à criatividade podendo ser: perseverança;
tolerância à ambiguidade; abertura a novas experiências; individualismo; tomada de
risco; psicoticismo, entenda-se não como transtorno de psicose, mas como níveis que
poderão se verificar em personalidades criativas); estilos cognitivos, ou seja, a forma de
processamento da informação; motivação (Lubart, 2009).
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Apesar deste modelo apresentar conjeturas e ter evoluído conforme o decorrer
dos séculos, o fator de imprevisibilidade é constante e acima de tudo apresenta também
elasticidade no processo criativo, recorrendo à retardação de fases para encontrar outras
soluções ao problema ou situação.
4. Pensamento Divergente
No primeiro capítulo, dedicado a uma abordagem histórica à criatividade, a
importância do psicólogo Guilford, no estudo do pensamento divergente associado à
criatividade foi notória. Associou-a (criatividade) aos processos intelectuais nos quais
destaca o pensamento divergente. A pessoa criativa deveria ser um “pensador
divergente” (Lubart, 2009), como traço inerente à criatividade. O pensamento
divergente constitui-se como uma capacidade intelectual associada ao desenvolvimento
cognitivo, e a exerção desta capacidade numa estrutura de resolução de problemas
levará à criatividade (Lubart, 2009), mas para uma definição mais profunda e
abrangente analisaremos as definições de diferentes autores no subcapítulo seguinte.
4)a. Definições
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problema não previsível”, permitem-nos chegar à conclusão, de que os três autores
consideram o pensamento divergente como um processo fora do ordinário e que,
certamente, envolve a originalidade (irei expor este termo mais à frente dentro do
funcionamento do pensamento divergente), no que toca às respostas, nas respetivas
questões ou situações e dificuldades ao ser humano. Também é de realçar que na última
definição, o propósito do problema não será puramente resolvê-lo, mas sim
compreendê-lo, perceber a sua origem e as questões subjacentes, isto confere ao
pensamento divergente um grau de análise mais profunda e de subjetividade às questões
associadas.
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orgânica aos indivíduos, distinguindo pensamento divergente e convergente
(Kaufman&Sternberg, 2019, p.224). Kaufman & Sternberg (2019) apresentam uma
comparação entre o pensamento divergente (PD) e convergente (PC), tentando
responder à seguinte questão:
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Para responder a esta última afirmação, a forma mais comum de visualizar a
relação entre PD e PC, incide sobre a necessidade de haver, de alguma forma, um pouco
do último (PC) no anterior (PD), (Kaufman & Sternberg, 2019, p.226).
1. Teoria Triangular, por Guildford (1968), citada por Kaufman & Sternberg
(2019). As impressões visuais dos gráficos mostram na relação entre PD e PC
uma dispersão triangular.
A propósito desta última teoria, Jauk and colleagues (2013) citados por Kaufman
& Sternberg (2019), comprovaram-na em tarefas que envolviam PD, mas não na
conquista da criatividade.
Num estudo por An, Song, and Carr (2016), citado por Kaufman & Sternberg
(2019), compararam os traços preditores de criatividade e de resultados criativos de
profissionais e comprovaram o seguinte:
PC e PD interligados à criatividade;
PD associado à personalidade;
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Uma consideração muito importante a propósito do PD é que, este torna-se mais
favorável num estado de bom humor. O PD tende a provocar um humor positivo
enquanto o PC um humor negativo (Chermahini and Hommel, 2012, citado por
Kaufman & Sternberg, 2019, p.226). Sendo assim a melhor forma de testagem ao PD
será num ambiente divertido e relaxado. Esta abordagem também confirma que, num
ambiente autoritário e que seja semelhante à tradicional testagem, o PD será restrito
(Wallach & Kogan, 1965; Runco, 1999; citado por Kaufman & Sternberg, 2019, p.226).
É facto que, num ambiente escolar onde predominem estes factores, o PD de alguns
alunos é completamente ocultado, esta razão reside na apreensão do PD como
potenciador de uma maior amplitude de atenção (Kaufman & Sternberg, 2019). Já não
se verifica tais condições no PC (Yamada and Nagai, 2015, citado por Kaufman &
Sternberg, 2019). Verificaram-se melhoramentos tanto no humor e resultados de PD, ao
ouvir música e dançando (Campion & Levita, 2014, citado por Kaufman & Sternberg,
2019, p. 227).
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alunos. Esta logística, requer uma máxima eficácia na preparação da sala de
aula, de modo a captar a atenção dos alunos para o processo de
aprendizagem, notando que muitas vezes estas não têm capacidades para
tantos alunos. O design da sala de aula pode ser crucial no impacto da
criatividade de alunos e professores, uma vez que tem influências nos
comportamentos e na motivação (Kaufman & Sternberg, 2019).
Estandardização dos métodos de ensino. Também em resposta ao
crescente número de alunos a escola, historicamente, desenvolveu um
princípio que se limita na implementação dos mesmos métodos e
agrupamentos para os respetivos alunos de iguais ciclos. Ou seja, alunos da
mesma idade são agrupados na mesma sala de
aula, de forma a aprenderem as mesmas matérias, da mesma forma e ao
mesmo tempo (Glăveanu & Beghetto, 2016, citado por Kaufman &
Sternberg, 2019, p. 588). Espera-se que os alunos cumpram as mesmas
tarefas, e atinjam os objetivos educacionais da mesma maneira. Obviamente
que este processo industrial da aprendizagem, poderá restringir de alguma
forma o potencial criativo, dos intervenientes da escola (Kaufman &
Sternberg, 2019).
Papéis e objetivos pré-determinados. No contexto escolar existem papéis e
objetivos pré-determinados respetivamente atribuídos aos professores e
alunos. De uma certa forma, estará maquinizado estruturalmente aquilo que
compete a cada um. A disrupção e experimentação de diferentes abordagens
poderá ser a chave para novos métodos criativos (Kaufman & Sternberg,
2019).
Socio-dinâmica. Uma sala de aula é extremamente imprevisível, e o factor
social da escola está sempre presente. Os alunos nem sempre correspondem
à expectativa que têm sobre eles, relativamente aos acontecimentos na sala
de aula, podendo-se demonstrar como distrações com objetos, ou até
“sonhar” olhando para a janela. A questão social e da imprevisibilidade pode
contruir como um factor importante para o estudo da criatividade (Kaufman
& Sternberg, 2019).
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Avaliação excessiva. Os alunos e os professores são constantemente
submetidos a avaliação de forma formal e informal. Inclusive, o discurso de
sala de aula entre professor e aluno tem uma componente avaliativa. Estudos
mostraram que o excesso de avaliação poderá “sufocar a criatividade”
(Kaufman & Sternberg, 2019 p. 613).
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violoncelo” que consiste numa coletânea de jogos com dimensões variadas, desde
sensações físicas a métodos de estudo.
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Ensinar com criatividade requer conhecimento profundo sobre a matéria, saber
como desenhar e explorar ideias, promover autoconfiança e autonomia no aluno, para
aprender nas ideias inesperadas, e por fim saber reorientá-lo (Kaufman & Sternberg,
2019, p. 619).
7. Conclusão
Antes de iniciar uma reflexão mais profunda relativa à última questão proposta
na introdução do trabalho (interferência do trabalho na vida profissional e pessoal),
voltarei à frase constada na epígrafe da introdução: “Inteligência não é conhecimento,
mas sim imaginação” de Einstein, e tentarei analisá-la conforme o trabalho científico
que desenvolvi, e desta maneira, responder à pergunta:
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requerem a complexidade do trabalho criativo, estes serão quase como
intuídos.
Como se gere a criatividade no ensino e de que forma pode ser
interligada ao ensino do violoncelo? Segundo Einstein a imaginação é a
principal manifestação de inteligência, associada à criatividade, no
entanto nas escolas não parece ser a preocupação principal. A
criatividade é limitada devido a certos fatores predominantes na escola:
sobrelotação das salas de aula, estandardização dos métodos de
ensino, papéis e objetivos pré-determinados, socio-dinâmica e
avaliação excessiva, desta forma há uma necessidade mundial de refletir
estes fatores de forma a instaurar mentes criativas. No ensino do
violoncelo, certos fatores de retardação da criatividade aos alunos não
são verificados uma vez que os contextos educacionais são diferentes, no
entanto coexiste o desafio de abordagens moldáveis e na criação de
métodos inovadores e divertidos. Se a imaginação é fulcral, devem-se
mudar os objetivos, de forma a reorganizar as abordagens. A importância
da imaginação e criatividade, também reside no pensamento divergente e
na forma de observar os problemas, não como finalidade em resolvê-los
restringindo-os, como novas aberturas a caminhos diferente e
entendimento, a procura infinita.
Por fim, e numa última tentativa de responder à questão: Quais resoluções este
trabalho poderá entregar, não só para o percurso profissional, mas também
pessoal? Para começar uma questão que me elucidou, foi a dissociação que pude
aprofundar entre o bom grau de execução de tarefas, e o talento. No meu percurso
académico sempre fui enfrentada pela ansiedade e tristeza de não conseguir
corresponder às expectativas dos professores e associara frustração à falta de talento e
inteligência, ou seja, culpabilizar-me de não conseguir. No entanto se o pensamento
divergente pode ser elaborado e melhorado, se a criatividade é um processo não linear,
será que o talento realmente existe? Não será um conjunto de pressupostos associados à
inspiração e à personalidade? E ainda para mais, a criatividade está interligada a fatores
ambientais e consequentemente sociais, não será também uma manifestação das
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desigualdades sociais? Estas questões surgiram por realização deste trabalho, e só
mostram o poder da curiosidade e das experiências pessoais.
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8. Bibliografia
Ramzan, S. I., & Perveen, S. (2011). Divergent Thinking and Creative Ideation
of High School Students. I-manager’s Journal on Educational Psychology, 5(2), 9-14.
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