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IEP- INSTITUTO DE ESTUDOS PSICANALÍTICOS

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM
TEORIAS E TÉCNICAS PSICANALÍTICAS

MÓDULO: INTRODUÇÃO À OBRA DE WINNICOTT


RESENHA: A PREOCUPAÇÃO MATERNA PRIMÁRIA (1956)

ALUNA: NAYARA CRISTINA ZAGATTO

Agosto de 2022
WINNICOTT, D. W. Preocupação materna primária (1956). In: WINNICOTT, D. W.
Da pediatria à psicanálise. Rio de Janeiro: Imago, 2000. cap. 24, p. 399-405.

Inicialmente o texto vai mostrar que Winnicott, pediatra e psicanalista,


desenvolveu uma teoria e técnica em importante escala com conceitos que muito
contribuíram para o estudo da psicanálise, com ênfase na importância das relações
primitivas mãe-bebê.

No início o autor vai trazer que ele apoia a senhorita A. Freud no item Mal
Entendidos Atuais que basicamente mostram que os desapontamentos e as frustrações
são inseparáveis da relação mãe-bebê. Ou seja, ele refere que lançar a culpa pela
neurose infantil sobre as falhas da mãe na fase oral constitui não mais que uma
generalização enganosa e muito superficial.

O conceito de preocupação materna primaria é apresentado por Winnicott, de


acordo com a teoria e técnica desenvolvida por ele. E esse conceito se caracteriza por
um estado verdadeiro de fusão emocional da mãe com o seu bebê. Ela é o bebê e o bebê
é ela. Além disso, o autor ressalta que esse estado de sensibilidade se desenvolve
gradualmente, aumentando durante a gravidez, em especial, ao final dela. Bem como,
continua por algumas semanas após o nascimento do bebê.

Winnicott ressalta, entretanto, que esse estágio de preocupação materna primaria,


se não fosse pela gravidez, seria uma “doença” e diz ser necessário que a mulher seja
emocionalmente saudável para poder emergir desse estado de “doença normal”. A mãe
que desenvolve esse estado de preocupação materna primaria fornece um setting, isto é,
um espaço seguro para que o bebê possa desenvolver-se, revelando suas tendências,
experimentando e descobrindo o seu ambiente com espontaneidade, nesse “setting”
gerado pela mãe.

A transicionalidade é um ritmo de vai e vem entre o bebê e a mãe. Os períodos de


sucção durante a amamentação são experiências de ritmo. O contato olho a olho tem um
papel importantíssimo no vínculo entre a mãe e o bebê. Assim como a mãe é
organizadora do setting, onde se inclui o ritmo, promove o que Winnicott chamou de
“mutualidade". Entretanto, ele ressalta que muitas mulheres não conseguem vivenciar a
preocupação materna primária, isto é, contrair essa "doença normal". Winnicott assinala
como: forte identificação masculina, preocupações alternativas muito grandes, que não
abandonam prontamente. Mães que se preocupam excessivamente com seu filho,
tornando-se o bebê sua preocupação patológica. O resultado de todo esse arsenal de
movimentos emocionais resultam que estas mães tem dificuldades de se separar de seus
filhos por tentar compensar o que ficou perdido. Os fracassos desta primeira fase leva o
bebê a se sentir “enredado” por mecanismos de defesas primitivos dando lugar a um
falso self. Por esta razão, disse Winnicott, o bebê precisa existir num ambiente com
prazeres rítmicos "acalentadores", que forneça a possibilidade de conduzir uma
constituição psíquica rumo a um verdadeiro self.

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