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Prefácio

Para aqueles que estão lendo a LN e ficaram deprimidos sobre o


destino de Arche ou suas irmãs, ou talvez simplesmente se desesperem
com o fato de que nunca experimentaram Shalltear, a rainha do estupro...
essa posição, a garota enterrou o rosto no pescoço de Arche. Embora ten-

N
tasse lutar, a garota que grudava nela como cola não parecia se mexer. Ela
exalava um vapor quente no pescoço e o corpo de Arche estremeceu.

“...Mm, cheiro de suor ~arinsu...”

Não ser capaz de manter o corpo limpo era parte integrante da vida como Trabalhador.
Isso era verdade para todos os Trabalhadores, aventureiros, viajantes e qualquer um que
passasse algum tempo se movendo mundo afora. Mesmo se eles se sujassem, a resposta
apropriada seria “e daí?”

No entanto, ela ainda se sentia profundamente envergonhada por ter sido dito por uma
garota que era mais jovem e mais bonita do que ela.

O rosto da garota deixou o pescoço de Arche. Uma sensação de repulsa varreu Arche
enquanto ela olhava naqueles olhos vermelhos. Dentro daqueles olhos ardia uma luxúria
pelo corpo feminino, manchado com o mesmo desejo carnal que os homens possuíam
pelas mulheres.

“Quando chegarmos em casa, vamos tomar banho antes de começarmos ~arinsu?”

“―!”

Arche queria responder, mas tudo o que ela sentiu foi surpresa — surpresa pelo fato de
seu corpo ter sido imobilizado. Era como se aquelas pupilas carmesins tivessem roubado
sua alma.

Por fim, Arche percebeu a verdadeira identidade da garota. Ela não era humana — ela
era uma Vampira.

“E agora...”

O rosto da garota se aproximou do de Arche, sua língua passou pelos lábios e lambeu
levemente suas bochechas.

“...Salgado ~arinsu.”

A garota riu, e o desespero engoliu sua alma.

Isso só fez a garota rir ainda mais.

O som de lábios se abrindo foi ouvido. O vermelho de suas íris se espalhou para engolir
seus respectivos globos oculares.
Com um som de estalo, ela abriu a boca. O que outrora fôra imaculado, dentes brancos
perolados agora eram objetos pontiagudos que faziam as pessoas pensarem em seringas
médicas, em várias fileiras como as de um tubarão. Sua voz lasciva era atada com tons
indecentes e uma saliva clara escorria dos cantos de sua boca.

E então, o terror envolveu Arche completamente.

“AHaHaHaHaHa. IsSoOoOo mEeEeEsMo. EeEu vOuUu eNcHeEeEr sUa cAaAbEçAaA CoM


TaAaAnTo pRaAaAzEr qUe vOoOoCê nÃo sEeErÁ CaApAz dE PeNsAaAaAr. Eu mEeE PeR-
gUnToOoO, qUaNtOoOo tEmPoOoOo vAi dEeEmOrAr aAaTé vOoOoCê iMpLoOoOrAr pO-
oOoR Si mEsMaAa!”

A mente de Arche perdeu a consciência diante do monstro risonho que cheirava a san-
gue.

A última coisa que passou pela sua mente foram os rostos de suas duas irmãs esperando
por ela.

“Ooooooh? Já desmaiou? ...Então não há necessidade de nocauteá-la com magia. Você


pode abraçar a morte em seus sonhos ~arinsu.”

♦♦♦

“Então, como vai aquela mulher? Afinal de contas, prometi machucá-la o menos possí-
vel.”

“Aquela mulher... O senhor quer dizer a Arche-chan, sim ~arinsu? Agora eu estou no
meio de dar a ela uma cauda.”

“Cauda...? Você a transformou em um licantropo ou algo assim?”

Existia algum método para transformar as pessoas em bestas, licantropos?

Pensando nisso, Ainz perguntou a Shalltear.

“Não, é um plugue ana—”

“—Basta.”

Ainz imediatamente cortou a resposta de Shalltear.

“No entanto, Ainz-sama. Por favor, permita-me perguntar algo ~arinsu.”

“O que seria?”
Embora Ainz estivesse com uma sensação terrivelmente ruim sobre isso, não adiantaria
recusá-la. Ouvir os subordinados era o dever de um bom governante.

“O senhor nos mandou machucá-la o mínimo possível. No entanto, apenas reivindicar


sua virgindade não teria problema, certo ~arinsu?”

“―PERORONCINOOOO!”

Ainz gritou o nome do seu antigo companheiro. Ouvir o nome de seu criador sendo gri-
tado tinha jogado Shalltear em um tufão. A agitação de Ainz imediatamente se instalou e
ele retornou ao seu estado calmo.

“...Me desculpe. Eu fiquei um pouco animado... Vamos ver, eu a entreguei a você, então
esse foi o meu erro... Bem, hm, acho melhor não.”

“Então, estaria tudo bem se aquela garota implorasse para eu reivindicar ~arinsu? Ou o
senhor mesmo prefere fazer isso, Ainz-sama?”

Vários pensamentos de “Como eu vou saber disso!” Ou “É culpa dela por se intrometer em
Nazarick!” Apareceram na mente de Ainz, mas no final, Ainz se convenceu de que, con-
tanto que ambas as partes consentissem, não havia problema.

“...Se você não usar magia ou a ameaçar, e ela então propor isso e você aceitar... suponho
que não terá problema, certo?”

“Entendido ~arinsu. Pois bem, até que ela diga eu vou ir me divertindo ~arinsu.”

“Entendo... Se você consegue se divertir, então não deve haver problema.”


Trechos da Segunda Metade - Capítulo 14 da Web Novel

inz disse:

A “Bra...in..., esse é seu nome?”

“Sim!”

“Há apenas uma coisinha que eu gostaria de perguntar, mas... você conhece a garota no-
bre do Império, Arche? Pelo pecado de invadir Nazarick, ela foi capturada e dada a Shall-
tear.”

“...!”

“Qual é o problema?”

Ainz notou a expressão complicada no rosto de Brain.

“Eu ordenei a Shalltear que não a machucasse, então não há dúvidas de que ela está viva,
mas... Você sabe de alguma coisa?”

“Ah—, hah... eu certamente... sei, mas...”

“O que é?”

“...Ah, não... Hum, como eu digo isso... hum... bem...”

“Brain, responda-me. Conte-me tudo o que você sabe sobre a Arche sem esconder nada.”

“Sim! Eu não sei os detalhes, mas essa garota é a mascote da Shalltear-sama e... eu a vi,
hum... pelas ordens da Shalltear-sama ela... hummm... como eu digo isso... dando prazer,
a ela mesma, talvez eu deva dizer...”

“...? ...! ...Entendo...”

“Sim. Eu fui ordenado por Shalltear-sama para assistir, então... humm...”

“Ah, isso é bastante. Eu pedi algo complicado de explicar. Eu entendo...”

♦♦♦

Ainz disse:
“No passado, eu lhe entreguei uma garota humana, Shalltear. Arche. Um uso para ela
surgiu, então eu gostaria de conhecê-la.”

“Arche... Aah, a cadelinha, sim ~arinsu?”

Shalltear deu um sorriso de satisfação. Ela parecia estar se divertindo do fundo do co-
ração, e queria se mostrar para Ainz. Aquela parte infantil dela estava aparecendo.

“Assim como o senhor pediu, eu nunca dei a ela uma única ferida ~arinsu. Mesmo
quando ela chorou e gritou e implorou para que eu a “reivindicasse”, eu nunca tomei a
castidade dela, a única coisa que eu fiz foi gradualmente aumentar o tamanho da cauda
para que eu não a machucasse. O treinamento dela está quase pronto e ela está quase
completa, então eu me diverti muito ~arinsu!”

Ainz se sentiu impotente.

Mas ele não poderia repreender Shalltear. Afinal, o antigo camarada de Ainz que havia
criado Shalltear, Peroroncino, era o culpado por tudo. E quando ele entregou Arche para
ela, esse tipo de futuro era possível. Na verdade, foi culpa de Ainz por encarregar Shall-
tear disso.

“...Não, isso não é o que eu queria perguntar... Por uso, eu quis dizer a experiência dela...
não, ao invés disso, eu queria emprestar seu conhecimento sobre nobres, entende... Ela
ainda é capaz de pensar?”

Ainz perguntou timidamente, e o rosto de Shalltear tremeu um pouco. Vendo isso, a ex-
pressão de Ainz também diminuiu.

“...N—não deve haver nenhum problema ~arinsu. Provavelmente...”

“...Entendo... Então traga ela aqui. Há uma coisinha que eu gostaria de perguntar a ela.”

“Entendido!”

Shalltear saiu freneticamente da sala com suas Vampire Brides. Ainz cruzou os olhares
com Brain novamente, e então ambos desviaram o olhar.

Embora eles não quisessem ouvir, a voz perturbada de Shalltear podia ser ouvida da
outra sala.

“Traga a cadelinha aqui! Tire a cauda dela ~ARINSU!”

“—E sua sujeira?”


“Jogue-a no banho e dê-lhe a limpeza mínima ~ARINSU! Imediatamente! Ainz-sama está
esperando!”

“O—O que faremos sobre as roupas?”

“...Ahh! É verdade que ela não usa nenhuma ~arinsu. Apenas prepare alguma coisa!”

“Devemos encurtá-lo se o tamanho não se encaixar?”

“Não há tempo para isso ~arinsu. Roupas com magia devem caber. Traga isso aqui!”

“Então sua roupa ocidental servirá, Shalltear-sama?”

“É inevitável! Mais importante, depressa ~ARINSU!”

♦♦♦

“Entre ~arinsu.”

Seguindo a resposta de Shalltear, uma garota entrou na sala.

Ela estava usando um vestido gótico, mas Ainz se lembrava do rosto dela.

Arche Eeb Rile Furt.

Sua expressão rígida era um pouco perdida, suas bochechas estavam tingidas de verme-
lho e seus olhos estavam úmidos, mas ela parecia quase a mesma daquela época.

Ao vê-la perfeitamente saudável, Ainz se sentiu satisfeito.

Ele prometera que ela não se machucaria e ele cumprira essa promessa. A descoloração
circular em volta do pescoço estava em sua mente, mas não parecia ser uma lesão, então
ele tentou ao máximo ignorá-la.

Quando Arche entrou na sala, ela foi direto para Shalltear. Ela então se ajoelhou a seus
pés. Não, falando com precisão, estava mais perto de rastejar a seus pés. Esses movimen-
tos foram terrivelmente praticados e pareciam completamente naturais para ela.

Shalltear levantou casualmente as pernas e colocou-as em cima de Arche.

*Fuwahh~*

Um som que era uma voz e uma respiração escapou dos lábios de Arche. Em seguida,
Shalltear esticou um dedo, enfiou-o na boca de Arche e colocou a língua para fora antes
de brincar com os dedos. Arche moveu a língua em resposta e lambeu Shalltear enquanto
cobria os dedos em saliva.

O que foi aterrorizante foi o fato de que as duas pareciam se mover inconscientemente.
Afinal, Shalltear estava olhando para Ainz o tempo todo e Arche estava respondendo ao
movimento dos dedos de Shalltear com extrema naturalidade.

Eram movimentos naturais, como ficar girando os dedos enquanto sentado na aula.

“...Peroroncino-san. A cena que você sonhou está bem aqui. Ou melhor... isso me assusta.”

“O que tem o Perorocino-sama ~arinsu?”

Shalltear tirou os dedos da boca de Arche e um fio de saliva prateada correu entre eles.
A língua de Arche se moveu com pesar, antes de voltar para a boca.

“Não, não é nada. Arche Eeb Rile Furt. Eu tenho algo para perguntar.”

“—Sim, Grande Mestre.”

“Grande mestre? ...Bem, tudo bem. Você tem alguma experiência em participar de bailes
patrocinado pelo Imperador?”

“—Não muita. No entanto, embora a escala fosse diferente, já participei de bailes antes.”

“Entendo. Então me ensine as maneiras e outros conhecimentos necessários.”

Arche olhou para Ainz. E então ela abriu a boca.

“—Grande Mestre... eu entendo. Em troca, tenho um desejo.”

Os dedos de Shalltear suavemente alcançaram a mandíbula de Arche e a ergueram para


olhar em seu rosto. As bochechas de Arche ficaram vermelhas, e a língua dela ficou um
pouco esticada, mas as ações de Shalltear não eram o que Arche esperava.

“Uma cadela como você tem vontade de perguntar ao Ainz-sama ~arinsu? Que desagra-
dável.”

“Tudo bem, Shalltear. O trabalho deve ser pago com algo de equivalência. Mesmo que
ela seja apenas uma cadela aos seus olhos.”

“...Bondade, que gentileza. Como esperado de Ainz-sama ~arinsu.”

Os olhos de Shalltear ficaram úmidos. Ainz tirou o olhar dela e olhou para Arche.
“Você pode falar seu desejo. Como será apenas algo de equivalência, algumas coisas se-
rão impossíveis.”

“—Entendido. Então, meu desejo é que Shalltear-sama reivindique minha castidade.”

“...”

Ainz enfiou os dedos nos ouvidos para verificar se havia algo preso ali. Depois disso, ele
soltou um suspiro enorme.

“...Você está realmente bem com isso?”

Arche assentiu de um lado para o outro. Entendendo isso, Ainz queria inclinar os om-
bros.

“...Faça como desejar...”


Trechos da Segunda Metade - Capítulo 20 da Web Novel

rche Eeb Rile Furt.

A Ela sentira o quão próxima a morte era quando trabalhava como aventu-
reira, ou melhor dizendo, como Trabalhador.

Por exemplo, quando colegas de trabalho com quem ela conversou morreram enquanto
matavam monstros junto com ela.

Era particularmente forte quando o encontro era inesperado. Mesmo assim, a razão pela
qual ela não deixaria de se aventurar era porque não havia ocupação mais lucrativa.

Ela ganhou dinheiro enquanto lutava contra o medo da morte a cada dia. Embora ela
pudesse sentir seu espírito se desgastando, a razão pela qual ela continuou a lutar mesmo
assim foi devido à sua preocupação com o futuro de suas irmãs mais novas. Mesmo que
ela tivesse experimentado seus ossos sendo quebrados, seus braços sendo arrancados,
suas entranhas derramando fora de seu corpo, ela continuava a lutar. Mesmo assim, ela
não suportava isso. Arche recordou aquela cena.

Era de um dos seus companheiros, Roberdyck.

Um homem que era um sacerdote extremamente bem-humorado e que amava coisas


doces.

Ela sabia que ele comeria comidas doces enquanto eles estavam na Capital Imperial. Por
outro lado, ele nunca comeu uma única coisa durante suas aventuras, e ela uma vez per-
guntou a ele sobre isso. Ela se lembrava bem do seu sorriso solitário quando ele disse
que ele tinha sua própria razão para isso.

O lugar onde ela foi levada era uma sala onde ele estava.

Não, ainda seria apropriado chamá-lo de Roberdyck?

O que estava na frente dela era uma bola de carne.

Uma bola de carne rosa. Um pedaço de carne crua com um líquido vermelho com cheiro
de cru correndo aqui e ali.

No topo daquele pedaço estava a cabeça de Roberdyck. Seus olhos estavam sem graça e
ele não parecia estar consciente. Mesmo assim — ele estava vivo. Mesmo como uma bola
de carne sem braços ou pernas.

E Arche observou isso. Ela foi feita para observar.


Ela viu uma Empregada roendo a bola de carne.

Não, usar a palavra empregada para um monstro tão repulsivo seria rude. Era simples-
mente um monstro em uma roupa de empregada.

E então Arche escutou. Ela foi feita para escutar.

Ela ouviu os gritos de Roberdyck. Os gritos que ele fez enquanto na forma dolorosa de
uma bola de carne.

Sua carne era mordida, seu sangue era drenado, e então, com a recuperação mágica, ele
era curado novamente. A cena se repetia várias vezes, essa cena que fazia com que até a
tortura parecesse confortável.

Repetindo repetidas vezes aquela cena em que ele se contorcia em agonia.

Dado a seu modo de ganhar a vida, Arche sentiu a presença da morte muitas vezes. No
entanto, mesmo assim, ela não imaginou em seus pesadelos uma cena assim.

Quando ela percebeu que isso era o que viria a ser dela no momento seguinte, ela chorou,
vomitou e depois se sujou.

Seu coração estava quebrado. Qualquer pensamento de resistência quebrado além do


reparo. Arche recordou os momentos em que ela se apegara àquelas sensações nojentas,
mas prazerosas. E ela sabia que esse era o melhor método para viver o maior tempo pos-
sível. Era verdade que talvez ela odiasse esse estilo de vida. Mesmo assim, ela odiaria se
tornar uma bola de carne ainda mais. Ainda era mais fácil aceitar a vida como uma cade-
linha. Ela sabia muito bem que o monstro que era sua mestra a via como um brinquedo.
Foi por causa disso que ela teve a chance de se agarrar à vida.

Enquanto ela continuasse sendo um brinquedo interessante e divertido, ela não seria
destruída nem abandonada.

Ela estava ciente de que ela estava se aproximando de sua mestra.

Se sua mestra lhe dissera para “lamber”, ela lamberia absolutamente qualquer coisa. Ela
sabia que lamber podia ser usada sexualmente, mas, mesmo sendo uma garota sem ex-
periência com homens, nunca imaginou que estaria lambendo um membro do mesmo
sexo. Mesmo assim, ela lambia com um sorriso no rosto. Se sua mestra lhe dissesse para
“faça isso”, ela faria absolutamente qualquer coisa. Embora ela quase nunca tivesse con-
solado a si mesma, mesmo assim, era impossível dizer que ela nunca havia tentado. Mas
nunca antes o fizera sob o olhar de tantos. Mesmo assim, ela fizera com um sorriso.

E cada vez que sua mestra sorria com prazer, Arche sentia que estava viva.
Foi nessa época que todas essas coisas que ela deveria ter odiado tornaram-se deliciosas
para ela.

♦♦♦

Sua mestra, Shalltear, voltou para casa pela primeira vez em algum tempo e jogou rou-
pas diante de Arche.

Eles eram roupas adequadas. Roupas que uma pessoa normalmente usaria do lado de
fora, ao contrário das roupas que mostrava seu peito e virilha.

Uma expressão confusa ergueu-se para o rosto de Arche, e ainda de quatro, ela olhou
para sua mestra.

Arche era normalmente proibida de usar roupas na “Abóboda Funerária” de sua mestra.
Sua roupa normal consistia em nada além de orelhas de animais e uma cauda.

Os momentos em que ela foi autorizada a usar roupas eram roupas de—

“Depressa vista-as ~arinsu.”

As palavras de sua mestra a despertaram de suas lembranças e ela começou a mover


freneticamente.

Embora a atitude de sua mestra não mostrasse sinais de raiva, seu humor era tão in-
constante quanto o clima das montanhas, e Arche aprendeu bem com seus dias aqui que
um trovão poderia vir do céu mais claro.

Arche havia testemunhado muitas vezes os corpos quebrados das Vampire Brides du-
rante o descontentamento de Shalltear.

Com medo de prejudicar o humor de sua mestra, Arche apressadamente pegou a roupa.
Ela sabia que a roupa era muito bem-feita, e até o tecido era de alta qualidade. No entanto,
Arche não ficou surpresa. Tudo nesta Grande Tumba de Nazarick era de maior qualidade
do que no mundo em que Arche viveu.

Era bastante provável que roupas consideradas astronomicamente caras no mundo ex-
terior fossem de qualidade razoavelmente baixa aqui.

—Não... não está errado?

Arche manteve sua carranca a um nível que não ofenderia sua mestra. Agora que ela
estava colocando-as, sentiu que a qualidade da roupa era comparável à de sua mestra.
—Poderia ser...

Arche sentiu vagamente a razão pela qual ela estava autorizada a usar tais roupas.

Embora fosse um pouco difícil colocar roupas íntimas usando uma cauda, Arche termi-
nou de se vestir.

“Ótimo. Agora venha comigo ~arinsu.”

Depois de se virar, Shalltear começou a andar. Naturalmente, Arche seguiu atrás.

Depois de teleportar algumas vezes, elas chegaram ao 9º Andar de Nazarick.

Arche reprimiu um grito de surpresa.

Ela tinha visto esse luxo apenas uma vez antes, mas mesmo assim ela não conseguia
esconder a maravilha diante de seus olhos.

Em seus dias de escola, ela já estivera dentro do Castelo Imperial, mas mesmo isso não
poderia alcançar os pés deste Salão.

Além disso, aqueles monstros que guardavam o portal de teletransporte... Eles eram do-
nos de força insondável, e ela sentia que eles poderiam matar alguém como ela com ape-
nas um golpe.

“Venha ~arinsu.”

Com essa frase curta, sua mestra começou a andar novamente, e todos os monstros se
curvaram de uma só vez.

Isso era simplesmente o quão poderoso sua mestra era. Arche olhou para as costas de
Shalltear e viu a pequena figura de uma garota. Era impensável que essa figura possuísse
uma força astronômica.

No entanto—

O corpo de Arche tremeu.

Em Nazarick, neste Castelo do Lorde Demoníaco, sua mestra se classificava entre as


principais forças de combate. Ela tinha chegado a conhecer essa força durante a sua fuga,
mas mesmo a força demonstrada durante esse tempo não era nada além de brincadeira
para Shalltear.

Um sorriso apareceu no rosto de Arche. Era o sorriso habitual que ela costumava fazer.
Elas não fizeram nada além de andar, e depois de passar alguns guardas insectóide com
armas desumanamente grandes, a porta para o seu destino apareceu. Um dos lados da
porta estava em alerta para um guarda insectóide.

Arche quem estava do outro lado da porta.

Foi só recentemente que ela veio a este local para dar aulas de dança.

Sua mestra endireitou as costas antes de bater na porta. Claro, Arche também endireitou
as costas antes que sua mestra precisasse lhe dizer, e fez o melhor possível para evitar a
descortesia.

Claro, pertencia ao governante deste Castelo subterrâneo. Se eles sentissem que Arche
estava sendo indelicada, Arche seria imediatamente morta.

Elas informaram a empregada que aparecera de dentro da sala de sua chegada. Depois
disso, esperaram um pouco, mas não havia nada para conversar enquanto esperavam.
Elas simplesmente ficaram em silêncio.

Foi em momentos assim que fez o Arche sentir a diferença de status. Não importava o
quanto Arche a mimasse com obediência, no final ela era simplesmente um animal de
estimação, e nunca seria alguém com quem conversar.

A porta finalmente se abriu.

Sua mestra entrou e Arche a seguiu. Embora houvesse um sorriso no rosto, por dentro
ela estava aterrorizada.

Se ela tivesse incorrido em seu descontentamento, seu destino seria determinado ali
mesmo. E além disso, o dono desta sala era o “Rei Demônio” que governava esses mons-
tros. Se alguma vez ela fosse descortês, um destino pior do que Roberdyck a aguardaria.

Enquanto fazia uso freneticamente da etiqueta que aprendera como nobre e mantinha
as coisas em um nível educação, ela examinou a sala. De relance, dentro da sala esta-
vam—

Arche cobriu sua expressão rígida com um sorriso.

Arche aprendera as identificações das pessoas aqui como parte de seu treinamento. Não,
talvez fosse mais correto dizer que um certo vampiro a ensinou por acaso.

Ele não tinha nenhum sinal de hostilidade em relação a ela, nem o sentimento de des-
prezo por ela que os outros residentes de Nazarick tinham. Ele pareceria cuidar dela ao
longe, se assim pode ser dito.
Em Nazarick, as únicas outras pessoas que se sentiam assim eram os Lizardmen que ela
ocasionalmente via à distância.

Sua atitude poderia até mesmo ser chamada de gentil, e ele a ensinou cuidadosamente
como se tivesse falhado uma vez.

Ele ensinou-a sobre aqueles que absolutamente não deveriam se irritar, assim como
aqueles que poderiam facilmente destruir um país por si mesmos, e detinham tal poder
que o ignorante tomaria como uma piada. Esses seres eram―

• A Elfa Negra, Aura.


• O guerreiro insectóide, Cocytus.
• E aquela que parecia estar andando lentamente atrás dela, sua mestra, a Vampira
Shalltear.

―Esses três seres.

Elas moveram seus olhares em sua totalidade sem um traço de calor, e ela foi agredida
por um medo que parecia sacudir seu núcleo. No entanto, ela imaginou o prazer que pro-
vavelmente a aguardaria depois disso, e freneticamente tentou substituir esse medo.

Embora a cauda em sua bunda fizesse cócegas, não havia como ela deixar que percebes-
sem.

“AInZ-sAmA, a MeNiNa ChEgOu.”

A voz dura e barulhenta soou como se algo inumano estivesse se forçando a falar, e com
essas palavras, uma cadeira se moveu com um rangido. A cadeira grande estava de costas
para Arche e, como as costas da cadeira também eram grandes, Arche não havia notado;
quando a cadeira girou, quem se virou para encará-la era o senhor da Grande Tumba de
Nazarick.

O rosto de Arche se congelou.

Ele era um homem que parecia ser um Rei Demônio — um homem que aprendeu lições
de dança e gerou um medo inesquecível. O monstro que destruiu seu grupo.

No colo do homem havia um par de gêmeas adoráveis, semelhantes a bonecas.

Elas eram as crianças que Arche jamais esqueceria. Tesouros enterrados nas profunde-
zas de seu coração partido. Quando ela as viu —

“—AHHHHHHHHHHHHH!”

Arche rugiu.
Ela sabia que algo havia surgido das profundezas de seu coração com vigor inacreditável,
e agora a preenchia inteiramente.

Seu coração foi partido e ela tinha sido completamente transformada em uma escrava,
mas agora uma chama tinha sido acesa por dentro.

Arche esticou um braço para atirar uma magia em Ainz—

—E teve uma katana pronta em sua garganta, um chicote a segurando, e dedos finos
apertaram ao redor sua cabeça por trás.

“Devo matá-la ~arinsu?”

Shalltear perguntou claramente, com os dedos apertados em torno da cabeça de Arche.


Considerando seu incrível poder, seria simples esmagar a cabeça de Arche como um ovo.

“Idiota... Com. Nós. Aqui. É. Impossível. Você. Tocar. Nosso. Mestre. Ainz-sama.”

Com sua katana ainda posta em seu pescoço, Cocytus a informou em sua voz desumana.
Ele provavelmente poderia arrancar a cabeça dela mais rápido do que ela poderia piscar.

“Sim. Isso aí. Nós não lhe daremos tempo para usar magia, você sabe.”

Embora Aura mostrasse um sorriso inocente, Arche ouvira dizer que Aura era forte o
suficiente para rasgá-la em pedaços simplesmente com as ondas de choque de um golpe
daquele chicote.

Ela sabia que era impossível fazer uma coisa na frente desses três seres.

Eles estavam em outro nível.

E ela sabia que, mesmo sem esses três, era impossível que ela infligisse um pouco de dor
a esse Rei da Morte. Se isso fosse possível, nem um único de seus companheiros teria
morrido, e ela não estaria aqui também.

Ela fez algo tolo. Arche sabia disso, mas podia dizer com certeza—

Com a morte como o melhor caso, e se tornando uma bola de carne como Roberdyck
sendo o pior dos casos — não, considerando o que ela fez desta vez, a última era muito
possível, mas mesmo assim, Arche poderia jogar fora a dúvida seu peito e dizer com cer-
teza—

Que mesmo que ela soubesse o quão cruel um futuro a esperava, se ela encontrasse a
mesma situação novamente, ela ainda faria o mesmo.
Arche olhou para Ainz com força em seus olhos.

Ela pegou os monstros se movendo infelizes em sua visão quando a viram fazê-lo.
Mesmo assim, ela não iria parar.

Foi seu último fragmento de orgulho. Embora esse orgulho já estivesse cheio de racha-
duras, e passível de quebrar a qualquer momento.

“Está bem. Shalltear, Aura, Cocytus. Soltem-na.”

“Sim!”

Eles levantaram gritos de surpresa juntos e retiraram suas armas de Arche. Embora os
dedos na cabeça dela fossem os últimos a se mover, eles também se separaram de Arche.

Mesmo quando as pessoas estavam decididas a morrer, quando a morte pendurava di-
ante de seus narizes, essa “decisão” era algo que enfraquecia.

Arche forçou a força em suas pernas trêmulas e espasmódicas. Enxugando as lágrimas


em seus olhos, ela olhou para Ainz que estava olhando para suas preciosas irmãs. Uma
mana tremenda surgiu em sua direção e fez com que ela sentisse náuseas, mas sofria
desesperadamente mesmo assim.

“Entendo ... Então você ainda se lembra delas depois de tudo, huh?”

Arche estava perdida. Ela deveria responder honestamente? Mas agora que ela havia
mostrado tal reação, não havia mais nenhum mérito em escondê-la.

“—Minhas irmãs mais novas.”

“Hmm... Entendo... Agora, o que fazer.”

Por que esse Rei da Morte as tomou como reféns?

Seu senso comum não conseguia entender. Seria apenas para manter Arche sob obedi-
ência seus comandos. Ela podia imaginar qualquer razão para ele se incomodar em trazer
suas irmãs para cá.

Mas considerando a nuance sutil nas palavras de Ainz, ela agora sabia que suas irmãs
simplesmente haviam sido trazidas para cá por acaso, e então ela sentiu irritação com
sua própria estupidez.

Ela realmente deve ter ficado burra depois de tudo que passou.
Lágrimas obscureceram sua visão.

O terror que se elevava das profundezas de seu coração era inimaginável. Ainda seria
melhor se as duas fossem autorizadas a viver como animais de estimação. Se eles fossem
transformados em bolas de carne como Roderdyck, o que ela faria? Como ela as mataria?

Enquanto Arche previa o pior futuro possível, uma voz simples ecoou pelo ambiente.

“Falando nisso... eu deveria recompensá-la, não? Porque seu desejo era o de Shalltear, e
seu desejo daquele tempo ainda não foi concedido, certo? Então deixe-me perguntar,
você ainda fará o mesmo desejo de antes?”

Arche sentiu como a atmosfera mudou.

No primeiro momento, ela não conseguiu entender o objetivo do monstro. O significado


de suas palavras não foi registrado, e Arche não conseguiu formar palavras.

No momento seguinte, ela entendeu a pergunta, mas mesmo assim ela não conseguia
falar. Ela recordou as muitas histórias em que os demônios concediam um desejo distor-
cido. Se no final ele zombasse: “Eu estava apenas perguntando por diversão”, então o co-
ração de Arche certamente iria quebrar. Essa possibilidade era simplesmente muito ater-
rorizante.

Mas enquanto Arche estava cheia de ansiedade, Ainz a questionou novamente.

“Vamos lá, Diga! Eu sou um homem surpreendentemente honesto. Enquanto for possí-
vel, eu lhe concederei seu desejo. Apenas, seria difícil permitir que você ir lá fora no mo-
mento. Isso superaria os benefícios que eu obtive de você.”

Ela percebeu que não podia fazer nada além de apostar em suas palavras. Se ela perma-
necesse em silêncio a qualquer momento, a chance de desagradar as pessoas nesta sala
era extremamente alta. Em particular, sua mestra reagiria assim.

Por causa disso, como se estivesse orando a Deus, Arche abriu a boca.

“—Então, por favor, devolva minhas irmãs em segurança!”

“...Você está realmente bem com isso?”

Arche estava prestes a responder imediatamente que era, mas ela não podia dizer nada.

Ela forçou sua mente a girar mais rápido do que nunca, e pensou freneticamente. Era
verdade que esse monstro cumpria suas promessas. Até o fato de estar viva era graças
ao desejo de Roberdyck. O resultado foi certamente ruim, mas mesmo assim, não foi o
pior.
Então, embora isso fosse apenas um palpite, contanto que ela não desejasse algo muito
desagradável, ele provavelmente concederia a ela.

Esse desejo foi extremamente importante. Como seria possível para as irmãs dela e para
ela encontrar a felicidade? — Nesse momento, parecia que Arche podia ver a luz.

“Nós três...”

—Houve algum erro?

Ela ficava se perguntando isso. Realmente havia apenas uma vez o acaso, afinal.

“—Eu gostaria que nós, para manter nossa felicidade... tivéssemos a permissão para mo-
rar aqui. Sem magia ou ilusões.”

“...Você está realmente bem com esse desejo?”

Ouvindo a mesma pergunta novamente, embora Arche estivesse com medo, ela moveu
a cabeça para cima e para baixo.

“...A felicidade é muito abstrata e difícil de ser concedida. Desejos como receber nova-
mente a juventude ou receber a imortalidade seriam mais fáceis de entender.”

O olhar de Ainz mudou de Arche para o teto. Arche não disse nada. Ela já havia jogado a
bola, e não estava mais em sua côrte, afinal de contas.

“Aura. Você disse que ia construir uma casa no seu Andar, não?”

“Sim! Eu estou construindo uma.”

“Crie essas garotas lá. Dê-lhes comida e outras necessidades. E naturalmente, garanta
sua segurança. No final, vou levar seu brinquedo embora, você se importa, Shalltear?”

“Claro, não mesmo. Todos os brinquedos que eu tenho pertencem ao senhor também,
Ainz-sama ~arinsu.”

“Arche Eeb Rile Furt. Comida suficiente, um lugar para dormir e segurança. Isso é felici-
dade o suficiente, não é?”

Arche ficou atordoada.

Ela não podia acreditar no que estava sendo oferecido a ela. Para sua atual mentalidade,
era o mesmo que receber estrelas ou ouro.
Mas percebendo que o Rei Undead estava aguardando sua resposta, ela trabalhou sua
garganta.

“—Sim. Eu acredito que é a felicidade.”

Provavelmente não poderiam evitar se ela se perguntasse se havia algum problema


nisso tudo. Mas Ainz afastou o olhar dela, como se já tivesse perdido o interesse.

“Entendo. Então vamos com isso. Então, Aura. Guie-as até o Sexto Andar. E não se preo-
cupe. Estas duas só foram colocadas para dormir com magia. Com o tempo elas vão des-
pertar... Só mais uma coisa, Arche. Quando trabalha para mim, haverá uma recompensa
adequada. Saiba que até libertar você e suas irmãs não teria problema.”

Arche fez uma reverência profunda. Embora ela se sentisse inquieta e duvidasse da si-
tuação que de repente lhe fôra concedida, mesmo assim, o calor das irmãs em sua mão
era real.

♦♦♦

Aura e Arche. E as duas irmãs dormindo, saíram da sala e Cocytus as seguiu, deixando
para trás apenas Ainz e Shalltear.

Ainz sentiu um olhar inquisitivo muitas vezes, antes que Shalltear finalmente fizesse
uma pergunta.

“Isso foi... certo, Ainz-sama ~arinsu?”

Ele não sabia como responder. Ainz tentou descobrir o que ela queria perguntar, mas
no final foi incômodo, então ele fez uma pergunta de volta.

“...Mn? O quê? Você se arrepende de deixar o brinquedo?”

“Não, não é isso que quero dizer. Como afirmei anteriormente, todos os meus pertences
são seus pertences, Ainz-sama. Tudo bem perdoar uma humana que cuspiu no senhor,
Ainz-sama ~arinsu?”

“...É a verdade que eu disse que iria conceder o desejo dela, e além disso, embora tenha-
mos o Fluder, o Talento dela é... E o conhecimento dessa garota também será útil. Nós
não entendemos isso muito bem durante o baile? A coisas são assim.”

Ainz recostou-se na cadeira e virou um olhar frio para Shalltear.

Aquela boca foi amaldiçoada em um sorriso frio e perverso.


De acordo com o que as irmãs mais novas haviam dito, Arche era uma ex-nobre do Im-
pério, assim como ex-aluna da Academia de Magia. Nesse caso, o valor dela daqui para a
frente também seria alto.

“Essas irmãs foram inesperadamente boas. Muito boas... Sim, ela ama tanto suas irmãs
que estava preparada para lutar comigo. Elas farão boas reféns.”

“É exatamente como diz ~arinsu. Como esperado de Ainz-sama ~arinsu.”

♦♦♦

Embora Ainz agisse calmamente enquanto ouvia os elogios de Shalltear, Ainz franziu a
testa.

Fim
Deixado de fora os parágrafos restantes.

Estou omitindo alguns bits nesta seção, caso eles spoilar demais a LN. Vai parecer um
pouco incompleto, mas todas as menções a Arche foram incluídas, e as partes que faltam
são basicamente planos futuros.
Créditos

PT-BR:
https://ainzooalgown-br.blogspot.com

Inglês:
Author: Maruyama Kugane
Translators: Nigel, Ferro, Zack Tan, SifaV6 (& Estelion for any changes)
PDF compiled by: Kiri

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